Epílogo
O silêncio pairava pela sala junto ao cheiro forte de velas queimando, em um canto da sala algumas pessoas choravam baixinho, o caixão bem colocado no centro era cercado pelos amigos íntimos e familiares, entre eles uma jovem moça chorava desconsolada agarrada a mãe ainda inconformada, ela sabia que um dia aquilo aconteceria, mas ainda era difícil de acreditar, o velório se estendeu por algumas horas antes do carro funerário chegar ao local em busca do corpo e partir em direção ao cemitério, o cortejo de pessoas o seguia de perto, apenas o aglomerado de passos era ouvido na pequena caminhada de uma quadra que levava do velório ao cemitério, ao chegarem no destino todos se amontoaram em volta do túmulo onde seria o descanso final daquela alma, algumas velhas senhoras que frequentavam o mesmo bingo que a falecida rezavam suas preces em um murmúrio contínuo que às vezes se sobressaia a voz do pastor, quando o mesmo deu aquele funeral por encerrado e as pessoas pouco a pouco foram partindo a mulher e a senhora ainda permaneceram no local, banhadas em lágrimas olhando para o caixão coberto de flores, que logo mais também seriam soterradas pela terra à medida que o velho coveiro o cobria, as duas permaneceram ali, abraçadas, até não se ter nada para olhar além de um amontoado de terra e mesmo assim ainda se demoraram entre as lágrimas de despedidas até que tivessem coragem de partir daquele lugar.
Já era tarde quando a senhora e sua filha chegaram em casa, a idosa mesmo arrasada por dentro tinha um olhar sereno adquirido já com a idade que acalmava o coração da mais jovem mesmo diante de toda aquela situação, não havia nada a ser feito, era a hora dela partir. Naquela noite mãe e filha dormiram abraçadas depois de passarem parte da noite se recordando dos feitos daquela que lhes faria tanta falta, já nos primeiros raios de sol a senhora se levantou e rumou até a cozinha em busca de café, após abastecer sua xícara rumou até a varanda apoiando-se a grade, lembrando de seu passado entre logos suspiros.
-É minha pequena Karolina o que eu vou fazer agora sem você... -mais um gole, um suspiro e a lembrança da primeira entrega, as lágrimas voltaram com força e foi preciso um longo tempo até que a senhora fosse capaz de controlá-las novamente. -Aonde estiver meu amor, saiba que eu nunca deixarei de te amar, que você foi a única mulher capaz de me fazer feliz e se eu soubesse que mesmo todo o tempo que tive ao seu lado pareceria tão pouco agora eu não fugiria tantos anos de você...
Antonela virou-se para entrar em casa dando de cara com a filha, não pode deixar de sentir orgulho da mulher a sua frente, Karolina lhe dera muitas felicidades nos anos que passaram juntas, mas nenhuma se comparava a de ser mãe, e mesmo triste por não tê-la consigo ainda se sentia a mulher mais feliz, olhou uma última vez para o sol já alto no céu.
-Obrigada minha pequena...
FIM
Fim do capítulo
Depois de séculos voltei para finalizar
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