Iremos avançar a história agora, porém no próximo capítulo voltaremos ao ponto em que paramos.
Abraços leitoras!
Capítulo 3 – Mais um dia “comum” na guerra
Mais de cinco anos depois...
Explosões eclodiram lá fora, um alarme soou alto por todo navio, então John levantou rapidamente, pegou o relógio de bolso que herdará de seu pai e viu as horas. Enquanto caminhava rápido pelos corredores e bradava irritado:
- Merda! Faz menos de uma hora que eu deitei e já estão atacando de novo!
Entrou numa sala de controle checou o painel principal e nenhuma luz vermelha indicava qualquer dano na estrutura do navio. Continuou caminhando apressado.
Chegou à enfermaria e no meio da bagunça avistou Jordana, pelo horário e as explosões ela só poderia estar ali, tinham muitos homens feridos nas camas e outros sentados no corredor aguardando atendimento médico.
- Dr. Jordana como estamos?
- John, três ataques em uma semana é como estamos! Quando penso em descansar aparece outra explosão!
- Pelo intervalo entre uma explosão e outra certamente estão longe de nós para atacarem diretamente, eu diria que eles temem que consigamos ultrapassar aquela barreira e usam esses ataques com bombas para desviar a atenção.
- John estamos seguros?
- Verifiquei o painel de controle no caminho e nada, pelo som as bombas não são potentes e nem devem afetar a estrutura do navio, então estamos seguros.
- Certo, então pegue aquele kit na mesa e faça a triagem dos homens no corredor!
Ele acenou com a cabeça e foi ao corredor, a situação era sempre ruim, ossos quebrados, sangue seco nas roupas, ferimentos para estancar, cortes para costurar, o básico John mesmo fazia, o cheiro abafado de sangue e merd*, homens perdiam o controle fisiológico do corpo em momentos de medo, tudo escuro iluminado pela sirene vermelha que piscava incessantemente anunciando o ataque.
Foi então que aconteceu o inesperado, apitos ressoaram faziam dois assovios seguidos, o alarme disparou agora com um som ainda mais alto no mesmo ritmo de dois assovios, John olhou pro corredor, não acreditava, aqueles eram os códigos que indicavam ataque direto. Jordania saiu da enfermaria e começou a pegar todos do corredor e colocar para dentro da sala que já estava abarrotada de gente, ele fez o mesmo com muita preça, pelos sinais a qualquer momento no fim do corredor poderia aparecer homens do exército inimigo.
- Jordana, quando terminamos de colocar esses homens para dentro tranque a enfermaria, eu preciso checar nossas condições lá fora. Não saia de lá até que eu volte, não abra mesmo que algum de nossos homens apareça naquele corredor, sei que é difícil, mas não podemos arriscar a vida de todos lá dentro por conta de um homem,além disso pode ser uma emboscada.
Jordana tirou um colar com um pingente dourado do pescoço e deu pra John, que o colocou imediatamente.
- Vê se não faz nada estúpido lá, seu babaca corajoso! Lembra que ela e meu pai estão esperando você retornar, nos prometemos a eles.
-Deixa comigo o Dr. Arthur me mataria se eu voltasse morto! – Disse piscando para a médica, mesmo nos piores momentos John sabia como fazer Jordana sorrir.
John abriu o pingente, lá dentro havia uma foto antiga em miniatura de John, Julie, Jordana e Dr. Arthur todos juntos na frente de uma casa antiga como uma grande família, o retrato havia sido feito cinco anos atrás, alguns dias depois de John e Julie encontrarem Dr. Arthur.
Aquelas imagens sempre o faziam lembrar porque lutava, tinha promessas a cumprir e sempre as cumpria.
Enquanto caminhava pelo corredor repetia como numa prece, murmurando:
-2. A família e a continuação da mesma deve ser sua prioridade sempre!
Repetia continuamente a mensagem que o pai lhe passara no dia de sua morte, vencer a guerra era o caminho para salvar Julie a única família que havia sobrado.
Correu escada a cima, quando chegou ao convés o que viu foi doloroso, muitos dos seus companheiros mortos, homens por toda parte lutando, corpos e mais corpos caídos no chão, sangue por todo lado, precisava encontrar Francis, seu melhor amigo, devia estar no meio daquilo, torcia para que ele estivesse vivo, forte e habilidoso como era ele estaria.
Então antes mesmo que tivesse a chance de procurar Francis, um homem do oeste o atacou com a espada, John em três golpes já tinha o deixado no chão, aquele homem não levantaria mais. Começou a lutar com vários do exército inimigo, deixando pra trás corpos imóveis e sem vida, sempre protegendo a porta em direção a enfermaria, nada nem ninguém passava por ele.
Foi então que avistou Francis, ele estava lutando com um homem corpulento muito habilidoso perto de perder o combate e a vida, John correu o mais rápido que pode em direção ao amigo, o homem acertou uma faca no peito de Francis que caiu no chão gritando de dor, então John ficou entre seu companheiro e o homem, quando o mesmo ia dar o golpe fatal com a faca no homem já caído, acertou Joanne no ombro , o que ele não esperava era que ela o acertasse também porém com um disparo no coração e ela não havia errado, um golpe direto e homem estava morto.
De repente todos do exercito inimigo , os que sobraram, partiram em retirada rapidamente, foi então que Joanne percebeu, na farda daquele homem, nas insígnias, ele era o comandante do ataque, um general.
Todos do povo do leste bradaram e gritaram em comemoração. Ela sentiu a faca presa em seu ombro, uma dor excruciante a atingiu, nada que não tivesse passado antes, retirou a faca de si e ajoelhou ao lado de Francis, ela auscultou o peito do amigo, o coração ainda batia, ele estava vivo, o general não tinha acertado o coração, ele estava muito fraco, pálido e sangrando muito.
De repente Francis voltou a si e começou uma tentativa de falar algo:
- John, John...
- Francis não fale nada, você não deve fazer esforço.
- John, eu preciso... - Ele dizia com a voz entrecortada
- Francis! Só deixarei você falar quando te levar pra Jordana! - Dito isso, John rasgou parte da própria camisa e amarrou no ferimento do ombro que sangrava e fez o mesmo envolto da costela de Francis.
O capitão Eduard surgiu rapidamente com um pedaço de madeira improvisando uma maca, não houve diálogos, levantaram Francis e o levaram direto para enfermaria.
No caminho a dor no ombro se tornou quase insuportável, mas o pior era ver o rastro de morte que Joanne havia deixado no caminho, aquilo a destruía por dentro, tantas mortes, algo tão comum e banal em mais um dia comum na guerra, ela ainda sentia cada homem que matara.
- Se eu morrer hoje...
- Cale a boca que eu não permito que você morra hoje!
Quando bateu na porta Jordana deu passagem imediatamente.
-Está tudo finalizado lá encima, mas o Francis precisa de você.
- Pelo visto você também! Facada ou bala no ombro?
- Facada, mas não importa cuide dele primeiro, por favor.
- O coloque aqui encima! – Disse apontando uma mesa, todos os leitos estavam ocupados, nesses momentos a mesa grande da enfermaria era improvisada para cirurgias.
A Dr. o examinou cuidadosamente e olhou pra John e sussurrou em seu ouvido:
- É um milagre que ele ainda esteja vivo e será outro se ele sobreviver essa noite.
Não havia recursos para cirurgias, mas Jordana sempre fazia seu melhor e isso salvava a vida de muitos.
John segurava o ferimento que ainda não havia estancado.
Jordana rasgou as roupas de Francis para desobstruir o local que iria tratar.
- John... John... John ( era quase inaudível mas Francis o chamava)
- Pode falar amigo, eu vou te escutar, mas seja forte, vamos cuidar de você.
Enquanto isso a médica preparava todos os instrumentos necessários para o procedimento, pegava todo material necessário e posicionava Francis de forma a diminuir o sangramento.
- Prometa John que irá honrar Elizabeth, na minha ausência você deverá proteger ela, prometa! – Ele falava quase inconsciente.
John olhou para Jordana, ela fazia cara de negação, se ele prometesse honrar Elizabeth, a irmã mais nova de Francis e o amigo falecesse isso significaria que ele teria que se casar com ela.
Na lei do seu povo o protetor só poderia ser um pai, irmão ou marido.
Joanne não poderia ser o pai, muito menos o irmão, o que Francis não sabia que o máximo que ela poderia ser era esposa de alguém, simplesmente porque ninguém sabia a verdadeira identidade de John.
Jordana olhou Francis ele tinha perdido sangue demais, afastou John e começou a tratar o ferimento com ervas que sua tribo usava para estancar sangramentos, aquilo faria efeito, mas precisaria de mais, olhou para Joanne que parecia relativamente bem para quem tinha um ferimento.
- Capitão Eduard segure esse pano com ervas no ferimento, por favor, não pressione demais e nem de menos, coloque as mãos sobre as minhas sentiu? Agora faça igual! John vem comigo agora preciso da sua ajuda.
Foram para um canto, e finalmente ela disse:
- John, Francis irá morrer essa noite, a menos que façamos um procedimento muito arriscado, que inclui você, é perigoso, mas pode funcionar, minha mãe como curandeira realizava em nossa aldeia, às vezes funcionava outras acelerava a morte do paciente, parece loucura, mas eu sei que sem isso ele morrerá com toda certeza, então prefiro tentar algo a ver isso sem fazer nada! Posso contar com você?
- Claro Jordana! O que devo fazer?
Pegue a maleta preta no meu quarto, aquela que guardo sempre com cuidado e nunca deixo você abrir. John saiu em disparada e voltou rapidamente para enfermaria.
- Transfusão! É isso que faremos John! Irei colher seu sangue e passar direto para o Francis, você concorda com isso?
Ele meneou a cabeça num gesto positivo.
- Francis ouça preste atenção, eu só tenho uma chance para tentar salvar sua vida, é muito arriscado e pode acelerar sua morte ainda mais, mas de certo se não o fizermos você morrerá em minutos ou horas. Irei passar um pouco de sangue do John para você, por contado do ferimento você sangrou muito e não tenho alternativa, você concorda com isso?
- Concordo, se John prometer que honrará Elizabeth. – Francis falava em um fio de voz.
Olhando o amigo a beira da morte e entendendo seus termos, pois sentia o mesmo referente Julie, se fosse ele naquela cama, faria Francis prometer o mesmo sobre sua irmã caçula. Não tinha opção, precisava salvar o amigo então assentiu e com a mão no peito fez o juramento de honra feito estritamente entre os militares.
Mesmo sabendo que não poderia voltar com sua palavra, seguiu e proferiu aquela promessa:
- Irei proteger e cuidar de Elizabeth se algo acontecer contigo.
Ela será como do meu sangue e levará meu sobrenome.
Honrarei e protegerei Elizabeth com minha vida.
Prometo.
Segurou a mão do amigo firmemente e ele apagou.
Jordana olhou em negativa para John, pois ela sabia o segredo dele, tomou a frente para começar a transfusão e notou algo terrível, Francis estava imóvel, não respirava, auscultou o coração nenhuma batida se quer.
- Merda! O coração parou!
Fim do capítulo
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