Inventei uma desculpa qualquer, disse que estava com fome e sai arrastado ela para fora da loja rumo à praça de alimentação, procuramos onde sentar e com muito custo encontramos uma mesa em um canto, esperei com que Laura fosse pegar o seu lanche e só então fui buscar o meu. Ela me olhava com cara de interrogação, acho que por conta do meu comportamento diante de sua meia nudez, estávamos mais caladas.

-        Que filme vai ver? Perguntei olhando a nos olhos

-        Ainda não sei, vamos escolher na hora – Respondeu ela sem muita vontade. - O que houve lá no provador, Ana?

            Tentei articular alguma resposta, mas o que saiu foi apenas um grunhido sem muita expressão, gaguejei e disse:

-        Tive um pequeno mal estar, acho que depois de velha fiquei claustrofóbica. - Forcei um sorriso, mal sabia ela os pensamentos que tive ao ve-la daquela maneira.

            Tentava a todo custo me animar, afinal Laura estava tão empolgada, entrava e saia de várias lojas, meus pés estavam me matando e só pensava em ir para casa, para o aconchego do meu lar, onde eu poderia ouvir minhas músicas e quem sabe assim calar meus pensamentos. Já havíamos passado em inúmeras lojas, mas ela ainda não se decidira por nada, meu bom humor há muito havia me abandonado e então como que por milagre ela encontrou uma roupa e quis provar, me fez pegar uma peça qualquer só pra entrarmos juntas novamente, mas desta vez fiz questão de não entramos no mesmo provador, apenas fiquei esperando ao lado de fora do dela, e quando a vi sair, o ar me faltou.

             Laura ficou tão linda naquela roupa, uma calça jeans escura, bem apertada que marcava ainda mais seu bum bum, combinando com uma blusa na cor creme solta e com detalhes em preto, que realçando a cor de seus olhos, me perdi olhando para a morena linda a minha frente, e só me dei conta que ela me chamava quando sacudiu meus ombros.

-        Você anda muito estranha, está com algum problema? Indagou com uma cara de preocupação franzindo a testa, o que a deixou ainda mais linda.

-        Não tem nada de errado, só preocupada com as provas se aproximando. - Menti já partindo rumo ao caixa.

Ela nada me disse, e assim fomos caladas até o estacionamento onde havíamos deixado nossos carros lado a lado, me despedi com um abraço, entrei no carro e fui para casa um tanto quanto atordoada com meus pensamentos. Ao chegar tudo estava silencioso, encontrei um bilhete da minha mãe dizendo que estava na igreja; tomei um banho gelado para ver se acalmava o vulcão em que estava meu corpo, deitei preguiçosa no sofá e quando dei por mim a campainha estava tocando, havia cochilado vendo TV, demorei a entender o que estava acontecendo, então ouvi baterem na porta, quando abri era Rafael, todo impaciente indagando o porquê de não atender seus telefonemas e nem responder as suas mensagens, entrou pela porta pisando forte, todo enfezado.

-        Poxa, estou com saudades de você, Ana. Parece que não me quer mais! - resmungou ele fechando a cara. E de fato estava evitando o a qualquer custo.

-        Ando ocupada estudando paras as provas finais e hoje à tarde a doida da Laura me alugou pedindo que ajudasse a escolher uma roupa para ir ao cinema com o Henrique. – respondi mentindo uma parte da história.

-        Tudo bem Ana, é que sinto a sua falta, liga para a Laura, fala com ela se pode ir ao cinema com eles, quem sabe não esticamos a noite. - Falou ele todo animado.

            Não estava a fim de encontrar-me com ela, mas também não queria ficar em casa em pleno sábado ainda mais aturando o Rafa. Então peguei o celular e disquei o numero que já sabia de cor.

-        Alô – atendeu ela do outro lado da linha.

-        Oi, seria ruim se o Rafa e eu fossemos com vocês ao cinema? - perguntei esperando que ela recusasse, todavia sua resposta foi um sim tão caloroso que me fez pensar que isso era o que mais queria.

-        Encontramo-nos no cinema as oito, a sessão é às oito e meia - me falou com voz alegre - Não se atrase, Ana. Te espero, beijos.

            Dito isso desligou sem nem ao menos esperar minha resposta, olhei as horas e já passavam das sete, precisava de outro banho, aquele dia fazia um calor insuportável, parti apresada para o banheiro, se demorasse muito me atrasaria. Quando dei por mim o Rafa estava logo atrás se auto convidando para tomarmos banho juntos, tentei me desvencilhar dele, mas não obtive êxito, sabia bem o que ele queria, e dando a desculpa de estar atrasada, tomei um banho rápido e fui me trocar, deixando o sozinho no banheiro.

            Optei por algo confortável, mas ao mesmo tempo sedutor, escolhi um vestido preto um pouco acima dos joelhos com detalhes em renda, com um pequeno decote que realçava meu colo, e pra acentuar minha cintura e bum bum, coloquei um cinto, calcei uma sandália de salto médio e finalizei o look com uma maquiagem discreta marcando somente meus olhos, não me recordo se mencionei, mas tenho olhos verdes, cabelos loiros e ondulados que vão ate o meio das costas, para minha altura que não passa de um metro e sessenta, tenho um corpo bom, malho sempre que posso.

            Rafa estava com a mesma roupa que chegou, alegando que havia tomado banho antes e só entrou comigo porque tinha outras intenções; como se eu não soubesse, pensei. Assim que me viu soltou um assovio, me deu um beijo rápido dizendo que tinha a namorada mais linda de toda Ouro Preto, senti pena ao pensar que estava só esperando o momento certo para terminar com ele.

Fim do capítulo