Capitulo 23

(Bom Dia!)

Vestiam-se no quarto entre sorrisos, Anna-Lú uma camiseta de Carol que chegava até o meio das coxas e Carol sua camisola fina com um robe por cima, "sempre elegante... e sexy" pensou Anna-Lú e este último pensamento firmou-lhe um sorriso indecoroso no rosto.

— Posso saber que sorrisinho safado é esse?! — Perguntou Carol elevando uma das sobrancelhas e pegando-a de surpresa. Anna-Lú enrubesceu por ter sido pega, mas logo recuperou o ar cafajeste que lhe era peculiar.

— Não tenho culpa se minha namorada é muito gostosa... — respondeu abraçando Carol por trás e depositando-lhe um beijo em seu pescoço.

Carol arrepiou-se inteiramente com o toque dos lábios de Anna-Lú, mas não deixou que esta continuasse ou não sairiam daquele quarto tão cedo e ela estava realmente com fome.

— Deixa de ser safada... — Carol tentava dizer entre as caricias de Anna-Lú — Ai amor, não faz assim, eu preciso comer e eu estou falando de comida mesmo, ok, antes que você pense em outra coisa — falou Carol divertida já se desvencilhando do abraço e puxando Anna-Lú em direção à porta.

— Fazer o quê neh! — respondeu Anna-Lú revirando os olhos e deixando-se conduzir contrariada, mas não por muito tempo.

— Não faz essa carinha se não eu apaixono... — falou Carol enchendo Anna-Lú de beijinhos estalados, tantos que esta não pode mais resistir e acabou cedendo aos chamegos da namorada.

Estavam tão absortas na felicidade que sentiam que só lembraram que existiam mais pessoas no apartamento quando chegaram à cozinha e foram recebidas por dois pares de olhos totalmente perplexos em suas direções.

— B...om.diia...meninas — Carol conseguiu dizer totalmente vexada.

— Bom dia Alicia, bom dia Flávia. E aí meninas dormiram bem? — perguntou Anna-Lú com o jeito despojado de sempre.

Para Alicia era estranho ver a mãe com uma mulher, não que fosse preconceito, afinal quem seria ela para falar, era apenas estranho. Jamais havia passado por sua cabeça que Carolina também pudesse se envolver com mulheres

— Bom dia mãe, bom dia senhorita Garcia — respondeu Alicia no automático como se saísse de um transe.

— Bom dia senhora Vandré, senhorita García... Dormimos bem sim - respondeu Flávia.

— E parece que pra vocês a noite também foi ótima não? — perguntou Alicia zombeteira já recuperada do choque.

— Alicia! — ralhou Flávia vendo que Carol ficara bastante vermelha.

— Tudo bem Flávia deixa ela, foi ótima mesmo — respondeu Anna-Lú sem cerimônias. Rindo e deixando Carol ainda mais vexada.

— Ah mãe... Não precisa ficar vermelha, é bom saber que eu não sou a única sapinha desta família — falou dando um abraço tão espontâneo em Carol que deixou-a totalmente perplexa e ao mesmo tempo sentiu que seu coração não podia estar mais feliz.

— Pois bem, já que é assim acho melhor fazer logo o anuncio oficial. Alicia, eu e a Anna-Lú estamos namorando — falou Carol mais que feliz olhando Anna-Lú nos olhos e sem deixar de ficar com as bochechas coradas.

— Uhu!— Flávia deu um gritinho e bateu palmas — É isso aí sogrinha, parabéns! Como se já não estivesse na cara neh?! — continuou Flávia sem cerimônias fazendo todas rirem.

— Na cara...no pescoço...em muitos lugares eu presumo — completou Alicia tentando segurar o riso e quando Carol se deu conta de que era dela que falava ruborizou novamente ao mirar o pescoço através do reflexo da colher.

— Ok meninas não vamos deixar a Carolina envergonhada... Até porque essa marca no teu colo indica que a noite foi bem movimentada pra alguém que está com a perna engessada, hein dona Alicia! — Anna-Lú retrucou e tanto Flávia como Alicia riram ruborizadas. Após o café foram todas à sala e sentaram para conversar trivialidades. No meio de uma conversa sobre música Anna-Lú lembrou-se do desempenho da amada ao violão e comentou com as garotas que logo começaram a insistir para que Carol tocasse e cantasse.

— Ah...qual é Carolina! Acho que desde os meus sete anos que não te vejo tocar, por favor, mãe, toca! — Pediu fazendo beicinho e sendo acompanhada por Anna-Lú e Flávia no mesmo gesto.

— Está bem! — Carol revirou os olhos concordando. Não demorou muito para que Anna-Lú corresse até o quarto para logo em seguida voltar carregando o violão.

Carol ajeitou o violão sobre a coxa e testou algumas notas como que decidindo que música tocar, de repente um brilho surgiu em seus olhos que instantaneamente encontraram os olhos castanhos fixos nela, então dedilhou as primeiras notas, desviou seu olhar para as cordas, mas logo retornou sua atenção àqueles pares de olhos quase marrons quando começou a cantar.

Quero ver você com esses olhos
Olhando para mim olhar inteiro
Falo bem baixinho e completo
Passando a mão no teu cabelo

Esqueço que a hora passa e invento
Um modo de ficar por muito tempo
Seguro tua mão e me contento
Fazendo isso durar por toda vida

Eu vou, eu vou, eu vou
Ficar com você, amor

(Carol tocava e cantava sem tirar os olhos de Anna-Lú exibindo uma felicidade impossível de não ser notada, a cada palavra entoada era como se quisesse afirmar o que sentia por Anna-Lú através da música.)

Se me disser que amanhã é tarde
Te falo mil razões que me invadem
Preciso de você o mundo inteiro
Agora que já sabe, dá um jeito... (Mundo Inteiro - Roberta Campos)

Quase no fim da música o encanto foi quebrado pelo toque repentino e repetitivo da campainha.

— Pode deixar. Vou abrir — disse Flávia já levantando. Mal deu tempo de puxar a porta e Maggie irrompeu a sala, Carol jogou o violão par o lado e ficou de pé no mesmo instante sentindo seu corpo retesa. Não houve tempo de formular qualquer saudação e Maggie já estava em sua frente esfregando lhe uma espécie de revista em seu nariz.

Fim do capítulo