Chegamos a sua mesa e só havia mulheres, algumas não falavam nosso idioma. Ana era fluente em inglês, eu tinha certa dificuldade em entender o inglês britânico. Harriet nos apresentou a todas, mostrando ser bem simpática.

            Ana sentou entre ela e eu, sorriu para mim perguntando qual bebida eu queria, respondi que estava a fim de uma cerveja bem gelada. Ela acenou para o garçom e fez o nosso pedido, ela falava animada com o grupo, e aos poucos fui descobrindo que todas eram londrinas, e estavam em intercambio. Era impossível ficar indiferentes a elas, sempre sorridentes e divertidas. Logo me enturmei também e a noite passou a ficar agradável.

            Já estávamos na quinta cerveja, falávamos alto e riamos do jeito desengonçados das meninas, Ana tocou minha perna por baixo da mesa, fazendo carinho até próximo da minha virilha. Senti um frio na espinha, e quando a olhei, ela tinha um sorriso sacana. Meu corpo todo reagiu a aquela provocação, mas me contive, afinal estávamos em público.

-        O que tem achado da cidade, Harriet? - Ana perguntou a ela.

-        Estou gostando, tem pessoas muito lindas aqui. - Disse olhando ao redor.

-        De fato tem mesmo. - Ela completou olhando em meus olhos. Acho que Harriet percebeu o que rolava entre Ana e eu. Com o teor de álcool subindo em nossos sangues ficava difícil esconder o nosso relacionamento.

-        A cada dia descubro algo novo que me deixa ainda mais encantada com a terra de vocês.

-        Podemos marcar um dia desses para irmos às cachoeiras que tem ao redor da nossa cidade, são verdadeiros paraísos. - Disse tentando ser o mais simpática possível.

-        Nunca fui a uma cachoeira, com certeza aceito o convite. - disse e completou. - Aqui faz muito calor, não somos acostumas.

-        Que tal irmos domingo?  Foi à vez de Ana se manifestar.

-        Podemos ir todas? - falou Rosaly do outro lado da mesa.

-        Lógico, vamos todas. - respondeu Ana.

            Já passava das quatro quando resolvemos ir embora, nos despedimos das meninas, e Harriet deu um abraço um pouco mais demorado em Ana, cochichando algo em seu ouvido, o que a deixou vermelha, e eu com a pulga atrás da orelha. Fingi não notar e partimos para casa, eu iria dormir com ela.

ANA:

            Estacionei o carro na porta da casa de Laura e toquei a companhia, um pouco depois ouvi seus passos e o portão se abriu, revelando a mulher mais linda que meus olhos já viram. Ela me abraçou e eu não queria mais solta-la. Aspirei o cheiro bom que vinha daquele corpo, afundando meu nariz naquela pele quente e macia. Se ficasse um pouco mais ali, com certeza não sairíamos.

            Partimos para o bar, e para minha infelicidade ele estava cheio, e havia uma pequena fila de espera. Olhei ao redor e vi alguém acenando para mim, devido a pouca iluminação não reconheci de imediato, ela veio se aproximando. Era Harriet toda sorridente, pude imaginar a cara que a Laura fez ao avistá-la uma vez que ela nutria certo ciúme pela morena que se aproximava. Com a simpatia que inerente a sua personalidade, nos chamou para sentar com ela e sua amigas. Aceitei, pois não fazia ideia de quando iria vagar uma mesa para nós.

            Estava adorando as inglesas, a conversa com elas fluía facilmente, algumas falavam muito mal o português, e precisava da ajuda das demais para se comunicar,  há muito tempo não ria tanto. De inicio notei que Laura estava meio deslocada, mas aos poucos ela se enturmou com as meninas e tudo ficou lindo. Percebia os olhares de Harriet para mim, mas me fiz de desentendida, afinal poderia ser só efeito da bebida. Além do mais, não queria provocar ciúmes na morena ao meu lado. Mas confesso que a intercambista também era linda, dona de um par de olhos azuis e cabelos negros que iam até seu ombro em um corte moderno, usava roupas despojadas e tinha uma sensualidade nata. Difícil não notá-la em seu um metro e setenta; Porém meu coração já tinha dona e eu não queria confusão.

            Era madrugada quando decidimos pedir a conta irmos embora, Harriet veio se despedir de mim, dando-me um longo abraço e cochichou em meu ouvido:

-        Vocês formam um lindo casal. Se já não tivesse dona, me candidataria a vaga. - Disse me deixando completamente vermelha, e sem palavras. Sorri para ela e fui embora sem nada dizer.

            Vi a cara desconfiada de Laura, e ao entrarmos no carro ela me questionou sobre o que a outra havia me dito.

-        Ela disse que formamos um lindo casal. - Respondi omitindo o restante.

-        Como ela sabe? Você contou para ela?

-        Não contei para ninguém, mas acho que ela gosta de meninas também.

-        Hum... - Disse resmungando.

            Fomos o restante do trajeto caladas, eu pensando nas palavras de Harriet e Laura de cara amarrada, possivelmente com ciúmes. Chegamos a frente da minha casa, abri o porta o eletrônico e guardei o carro, entramos com cuidado para não acordar meus pais, tiramos os sapatos e subimos a escada devagar. Eu cheirava a bar, e queria dormir limpinha.

-        Amo preciso de um banho. Vem comigo? - disse abraçando-a por trás beijando seu pescoço.

-        Seus pais podem acordar e nos pegar no banho, não é arriscado?

-        Eles dormem feitos pedras, e ai topa? - Falei já me despindo, pegando a toalha.

-        Com você topo tudo, amor. - E beijou meus lábios.

            Juntas fomos em silêncio para o banheiro, eu estava enrolada na toalha de calcinha e sutiã, enquanto ela ainda estava vestida. Entrelacei meus dedos e seu cabelo e a puxei pela nuca dando-lhe um beijo apaixonada, ela gem*u em minha boca. Enlouquecendo-me, queria um contato maior com ela. Ajudei a se desvencilhar de sua roupa revelando aquele corpo tão amado por mim, ela me puxou para mais perto e me ajudou a retirar a pouca roupa que ainda me vestia e juntas entramos na agua morna do chuveiro. 

Fim do capítulo