Capítulo 27
-- Mel, onde estão os presentes de Júnior?
-- Ué, ele tinha presente? – fez uma cara de surpresa.
-- Melissa Cristina de Alcântara Peixoto se você esqueceu no apartamento eu... eu... – estava vermelha.
-- Acaso sou advinha? Onde eu pegaria o presente do “sapo Caco”? – permanecia fingindo inocência. – Ninguém me falou nada do presente do “rebentão”. – Isadora a olhou e jogou um travesseiro em sua direção.
-- Estava dentro do nosso closet, você deixou o presente dele em São Paulo? – estava irritada – Agora o Natal vai ficar triste, um sem presente e outros cheios. – sentou-se de cabeça baixa e sentiu os braços da morena envolve-la pela cintura e puxa-la para mais perto. – Não vem com carinho porque fiquei irritada e magoada.
-- Amo sua carinha irritada. Magoada eu não gosto, mas irritada... – beijou a ponta do nariz de Isadora. – Ainda mais quando fica assim.
-- Assim como? – perguntou se virando para olhar os lindos azuis da cor do oceano.
-- Assim nua. – sorriu com ar de malícia, e só então Isadora percebeu que sua toalha havia caído. – Quando você sai do banho, irritada, sempre discute comigo com este corpo delicioso. – sussurrou a última palavra após morder seu lóbulo da orelha. – Aí me dá vontade de confessar até o que eu não fiz. - passeou com as mãos pelo abdômen de penugens loiras. – Vem aqui que eu tenho um presente gostoso para lhe dá. – sussurrou com malícia.
-- Hum... Aposto como quer me enganar para escapar da sua punição – falou um pouco ofegante, na tentativa de não cair jogo de sedução.
-- Não. – mordeu a nuca da loirinha - Se isso vai melhorar a situação, os presentes do “mané” estão no maleiro do guarda roupa. – permaneceu lambendo e beijando o pescoço da loirinha por trás, enquanto as mãos percorriam seios e abdômen.
-- Realmente... – parou de falar, e pensou um pouco – Ali eu nunca acharia. – em um pulo, virou-se de frente para morena, envolvendo suas pernas na cintura, e os braços no pescoço de Melissa. – Agora podemos começar aquela conversa importante. – voltaram a se beijar, e Melissa se ergueu com a loirinha nos braços.
-- Agora não. Antes temos de terminar arrumar as coisas, e passar na cidade para comprar outras tantas, ou o Natal ficará triste. – imitou a voz da loirinha que fazia questão de ter a casa enfeitada e uma árvore com muitos presentes.
-- Isa, você pode vir aqui? – ouviu um grito chamando-a.
-- Espere um minuto vovô. – olhou as safiras – Você... – apontou entre os seios da morena – acaba de ser salva pelo velho Eliezer, mas, depois não me escapa, entendeu?
-- Serei a refém, ou vítima mais comportada que a senhora já conheceu. – beijaram-se e Isadora foi vestir uma roupa, enquanto Melissa terminava de colocar a calça jeans, surrada e cheia de rasgões. Saíram a tempo de ouvirem a discussão de Júnior e Eliezer.
-- O senhor “num tá” entendendo, Melissa come requeijão em tudo.
-- Onde já se viu colocar requeijão no peru rapaz? – Isadora observou a cena e olhou para Melissa, que fingia inocência com as mãos para trás e olhando para os lados.
-- Isso é culpa sua, agora resolva. – ordenou com uma expressão zombeteira.
-- Sabe que nunca imaginei comer requeijão no peru? – pensou alto.
-- Urgh! Vá lá e resolva. – ordenou com um olhar de censura.
-- Olá povo! – disse ao entrar na cozinha – O que vocês estão fazendo?
-- Melissa, ele não quer deixar passar requeijão no peru. – lançou um olhar de ira em direção ao velho.
-- Nunca vi um peru ser assado com requeijão. – tentou puxar de volta a ave que estava em uma travessa.
-- Júnior, deixa a Isa preparar o jantar, melhor colocar o requeijão depois de assado, ele sai quentinho e derrete no pedaço da carne... – fechou os olhos e lambeu os lábios, passando a mão na barriga – Isa será que demora muito?
-- EU... – gritou interrompendo os três, e olhou para cada um – farei a ceia e colocarei o peru para assar da forma tradicional, e ele só será cortado na hora da CEIA, entenderam? – os três balançaram as cabeças e sumiram.
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-- Vovô, o senhor está com uma expressão não muito boa. – observou enquanto caminhavam para o carro.
-- Sua mãe já havia dito que não viria, mas do nada, resolveu vir almoçar conosco.
-- Isso é natural vindo dela, vô. – tentou tranquiliza-lo, ela sabia o quanto a mãe era egoísta, a ponto de não considerar passar o Natal com o pai, deixando-o sozinho.
-- Não é isso, eu não espero mais nada vindo da sua mãe, apenas... – parou e olhou a neta – ela disse que tinha algo importante para conversar, fico pensando se Mercedes falou alguma coisa sobre vocês – revelou com grande preocupação.
“Ah não! Mamãe se você vier no dia do Natal com a história de vender o sítio, será comigo a conversa séria”. – pensou Isadora.
-- Depois daquele dia, estamos preparadas, vô. – viram Melissa saindo de uma loja com uma caixa e duas sacolas.
-- O que é isso? – perguntou se divertindo, ela sabia o quanto a namorada odiava fazer compras.
-- Compras. – respondeu demonstrando pouco interesse na conversa.
-- Sei que são compras, mas que tipo? – colocou as mãos na cintura.
-- Do tipo compras de Natal.
-- Vamos Melissa Cristina, que compras são essas?
-- Compras que eu fiz. – a encarou.
-- Estou vendo que vamos ficar aqui por um longo período. – Eliezer pensou alto, enquanto ajeitava o chapéu.
-- Não seja curiosa e vamos logo, esse sol está me matando, preciso urgentemente me jogar no rio.
-- Não mude de assunto mocinha. – disse com o dedo em riste – Só saio daqui depois de ver o conteúdo destas caixas e sacolas, ou você falar o que tem nelas.
-- Tudo bem pode passar o Natal aí, porque MEU avô e eu vamos voltar para casa.
-- Não ouse entrar neste carro sem falar o que quero descobrir, ou esconderei todos os seus potes de requeijão, e você não conseguirá experimentar o peru com aquele queijo cremoso derretido sobre aquela carne suculenta. – fazia gestos como se estivesse comendo a ave.
-- Aposto que você não seria tão baixa a ponto de jogar sujo assim. – estreitou os olhos.
-- Apostado. - sorriu com ar vitorioso - Então, vai mostrar?
-- Não. – estava irredutível.
-- Prepare-se para logo mais. – virou-se em direção ao carro, mas parou de repente, fazendo com que a morena quase esbarrasse nela – Só para lembrar: amanhã, todos os mercados, padarias e coisas do tipo que vendem REQUEIJÃO estarão fechados por causa do feriado.
-- Muito bem mocinha, pegue nos meus preciosos potinhos branco e estará encrencada até o último fio de cabelo. – ameaçou quase colando a ponta do nariz no rosto de Isadora.
-- Não tenho medo do seu tamanho sua grandalhona. – empurrou com o dedo indicador o ombro da morena.
-- Ei, o sol tá quente, e é o “meu peru” que tá assando aqui neste carro. – Júnior interrompeu colocando a cabeça para fora.
-- Salva pelo peru do Júnior... – sorriu e logo foi repreendida.
-- Olhe o respeito Isadora! – Eliezer chamou sua atenção.
-- Desculpe vovô. – olhou para o avô e virou-se rapidamente colocando a mão no abdômen da morena – E você tem uma chance, pense bem até chegarmos ao sítio. – recebeu como resposta um balançar de ombros.
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-- Onde estão? Diga-me que você não os jogou fora.
-- Onde estão o que? – perguntou sentada, em frente ao espelho, colocando seus brincos.
-- Os potes de requeijão que comprei ontem. URGH! Isadora, eu juro que se você não fosse à coisa mais importante na minha vida, eu esganaria este pescoço. – fez os gestos com as mãos.
-- O problema é que EU sou a PESSOA mais importante na sua vida, e não teria coragem de me fazer nada – virou piscando os olhos várias vezes e sorrindo.
-- URGH! – estava irritada – Acho melhor, para seu próprio bem sexual, estes potes aparecerem até a hora da ceia ou...
-- Ou? – desafiou, após levantar um pouco o vestido e cruzar as pernas, mostrando a coxas grossas e pernas bem torneadas. Melissa ao perceber as pernas da namorada, prestou atenção melhor na sua produção. Ela estava com um vestido preto, decotado na frente deixando a imaginação ir além, com aqueles seios quase descobertos. As sandálias eram de salto, o que lhe deixava um pouco mais alta. A morena engoliu em seco, e perdeu a linha de raciocínio, resolveu apenas se retirar resmungando algo inaudível. Isadora começou a sorrir sozinha, quando ouviu uma batida na porta. – Oi vô.
-- Acho que você terá de aumentar o número de pratos à mesa. – concluiu sorrindo.
-- Como assim, vovô? O que o Júnior... – pensou melhor – Melissa aprontou alguma coisa?
-- Veja você mesma. – abriu mais a porta esperando a neta passar. Isadora chegou à sala, e viu os pais de Melissa, Enrico e seu pai, o senhor Borba, além de uma linda jovem que aparentava uns dezoito anos.
-- Veja Isa, olha que surpresa. – disse uma sorridente Melissa estendendo a mão para a namorada. – O pai do Enrico você já conhece, mas a irmã dele, ainda não. Bruna, essa é Isadora.
-- Muito prazer Isadora. – disse sorridente – Cris não para de falar em você... – olhou para a morena sorrindo e completou - nas poucas vezes que nos vemos.
-- Realmente, nunca havíamos nos visto, mas o prazer é meu, sinta-se a vontade.
-- Na verdade eu já lhe vi um par de vezes lá na fazenda, mas meu irmão não deixava me aproximar para não atrapalhar. – aproximou-se da loirinha e lhe confidenciou – Para ele todo dia “aconteceria”.
-- Aconteceria o que? – perguntou também falando baixo.
-- O primeiro beijo de vocês. – Isadora ficou vermelha, enquanto os outros sorriram.
-- Agora é minha vez de abraçar a minha norinha. – disse Ester interrompendo-as – Minha linda, eu trouxe presente para todos, e confesso que foi um martírio compra-los, Daniel resolveu me acompanhar, não sei o motivo. Acho que só queria atrapalhar, com essa impaciência típica dos homens. – percebeu os olhos verdes se dirigirem aos azuis e um sorriso surgiu, enquanto Melissa fez uma careta. – E pelo que entendi com este olhar, também de Cristina. Pelo menos, ele serviu para segurar as sacolas. – Isadora viu a semelhança entre Melissa e seu pai, não só física, como em suas atitudes. Sabia que a única pessoa capaz de dominar o temperamento do sogro, era sua sogra, e achou engraçado, pois parecia que ela era a única que segurava o temperamento e impulsos da morena.
-- Agora ficarão as duas falando mal de nós dois pelo resto da noite. – Daniel reclamou abraçado a Melissa.
-- Isso vai longe pai. – respondeu sorrindo.
-- Mas, não é só a pequena Isadora que está arrasando hoje. – observou Enrico – Cris, você está linda neste vestido vermelho.
-- Vermelho, definitivamente, é sua cor Cristina. – concluiu Bruna.
-- Ela é gostosa! – observou todos em volta e se corrigiu – Linda de qualquer jeito, até nua. – viu o olhar de Daniel e depois o de Isadora e Enrico. – Mas nunca vi sabe, apenas uso minha “pigmentação” e...
-- Tudo bem Júnior, todos nós já entendemos – Isadora interrompeu puxando o amigo pelo nariz.
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A noite foi tranquila, estavam todos felizes, e parecia que Júnior havia encontrado a pessoa certa para preencher seu coração, Bruna era toda atenção ao jovem. Enrico, às vezes olhava para o rapaz e apontava os dois dedos em direção aos seus olhos e depois para Júnior, mostrando que estava de olho. Próximo à meia noite, Melissa pediu atenção de todos e fez um breve discurso.
-- Não me lembro de ter passado um Natal de forma tão familiar assim... – olhou em volta - com pessoas que realmente são importantes para mim. Hoje estou extremamente feliz por ter a companhia do amor da minha vida. – olhou para Isadora e sorriu – E ao mesmo tempo, sentir o amor de vocês, meus amigos. – apontou para um de cada vez com sua taça de champanhe como se brindasse. – Meus pais, vô Eliezer e o bocó... – olhou para Júnior – Eu sei que para alguns, a notícia da minha relação com Isadora foi um impacto – olhou em direção ao pai de Enrico que baixou a cabeça. – Mas o bom disso é que compreenderão o verdadeiro sentido da vida. O importante não é amar de forma tradicional, e sim amar e ser amado, ser feliz ao lado da pessoa que lhe completa, independente de sex*, cor, raça e condição social. – olhou para Isadora e entrelaçou seus dedos – A pessoa que me completa é uma mulher, uma linda e doce mulher aos nossos olhos. - sorriu para Isadora - Eu sei que ela é o anjo que veio me ajudar a ser uma pessoa melhor, e principalmente, segurar minha mão e me guiar pelo lado da luz, evitando que eu me contamine com as facilidades que as trevas oferecem. – beijou a mão que segurava - [1]Uma vez, ela me contou uma história... – olhou novamente a loirinha – assim que nos conhecemos. – sorriu encarando-a - Ela disse que no início da criação do mundo todos os homens eram grudados um no outro... – Isadora estava vermelha, envergonhada por Melissa falar sobre teoria romântica -... As pessoas tinham quatro braços, quatro pernas e duas cabeças, então, Zeus jogou vários raios, um deles acertou o ser humano, separando-os. Cada um ficou com uma cabeça, dois braços e duas pernas, mas, a separação deixou os dois lados com uma vontade sobre-humana, desesperadora de se unirem, porque os dois compartilhavam a mesma alma. Separados, não lhes restou muito, a não ser passar o resto de suas existências procurando por sua alma gêmea. – observou que todos estavam atentos, então ela soltou a mão de Isadora e ficou de frente para ela – Hoje sei que encontrei minha alma gêmea – olhou dentro das esmeraldas - e por isso, peço ao vô Eliezer, permissão para casar com a sua neta, desde que ela, aceite e confirme ser minha alma gêmea. – colocou a taça sobre a mesa, foi até a árvore de Natal e pegou uma caixa de papelão, abrindo-a em seguida, retirou uma pequena caixa de veludo e abriu, deixando aparecer um lindo par de alianças. Ela voltou até a loirinha e repetiu – Aceita me acompanhar pelo resto da minha existência? – Isadora sorriu, e de imediato perdeu a vergonha, esquecendo-se de todos os presentes, apenas estendeu a mão para sua namorada depositar o anel em seu dedo, gesto repetido depois, para colocar o anel no dedo de Melissa.
-- Aceito. – todos aplaudiram até mesmo o pai de Enrico que ainda sentia certo desconforto, mas, percebeu que aquela menina deveria ser mesmo muito especial, pois, conhecia Melissa desde bebê e ela nunca havia falado tanto como naquele momento, ainda mais, expondo desta maneira seus sentimentos. Não houve beijo, as duas acharam melhor manter a privacidade entre elas em quatro paredes, apenas se abraçaram e depois receberam os comprimentos de todos os presentes, que se abraçavam entre si, pois já era Natal.
Na hora da ceia, enquanto todos se serviam e Eliezer cortava o peru, Isadora pediu licença e saiu da mesa, sendo observada por atentos olhos azuis, segundos depois ela retornou sorridente e entregou a morena um pote de requeijão.
-- Ahã, viu que não resistiria à punição. – falou de forma zombeteira só para loirinha.
-- Eu percebi que você hoje está tão social, que resolvi lhe favorecer com uma vantagem. – apertou a coxa da namorada por baixo da mesa – Analisando bem, a punição seria mais para você do que para mim. – sentiu o incômodo de Melissa que cruzava e descruzava as pernas.
-- Algum problema filha? – Daniel perguntou observando sua expressão.
-- Claro que há algum problema Daniel, alguém comer requeijão com a ceia de Natal não pode estar bem. – foi à vez de Ester interferir. – Minha filhinha, mamãe vai marcar psicólogo para você, está bem? – todos riram, e Melissa lançou um olhar devastador.
-- Isso é mesmo bom? Requeijão é muito bom com tudo, filha, deixe-me experimentar. – pai e filha realmente tinham muito em comum.
-- Tudo bem, eu marco para você também, meu amor. – completou olhando para o marido e fazendo todos sorrirem novamente.
Após todos abrirem seus presentes, Melissa pegou uma máquina fotográfica e capturou a imagem da loirinha, sentada na mureta de entrada da casa, conversando com sua sogra. Isadora não percebeu a segunda foto, estava distraída e sorria com as histórias que Ester contava sobre a infância da morena.
-- Ei distraídas senhoras, será que podem olhar para cá? – pediu e registrando o momento em seguida.
-- Não acredito que você estava aí, aproveitando-se da nossa distração.
-- Ahã, tenho fotos de dona Ester que poderei faturar uma grana como “paparazzi”. – brincou.
-- Não me obrigue a responder alguma coisa as assistentes sociais do Conselho Tutelar. – respondeu entrando na brincadeira e levantando uma das mãos como se fosse bater na filha.
-- Mamãe, não sou mais criança.
-- Quando age assim, com essas traquinagens, sempre será a minha pequena moreninha de olhos azuis. – abriu os braços para receber a filha – Estou muito feliz por vocês. Sempre terão meu apoio incondicional. E Isadora, desde adolescente, você é a única que segura à fera.
-- Que cena linda! Agora é minha vez de fazer as fotos de família.
-- Não pai, espera. Eu vou pedir ao Enrico, assim o senhor também aparece. – fizeram várias fotos e Melissa aproveitou da distração da namorada, conversou com Daniel e Ester as intenções dos pais de Isadora. Daniel ficou irritado com a postura da mulher, que praticamente estava expulsando o pai de sua casa.
-- Deus, a ambição desses dois chega a me enjoar. – Ester pensou alto– Como Isadora está em relação a isso?
-- Ela pretendia conversar com dona Rute após o Natal, mas ela ligou para o vô Eliezer dizendo que viria aqui amanhã. – passou as mãos no rosto, gesto que Isadora percebeu e sabia que só fazia isso quando estava nervosa. Ela não sabia qual era o assunto, e por isso se preocupou. – Agora não sei como faremos, eu pretendia persuadi-la, mas vindo assim, de última hora.
-- Minha filha, você ainda não foi pegar seu presente na fazenda. – observou pausadamente olhando entre a filha e a esposa - Agora quero que leve sua noiva, tenho um presente também para ela. – Ester olhou para o marido com uma das sobrancelhas erguidas – Vamos marcar logo essa data, pretendo ganhar de você na corrida.
-- Pai desculpa, mas agora estou muito preocupada, não podemos falar sobre isso depois?
-- Cristina aprenda que na vida sempre existirá uma noite bem dormida e tranquila para nos dar uma solução. – Ester concluiu percebendo que o marido estava tendo uma ideia.
-- Mãe...
-- Nada de mãe e pai. Daniel, eu estou cansada, vamos embora?
-- De forma alguma, todos dormirão aqui. – interrompeu Eliezer após ouvi-la. – A casa não é tão pequena assim.
-- Não queríamos incomodar, por isso passamos no hotel da cidade e deixamos nossas coisas, mas ficaria feliz se o senhor nos convidasse para o almoço amanhã. – respondeu Daniel. Ester percebeu as intenções do marido.
Com muita relutância Eliezer acabou cedendo e deixando-os ir. Melissa se despediu de todos e foi direto para o quarto. Isadora a observava, mas não conseguia ler em seus gestos o que a incomodava. A morena acabava de sair do banho quando viu a loirinha entrar no quarto.
-- Foi tão ruim assim ficarmos oficialmente noivas?
-- Por que está dizendo isso?
-- Entrou de repente... – olhou os olhos azuis - Você não consegue me esconder nada. – passou a mão pelo seu rosto, e depois desceu até seus lábios - O que preocupa este rostinho lindo que amo tanto? – recebeu um beijo entre seus dedos.
-- O dia e a noite foi tão maravilhosa, aí vem sua mãe e joga essa bomba para o vô, ele não vai suportar Isa... – baixou a cabeça – Eu o entendo, somos iguais, e sair da terra que ama, da casa que passou sua vida... Isa, eu não suportaria, imagina com ele, um velho senhor. – jogou a cabeça - O que mais me aflige é não ter encontrado uma solução.
-- Não me sinto diferente de você, pelo contrário, ela é minha mãe Mel, mas vamos deixar esse assunto para amanhã, porque hoje eu fiquei noiva e quero curtir minha futura esposa. – abriu os braços envolvendo-a.
-- Isso parece ser bom. – beijou a testa da noiva.
-- Porém... – afastou-se – antes tenho um presentinho para você.
-- Ué, pensei que você já havia me presenteado...
-- Esse você vai gostar mais. – sorriu após interrompê-la.
-- Não existe presente que supere o que você me deu alguns meses atrás. – a loirinha parou e olhou para trás com uma expressão de duvida.
-- Qual foi?
-- Seu coração... – caminhou até a pequena – seu corpo – abriu o feche do vestido deixando-o cair e percebeu a pele alva de penugens loiras, com uma lingerie preta de renda. – UAU! – suspirou – Enfim, você por completa, mas o principal mesmo foi o seu amor. – ergueu a pequena em seus braços, e logo depois teve a cintura envolvida por duas pernas pequenas. – Mas...
-- Mas? – foi interrogada silenciosamente por um par de olhos verdes.
-- Mas não gostei do item opcional.
-- Item opcional? – olhou bem nos olhos azuis e viu aquele brilho de “traquinagem” – Júnior? – recebeu um sim com a cabeça e começaram a sorrir.
-- Será que podemos, pelo menos, enviar a fabrica, para fazer um recall ?
-- Mel... – sorriu e lhe beijou - Ter o seu amor também foi o melhor presente da minha vida. – beijaram-se apaixonadamente.
**************************************
Anos depois...
-- Tem alguma foto de Melissa atual?- recebeu um sinal negativo com a cabeça - Não guardou nem umazinha? – insistiu no assunto.
-- Por que isso agora, Francisco?
-- Porque estamos voltando ao Brasil e cedo ou tarde, será inevitável vocês se encontrarem, e eu quero conhecer um pouco mais dessa história. Quero lhe apoiar quando for necessário. – Isadora foi até um armário em seu closet e pegou uma caixa, trouxe até a cama e despejou todo o conteúdo em cima dela.
-- Queria conhecer Melissa? Esta é a grande empresária. – o editor da jovem jornalista ficou impressionado com o material exposto. Não havia só fotos das duas juntas em várias fases de suas vidas, havia também várias notícias de jornais e revistas onde aparecia à morena.
-- Isadora, eu... – estava surpreso – Oh minha linda, vem aqui. – abraçou a loirinha após perceber algumas lágrimas rolarem.
-- Essa foto foi do nosso primeiro Natal juntas, nunca imaginei ser tão feliz quanto neste dia. – passou a mão pelo rosto amparando algumas insistentes lágrimas – Quem fez essa foto foi a Mel, estava sentada na varanda e ela surgiu com aquele sorriso lindo. Esta foi nossa vez de ser surpreendida por Enrico. – estavam as duas conversando, e era perceptível o amor entre elas, os olhares pareciam ligados um ao outro, emanando energia ao redor. – Esta era minha sogra, Ester e este Daniel, o pai da Mel. – Francisco olhou a semelhança física entre pai e filha. Isadora pegou outra foto em que estava dormindo – Esta eu havia acabado de adormecer, depois de uma exaustiva noite de prazer. – sorriu para o amigo, que estava muito admirado, pois era a primeira vez que Isadora abria sua intimidade assim. – Ela conseguiu me pegar de roupão, dormindo após acabar comigo. – ela sorriu – Essa aqui ela - vestia uma jaqueta, por dentro uma camisa de alcinha e jeans e demonstrava uma expressão irritada – Eu tentava matar o Júnior, aquele amigo que morou conosco. – sorriu ao pegar outra em que estavam as duas juntas – Esta foi uma das nossas inúmeras apostas. Mel tinha que subir ao palco e cantar alguma música sertaneja, e ela apostou como eu não teria coragem de ir junto. – sorriu com a lembrança – Ela ganhou. – declarou com pesar. - Nesta eu tinha quinze anos, estávamos na fazenda do avô dela.
-- Carinha de menina... Isa, você tinha um olhar tão meigo, passava uma confiança e conforto... Posso pegá-la também? – Francisco estava impressionado em ver como a amiga conseguiu esconder dele, todo esse tempo, esta caixa com fotos - Olha essa aqui, menina, nesta você está linda... Isa, eu quero essa para compor o mural do estúdio onde você será entrevistada.
-- Melissa sempre foi ótima em fotografia, poderia até ganhar dinheiro com isso, profissionalizando-se. – entregou a foto em preto e branco em que estava de cabelo solto, contra o vento, um discreto sorriso e os olhos semicerrados como se estivesse fazendo pose.
-- Olha essa Isa! Pena que não podemos usá-la, também. – observou o olhar triste da amiga e concluiu – Vocês eram lindas juntas. – era uma foto em que as duas estavam sentadas no chão, próximo a piscina, e no momento em que fizeram a foto, Isadora, por algum motivo pulou para o colo da morena, sendo as duas pegas desprevenidas.
-- Quem fez essa foi Daniel.
-- Essa aqui eu já lhe conhecia, foi aqui mesmo em Nova Iorque.
-- Isso mesmo, minha primeira entrevista em uma grande emissora.
-- Ela é linda Isa. – referia-se a uma foto de Melissa, só de rosto.
-- Essa fui eu que fiz. – ficou alguns segundos olhando – Ela sempre foi linda e desejável. – mostrou outra, um recorte também de revista. – Essa saiu em uma dessas revistas fútil de fofoca: “Linda e desejável: empresaria em momentos de intimidade com o marido em sua lua de mel.”- estava irritada com a reportagem, e as imagens de Melissa caminhando com o marido na praia de mãos dadas. Várias fotos da morena com seu marido durante a lua de mel. – Não preciso de mais coisas, entulhos inúteis, para encher meu apartamento. – pegou todas as revistas e jogou em uma caixa, dizendo que jogaria tudo no lixo. Francisco viu que era apenas uma encenação para ser forte.
-- Linda sim, mas desejável? Ai que horror! – a loirinha sorriu, na verdade, o amigo queria dissipar a expressão triste adotada pela mulher.
-- Seu misógino! – disse sorrindo.
-- Não tenho aversão a mulheres, só não curto a fruta. – respondeu de forma afetada. – Isadora continuou remexendo as fotos, e parou em um recorte onde havia várias fotos da morena, em alguns momentos de sua vida. – Esta foi de alguma revista?
-- Uma matéria sobre mulheres que venceram em serviços até então dominados por homens.
-- Ela é boa mesmo, amiga?
-- Sempre foi boa, com tudo o que fazia, e mais forte que muito homem. O pai a acostumou desde cedo a tocar toda a fazenda, como um verdadeiro peão. – voltou a lembrar do período que estavam juntas.
-- Por que nunca quis me contar o motivo que as separou?
-- Vergonha. – respondeu impulsivamente, não conseguindo mais conter as lágrimas. - Eu perdi a única pessoa que amei por medo. Ela nunca vai me perdoar.
-- Ela lhe olhava com desejo, fome e admiração. Isadora, eu chego a me arrepiar só de vê-las assim. – referia-se a várias fotos das duas juntas – Ela lhe perdoaria, tenho certeza – abraçou a amiga – Amor assim dura a vida inteira.
-- Ela casou Francisco. – constatou com pesar.
-- Mulheres! – gritou – Não sabe como mulheres fazem merd* quando estão sem saída? – Isadora o observou, e viu que brincava.
-- Bobo machista!
[1] Retirado da história Mito do Andrógino, Mitologia Grega.
Fim do capítulo
Mais um capítulo, espero que gostem. Boa leitura povo! Beijos
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lay colombo
Em: 20/06/2017
Aposto q as leitoras novas tão chocadas q a Mel casou kkkkkkk
Aiai lindo a Mel pedindo a Isa em casamento e como os pais da Mel é o Vô Eliezer apóiam elas, oq vai ser bem diferente com os pais da Isa.
Resposta do autor:
Será que as leitoras de "primeira leitura" estão chocadas com a Mel? Mas cá entre nós, a Isa vacila e deixa a pobre sofrer pra caramba. beijos
Alexia
Em: 20/06/2017
Olá! Rafa, boa tarde!
Lindo capítulo as lembranças das duas juntas e o amigo da Isa o Francisco dando apoio para ela revelar a verdade a Mel ansiosa pra essas duas se reencontrarem logo no momento atual, saudades do sapo "Caco" rs e mais essa Bruna não sei se é confiável não me lembro direito! Até o próximo capítulo! Bjs!
Ps no outro capítulo o comentário foi extenso pois estava inspirada e tinha que escrever antes que esquecesse rs! valeu!
Resposta do autor:
Olá, tudo bem? Essas lembranças logo serão momentos atuais, e confesso: chorei quando escrevi. Isa vacila feio. Pode falar, sem problemas...kkkkkkk beijos
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Mille
Em: 19/06/2017
Olá Rafa
Quem é o marido da Melissa??? Não diga que é o Joaquim???
Natal muito feliz só rompido toda a alegria com a chegada dos carniceiros.
Débora vai perder o Júnior, e ela ser desprezada pela amiga e namorado vai fazer ela ir até o avô da Mel.
Bjus e até o próximo
Resposta do autor:
Oxê, esqueceu que Júnior foi super sincero com ela? Terminou o namoro. Natal em família sempre é bom. Nada de grandes festas. Beijos
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