Sentido figurado: propagar; manifestar [sensação, sentimento] de forma viva; transmitir.
Capítulo III - Irradiar
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A mensagem de texto dizia:
“Irmã, me retorne, por favor! O Bernardo sofreu um acidente. Um carro não parou antes da faixa e o atropelou. Por favor, me ligue!”
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...
- Mariana, preciso ir embora! – disse entrando no banheiro de supetão.
- Que susto! O que houve? – indagou confusa parando de passar o batom;
- Não tenho tempo para explicar. Você fica aqui com o Pedro que em 3 horas mais ou menos eu volto, o...
- Eu não vou ficar aqui sozinha. Vou para a minha casa, que o Pedro está trabalhando e não quero ficar abandonada aqui! – disse Mariana interrompendo a fala de Laura com um tom de raiva
- Ei, eu tenho outra opção que você não me deixou falar.
A loira suspirou e Laura segurou a mão de Mariana
- A outra opção é você ir comigo – dando um passo a frente, ficando a um palmo de distancia do rosto da loira que mudou a cara enfurecida, e continuou - até porque eu não tenho pretensão alguma de te abandonar...
Laura olhou fixamente nos olhos de Mariana, soltou sua mão, e num gesto rápido subiu com a sua mão esquerda pelo braço da loira, passou a mão por sua cintura, seguindo por esta mesma linha pelas costas e com delicadeza a puxou fazendo com que seus corpos colassem e completou:
– Nem aqui ou em qualquer outro lugar.
Laura colou nos lábios de Mariana que se abriram quase de imediato, fazendo com que suas línguas se encontrassem e bailassem lentamente. Mariana segurou na nuca de Laura, puxando delicadamente para si, passando seus dedos por entre os cabelos de Laura, fazendo-a se arrepiar.
Laura beijou mais forte, aumentando a intensidade do beijo, o que fez Mariana ch*par sua língua, e em seguida puxar seu lábio inferior para apenas afastar a cabeça, e dizer no meio de um suspiro:
- Você poderia me dizer, por favor, qual é a urgência em sair no meio do nosso encontro? – enquanto passava mão na cabeça de Laura.
- Meu sobrinho foi atropelado - Laura expirou lentamente para voltar sua respiração ao normal e acalmar seu corpo. – Minha irmã mandou uma mensagem há 5 minutos dizendo que ele está no hospital público da cidade – e abraçou Mariana.
Em seguida se afastou um pouco, segurou a mão da loira, inspirou profundamente dizendo bem rápido que tem amigos que estão de plantão lá e precisa saber o estado dele para agilizar a transferência para o hospital do plano de saúde.
O celular vibra.
- Minha família já deve estar a caminho.
- Vou com você. – disse olhando dentro dos olhos castanhos da morena – Vá pegar o carro enquanto falo com Pedro pra segurar a conta. Te encontro lá na frente!
Laura deu um leve sorriso, um selinho na loira e disse obrigada. Mariana saiu rapidamente do banheiro soltando sua mão, andando quase correndo, tentando não fazer barulho com o seu salto. Quando chegou na porta da cozinha do restaurante, bateu no vidro redondo olhando para Pedro, que de imediato saiu:
- Que cara é essa? O que aconteceu?
- Laura tem uma emergência e precisamos sair agora. Segura aí a conta que eu volto pra pagar depois.
- Amiga! – o chef segurou no queixo de Mariana e a virou para o espelho logo ao lado dela – Estou falando disso.
Quando a advogada vê seu reflexo, está toda borrada de batom ao redor da boca. Pedro pegou um guardanapo de tecido no aparador que estava abaixo do espelho e a entregou dizendo:
- Vá e não se preocupe!
Mariana sorriu e saiu andando rapidamente com o guardanapo, tapando e limpando o rosto ao mesmo tempo. Na porta viu o manobrista chegar com o carro enquanto Laura falava com seu pai no celular.
- Me deixe dirigir. – disse a loira estendendo a mão – Chegaremos lá em 15 minutos.
Laura olhou para a loira intrigada, já que a distancia e o tempo entre os sinais as fariam chegar ao hospital em no mínimo 30 minutos.
- Confie em mim. – Mariana completou
A médica de imediato entregou as chaves à Mariana que assim que ligou o carro e falou que conhecia um atalho mais longo, mas que não havia tantos sinais nem lombadas eletrônicas como na avenida principal.
Laura concordou com a cabeça, ainda ao celular, dizendo que estava a caminho. Depois ligou para um amigo que estava no plantão naquele dia e que avisou que seu sobrinho ainda estava na sala de diagnostico.
Ao chegarem ao hospital, Laura pediu que entrasse pela lateral que iriam estacionar no estacionamento dos profissionais. A morena entrou apressada puxando pela mão de Mariana pelos corredores do hospital até pararem em frente à sala destinada ao descanso dos médicos. Laura abriu a porta e entraram:
- Você pode ficar aqui enquanto volto. Se perguntarem algo, diga que está comigo, que vim resolver uma emergência e que já devo estar voltando. – disse a médica apressada.
- Certo. Relaxe. Vai dar tudo certo! Não sairei daqui. – disse Mariana segurando o rosto de Laura e ao término deu um selinho.
Laura saiu apressada e mais à frente do corredor encontrou o Dr. Ricardo, seu amigo de faculdade.
- Ricardo, pelo amor de Deus, já saiu o laudo?
- Saiu sim. Acabei de ler. – disse mostrando os papeis à médica – Ele só quebrou o fêmur e tem algumas escoriações. Não foi fratura exposta. A tomografia na cabeça também não mostrou indícios de coágulos no cérebro.
- Ai, que notícia boa. Já estava preocupada. – disse aliviada.
- Nessa parte você não precisa se preocupar. O que precisa fazer é encaminhá-lo ao hospital do plano de saúde. Tome os papéis e vá na coordenação agilizar a transferência, pois só há vaga para a cirurgia na semana que vem!
- Muito obrigada, meu amigo! – disse abraçando o médico
- De nada, Laurinha. Me mantenha informado do quadro dele para poder ajudar. – Ricardo disse retribuindo o abraço e deu um beijo na cabeça da medica.
Laura foi à coordenação do hospital e depois de uma hora conseguiu que a ambulância do plano fosse pegar seu sobrinho. Ao sair, entrou na UTI e viu seu sobrinho acordado:
- Oi, meu amor! - disse Laura alisando a cabeça de Bernardo - Como você está?
- Estou melhor agora, tia. Me deram alguma coisa que passou mais a dor.
- Olhe, graças a Deus que você só quebrou o fêmur. A ambulância vai te levar pro hospital do plano e lá fazer uma cirurgia. Não se preocupe que vai dar tudo certo!
Laura beijou a cabeça do sobrinho e saiu em direção ao estar médico para falar com Mariana. Ao chegar próximo à porta, percebe que há uma conversa lá dentro e abre a porta devagar.
- Laurinha, venha cá. Conseguiu a transferência? – indagou Dr. Ricardo
Entrou olhando para Mariana que estava com a cara feliz e falou para Ricardo:
- Consegui sim, depois de muita burocracia.
- Eu estava dizendo agora mesmo à Mariana que o quadro dele é reversível. – disse o médico
- Ah, sim. Que bom que vocês já se conheceram. - disse Laura segurando sua frustração pelo fato de nunca apresentar alguém aos amigos ou a qualquer um, sem antes saber se é algo sério ou não.
- Sim, conheço o Ricardo há muito tempo. Ele é meu primo. – disse Mariana rindo
- Sério? – disse Laura surpresa
- Quer dizer, meu tio, irmão da minha mãe, casou com a prima de Mariana. Mas como fomos praticamente criados juntos, nos autodenominamos primos. – disse Ricardo
- Nossa, não entendi nada!
Os três riram. E Mariana disse:
- Depois explico melhor. Mudando de assunto, já falou com sua irmã?
- Não, ela está lá fora. Vou lá e volto pra irmos embora.
- Não, vou com você. – disse Mariana sorrindo.
Laura ficou sem jeito. Não podia negar.
Se despediram de Ricardo e seguiram para a entrada principal do hospital. A irmã de Laura e seu pai a esperavam ansiosamente. Elas foram até o canto da parede onde estavam encostados. Laura foi na frente e Mariana ficou levemente afastada.
- Ô minha filha. Me dê uma boa notícia. – disse o Sr. Daniel com os olhos marejados.
- Diga a verdade, minha irmã. Ninguém me deixou vê-lo.
- Gente, está tudo bem. – abraçou a irmã e olhando para o pai continuou – Ele quebrou o fêmur, está com alguns arranhões e nada mais. Vai precisar de uma cirurgia e já fiz a transferência dele para o hospital do plano. A ambulância chegará daqui a pouco.
- Como ele está? Você o viu, filha?
- Ele está em observação, por isso ninguém pode entrar. Já o medicaram e falei com ele que disse que a dor diminuiu bastante. – disse Laura soltando o abraço e segurando as mãos dos dois.
- Ai que bom! Não quero vê-lo sofrendo, senão sofro mais. – disse a mãe do menino
- Não se preocupe, irmã! Vai dar tudo certo. – disse Laura sorrindo – Vou acompanhar de perto em tudo para fazer da recuperação dele a melhor possível.
- Nós sabemos, minha filha. Mas hoje é sua folga e você já fez por demais. – disse o Sr. Daniel abraçando Laura e continuou em seu ouvido – mas antes nos apresente a moça.
Laura olhou para o pai, o soltou e puxou Mariana pela mão para entrar no circulo ali formado.
- Pai, essa é Mariana, uma amiga do Dom Casmurro. Mariana, esse é o meu pai, Daniel e minha irmã Karla.
- Muito prazer! – disse Mariana apertando mão de ambos
- Então nós já vamos! – disse Laura já cortando para não puxarem assunto – Se precisarem é só ligar.
Elas se despediram e foram em direção ao estacionamento. Ao chegar em frente ao carro Laura caiu em prantos. Mariana a abraçou, consolando-a, e perguntou:
- Por que você está chorando? Já está tudo bem. Seu sobrinho é novo, vai se recuperar rapidamente.
- Não é isso, Mariana – disse a morena se afastando do abraço, mas ainda próxima à loira; enxugando os olhos com a camisa jeans – Eu tenho que fingir que não tenho sentimentos devido à profissão. Eu não podia desabar na frente deles. Sei que está tudo bem, mas também tive medo de que pudesse ter acontecido algo muito pior.
Mariana a abraçou novamente quando viu as lágrimas caírem dos olhos de Laura. Ficaram assim por alguns minutos até a morena se acalmar.
- Você tem o ar de durona, mas estou percebendo que aqui dentro – disse a loira colocando a mão acima do seio de Laura – tem sensibilidade, delicadeza e doçura.
A morena segurou na mão de Mariana que estava sobre ela e sorrindo deu um beijo que foi rapidamente correspondido. Um beijo com ternura, sem pressa, onde quanto mais as línguas se encontravam, mais os corpos colavam.
Isso nunca havia acontecido à Laura. Não acreditava em paixão à primeira vista, principalmente em amor, nunca sentiu borboletas no estômago, por ninguém. Sempre agia com calma, sempre queria conhecer a fundo as mulheres antes de envolver-se em algo sério, já que sua vida corrida não a ajudava a manter um relacionamento por muito tempo. Mas essa mulher estava revirando seus sentimentos, pensamentos, desejos.
A morena percebeu que se continuassem naquele beijo o clima iria esquentar mais.
- Então, estamos em um hospital, né? – disse entre beijos se dirigindo para o ouvido da loira – Acho que nossa conduta não está condizendo com o lugar.
- Nossa – disse num suspiro – tinha esquecido que ainda estávamos aqui.
As duas riram.
- Muito obrigada por vir comigo. – disse Laura alisando a lateral do rosto da loira
- Bem, acho que ainda estamos em um encontro, correto? Não iria largar minha convidada por nada. – Mariana puxou pelo queixo da morena e deu um selo – Vamos voltar para o restaurante?
- Vamos! Adoraria qualquer coisa com chocolate.
Fim do capítulo
Bom fim de semana à todxs!!
_Jessica Sanches_
Comentar este capítulo:
Val Maria
Em: 20/05/2017
Adorei elas juntas já no primeiro problema, essa estória promete adorei a Mariana.
Em todas as estórias eu sempre me apaixono pelas personagens, e essa Mary é maravilhosa.
Volta logo autora querida.
Beijos e sua estória começa perfeita.
Val castro.
Resposta do autor:
Oi, Val!
Espero manter a qualidade para que acompanhes até o final!
A Mariana é apaixonante. Por isso que a Laura se encantou por ela de primeira. :D
Muito obrigada pelo feedback!
Beijão!
_Jessica Sanches_
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