Fui caminhando lentamente com a minha menina para a fazenda, quando cheguei o capataz veio ao meu encontro, um dos filhos dos caseiros que o contratamos, pegou a Fênix desejando boa tarde e a levou para o estabulo, entrei em casa sendo recebida por um forte abraço de Anna que estava por ali correndo, avistei minha mãe sentada no sofá lendo alguns papeis, sente-me ao lado dela perguntando:

-E Jessy?

Minha mãe tirara o óculo de leitura e me olhou séria dizendo:

-Depois que saiu eu fui atrás dela, encontrei ela soluçando na cama!

Levantei indo em direção as escadas, minha mãe chamou:

-Bia, ela está com as emoções muito afloradas filha, chora ou muda de humor por qualquer coisa, evite brigarem ou isso não acabará bem!

-Eu sei mamãe, não iremos mais brigar eu prometo pra senhora....

Voltei dando-lhe um beijo na testa sussurrando:

-Obrigada por tudo! Eu amo a senhora!

-Disponha meu amor! Mãe é pras essas coisas!

Pisquei para ela correndo para o quarto, lá encontrei minha pequena dormindo, fui para o banheiro me lavar e tirar aquela roupa suja, depois me deitei ao lado dela e fiquei ali velando seu sono, ela dormia abraçada ao meu travesseiro, notei os olhos inchados e me culpei por aquilo, fiquei observando-a por quase uma hora antes dela abrir os olhos e me olhar, sussurrei:

-Oi!

-Oi! A quanto tempo está ai?

-A algum tempo já!

-Que horas são?

-Quase 16hs!

-Tudo isso já, dormi demais!

-Você estava cansada amor, passou a noite em claro praticamente.

Ela me olhou, mas logo desviou o olhar, virei na cama colocando os braços atrás da cabeça olhando para o teto, senti que ela voltou a me olhar, depois de um tempo perguntou:

-O que está pensando?

Desviei o olhar para ela, suspirei tirando uma mecha de cabelo que caia em seus olhos e mergulhei naquele verdes inchados me deixando levar, algum tempo depois respondi:

-Eu estava pensado em como sou uma idiota e em quanto mais eu possa ser!?

-Tudo vai depender da situação!

Ela sorriu se aninhando em meus braços sussurrei:

-Ai.... Achei que fosse me defender?

-Ultimamente você não está merecendo minha defesa amor!

Fiz com que me olhasse nos olhos e sussurrei:

-Como posso amar você cada segundo mais?

-Quando responder essa pergunta a si mesma, anote para mim em algum lugar!

Mais uma vez ela sorriu e me beijou, a trouxe para cima de mim e ficamos ali namorando por alguns minutos, até ela se afastar um pouco apoiando os braços sobre meu peito e neles o queixo e ficou me olhando, a abracei pela cintura e sussurrei:

-Imagino que mais desculpas não irá adiantar?

-Depende...

-Às vezes eu me pergunto, como posso ter tanta sorte por encontrar uma mulher como você amor!

Ela saiu de cima de mim abraçando-me pela cintura, não dissera nada, afinal o silencio dizia tudo, nos completávamos essa era a verdade... Comecei a fazer carinho nela e ficamos ali abraçadas até Anna entrar correndo no quarto, a segurei antes que começasse a pular em cima de nos... Toda sorridente colocou a cabeça sobre a barriga da mãe, ela dizia que assim podia ouvir o bebe falar com ela.

Ficava pensando se era possível aquilo? Até havia feito algumas vezes para ver se acontecia comigo, mas era só frustações, sorri com aquele ato infantil, ficamos ali na cama conversando ela até a pequena subir em mim e começar a galopar... Era sua brincadeira favorita, naquele momento resolvi me deixar levar, sorri perguntando:

-Aninha, você gostaria de conhecer um lugar bem bacana?

Jessy desviou o olhar da criança e me encarou, mas não olhei para ela e continuei:

-Vamos passar o final da semana que vem em um lugar muito especial para mim e a mamãe, chama-se Chalé das Montanhas!

-Ah... Você disse que ia me levar lá para dar comida aos patinhos amigos da mamãe!

-Exatamente amor, é para lá que iremos no final de semana!

-Oba, oba... quero conhecer os patinhos da mamãe!

-Eita menina... Calma, não pula em cima de mim... Vou fazer cocegas em você... Vem cá!!

-Ah não tia Bia... Nãoooooo...

E saiu correndo porta a fora do quarto, tentei alcançá-la próximo a porta, mas ela já tinha sumido, fechei a porta e voltei sorrindo para a cama, onde Jessy me olhava com aquele olhar de quem não estava acreditando na sorte, sorri sentando ao lado dela e perguntei:

-Porque está me olhando assustada assim?

-Admirada seria a palavra! Quando tomou essa decisão?

-Digamos que conversei com um amigo que me abriu a mente!

Ela arqueou a sobrancelha questionando, a puxei para meus braços e contei sobre a minha conversa com Jonas, nunca escondi nada dela, não começaria daquela vez não é!! Ficamos ali no quarto até a noite chegar, minha mãe bateu na porta e logo em seguida entrou sentando aos pés da cama perguntando:

-Tudo bem por aqui?

-Tudo sim dona Helena... Não se preocupe, ainda não matei sua filha!

Ela gargalhou comentando:

-Pois quando estiver se preparando me chame por que faz tempo que quero dar uma surra nessa garota!

-Ah mamãe, não acredito nisso! Até a senhora contra mim?

-Filha, você é a última a falar e a primeira a apanhar!

Fiz bico emburrada mais recebi um beijinho da minha garota sussurrando:

-Não se preocupe amor... É só não dar motivos!

Minha mãe suspirou olhando para nós duas e comentou antes de levantar:

-Duas crianças ainda, não sei como vão criar esse bebe!

Olhei para Jessy que sorriu faceira, nos levantamos e fomos para os braços de minha mãe sussurrando cumprisses:

-Com a ajuda da senhora, claro!

Ela nos recebeu nos braços apertando-nos e sorrindo... Logo avisara que o jantar estava pronto e que precisava ir para o Haras antes que recebesse uma ligação dizendo terem botado ele abaixo, Jessy fora tomar banho e dar banho em Anna e eu acompanhei minha mãe até o carro, a abracei agradecendo por tudo, ela me beijou e se foi.

Vi quando o carro fez a última curva e sumiu na estrada, voltei para dentro de casa e fui de encontro as minhas garotas, depois do banho ajudei a pequena a se arrumar enquanto a mãe se banhava e descemos para jantar, Jessy se alimentou e naquela noite não enjoara tanto.

Ficamos por ali assistindo um filme até as duas começarem a demonstrar cansaço, corri com elas para o quarto, colocamos Anna na cama quase dormindo e seguimos para o nosso quarto, onde dormimos agarradinhas como sempre...

Os dias seguintes não poderiam ter sido os melhores, estávamos bem novamente e nos curtindo... Finalmente chegou o final de semana e com ele a expectativa do nosso aniversário de casamento, nos preparamos para a viajem que agora teríamos Anna como nossa companheira.

Falei com o Ricardo que nos cedeu novamente o Chalé, nos despedimos de minha mãe na sexta depois do almoço e seguimos viagem, Anna fora o tempo todo falando, praticamente a viajem toda, fazendo perguntas e apontando objetos no caminho, estava mais ansiosa que nós mesma.

Chegamos lá passava um pouco das 17hs da tarde, a pequena chegara quase dormindo, mas ao pararmos o carro ela acordou eufórica, não sossegou até a mãe leva-la para ver os tais patinhos enquanto eu descarregava o carro, na verdade nem sabíamos se ainda existia os patinhos no lago, um ano se passara desde a última vez, quando guardei todas as coisas me juntei a elas e como estava garoando arrastei as duas de volta para o conforto de chalé...

Lá a criança explorara tudo, sentamos no sofá vendo ela correr de um lado para o outro, abracei Jessy perguntando:

-Tudo bem amor?

-Sim, só com um pouco de dor de cabeça!

-Porque não toma um banho e deita para relaxar um pouco, vou fazer um chá para você!

-Unhum!

Ela saiu de meus braços me dando um beijo e indo pro quarto, agarrei a pequena que passara gritando perto de mim, pedindo pra ela ficar quietinha que a mamãe estava com dor, deixei ela sentada no sofá assistindo, fui para a cozinha preparar o chá dela, aproveitei já preparei um lanche para nós, tínhamos comido algo na estrada, mas nada que sustentasse quando entrei no quarto ela estava saindo do banheiro, me aproximei sussurrando:

-Nem me esperou?

-Sabia que iria dizer isso!

-Como?

-Porque você e uma tarada, não pode me ver indo em direção ao banheiro!

-Quanta maldade, isso não acontece com tanta frequência, não que eu lembre!

-Posso enumerar as vezes que isso aconteceu amor, essa semana... Primeira...

-Não, agora não... acabei de fazer um lanche para nós, vamos comer depois você deita um pouco!

Fiz careta sorrindo abraçando-a pela cintura, ela apenas balançou a cabeça... Colocou a roupa e fomos para a cozinha, tomamos os lanches, Jessy deitou, dei um banho em Anna que acabara dormindo junto com a mãe... Fui para a sala e peguei o celular para avisar minha mãe que havíamos chegado e que estava tudo ok, desliguei o telefone fechei as portas porque estava um vento frio e chovendo forte.

Gostava de chuva, mas não iriamos aproveitar nada da nossa viajem assim, todas as vezes que íamos lá chovia, parecia algo contra nós, sorri... Voltei para o quarto vendo as duas dormirem resolvi tomar um banho e descansar também, menos de quinze minutos estava na cama me rendendo ao sono.

Acordamos no meio da noite, Jessy estava meio impaciente, mas logo conseguira dormir novamente... Dia seguinte era o nosso aniversário de casamento, acordamos com Anna gritando em nosso ouvido, sussurrei para Jessy que estava em meus braços:

-Amor, não era assim que eu estava planejando comemorar o nosso aniversario!

-Tia Biaaaaaaaaaaa.... Mamãeeeeeeee... Vamos passear!

-Quem mandou você trazer ela, agora aguenta!!

Sorri apertando-a em meus braços e levantei tirando a pequena de lá antes que pisasse na mãe... Nos arrumamos e tomamos café, ainda bem que não chovia mais, saímos pelas redondezas mostrando os lugares a ela e na hora do almoço fomos almoçar no restaurante de nossos amigos... Que ao conhecerem Anna se apaixonara por ela, difícil não se encantar com a pequena logo de cara.

Almoçamos e como prometido não pagamos o nosso almoço e lá se foi outra briga porque não quiseram aceitar o dinheiro do almoço da pequena, lembram que prometemos não pagar quando voltássemos lá um ano depois? Então, dívida paga, entre abraços e beijos nos despedimos prometendo voltarmos em breve... Voltamos para o chalé, Anna e Jessy passara um bom tempo no lago alimentando os patinhos, que agora tinha umas centenas de patinhos.

Curtimos a tarde juntas no sofá da sala depois que começou a chover, embora curto nos divertimos muito naquele final de semana... No dia seguinte Jessy estava meio enjoada resolvemos sair mais cedo, chegamos na hora do almoço de domingo no Haras, ela não quisera comer muito, Anna não desperdiçou o frango assado, assim como eu, ela também era fã.

Os meses foram passando e com o tempo os enjoos e as dores foram passando, no entanto os desejos e vontades de comer alimentos diversos quase me levaram a loucura, muitas vezes corria no Haras atrás de alguma coisa da vozinha que dava vontade de Jessy comer em plena madrugada, ela não era exigente sabe... Mas ver aquela carinha dizendo estar com vontade de comer algo me deixava com dó gente... Vocês entendem, néh?

Mas fora uma fase rápida essa, depois foi diminuindo e agora vejo que valeu a pena...Quase sexto mês já e o pequeno já estava mostrando a que veio, adorava chutar a barriga da mãe e ele adorava minha voz, quero dizer eu acho que sim néh... Porque quando conversava com ele chutava, as vezes Jessy brigava comigo para ficarmos quietos, eu amava aquela mulher a cada dia.

Estávamos deitadas em nossa cama, Anna estava dormindo tranquila em seu quarto, Jessy levou minha mão até a barriga dela onde o bebe chutava, sorri, ela sabia que eu adorava sentir o pequeno mexendo dentro dela, quando ele parou ela comentou:

-Amor, o bebe está quase nascendo e ainda não escolhemos o nome para ele.

-Que exagero meu amor, estamos entrando no sexto mês ainda.

-Eu sei, mas o tempo passa rápido...

Olhei para ela arqueando a sobrancelha, inspirei fundo e disse:

-Não sou muito bem com nomes, mas eu gosto de Gustavo... O que acha?

-Eu acho lindo esse nome... Gustavo! Gostei, mas...

Ela hesitou um pouco levando minha mão em outro lado onde o bebe chutava... Ele se virava muito rápido, encostei meus lábios na barriga dela e ela continuou:

-Então amor! Eu gostei de Gustavo, mas ficaria perfeito se juntássemos Luís no primeiro nome...

Eu não olhei para ela, mas senti muita emoção ao ouvir aquele nome, inspirei fundo e tentei recordar qual fora o momento que eu dissera aquele nome diante dela, constatei que nunca havia dito, intrigada depois de alguns minutos ainda com os olhos fixo em sua barriga perguntei:

-Porque Luís, Jessy?

Ela tocou em meu rosto fazendo-me virar em sua direção, e ao entrar em meus olhos os meus ficaram úmidos e sorrindo ela respondeu:

-Como você não me fala muito do seu pai, conversando com sua mãe ela dissera o nome dele pra mim, eu sei que ele não estará presente para ver o nascimento de um filho seu, descobri também o quanto vocês eram ligados quando ele estava vivo, acho que ele ficaria feliz se déssemos o seu nome em homenagem a ele, o que acha?

Era poucas as coisas que me faziam ficar emocionada a ponto de chorar e uma delas era com certeza falar em meu pai e o que Jessy estava propondo, dar o nome de meu pai para o nosso filho era importante demais para mim, ela arrebentara as barreiras que ainda restava desde a descoberta de sua gravidez por completo e me fizera derramar lágrimas que banhavam o meu rosto.

Não consegui responder de imediato, mas uma vez o nosso bebe se mexeu como se concordasse com o nome dado a ele...  Inspirei fundo e sussurrei para a barriga dela:

-O que acha de ser chamado de Luís Gustavo, bebe?

Era incrível como ele reagia ao som de minha voz... Jessy fez uma careta, ele estava grande demais para ficar dando cambalhota dentro dela... Alguns segundos depois me dirigi a ela perguntando:

-Você está bem amor?

Ela estava inspirando fundo, mas olhou em meus olhos sussurrando disse:

-Vocês dois ainda vão acabar comigo!

Sorri segurando-a em meus braços, aquela mulher mudou minha vida de uma forma que não era possível descrever em palavras... Ficamos ali abraçadinhas quando sussurrei em seu ouvido:

-Obrigada amor!

-Pelo que?

-Por tudo... Por estar em minha vida... Por me fazer a mulher mais feliz desse mundo... E principalmente por me dar a oportunidade de amar você!

Fim do capítulo