Não demorou a chegar à casa de Laura, esta estava encostada no muro com uma cara enfezada, eu estava bêbada demais para notar qualquer coisa, ela e o Rafa me ajudaram a descer do carro. Senti sua respiração acelerada próxima ao meu rosto, aspirei o cheiro que vinha de seu corpo, era um misto de cerveja, cigarro e perfume, contudo ainda sim era maravilhoso, o toque dela fazia meu corpo queimar.

            Subimos até seu quarto, o Rafa se despediu dela e veio até mim, falou em meu ouvido que me ligaria depois, e me deu um beijo rápido, não queria que fosse assim, mas ele merecia ser feliz, e infelizmente não poderia ser eu a fazer isso, meu coração era da morena que me olhava com cara amarrada.

- Ana, vou tomar banho, estou fedendo, pegue uma toalha no meu guarda roupas e escolha um pijama pra você. Se quiser pode ir tomando banho no banheiro do quarto de mamãe. - Disse tudo de uma vez e saiu porta a fora.

            Com dificuldade cheguei ao banheiro, tudo estava rodando e minhas pernas não me obedeciam, abri o chuveiro e deixei a água escorrer pelo meu corpo, não sei ao certo quanto tempo fiquei ali, mas quando sai, senti meu corpo renovado e um pouco menos zonza. Coloquei uma camisola de malha com um desenho enorme na frente, era meio infantil, mas muito confortável. O quarto de Laura estava escuro, ouvi um barulho vindo da cozinha e fui ao seu encontro.

            Ao descer as escadas, a vi fazendo um lanche, estava de cabelos molhados e vestida com  um pijama minúsculo, que mais parecia uma calcinha. Cheguei devagar e falei próximo ao seu ouvido:

-        Quero comer também, faz um pra mim? - Disse quase num sussurro vendo os pelos do seu braço se arrepiar.

-        Que susto Ana, senta ai que vou fazer um pra você. - Falou virando, ficando bem próxima ao meu rosto, mordeu o lábio inferior e completou:

-        Como você quer o seu lanche?

            Ela olhava dentro dos meus olhos, como se estivesse flertando comigo, eu deveria estar muito bêbada mesmo, pois estava vendo coisas demais, mas sabe o que fiz? Resolvi jogar para ter certeza de que não era coisa da minha cabeça.

-        Você sabe como e gosto, afinal já fez alguns pra mim - Respondi descendo o olho para o decote da sua blusa. Notei que ela ficou vermelha, mas não tirou os olhos de mim.

-        Então sente se ai, e espere um instante que darei a você o que comer – Senti um duplo sentido na frase, mas me mantive na minha, ela virou de costas pra mim e fez nossos lanches.

LAURA:

            Estava distraída preparando um lanche para nós, e não vi quando Ana chegou até mim, me assustei com ela sussurrando ao pé do meu ouvido. Aquela voz quente fez com que me arrepiasse toda, estremeci e desejei beijá-la, todavia tive medo dela me rejeitar, afinal tudo aquilo era novo para mim, descobrir estar atraída por sua minha melhor amiga, era algo que me deixava nervosa, mas precisava saber se ela sentia algo também, resolvi flertar com ela. Quando dizem que a bebida nos dá coragem, realmente estão certos, entreguei a ela o lanche e fiz questão de tocar em sua mão. Senti um choque percorrer meu braço e quase derrubei o prato, acho que ela percebeu e sorriu de forma maliciosa, me dei conta de que ela estava entrando no jogo.

-        Passou a bebedeira, Ana? Perguntei dando uma mordida no meu lanche.

-        Ainda estou um pouco zonza, tive muita dificuldade em tomar banho, quase te chamei pra me ajudar. - Disse ela em tom de brincadeira.

-        Poderia ter chamado, mas ainda bem que conseguiu né, imagina se você caísse, sabe que antes de te socorrer, iria rir até a barriga doer.

-        Deixa de ser boba Laura, você nem ia ver, antes mesmo de chegar lá, eu já estaria de pé, rindo um monte. Além do mais você iria ficar toda molhada, não que isso fosse ruim... - Completou me olhando de cima a baixo.

            Levantou e recolhendo os pratos, lavou toda a louça que eu havia sujado, me levantei e fui ajuda-la a secar; quando terminamos de arrumar a pia, ela passou e esbarrou em mim propositalmente, senti uma onda de calor invadir o meu corpo, e perdi qualquer razão, tomada de uma coragem extrema puxei-a pelo braço, e provei o gosto dos seus lábios.

Fim do capítulo