O plano.
POV GABRIELA
- Você precisa mesmo, mesmo ir? – Vitória fazia manha na cama enquanto eu me vestia depois de uma noite tórrida de amor.
- Sim e- olhei para o relógio no meu pulso- você também tem seus compromissos.
- Tomou café antes de mim?
- Vitória!! Está quase no horário do almoço e eu...- lembrei-me da ligação que recebi mais cedo dando as coordenadas do grupo de advogados que iriam me ajuda na denúncia contra Henrique, que deveria ser entregue aos responsáveis legais na manhã seguinte- eu preciso ir fazer o curativo desse machucado.
Vitória chegou perto do meu braço e examinou ele de pertinho: - Você está cuidando bem dele, ele vai melhorar rapidinho- deixou um beijo leve próximo dos pontos.
Terminei de me arrumar sob os olhos atenciosos dela, que me deu muitas recomendações e me fez prometer que voltaria ali, senão hoje, amanhã.
Peguei um táxi e passei em casa, conversei rapidamente com as meninas de casa que estavam ansiosas para me ver, almocei o que elas já tinham feito e informei que voltaria para fazer a janta assim que terminasse de resolver o necessário.
Passei num hospital para cuidar dos pontos, antes de tudo, eu teria tempo suficiente para isso.
- Esses pontos foram muito bem feitos! Somente uma crise muito forte de sua diabetes seria capaz de infeccioná-los. Fizeram mesmo ele no cativeiro? – Perguntava a senhora que era uma das enfermeiras dali enquanto fazia a limpeza dos meus pontos.
- Eles eram profissionais, ai!- gemi por causa do ardor que o álcool deixava na ferida- e passaram uma massa verde e fedorenta no meu braço que fez parar de doer e sangrar na mesma hora.
- Eles por acaso eram índios?- Ela ria com a informação- Só índios para passar essas coisas e funcionar de verdade.
- Não sei, senhora, eu realmente não sei.
- Tudo bem! Está tudo ok por aqui, a senhorita está liberada- olhou minha ficha- Gabriela.
Agradeci e peguei o carro para ir ao local de encontro preocupada para não me atrasar.
Cheguei no bairro combinado e deixei meu carro com um dos rapazes que conheci no cativeiro, que trabalhava disfarçado como manobrista num estacionamento dali. Segui a pé até o endereço marcado perguntando numa banca de jornal onde ficava. Era uma casa simples por fora com cachorros pedindo carinho no portão e tudo mais, mas não acreditei quando quem veio me atender foi dona Lia, uma senhora que cuidava de mim no bairro quando minha mãe precisava trabalhar até mais tarde... cresci no quintal da casa que ela morava, me machuquei tanto ali! Ela e minha mãe eram tão amigas!
- Oi, minha pequena- ela disse abrindo um sorriso acolhedor que eu bem conhecia e os braços- vem aqui!
- Tia Lia- me joguei naquele abraço apertado- como eu senti sua falta!
Lia segurou meu rosto entre as mãos emocionada após um abraço longo e estreito: - Como você está linda, minha filha! – Me abraço novamente- Como eu senti falta de minha filha correndo no meu quintal.
- Eu estou tão feliz por te encontrar, tia! Eu não poderia dizer o quanto!
- Vem! Eu fiz aquela broa que minha filha tanto gosta e tem café quentinho. Tem uns doces que a menina Yuri trouxe e salada de frutas do café da manhã...- enquanto entrávamos eu sorria do menu inteiro que ela ditava me carregando pela mão até que chegamos na porta e uma figura conhecida estava encostada e sorria para mim com uma mecha de cabelo invadindo o rosto oriental, apoiando uma das pernas na parede, com os braços cruzados.
- Oi, Yuri!
Ela nada disse, apenas sorriu e me acenou com a cabeça. Quando entramos, ela fechou a porta e então me virei para frente, dando de frente com todas as pessoas que tive contato no cativeiro e outras mais sentadas nos sofás da espaçosa sala, dona Lia ainda segurava minha mão e sorria para todos enquanto eu cumprimentava com aceno a todos.
- Eu vou buscar mais broa!- Dona Lia me tirou do transe em que estava- Alguém quer mais bolo de mi- todos levantaram a mão sorridentes- Tudo bem! Eu vou buscar mais- saiu sorrindo até a cozinha.
- Oi, Portugal- fui até o rapaz que me auxiliou desde o momento do rapto até o último minuto de escolta até a delegacia e ofereci minha mão em um cumprimento, mas para minha surpresa ele se levantou sorrindo e me abraçou.
- Bom te ver, Gabriela!- O sotaque veio carregado, o que me fez sorrir.
E entre bolos, cafés, saladas de frutas e as mais divinas broas que já foram assadas no mundo, descobri que Lia foi, por muito tempo e ironia do destino, uma oficial do exército civil brasileiro que trabalhava disfarçada para esse grupo desde que foram excluídos das funções civis nas quais se encontravam, fiquei surpresa mas fui juntando o fato de ela ser apenas um pouco mais velha que todos ali e de que em sua casa sempre tinha um baú trancado que ela dizia ser de “espiões que deixaram com ela pra salvar o mundo” com as informações recentes e sorri para ela, que fazia carinho em minha cabeça e me sorriu de volta.
Traçamos um plano de ações e reunimos todas as provas que podíamos para seguir com tudo aquilo. A denúncia seria feita por mim com proteção de imagem(somente as autoridades competentes saberiam quem e como foi feita). Comi mais algumas broas e segui para casa quando a lua já estava alta no céu, claro, com um pote cheio dessas delícias que só tia Lia sabia fazer. Chegando no carro tomei insulina e passei na farmácia para repor o estoque semanal, no mercado para comprar algumas besteiras e voltei para casa. Liguei para Vitória e conversei com minhas princesas(a Laura estava acordada me esperando ligar) até que cheguei em casa.
- Achei que você não voltaria- Thais disse assim que entrei no apartamento- vem, deixa eu ajudar. ESTOU MORRENDO DE FOME- falou mais alto e me fez rir.
Eu e as meninas fizemos a janta conversando e rindo sobre os assuntos mais banais que podíamos, talvez todas ali estivessem um pouco apreensivas com meu sequestro e retorno, mas eram compreensivas e eu agradeci pois não queria falar sobre aquilo.
Depois da janta vimos filmes e comemos “besteiras saudáveis da Gabi” como elas sempre diziam em coro quando eu chegava com minhas compras diet, me fazendo rir. Depois do filme cada uma foi para seu quarto e eu tomei um banho antes de dormir e, finalmente, descansar com toda essa história que rondava meus pensamentos. Pensei em Vitória mais uma vez e em como ela me fazia feliz em tão pouco tempo até dormir um sono pesado.
Fim do capítulo
Notas finais:
Peço desculpa pela demora mas eu ando tão ocupada com faculdade, trabalho, relacionamentos pessoais, família, projetos artísticos, caminhadas de empoderamento das siglas LBTQ no mês da representatividade LGBTQ, festas para rebolar a raba e confusões psicológicas... acho que a única coisa que tem me feito relaxar e me sentir muito completa com minha unicidade é cuidar da minha espiritualidade porque o restante está me tomando quase por inteiro.
Esse capítulo foi curtinho mas espero que sirva pro gasto, volto assim que acabarem os exames da faculdade(só falta mais um) com outro capítulo.
Um beijo, lindezas! Espero vocês nos comentários(só não me xinguem muito, por favor, porque eu ando sensível).
Esse capítulo foi curtinho mas espero que sirva pro gasto, volto assim que acabarem os exames da faculdade(só falta mais um) com outro capítulo.
Um beijo, lindezas! Espero vocês nos comentários(só não me xinguem muito, por favor, porque eu ando sensível).
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