Alex correu até a porta decidida a deixar tudo para trás. Se Júlia não lhe perdoasse ela seria obrigada a continuar a sua vida sabendo que nunca mais amaria alguém tão intensamente. E ter ciência disso era mais doloroso do que arriscar ficar.

- O que você está fazendo aqui? – Alex perguntou ao abrir a porta e encontrar Júlia com as chaves na mão.

- Eu moro aqui – Júlia respondeu sem entender. – O que você está fazendo aqui? Acho que essa é a pergunta certa.

- Eu estava de saída – Alex tentou passar pela porta, mas Júlia a impediu segurando-a pelo braço.

- O que veio fazer aqui? – Júlia perguntou mais uma vez. – E como entrou?

Alex suspirou cansada e esfregou os olhos com as duas mãos.

Júlia estava ali na sua frente e a encarava com seus olhos profundos, precisava vencer sua covardia e seu medo se quisesse seguir em frente.

Aquela era a hora de tê-la de volta...

Ou não.

- Júlia, me desculpa – Alex disse após um longo silêncio seguido de uma respiração profunda.

- Aconteceu alguma coisa com o Paçoca? – Júlia perguntou a primeira coisa que lhe veio à cabeça ao pensar no que Alex estava fazendo em sua casa.

- Não, ele está bem – Alex se apressou em explicar. – Eu preciso te pedir desculpas.

- Tudo bem, não precisa se desculpar por estar na minha casa, não é como se fossemos desconhecidas.

- Não por isso – Júlia não estava ajudando e Alex ficava cada vez mais nervosa. – Quer dizer, também preciso me desculpar por invadir a sua casa, mas não é por isso que estou aqui agora.

- Não estou entendendo – Júlia se apoiou em sua mala e semicerrou os olhos

- Acho melhor você entrar – Alex afastou-se da porta e conduziu Júlia para dentro da casa.

Toda a tensão que Alex sentia se desfez ao ver a expressão de Júlia diante do ambiente que Natasha preparara.

A DJ espalhara fotos que presas a um barbante amarrados ao teto caiam formando uma espécie de túnel do tempo. A baixa iluminação e a seleção de músicas ajudavam a completar o clima saudosista do lugar.

- Alex... – Júlia passava pelas fotos e se divertia ao ver as imagens que a faziam se lembrar daqueles dias tranquilos no parque ao lado de Alex, as caminhadas após o treino, as excursões pelas ruas, as comemorações nos jogos. Todo aquele passado que ela tanta sentia falta e que subitamente fora tirado dela agora estava ali mais vivo do que nunca. – Isso é lindo. Obrigada.

- É por isso que eu estou aqui – Alex se aproximou de Júlia enquanto mentalmente agradecia Natasha por toda sensibilidade. – Eu quero me desculpar por ter ido embora, você merecia que eu acreditasse em você, acreditasse em nós. Eu não fiz isso e me arrependi no minuto seguinte em que te deixei. Todas as noites eu rezava para sonhar com você, pois só assim eu teria forças para levantar no dia seguinte. Eu precisava ver você, e durante aqueles poucos minutos em que você aparecia em meus sonhos eu tinha paz. Cultivei o doloroso hábito de olhar para o céu sempre que precisava tomar uma decisão e os dias chuvosos quando o azul se tornava cinza eram especialmente difíceis porque eu sabia que não encontraria seus olhos nele. Eu não posso fazer ideia do que você passou nesse tempo, mas eu quero te recompensar. Para cada segundo que eu te fiz sofrer eu quero que um beijo meu encontre seus lábios – Alex deu mais um passo para perto de Júlia, uma parte de si temia que a garota se afastasse, mas ela permanecera imóvel, com lágrimas nos olhos. – E por todos os momentos de dor que eu não estive ao seu lado eu vou proporcionar dez vezes mais alegrias. Cada conquista sua que não presenciei será recompensada por todas as outras que eu estarei ao seu lado segurando sua mão e te olhando com orgulho. Eu quero você, Júlia. Cada pedacinho seu. Eu quero te sentir outra vez. Seu carinho, seus beijos, seu toque, seu amor. Quero te sentir em mim. Me perdoa por ter ido embora quando eu deveria ter ficado e lutado por nós. Porque eu sei que é o que você faria.

Alex estava tão perto de Júlia que podia ouvir sua respiração fraca ir ficando cada vez mais acelerada. Seus dedos alcançaram o rosto da outra. Ela os deslizava suavemente pelo contorno do rosto de Júlia que mantinha os olhos fechados.

– Devo parar? – Alex perguntou antes de enlaçar Júlia pela cintura e a puxar para si.

Júlia maneou a cabeça ainda sem abrir os olhos.

– Eu quero – ela sussurrou no ouvido de Alex arrepiando-a. – Eu quero você outra vez.

Alex beijou Júlia e entrelaçava os dedos em seus cabelos negros.

– Você não sabe o quanto eu esperei por isso – Alex disse ofegante. Seu coração batia desordenado.

– Eu imagino que sei sim – Júlia virou-se e com um movimento rápido colocou Alex sobre a mesa da sala.

Com uma das mãos Alex tirava o sutiã de Júlia enquanto deslizava a outra pelo corpo da menina.

O toque de Júlia a arrepiava e ela podia sentir a excitação tomando-a. Seu corpo já não a obedecia, a prova disso era a umidade que aumentava entre suas pernas, deixando-a alucinada e cada vez mais sedenta pelo gosto de Júlia que nunca deixara sua boca.

– Eu te amo – Alex disse ao finalmente sentir seu corpo ligado ao de Júlia.

– Eu sempre te amei – Júlia respondeu antes de jogar a cabeça para trás e dar um dos sorrisos que fazia Alex ter certeza de que o céu realmente estava em seus olhos.

Fim do capítulo