Três Segundos por Mandy M e Dani E
Meninas lindas, boa tarde!
Este capítulo era para ser postado apenas amanhã, mas resolvemos postar hoje. Ficou bem grandão e, por isso, espero que isto faça com que vocês fiquem felizes, viu? rsrs
Grande beijo e ótimo final de semana!
Capítulo 9 - Alexandra
Entrei naquele bar ciente do que eu queria e do que precisava. Primeiro, resolvi tratar daquilo que precisava e, com isso, me aproximei do balcão.
-- Boa noite, Lúcia! - falei para a atendente que já me conhecia como cliente há algum tempo.
-- Boa noite, Senhorita Alex! No que posso ajudar hoje?
-- Por favor, me sirva um Dry Martini, meu bem? - falei dando um sorriso simpático para ela.
-- É pra já!
Rapidamente meu drink foi preparado por mãos habilidosas e rápidas. Admito que sou uma pessoa que na maioria das vezes tinha um gosto simples e optava por uma boa taça de vinho, vodka ou até mesmo cerveja, mas naquele dia eu estava diferente e sem dúvidas precisava de algo com mais personalidade. Enquanto saboreava meu drink, meus olhos circularam rapidamente pelo ambiente e detive minha visão numa mesa mais ao fundo e sem muita iluminação. Pude ver o perfil do rosto de uma mulher sentada sozinha, com lindos cabelos loiros, que pareciam ir até um pouco abaixo de seus ombros num corte muito bem feito, um pouco repicado, desalinhado e moderno ao mesmo tempo, que lhe davam um ar de quem sabia exatamente o efeito que causava em todos que a vissem. Usava uma blusa preta, juntamente com um terninho da mesma cor e com um corte despojado na altura dos punhos. Com suas pernas cruzadas, pude constatar que ela vestia calça jeans num tom azul escuro que era levemente desbotada um pouco acima dos joelhos e, acompanhando a obra, exibia a barra da calça elegantemente dobrada para ficar em perfeita harmonia com um lindo scarpin azul de salto altíssimo. Perdi meus olhos ali por um tempo observando que ela descartava todas as mulheres que tentassem aproximação.
-- Lúcia?!
-- Pois não! - respondeu prontamente.
-- Qual é o drink que aquela moça ao fundo sentada naquela mesa na mesa fora da iluminação está bebendo? - perguntei para Lúcia sem precisar me virar ou apontar. A mulher chamava atenção e todos ali já haviam notado sua presença.
-- Não..não precisa! Mudei de idéia! Eu mesma vou escolher. - falei olhando rapidamente para a mulher novamente.
-- Certeza senhorita? -- Lúcia me perguntou sorrindo de lado.
-- Absoluta! Por favor, prepare para mim dois Manhattans.
-- Sim, senhorita! - respondeu de saída.
-- E Lúcia?!
-- Pois não senhorita!
-- Pare com toda essa formalidade. Você já me conhece há anos e inclusive já bebemos juntas, não se lembra?! - falei novamente com o objetivo de fazer com que Lúcia me tratasse normalmente, mas já sabendo que de nada adiantaria, pois ela era uma profissional extremamente respeitosa, caxias e adquiriu este costume no tratamento com os clientes, quando morou e trabalhou durante alguns anos em Londres.
-- Sim, senhorita! Tentarei! - me deu um sorriso e foi preparar os drinks.
Pouco tempo depois, já com os drinks em mãos, levantei e resolvi segui em direção a mesa dos fundos.
-- Boa noite! -- falei assim que cheguei perto dela.
-- Boa noite! - ela retribuiu sem olhar para mim.
-- Pude perceber que algumas mulheres te atrapalharam vindo aqui e que você dispensou todas elas. Creio que estou correndo um risco imenso de ter o mesmo destino delas, mas chegando aqui tão perto, tive a certeza que valeu a pena minha aproximação. - falei tendo o cuidado de que cada palavra saísse suavemente dos meus lábios.
-- Não está! - respondeu somente.
-- Desculpe, mas o que não está? - perguntei tentando entender.
-- Você não está perdendo tempo. Dispensei todas elas, pois queria que a cadeira estivesse livre quando você chegasse. - disse isso enquanto subia o rosto olhando em meus olhos.
-- Então peço desculpas por ter demorado tanto. - falo mantendo meu olhar grudado ao dela e dou um sorriso galante - Será que posso me sentar?
-- Mesmo tendo demorado um pouco, no final você decidiu vir e ainda por cima trouxe um drink que adoro. Não só pode se sentar, como deve se sentar! - ela respondeu baixando um pouco mais a voz.
Nos apresentamos, descobri que seu nome era Pietra e ficamos naquele jogo de sedução ainda por mais uma hora, já que estava tão gostoso curtir aquela bela e interessante mulher. Depois de um tempo pedi licença para que pudesse ir ao banheiro. Assim que chego e tento fechar a porta, uma mão me impede. Quando abro a porta para ver o que estava acontecendo, dou de cara com Pietra que me empurra delicadamente e fecha a porta atrás de si. Ela se aproxima, cheirando o meu pescoço e confessando que estava louca para sentir o cheiro por baixo dos meus cabelos. Meu corpo se aquece e sua boca toma a minha, de maneira provocante, ela morde o meu lábio inferior e sussurra ainda sem soltá-lo, que me quer ali, naquele exato momento. Sem hesitar, eu a empurro contra a parede, passo a mão por toda a extensão da parte da frente da sua coxa, depois faço o mesmo movimento na parte de traz, me detendo próximo ao seu bumbum, então aperto e a sinto respirar fundo com o rosto grudado no meu ouvido. Trago seu corpo pra frente a fim de aumentar o contato e subo minha mão direita por dentro da sua blusa preta de tecido sedoso, vejo que seu soutien era daqueles que se abriam na frente e, sem pedir permissão, deixo os seus seios livres. Subo sua blusa para poder olhar onde minhas mãos tocavam e me agrado muito com a visão de seios lindos, com biquinhos rosados e extremamente macios. Não resisto e decido provar se o gosto era tão maravilhoso quanto a visão, mas ela não me permite continuar minha degustação por muito tempo. Ela vira o jogo, invertendo a posição e sem muita cerimônia, abre o botão da minha calça social abaixando-a, em seguida, afasta minha calcinha e sem nenhum aviso prévio, sinto seus dedos me tomando por inteiro. Não pude acreditar na facilidade com a qual ela simplesmente me transformou de predadora para presa. Um gemido gostoso escapa de minha garganta ao sentir seus dedos em mim. Ela me penetra firme, fundo, aumentando cada vez mais a velocidade tornando impossível para mim resistir. Eu simplesmente me entrego àquela mulher e ao prazer que estava sentindo, naquele momento não havia nada além de nós duas e do desejo que me consumia. Batidas na porta nos chamam de volta à realidade, mas ela não estava disposta a se deixar interromper, seus olhos de predadora me encaram, suas estocadas se tornam ainda mais profundas e rápidas e eu me entrego ao gozo mal conseguindo abafar os gemidos com minhas mãos. Ela retira os dedos, não sem antes me ver gem*r de prazer mais uma vez e os leva até seu nariz, os cheira para depois ch*pá-los bem ali na minha frente fazendo com que o meu corpo todo estremecesse. Depois de se certificar que não havia mais nada ali em seus dedos, ela ajeita minha calcinha e fecha minha calça. Eu continuo ali parada sem ter nenhuma reação. Ela pega um pedaço de papel e uma caneta no bolso do seu terninho, vai em direção a parede e escreve algo nele, depois deixa o mesmo papel em meu bolso, me dá um sorriso, mais um beijo e vai embora. Depois que ela sai e eu vejo que quem quer que tenha batido na porta do banheiro tinha ido embora, abro o bilhete e leio o seguinte recado: “Quando você menos esperar, nos encontraremos novamente e dessa vez vou comer cada pedacinho seu”. Respiro fundo, sorrio e imagino que ela provavelmente já deva ter ido embora. Depois de mais algum tempo vou até o bar, pago as bebidas e sigo para minha casa ainda sem entender como tudo aquilo aconteceu.
Depois de um banho muito demorado, já na cama e depois de toda aquelas sensações e da adrenalina ter ido embora, me sinto péssima. Tento entender o motivo e só o que vem em minha cabeça é Lavínia. É insano, pois não temos absolutamente nada, ela sequer teve a delicadeza de me responder, entretanto de alguma forma, me sinto suja, não sei! Como se eu tivesse traído alguém quem nunca me pertenceu.
***
Algumas semanas já haviam se passado desde o acontecido no bar e, naquele sábado, como sempre, acordei bem cedinho. Fui fazer minha caminhada com meu fiel escudeiro, me deparei com um céu lindo e com um dia quente como há tempos não via no Rio e isso me anima de tal forma que resolvo fazer um café da manhã reforçado. Vou para cozinha, pego alguns ingredientes na geladeira e corto algumas frutinhas que Apolo adora e que a veterinária liberou. Começo a providenciar meu banquete e após alguns minutos minha campainha toca e ao abrir a porta vejo Manoela.
-- Bom dia, Manu! - dou um beijo estalado nela, fazendo gesto para que ela entre.
-- Bom dia, Alex! - ela responde empolgada como sempre.
-- Quer tomar café, meu bem? Acabei de fazer e está tudo fresquinho! - falo já sabendo que ela iria estranhar.
-- Nossa! Que milagre mais maravilhoso! É claro que eu quero ou você acha que eu iria perder essa mesa linda?!
-- Ah! O dia está tão bonito, que eu fiquei animada! - respondo sorrindo.
Antes de sentarmos à mesa, ela brinca um pouco com Apolo e durante todo o café da manhã batemos um gostoso papo com direito a gargalhadas. Manoela era muito engraçada e tinha cada idéia de maluco que só rindo mesmo.
Terminados o café, tiramos a mesa e fomos para a varanda do apê para relaxar um pouquinho e apreciar esse dia tão gostoso.
-- Ah, Alex! Preciso mudar algumas coisas de lugar em meu apartamento, pois comprei alguns móveis, você me ajuda depois?
-- Claro! Se quiser posso ir agora. - me prontifiquei.
-- Ai...acho que eu quero, viu? Comprei tanta coisa que estou perdida vendo aquilo tudo fora do lugar. Tem certeza que não vai te atrapalhar? Hoje é sábado e é seu dia de folga, minha amiga. - ela pergunta com receio de estar me incomodando.
-- Vai não, boba! Você faz tanta coisa por mim. O que custa eu te dar uma mãozinha e te ceder meus lindos e fortes braços? - falo brincando com ela, mostrando meus braços.
-- Vamos ver se eles são ainda tão fortes como me lembro ou se você virou uma fracote. - ela reage a brincadeira.
Depois de ficarmos ali ainda mais um pouco, vamos direto para o apartamento de Manu. Quando entro dou de cara com uma sala repleta de caixas e de coisas fora do lugar. Essa doida resolveu comprar vários móveis novos e nem ao menos havia checado se a loja forneceria montador. Pedi que ela me trouxesse a nota fiscal e após lê-la descobri que a montagem dos móveis era por conta do comprador. Como estava com o meu dia de folga e como eu realmente gostava dessas tarefas braçais, me ofereci para montar todos os móveis. Já eram quase 14h00, quando paramos para almoçar.
-- Puxa, Alex, você estava tão feliz no seu dia de folga!! O que era apenas para ser uma ajuda para carregar algumas caixas para o outro quarto, virou você montando todos os móveis novos que comprei e com planos de deixar os antigos já desmontados para doação. - disse ela de forma sem graça.
-- Ei, relaxa! Essa aqui é minha praia! Se eu não fosse amante da justiça, certamente seria montadora de móveis. - respondo fazendo com que ela ficasse mais tranquila.
-- Então, tá meu Severino predileto! - ela brinca.- A propósito, já acabei o almoço, o que acha de darmos uma paradinha?
-- Hum!!! Então esse cheirinho gostoso era daqui? - pergunto fechando os olhos para sentir melhor aquele aroma que vinha da cozinha.
-- É sim! - ela responde sorrindo - Fiz uma comidinha simples, mas que sei que você adora: Bife mal passado, feijão preto fresquinho, arrozinho branco com bastante alho e batata frita. - ela fala já sabendo qual seria minha reação.
Largo tudo, levanto num pulo só e me jogo em cima dela. Ficamos ali igual duas doidas pulando e rodando até minha barriga dar um sonoro ronco lembrando a todos que necessita muito daquela comida dos anjos. Rimos após ouvir o urro do gigante que habitava em mim e nos encaminhamos para a mesa que ficava na cozinha e que já estava posta. Manu colocou nossos pratos e abriu uma coca bem gelada.
-- Ai, Manu, assim você acaba comigo! Não darei conta de negar nada pensando em dieta, viu? - falo já começando a tomar um gole daquele líquido viciante.
-- Alex, desde quando você faz dieta? Você é uma daquelas pessoas odiosas que comem o que querem e não engordam um só grama. Que inveja!
-- Também não é assim, Manu!
-- Não? Me diz então há quanto tempo você tem um peso diferente do agora, por favor! - ela me pergunta dando um sorriso de lado.
-- Bom...realmente meu peso não altera já faz alguns anos.
-- Viu só?
-- Manu, mas eu também caminho todo santo dia ao menos 1 hora faça chuva ou faça sol, acho que isso ajuda né?!
-- Ajuda, mas ainda sim você é dona de um metabolismo invejável e que se eu pudesse roubaria para mim. - ela brinca.
-- Alex, então...sei que você não gosta de tocar mais nesse assunto, mas você teve alguma notícia ou resposta daquela moça? - ela pergunta receosa.
-- Não, não tive. Ela sumiu como um raio da mesma maneira que apareceu em minha vida. - respondi sentindo na pele ainda a tristeza por não ter conseguido ser nada dela além de uma conhecida num mercado.
Resolvi mudar de assunto antes que a Manu continuasse a falar da Lavínia. Já estava tendo dificuldade demais de tirá-la da minha cabeça e falar dela não ajudava em nada.
-- O assunto tá muito bom, mas tenho uma missão importante aqui. - falo olhando para o prato com o mesmo como se fosse um cachorrinho emocionado vendo frango de padaria.
-- Então vamos atacar e matar quem está nos matando! - ela diz sorrindo e me estendendo os talheres.
Após comer aquela ambrosia dos deuses e me sentir como uma espanhola necessitando tirar minha horinha da sesta, resolvemos descansar um cadinho no tapete da sala, que era tão confortável quanto o sofá da Manu. Após 30 minutos retorno ao trabalho e consigo finalizar tudo apenas ao anoitecer.
-- Amiga, não sei como te agradecer! - Manu fala enquanto me abraça apertado.
-- Relaxa, pois amigos são para essas coisas! - falo retribuindo o abraço.
-- Eu não tenho nenhum amigo que me ajudaria nisso, Alex!
-- Não? E eu não conto? - faço uma carinha triste.
-- Você é a única, meu amor! Obrigada, viu?
-- Nada que algumas míseras notas de cem reais não paguem. - falo olhando pra cima com cara marota.
-- Posso pagar com o corpo? - ela pergunta dando um sorriso safado típico dela.
-- Não aceitamos corpos como pagamento. - respondo dando um tapa em seu ombro e encerrando a conversa, pois quando o assunto era safadeza a Manu não parava mais e eu realmente precisava de um banho e descansar um pouco.
Após nos despedirmos, cheguei em casa, coloquei mais água e comida para Apolo. Levei ele rapidamente na parte da frente do prédio para que ele pudesse fazer suas necessidades e ao retornar para meu apartamento, fui direto tomar uma boa e longa ducha. Tomei um copo de leite com nescau e me deitei na cama com Apolo ao meu lado. Depois de poucos segundos desmaiei e acordei apenas no dia seguinte sentindo uma terrível dor nos músculos. Levantei e procurei por algum relaxante muscular, mas não encontrei nenhum. Fiz minha higiene matinal, dessa vez não quis descer com o Apolo e estiquei um tapetinho higiênico na varanda para ele usar. Vesti uma bermuda, uma blusa simples, coloquei um all star e fui para a farmácia.
Chegando lá, pedi ao atendente um relaxante muscular que era ótimo e que já estava acostumada a tomar. Quando me virei para ir em direção ao caixa, vi uma pessoa conhecida de mãos dadas com uma criança mais conhecida ainda. Meu coração acelerou e eu fiquei um tempo ali parada. Minha empolgação rapidamente foi substituída por uma preocupação desesperadora que foi aguçada por uma espécie de instinto protetor, quando me dei conta que Lavínia estava coberta dos pés à cabeça, num calor horrendo que fazia no Rio de Janeiro e que os óculos que ela usava de alguma forma não estavam conseguindo esconder algo em seu olho direito que parecia ser um hematoma. Olhei para Cléo e vi o olhar abatido e triste da criança e então voltei a me concentrar em Lavínia. Ela parecia estar destruída e conforme a fila diminuía, vi que ela sentia dor ao andar. Não aguentei e fui em sua direção. Ao chegar, encostei em seus braços com delicadeza e chamei pelo seu nome com uma preocupação que não pude esconder.
-- Lavínia?!
Ela ficou um tempo me olhando e sem saber o que responder ou o que fazer. De repente percebi que ela virou o seu corpo um pouco de lado no intuito de tentar esconder os medicamentos que estavam dentro da cestinha, mas eu já tinha visto a maioria deles.
-- Alex… - ao se virar novamente em minha direção, notei que, de forma disfarçada, ela tentava puxar uma mecha de cabelos para frente dos olhos - oi Alex… eu… - a mulher do caixa a chamou mais uma vez - eu preciso pagar isso - disse sem me olhar.
Meu coração acelerou e uma necessidade de não deixá-la escapar naquele momento se apossou do meu corpo.
-- Posso te esperar lá fora com a Cléo? - falei querendo dar mais liberdade para ela. Fiquei tão chocada com a situação que até mesmo me esqueci de enfrentar a fila para pagar pelo relaxante muscular.
-- Pode sim! - ela falou me dando um fraco sorriso de lado, interrompendo-o de repente, provavelmente sentindo dor no corte em seu lábio que ela tentou, em vão, esconder com maquiagem.
Deixo a cestinha com meu remédio de lado e me direciono a Cléo:
-- Princesinha, o que acha de tomar um sorvete ali na frente enquanto esperamos sua mamãe? - perguntei me abaixando para ficar na mesma altura de Cléo.
-- Uhum! - a pequenininha me responde de forma desanimada.
-- Estarei logo ali naquela barraquinha de sorvetes, tudo bem? - falo tocando de leve seu ombro enquanto ela aguardava que a atendente acabasse de escanear os produtos.
-- Ok! Já encontro vocês lá.
Saí da farmácia e fui com Cléo até a barraquinha.
-- Boa tarde! Qual sabor o senhor tem aí? - perguntei animadamente piscando um dos olhos para Cléo.
-- Temos de morango, baunilha, creme, pistache, chocolate e pedacinho do céu. - responde alegremente o senhor.
-- Qual você vai querer, princesinha?
-- Não sei, tia!
-- Como não sabe? Você ainda tem dúvidas? Você sabia que para fazer o sorvete pedacinho do céu esse tio aqui precisou voar e pegar um pedacinho das nuvens?
-- Verdade, tio? - disse uma Cléo definitivamente mais animada e interessada naquela estória.
-- Sim. Verdade absoluta! Deu muito trabalho, mas valeu a pena. Consegui fazer o melhor sorvete do universo. - disse ele entrando na brincadeira.
-- E só criança pode comer? - ela perguntou enquanto juntava as mãozinhas e dava um pulinho animado.
-- Peraí, mocinha! Não venha com essa de só criança pode comer, viu? Eu sou grandona, mas eu vou comer o mesmo sorvete. - falei enquanto a pegava no colo e a enchia de cosquinha por toda sua barriguinha.
-- Pára, tia! Tudo bem...eu divido com você! - disse ela se rendendo rapidamente enquanto ria muito alto.
De repente senti alguém nos fitando e quando olhei para o lado vi a Lavínia olhando nossa brincadeira e dando um sorriso lindo mas que não conseguia esconder aquela tristeza que parecia emanar de dentro dela. Naquele momento decidi que seja lá o que fosse que aquela mulher e aquela criança estivessem passando, eu ajudaria. Eu faria passar qualquer dor só para ver e ouvir todos estes risos.
-- Ei, menina linda, você também quer um pedacinho do céu? Posso providenciar pra você! - falei olhando no fundo dos seus olhos e, sem perceber, falei exatamente aquilo que estava sentindo dentro de mim.
Senti que aquela pergunta a afetou, mas ainda sim ela me deu a resposta mais linda do mundo:
-- Um pedacinho do céu com vocês duas parece perfeito pra mim - meus olhos se fixaram no sorriso fraco que ela exibia e eu me perdi ali por alguns instantes.
Peguei os sorvetes e entreguei para elas enquanto pagava ao gentil senhor. Depois pedi para que me acompanhassem até o parquinho que ficava ali ao lado. Sentamos num banco feito de concreto para apreciar nosso sorvete. Cléo imediatamente quis sentar em meu colo e naquele momento tudo estava tão bom, me sentia tão bem ali com as duas. Olhei pra baixo e não resisti quando vi Cléo toda lambuzada:
-- Ei, princesinha, você está dando sorvete para o seu nariz comer? - perguntei despertando um riso gostoso dela.
-- Deixa eu ver bem se entendi, a suja está falando da mal lavada? - Lavínia perguntou.
-- Como assim? - perguntei confusa.
-- Você está dando sorvete pro seu queixo comer? - ela perguntou enquanto olhava para mim e para Cléo parecendo comparar quem ali estava mais suja.
Não aguentamos e caímos na gargalhada. Rimos muito mesmo até sentirmos nossas barrigas doerem.
De repente tive uma idéia e a sussurro no ouvidinho da Cléo. Ela me presenteia com um sorriso e balança a cabeça afirmativamente.
-- Olha aqui, Dona Lavínia, não pense a senhora que poderá ficar zombando da nossa cara por ser a única limpa, ok? - falei enquanto arqueava apenas minha sobrancelha esquerda e direcionando meu rosto para Cléo querendo dar um sinal.
-- Isso mesmo, mamãe! - ela respondeu, enfiou o dedo no sorvete e pincelou o queixo da Lavínia.
Cléo simplesmente morreu de rir e eu adorava o som daquela risada gostosa de criança. Isso fez com que inevitavelmente todas voltássemos a rir enquanto olhávamos para o queixo de Lavínia todo lambuzado.
Depois de mais algum tempo naquele clima gostoso, terminamos nosso sorvete e Cléo pediu para brincar um pouco numa cabaninha de madeira montada especificamente para crianças menores. Assim que Lavínia permitiu, nós duas nos olhamos por alguns segundos. Segurei sua mão e disse:
-- Tenho plena consciência que você não me conhece direito, mas estou disposta a mudar isso. Sei que não tenho o direito de me meter em sua vida, mas teria paciência para esperar você ter mais confiança em mim e me ver como alguém que mesmo sem te conhecer direito, quer muito o seu bem e o da sua filha. Também não quero de forma alguma te trazer algum transtorno tocando em algum assunto que te machuque ou incomode, mas quero que você sinta minhas mãos aqui nas suas, você consegue sentir? - Pergunto tentando transmitir toda energia e força que fosse possível através de um toque.
-- Sim...eu consigo! - ela respondeu num fio de voz.
-- Então...essas são as mãos de alguém que pode e quer te ajudar. Lembre-se disso! Eu estou aqui para você e para sua filha, Lavínia. Por favor, não me afaste! - supliquei enquanto uma de minhas mãos foi ao encontro do seu rosto para fazer um carinho.
E ela não me afastou. Deitou com o seu rosto em minha mão de uma forma tão entregue, tão frágil. Eu queria apenas fazer sua dor sumir e ali, naquele momento, senti que ela se deixou ser cuidada. Não resisti e a puxei para os meus braços com delicadeza, passando os meus dedos pelos seus cabelos e deslizando pela lateral do seu rosto. Com ela ainda nos meus braços resolvi perguntar:
-- Você quer me dizer o que aconteceu?
Depois de alguns segundos, ela respirou fundo e me respondeu:
-- Não só quero, como preciso.
Fim do capítulo
Meninas, Me contem tudo, please! Gostaram deste capítulo? Muita coisa diferente e muitas reviravoltas, não é verdade?
Casal Lalex...podemos shippar?
Mil beijos e comentem, meus amores!
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brunafinzicontini
Em: 27/05/2017
Mandy & Dani,
Querem nos matar de ansiedade? Voltem já para cá...
Beijos,
Bruna
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line7
Em: 15/05/2017
Shipando muuiiitooo.. momento lindo das duas, respirando apaixonada..kkk ( q coisa mais gay ...kkkkk..viu meninas deixando a leitora voando^^) estou com um tempo pra lá de corrido, mas sempre dá pra achar um pequeno buraco no meio de tanta correria^^ até
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Val Maria
Em: 14/05/2017
Estória apaixonante a cada capítulofica melhor o enredo. A Alexandra vai ter que conquistar a Lavinia e fazer com que ela se sinta segura para poder enfim se livrar de seu casamento.
As três já formam uma linda família, mas sabemos que o crápula não vai deixar assim tão fácil elas ficarem juntas.
Ale e Manu são comédia, gosto muito delas.
Uma ótima semana meninas.
Val castro.
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brunafinzicontini
Em: 13/05/2017
Mandy, sabe que no final do capítulo 7 fiquei intrigada com a entrada de Alex naquele bar? Fiquei imaginando – o que será que aconteceu lá? Jamais imaginaria a cena que se desencadeou! Uau! O que foi aquilo? Pietra foi algo surpreendente, inesperado! Foi de uma ousadia de tirar o fôlego de qualquer um! A maneira como ela recebeu Alex já foi perturbadora. E no final, depois de uma viagem relâmpago ao ápice do prazer, a promessa – “... vou comer cada pedacinho seu.” Foi algo realmente enlouquecedor! E agora? O que Alex fará com esses dois sentimentos nascendo em seu íntimo? Bem, precisamos conhecer melhor essa terrível Pietra, mas ela chegou arrasando, né?
Finalmente, Alex encontrou Lavínia de novo! E como foi confortante para a pobre Lavínia esse encontro! Alex foi simplesmente maravilhosa! Um doce de mulher, dizendo as palavras certas, da maneira certa! Um carinho a que Lavínia não poderá resistir. O gesto carinhoso das duas no final foi muito bonito! Ainda bem que Lavínia decidiu se abrir.
Queria, também, falar neste momento com Dani. Eu quase ia responder no espaço dos comentários do capítulo passado, mas não sei se vocês voltam atrás para ler algum comentário. Escrevi duas vezes no final do capítulo 7 para a Mandy, mas na segunda vez ela não respondeu. Creio que não viu. (Também não recebi resposta de Dani ao final do capítulo 4...) Enfim, achei melhor escrever aqui mesmo, pois, creio que vocês duas devam ler os comentários ao final de todos os capítulos, não?
Bem, Dani, o que eu queria dizer é que fiquei surpresa com sua resposta ao meu comentário. Escrevi um bilhetinho e você me respondeu com uma carta! Muito atenciosa – obrigada! Na verdade, fiquei revoltada talvez porque eu própria já tenha passado por uma situação de violência semelhante, só que reagi feito uma leoa e mandei o marido para o espaço! Se bem que eu tinha condição financeira para essa ousadia – e aí está o x da questão: esse grandes machos tornam suas fêmeas dependentes, deixando-as reféns de uma situação que não conseguem enfrentar, exatamente como a nossa querida Lavínia. By the way, que curso você fez na faculdade? (Fiquei curiosa...)
Agora exagerei e falei demais, não é? Mas, enfim, devemos agradecer à Cristiane Schwinden por este espaço que estimula a interação entre escritoras e leitoras. Isto aqui está virando um fórum de debates sobre a violência contra a mulher... Parabéns à Cristiane! Eu só pediria a ela que procurasse instruir as escritoras a respeito do canal de comunicação – “contatar Autor” – que parece não funcionar, ou é desconhecido das escritoras. Mais de uma vez tentei contatar as autoras e nenhuma soube como proceder para encontrar as mensagens enviadas.
Por último – mas não menos importante – devo dizer: também gosto muito de vocês! E se acharem que podem enviar algum e-mail pelo qual eu possa mandar as observações que gostaria, acrescentarei algumas notas “técnicas” que não precisam ser expostas aqui. Só tenho medo que, depois disso (quando descobrirem como sou “cri-cri”), vocês fiquem bravas comigo e não gostem mais de mim...
Abraços,
Bruna
Resposta do autor:
Oi Bruna!!
Que bom tê-la aqui novamente!
Na verdade, eu fiquei até um pouco receosa por talvez você não gostar de receber uma resposta tão longa quanto a que enviei da última vez... ufa! Fiquei aliviada por você dizer o contrário, tão aliviada que até vim responder correndo assim que recebi a notificação... rsrsr
Bom... vamos por partes!!
Primeiramente, gostaria de dizer que admiro muito sua coragem ao enfrentar e sair de um relacionamento abusivo! Me encho de felicidade ao escutar relatos de mulheres que foram fortes e conseguiram seguir em frente deixando situações assim para trás! Muita força, moça!!
Quanto à minha faculdade... estudei jornalismo! Rsrs
Eu e Mandy realmente não vimos seus comentários, mas amanhã mesmo vamos passar um pente fino aqui para ver se alguma coisa passou batida!! Meu e-mail é danielle.eloic@xxx, como não estamos conseguindo utilizar aquela outra ferramenta, você pode nos contatar por aqui, ou até mesmo via Facebook, depois te passo meu contato por lá, caso vc deseje!! E suas notas técnicas serão muitíssimo bem vindas, afinal de contas, a ideia é justamente representar a realidade e, para tal, é de extrema importância ouvirmos mais sobre os assuntos e a opinião das leitoras!!!
Fico aguardando seu contato!!!
Beijos e boa noite!!
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Suzi
Em: 12/05/2017
Deixei para comentar os dois capítulos juntos, fiquei triste com toda a situação de Lavínia, a dor e a humilhação, espero que ela encontre em Alex e na amiga do passado força, segurança e amor pra superar e abandonar o marido o quanto antes. Sei muito bem onde vai parar esses arroubos de violência, já passei por situações assim até o momento em que a dor se transforma em raiva e você consegue revidar.
Adorei o que Alex fez, e com certeza o casal Lalex é ótimo.
Bj querida
Suzi
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AzumaDelRey
Em: 12/05/2017
Noooossaa, ganhou meu coração com esse cap. Obriiiigaaaadaaa.
Essas duas são lindas :)
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