No apartamento de Nath



--Duda, preciso desligar! - Jú falou e foi acudir Tati, que estava branca feito um papel

--Tati, sei que é difícil acreditar mas não é nada do que você está pensando, dá um voto de confiança pra Nath.

--Jú, eu não sei mais o que pensar, estou tentando não surtar e confiar na Nathalia mas está muito difícil.

--Você esperou até agora então espera mais um pouco.

Tati estava sem forças pra responder e até contestar, o jeito era esperar Nath se recompor e se explicar.

Lú terminou de arrumar a cozinha e fazer a sopa, guardou as louças e chamou Jú para ir embora. Sabia que elas tinham muito pra conversar e precisavam de privacidade.

Nathalia ligou para os pais, eles ficaram aliviados em saber que apesar do acidente Bia estava bem, Nath ficou aliviada em saber que o problema de Bia era apenas um namoro proibido. Assim que tudo ficou esclarecido e após saberem do estado de saúde de Bia, os pais de Nath concordaram em ir para Cidade da Conchas na manhã seguinte. Assim evitariam pegar a estrada de noite.

Nathalia ainda estava ao telefone quando Tati entrou no quarto, a tensão entre as duas só aumentava, Nath com medo do que tinha pra falar e Tati com medo do que iria ouvir.

--Meu amor, vou tomar um banho e trago a sopa pra você comer um pouquinho. -Tati falou segurando o rosto de Nath com carinho e a beijando em seguida.

--Obrigada meu amor, você não imagina o quanto seu carinho é importante pra mim nesse momento. -foi tudo que Nath conseguiu dizer

Tati tomou um banho demorado, aquele silêncio parecia pesar uma tonelada sobre ela. Enquanto tomava banho seus pensamentos davam voltas, Tati se perguntava: “-será que Nath deixou um caso mal resolvido no Rio e a menina veio atrás dela? porque ela não me contou isso antes? E se não for isso? o que será?.... meu Deus preciso saber o que está acontecendo ou irei enlouquecer, não posso perguntar… tenho que esperar ela tomar a iniciativa… é isso vou esperar ela comer e conseguir falar, não vou forçar nada, a única certeza que tenho hoje é que ela está precisando muito de mim e eu estarei ao lado dela ainda que seja só pra conforta-la.”

Assim Tati fez, saiu do banheiro e lançou um olhar de conforto pra Nath. Entrou na cozinha e como sempre se sentiu perdida, com muita dificuldade encontrou a bandeja arrumou tudo e retornou ao quarto.

--Nath meu amor, come só um pouquinho.

--Eu vou tentar mas acho que não consigo engolir nada.

--Pelo menos tenta, umas três colheres e copo de suco e eu juro que deixo você deitar no meu braço e ficar quietinha se preferir. -Tati falou com um carinho tão grande que Nathalia não conseguiu segurar o choro

--Me perdoa, eu nunca quis mentir pra você. -não conseguiu terminar foi interrompida

--Ei, não precisa falar nada agora, tudo que eu quero é que você se alimente e descanse. -Tati falou abraçada a sua amada

--Obrigada minha princesa, você realmente é um presente de Deus.



***



No hospital



Duda se preparava para descansar em seu consultório quando Júlia chegou. Duda sabia que aquela história já não era mais um segredo e que principalmente pra elas que estavam no almoço no momento em que ela recebeu a notícia seria impossível deixar a curiosidade de lado e respeitar a privacidade de Nath.

--Boa noite Dra Eduarda! Desculpe a minha indiscrição mas precisava vir aqui e saber o que estava acontecendo.

--Oi Julia, não precisa me chamar assim, pode me chamar de Duda. Eu imaginei o quanto seria difícil ficar nessa incógnita e estava a sua espera, até pedi pra Natasha me chamar assim que você chegasse. -falou apontando pra ruiva no fim do corredor

--Nossa!!! Duda como ela parece com a Nath, por um momento pensei que fosse ela. Quem é essa médica? Eu nunca a vi por aqui.

--Ela é residente da clínica médica, começou aqui no último plantão. Eu também achei elas muito parecidas, ela é a Nathalia todinha quando tinha essa idade. -Duda deixou que as lembranças tomassem conta da sua mente

--Duda menos, sei que você é amarradona na Nath mas não precisa babar assim na minha frente só em falar nela. -Jú falou rindo

--É espontâneo, eu falo nela e meu mundo se transforma, pena que percebi isso tarde demais. -falou com um certo pesar

--Verdade, eu acompanho o relacionamento delas desde o primeiro dia e posso te dizer que foi amor à primeira vista de ambas. Elas se amam muito

--Obrigada Jú, agora estou bem mais feliz. -falou debochando

--Desculpa, não foi minha intenção. Mas agora me conta, afinal o que aconteceu?

--Jú essa é uma história que nem eu conheço por inteiro. A Nath saiu daquele jeito ontem
porque a Bia sofreu um acidente aqui na estrada e aquelas ligações que ela não atendeu eram todas da Bia.

--Duda, quem é Bia? -Jú perguntou morrendo de medo do estava imaginando

--Veja você mesma. -a morena falou levando Júlia até o vidro da U.T.I

Júlia olhou para o leito e viu aquela menina deitada na cama com a cabeça enfaixada, perna engessada e ferro no braço mas não conseguia ligar Nath aquela menina. Duda lhe deu o prontuário, em um primeiro momento o lado profissional falou mais alto, ela leu todo prontuário e por último leu o nome completo da paciente, Anna Beatriz Cantarelli Albuquerque.

--Eu não acredito no que eu estou vendo, como a Nath pode fazer isso. -Duda nem deixou ela terminar e foi em defesa de sua amada

--Como assim, o que está passando aí na sua cabeça?

--Ela pediu a Tati em casamento e já é casada com uma menina mais nova que ela. -Jú estava muito decepcionada

--Não é nada disso, não precisa tirar sua deusa do pedestal.A menina é filha dela, ela jamais faria uma sujeira desse tipo.

--Mãe? Mas porque ela não falou, qual o problema em ter um filho?

--Bom, é essa parte da história que vai ter que esperar a Nath te contar, até porque não conheço a história toda.

--Ufa! Dos males o menor, achei que Nath tinha uma amante, que era casada ou que tinha um outro caso mal resolvido no Rio.

--Agora já sabe que não é nenhuma dessas coisas.

--Confesso que vou dormir mais tranquila, se fosse uma dessas Tati jamais a perdoaria.

--Será? -Duda falou com todo seu deboche deixando Jú perdida com a pergunta

--Eu conheço bem a Tati e sei que ela não perdoaria.

--Se você entendeu assim, deixemos assim. -Duda alfinetou mais uma vez


As meninas seguiram até a cantina pra tomar uma café, Duda preferiu tomar um chá pra tentar relaxar um pouco e dormir. Natasha vez ou outra jogava uma das suas pérolas pra Duda e pra Jú, Duda a olhava ainda surpresa de como ela conseguia ser séria e sem vergonha ao mesmo tempo a ponto de cantar Jú na frente dela.

A conversa ainda fluiu quente e animada por um bom tempo, Natasha foi chamada na emergência e Duda aproveitou a deixa para se retirar só restando a Jú ir pra casa com seus pensamentos confusos.

--Ei gatinha! -Duda alcançou a ruiva ainda no corredor --Eu iria adorar ser acordada pra ver a paciente com você me beijando

--Se meus beijos conseguirem me tirar de plantões de fim de semana e plantões de 24 horas eu ainda te faço uns carinhos. -a ruiva jogou um beijo no ar e foi pra emergência

--Que garota! Como ela pode falar uma coisa dessas com essa cara de pau? Acho que ela vai conseguir me deixar maluca…ou se livrar de todos os plantões. -Duda falava rindo sozinha no corredor…

Natasha atendeu aos pacientes que estavam na sala de espera, a dengue estava pegando todo mundo e a todo momento chegava alguém com os mesmos sintomas. Ela já atendia no automático, escutava os sintomas, escrevia na ficha e encaminhava o paciente para enfermaria .

--A senhora vai colher o sangue e tomar soro para se hidratar enquanto aguarda o resultado.

--Mas doutora e se eu não estiver com dengue? Eu já vou ter tomado o soro. -a paciente falou realmente preocupada

--A senhora pode ficar tranquila, o soro é como diz aquele ditado “ se não fizer bem, mal não vai fazer” -as duas riram

Já era quase meia noite quando a emergência esvaziou, Natasha pensou em acordar Duda mas teve uma ideia. Lembrou que a morena estava zanzando desde cedo e a única coisa que colocou na boca foi café. Foi até a cantina pediu dois sucos de laranja, dois sanduíches natural e uma salada de fruta e partiu para o consultório da morena.

Entrou devagar, não queria assustar a médica que dormia tranquilamente em um sofá colocado em sua sala a seu pedido. Depois que separou de Nath começou a fazer um plantão em cima do outro para evitar as saídas que tanto prejudicaram sua vida, então assim que chegou no hospital fez o pedido. A ruiva colocou o lanche em cima da mesa e foi acorda-la.

--Bela adormecida, está na hora de virar gata borralheira mas antes temos um banquete que eu( a Fera) fiz para minha Bela.

--Hum, preferia os beijos mas gostei do banquete e mais ainda do “minha”

--Pode tirar esse sorrisinho, foi só um modo de dizer

--É uma pena, eu iria adorar ser sua pelo menos por uma noite

--Você não presta sabia? Não pode dar um pouquinho de confiança que já abusa

--Tá aí doida pra abusar do meu corpinho e fica dando uma de santa.

--Haha você me subestima mesmo né, nunca escondi que quero você, quero seu corpinho e quero beijar muito essa sua boca gostosa mas não no sofá de um consultório do hospital e nem adianta falar então vamos pra um motel, pra sua casa ou pra minha. Quero uma noite com você, jantar, dançar, namorar e o que vem depois é consequência. No dia seguinte se você achar que não precisa repetir a dose por mim sem problemas. -Duda engoliu seco tudo que a ruiva falou

--Ok, entendi o recado mocinha.

Natasha sabia que tinha deixado a morena tonta com aquele jeito tô nem aí dela, mas não foi sua intenção, a única coisa que queria era deixar claro pra Duda é que não estava atrás de um relacionamento e muito menos estava apaixonada querendo migalhas. Queria sim, uma noite completa e de muito tesao e muita pegação com a aquela deusa de ébano.



***



No apartamento de Nath



A calmaria que reinava no apartamento nem um pouco lembrava a turbulência que já tinha ocorrido e de tudo que estava por vir. Nathalia dormia agitata, grudada em Tati. No fundo tinha medo que aquela pudesse ser a última vez, não sabia qual seria a reação dela depois de saber que escondeu uma coisa tão importante. Tati não conseguiu dormir, ficou apenas recostada na cama e deixou que a médica descansasse em seus braços.

Nath acordou gritando, era mais um pesadelo aquela noite. Sentou na beirada da cama, tomou um pouco de água, sabia que não teria mais como adiar aquela conversa que decidiria a sua vida.

--Tati, não posso mais adiar, precisamos conversar e tirar essa dor do meu peito e do seu. Te agradeço por ter me apoiado mesmo sem saber o que aconteceu ou que eu fiz. Nunca esqueça de uma coisa, eu te amo e vou te amar pro resto da minha vida...

Fim do capítulo