Capitulo 16

(Avassalador)

Após fechar a porta Carol simplesmente deixou-se jogar na poltrona do quarto e desabou em um choro convulsivo e silencioso, para Alicia aquilo tudo tinha sido surreal e jamais vira a mãe tão fragilizada diante de alguém, tudo bem que a avó era terrível, como seu pai mesmo sempre afirmara, mas nunca havia presenciado uma discussão daquelas com sua mãe e Maggie. Depois disso não comentaram mais nada sobre o ocorrido, preferiu deixar Carol em paz.

Na manhã seguinte, era segunda-feira Alicia estava devidamente instalada e além da enfermeira que contratara Flávia se ofereceu para ficar com Alicia em tempo integral, Carol apenas aceitou porque ela estaria de férias da faculdade. Terminou o café e foi para a Agência, encostou-se ao espelho do elevador e deixou seus pensamentos voarem enquanto esperava que chegasse ao andar da sala da presidência, não tinha ideia de como seria reencontrar Anna-Lú, na cabeça de Carol os pensamentos fervilhavam, pois além das preocupações com a filha, razão e paixão duelavam dentro de si, e por isso, ainda não havia desistido de esclarecer seus sentimentos de uma vez por todas, decisão essa que tomara no decorrer dos dias, ficar longe de Anna-Lú lhe causara mais desconforto do que ela imaginara.

Não teve tempo nem de formar uma única linha de raciocínio, pois havia chegado ao seu destino, quando a porta do elevador se abriu a primeira coisa que Carol pode contemplar foi Anna-Lú cuspindo fogo e distribuindo broncas para todo lado, poderia até prever que o dia seria daqueles, mas tudo que conseguiu pensar foi o quanto ela estava linda com aquele jeito todo marrento, e vestida de sua pose mais autoritária. Seus pensamentos foram tão intensos que nem ao menos percebera que Anna-Lú a esta altura olhava diretamente para ela, ficou por poucos segundos sem compreender o que Anna-Lú havia perguntado e só compreendeu realmente depois que Anna-Lú repetiu ainda mais impaciente e com a cara de poucos amigos.

- O que foi?! O gato comeu sua língua?! Responde logo, tá achando engraçado o quê Carolina?! – perguntou irritada.

- Carol respirou fundo para recompor-se dos pensamentos indecorosos que teve com Anna-Lú daquele jeito, além disso, sorria feito boba só de ver Anna-Lú, teve que pensar com rapidez, pois todos os olhares estavam voltados para ela.

- Ah, bom dia...para você também senhorita Garcia, ah sim estou bem não é necessário se incomodar, mas obrigada por perguntar, com licença - falou com desdém, pelo menos superficialmente, já que seu coração dava pulos e sua pele se eriçava inteira somente por estar perto de Anna-Lú, falou e apressou-se em direção a sua sala sem perder a pose, ainda pode ouvir um burburinho geral, e alguns acenos de cabeça como aprovação de sua atitude.

Anna-Lú bufou com a resposta de Carol, mas segurou-se para não abrir uma discussão na frente dos funcionários, a vontade de Anna-Lú era de pular nos pescoço de Carol, tamanha era a petulância e a facilidade com que Carol a tirava do sério e a virava do avesso, "é pular e distribuir beijos e mordidas naquele pescoço lindo", “mas merd* eu estou pensando??!" "deixa de idiotices Anna Luíza Garcia", pensou tentando afastar os primeiros pensamentos e puxou Caio consigo em direção à sala de reuniões, precisava respirar.

- Porque diabos você não me avisou que ela voltava hoje?! É teu dever me manter informada! - falou furiosa.

- É que era pra ser surpresa, pronto... Surpresa!!!! - respondeu fazendo sua piadinha irreverente.

- Ha-ha-ha...muito engraçado - Anna-Lú respondeu sem expressão.

- Ok...ok...você mesma disse que o assunto Carolina estava vetado por esses dias, então pensei que não faria diferença saber o dia que ela voltava – Caio deu de ombros.

- Mas, é claro que faria diferença, eu teria me preparado psicologicamente pra isso! - exclamou Anna-Lú abrindo os braços e repousando-os na cintura.

- Nem vem dona Anna-Lú...quê que foi senhorita "não-estou-apaixonada"? Isso tudo ou é vontade de comer a senhorita olhos azuis, ou é muito amor encubado! Fala sério, só você que não quer enxergar, qual é Lú, cadê a minha musa matadora, você tem medo de quê? - Caio a confrontou.

- É muito fácil falar, mas o fato é que tenho medo mesmo, com as mulheres que já fui para cama foi totalmente diferente, não havia sentimento envolvido, então, era fácil, mas agora tem o tal do amor no meio e esse sim me apavora... Sabe porquê?! Porque ele chega de mansinho como uma garoa e se torna avassalador como uma tempestade tirando tudo do lugar - refletiu Anna-Lú olhando através da vidraça.

- Deixa de besteira Lú o pior que pode acontecer é ela te dar o fora, mas isso não significa que você não possa tentar, é melhor do quê ficar descontando em tudo e em todos a falta que ela te faz. E nem adianta negar, porque sabes que é verdade. Todas essas semanas sem por os pés fora de casa, mergulhando no trabalho, sendo carrasca com todos foi o quê TPM? É claro que não, você estava era morrendo de saudades de ver a Carolina, então faça um favor a si mesma, vai a luta garota, mostra pra ela o que você sente, até porque posso apostar que é recíproco - Caio como sempre falando tudo de uma só vez e mesmo assim, a mais absoluta verdade.

- Tudo bem, eu sei... tens razão e obrigada meu bom e velho amigo, sempre a me dizer a verdade por mais que venha doer mais que um tapa na cara - abraçou-o Anna-Lú.

- Não tem de quê...amigos são para essas coisas, mas se quiser dou o tapa mesmo - disse abrindo uma gargalhada.

- Você adoraria não é? Mas não terá esse gostinho, não ainda. Agora vamos voltar ao trabalho.

Fim do capítulo