Melissa entrou no hotel, olhando ao redor e observando tudo. Isadora a observou e pareceu não entender muito bem.

 

-- Algum problema? – a porta do elevador abriu e as duas entraram.

-- Jornalismo nos Estados Unidos é muito mais gratificante do que no Brasil. – Isadora revirou os olhos, ela havia entendido o comentário, mas preferiu não discutir.

 

-- Qualquer profissão em outro país é melhor que no Brasil. – a porta abriu e ela puxou a morena pela mão. – Agora eu quero uma coisa, algo que não tem em outro país. – Melissa olhou ao redor, nunca Isadora a pegaria daquela forma, no meio de um corredor de hotel. Ela parou por um minuto, pensativa. – O que foi? Está tudo bem?

 

-- Sim, tudo.

 

-- Pareceu outra coisa.

 

-- Impressão. – a abraçou por trás. – Qual seu quarto? – a loirinha puxou pela mão, quase correndo e passou o cartão, abrindo a porta.

 

-- Eu sonhei tanto com isso. – Isadora a empurrou contra a parede e retirou seu blazer. – Mel, como eu lhe amo... – a beijou com desejo.

 

-- Isadora, precisamos conversar. – afastou-se um pouco. Ela passou a mão pela barriga e olhou para loirinha. – Estou grávida. – Isadora passou a mão pelo cabelo curto, e Melissa não pode deixar de comentar. – Nunca lhe imaginei com cabelo curtinho assim, parece até mais loiro. – Isadora sorriu.

 

-- Estava sem paciência de secar e cuidar. – a morena se aproximou e passou a mão pelo cabelo loiro.

 

-- Linda! – sorriu.

 

-- Se continuar a fazer isso, não terá conversa, sabe disso não é? – sorriu.

 

-- Isadora... – foi silenciada pela loirinha.

 

-- Mel, eu sei que este filho é do Joaquim, e até hoje, eu pensei que estivesse casada com ele. – acariciou o rosto da morena – Meu Deus, como eu queria bater em você, chama-la a razão quando soube disso. Evitei o assunto, cortava qualquer possibilidade de falar a respeito, mas agora... – aproximou e beijou o pescoço da morena – Eu sei que ainda tenho chances e isso foi apenas uma eventualidade.

 

-- Eu não sei se eventualidade ou armadilha. – confessou baixinho. Isadora se aproximou e levantou seu queixo.

 

-- Como armadilha? – Melissa foi até a cama e sentou, Isadora fez o mesmo, ficou com ao seu lado, mas se colocando de frente. A morena falou sobre sua temporada na praia e tudo o que havia acontecido naquela noite. – Então ele... – Melissa a silenciou com os dedos.

 

-- Eu estava bêbada demais ou ele me drogou, eu não sei. – baixou a cabeça – Eu só não quero imaginar que meu filho é fruto de um...

 

-- Não Mel. – foi à vez de Isadora a silenciar. – Não fala isso, essa história não vai se repetir. Esse bebê será muito amado e cercado por pessoas sadias.

 

-- Isadora, Joaquim...

 

-- Eu prometo, ele não participará da vida dessa criança.

 

-- Como fala isso com tanta certeza?

 

-- Mel acredite em mim. Eu prometi que voltaria e lhe revelaria tudo, e voltei.

 

-- E quando vai revelar a verdade?

 

-- Calma, meu amor. Eu só peço que confie.

 

-- Ah isso de novo? – levantou-se – Até quando, Isadora? – a loirinha se jogou na cama com os braços abertos e fechou os olhos.

 

-- Paciência não é seu forte, nunca foi. – revelou desanimada. Melissa a observou e se aproximou.

 

-- Eu senti muito a sua falta. – confessou baixinho. Isadora voltou a se sentar e a olhou.

 

-- Eu perdi meu rumo sem esses faróis azuis. – Melissa se aproximou de quatro sobre o colchão.

 

-- Por que não termina o que começou? – ficou de joelhos e tirou a camiseta. Isadora aproveitou para passar as mãos sobre a barriga lisa, admirando-a.

 

-- Como queria ser a mãe dessa criança. – admitiu perdida em seus próprios pensamentos. Melissa segurou suas mãos, fazendo-a olhar nos olhos azuis.

 

-- Não tenho dúvidas de que você seria a mãe ideal para cria-la comigo. – sorriu.

 

-- Eu lhe quero tanto. – beijaram-se.

 

 

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-- Daniel, o que está fazendo ai? Estou lhe esperando para o jantar.

 

-- Eu vim falar com Cristina, ela não estava, e me lembrei de pegar alguns documentos que havia deixado.

 

-- Nossa filha não está ai?

 

-- Não. Por que a pergunta?

 

-- Ela ficou de chegar mais cedo, combinamos de sair para comprar algumas coisas para nosso neto.

 

-- Deve ter ido ao haras. Enrico estava de saída, e me falou que o humor não estava dos melhores.

 

-- Verdade. Meu amor, não demore que estou com fome. – despediram-se e Daniel ouviu a secretaria chama-lo.

 

-- Doutor Daniel, esta caixa estava na sala do senhor Joaquim, guardei tudo e não sei o que faço.

 

-- Não falou para Cristina?

 

-- Falei sim, ela mandou colocar fogo. – Daniel deu de ombros – Achei que poderia ter algo de importante em relação à empresa.

 

-- Certo. Passe essa caixa que vou verificar tudo, depois deixo aqui e você joga fogo nela. – riu – As ideias de Cristina, às vezes, são ótimas. – antes que a secretaria saísse, ele a chamou. – Ada...

 

-- Sim.

 

 

-- Cristina falou para onde foi, quando saiu daqui?

 

-- Não. – dispensou a mulher que saiu.

 

-- Vamos lá, o que temos aqui? - ele leu alguns papéis até achar uns balancetes falsos. – Estranho isso... - remexeu mais na caixa, e encontrou uma pasta com alguns papéis com timbres de hospitais e clínicas, e isso chamou sua atenção. – Mas o que é isso? Exames no nome do pai de Isadora? O que Joaquim faz com essas coisas? - ele leu atentamente cada um deles e ficou furioso.

 

“Canalha! Enganou-me direitinho. Preciso entregar isso a quem é de direito.” – pensou e depois guardou dentro de uma pasta de couro em um fundo falso de gaveta na mesa de Melissa. Em seguida ligou para Joaquim que não atendeu, mas deixou um recado em sua caixa postal.

 

Daniel estava a caminho de casa, quando um carro escuro o cortou, forçando-o a diminuir a velocidade, logo em seguida outro ficou ao seu lado, empurrando-o para fora da pista. Ele se viu encurralado, tentou frear, manobrar o carro, e retornar em contramão, mas o carro permaneceu forçando-o até retirá-lo da pista. Daniel perdeu o controle da direção e capotou diversas vezes. Uma testemunha que viu o acidente chamou a ambulância.

 

 

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-- Isadoraaa... – Francisco a chamava insistentemente. – Abre a portaaa...- cantou.

 

-- Quem é esse louco? – Melissa estava entre as pernas da loirinha quando parou assustada.

 

-- Era um amigo, porque agora será um cadáver. – levantou-se nua indo em direção à porta.

 

-- Isadora, você vai abrir assim? – a loirinha se lembrou do ciúme de Melissa. Ela nunca entenderia o tipo de amizade que tinha com o jornalista, voltou e se envolveu no lençol sobre a cama, a morena estava sem opções, resolveu se trancar no banheiro.

 

-- O que é Francisco? – perguntou ao abrir a porta, o jornalista a empurrou e entrou, observando o lugar, e aspirou o ar.

 

-- Cheiro de sex* com “xota”. – deu de ombros – Sabia que não iria demorar a pegar mais uma para a coleção dos corações despedaçados. – ele continuou falando, sem se importar com os sinais que a amiga lhe fazia para ficar quieto. – Michele ligou e... – Isadora tapou a boca do amigo.

 

-- Cala essa boca, antes que faça engolir sua língua. – falou baixinho.

 

-- Uai! – olhou em direção ao banheiro. – Quem é a da vez? – ouviram o som da porta e depois Melissa saiu enrolada na toalha.

 

-- Desculpe, eu só vim pegar minha roupa.

 

-- Mas você já vai? – Isadora perguntou assustada. Ela conhecia bem a expressão da morena.

 

-- Melhor. – olhou para Francisco que sentiu as pernas enfraquecerem. Antes que Isadora falasse algo, Melissa voltou para dentro do banheiro.

 

-- Essa sua boca não podia ficar fechada, não é?

 

-- Eu não sabia... Desculpa Isa.

 

-- Desculpar? Agora que estava no melhor? – voltaram a ouvir a porta do banheiro abrir, e em seguida o celular da morena tocou. Melissa viu que era sua mãe, e só então se lembrou do compromisso da tarde.

 

-- Oi mãe.

 

-- Cris, não é dona Ester, sou eu. – Melissa achou estranho Enrico no telefone da mãe.

 

-- O que está fazendo no telefone de mamãe?

 

-- Cris, seu pai sofreu um acidente, e sua mãe passou mal, eu peguei o telefone.

 

-- Onde meu pai está? E ela?

 

-- Seu pai está no hospital, e ela está em casa, comigo.

 

-- Eu vou para lá. – juntou suas coisas enquanto falava ao telefone, e não percebeu Isadora caminhando ao seu lado, queria descobrir alguma coisa. – Por favor, Enrico, não a deixe sozinha.

 

-- O que aconteceu? – Melissa a olhou com uma expressão indecifrável.

 

-- Meu pai sofreu um acidente, mas não sei de mais nada.

 

-- E Ester?

 

-- Passou mal ao receber a notícia.

 

-- Eu vou... – circulou pelo quarto segurando o lençol que cobria o corpo nu, olhou para o amigo e só então parou. – Eu não posso ir com você.

 

-- Não tenho tempo para seus mistérios agora. – terminou de vestir o blazer e pegou a bolsa, olhou para Francisco com desprezo. – Sou apenas mais uma com coração despedaçado, como você falou. – riu com sarcasmo. – Anota ai: Melissa Cristina foi à primeira da lista. – saiu sem tempo para qualquer resposta.

 

-- Mel... – a segurou – Eu não vou porque preciso permanecer no anonimato, ou estrago tudo. – Melissa se soltou e saiu sem dizer nada. – Merda! – chutou a porta. – Mas que merd* você tinha que aparecer na hora que ela estava... – parou e olhou o amigo – Não podia ficar com essa boca fechada? Sabia que estava acompanhada, por que falou?

 

-- Queria atrapalhar para você não arrumar ninguém, assim ficaria livre para se acertar com ela. – Isadora olhou o amigo e viu sinceridade nele. – Ah Isa, não tinha como imaginar que você seria mais rápida que a luz. – sentou-se triste. – E agora?

 

-- Eu tenho que ir atrás dela. – sentou-se ao lado. – Não sei como, mas tenho.

 

-- Podemos providenciar uma boa maquiagem e uma peruca. – piscou e Isadora sorriu.

 

 

Fim do capítulo