O tempo está passando rapidamente. Ele é o senhor da razão.
Capítulo 63. Os filhos estão crescendo e se descobrindo.
O tempo passou e agora as coisas ficaram mais calmas. Márcia agora estava mais em casa do que no trabalho. Ela estava para tirar as licenças que estavam acumuladas e para consegui-las, teria que deixar o tenente coronel Radamés temporariamente como seu substituto já que ele era o vice-presidente da Corte Militar. Ela já estava nessa função há pelo menos dois anos. Durante todos os seus trinta e oito anos de polícia militar, nunca fizera algo fora da lei, somente em alguns casos que envolveram a família isso é, sua esposa e filhos. Os filhos continuavam crescendo e sempre aprontando das suas. Gabriel já estava com sete anos, Nicola e Antônia com dez anos e Celina assim como André com onze. Na escola estava tudo na mais perfeita ordem e assim como os filhos da coronel, os filhos dos amigos também não eram diferentes. Resumindo, todos eram pré-adolescentes. Com o passar do tempo Celina e Lorena começaram a perceber que entre elas havia mais do que uma amizade de infância, isso porque a filha de Márcia olhava a menina com outros olhos e a recíproca era a mesma. Nicola também dava seus primeiros passos com Maria Paula, André não estava com ninguém, mas isso tinha uma explicação, o rapaz a cada dia que passava estreitava mais do que uma amizade com Cláudio e tanto Andressa como Solange a mãe do menino já percebiam isso. Antônia e Tales também se entendiam e aquele namorico de infância começava a despontar. Gabriel e Fernanda como sempre estavam juntos e às vezes brigavam porque o Cabelo de Fogo era muito danado, mas apaixonado na menina e não era o tipo de se engraçar com outras apesar de ser despojado e bonachão já aprendia com as mães o que era a palavra “respeito”. Amanda também já estava se engraçando com o sobrinho do coronel Tavares que se chamava João Paulo e assim a vida daqueles pequenos fluía normalmente. Marcia estava sentada na varanda de casa e pensava que todo o sacrifício que ela e Andressa fizeram e tudo o que passaram os bons e maus momentos não haviam sido em vão. Sentiu uma mão em seus ombros e ao levantar a cabeça, viu que a esposa a olhava com o mesmo amor e paixão de anos atrás. Apesar de seus cinquenta e seis anos de vida, Márcia ainda não mostrava totalmente o sinal de envelhecimento do tempo. Porém, ainda trazia em sua face o rosto jovial e os olhos azuis acinzentados que tanto encantaram Andressa ainda estavam lá. Os cabelos agora estavam mais brancos que de costume. Beijou a mão da esposa e continuou olhando para o horizonte. Andressa também envelhecia, mas continuava aquela mesma mulher bonita que fascinara Marcia logo no primeiro dia em que seus olhares se encontraram. Ao longo dos seus quarenta e nove anos ainda era muito atraente. Os pais também estavam mais velhos. Dona Carlota de vez em quando reclamava de dores na coluna, mas depois de fazer uma cirurgia, se sentia bem melhor. O velho coronel agora com quase noventa anos estava com diabete, mas graças a Deus era mínima. Mais emocional. Dona Severina havia tido câncer, mas como estava no começo, o tratamento fora eficaz e ela se sentia muito bem. Raimundo havia se aposentado e agora curtia a esposa e os netos. O coronel Vaz Amorim apesar da dificuldade em andar assim como dona Marina ainda continuavam frequentando a casa dos Mantovanni.
Os irmãos também estavam velhos e já eram avós. Thesca tinha dois netos e logo seria bisavó. Samir ficara doente e os filhos ficaram em definitivo tomando conta das três lojas, mas ele sempre estava passando por lá para saber o andamento delas. Samir Junior ou (Samirzinho) como a coronel chamava carinhosamente o sobrinho por ser o filho mais velho de Thesca, ficou no comando. Genaro também era avô e tinha dois netos, Marieta tinha uma neta. Gênova tinha uma menina que ela havia gerado por enquanto não estava na lista de avós, ou melhor, ela, Márcia e Giuseppe não tinham netos. Marcelo iria para o primeiro neto e assim a família Mantovanni ia sendo preservada. Meire havia se casado com o filho do major Kizuma e agora tinha uma menina que ganhou o nome da coronel em sua homenagem. Carmela tinha dois filhos Nicola Neto e Andressa em homenagem à esposa de Márcia. A sobrinha queria colocar o nome da tia, queria que o garoto chamasse Márcio, mas a coronel num dia em um almoço de família, chamou a menina e na frente de todos disse:
-- Minha querida eu fico muito feliz por você querer dar o meu nome ao menino, mas eu acho que o nome do seu pai é o mais correto.
A moça ficou um pouco decepcionada e perguntou:
-- Mas tia eu queria te homenagear, o meu pai foi tão crápula em tudo o que fez principalmente com a senhora que eu não havia pensado nessa hipótese.
-- Carmela meu anjo você e seus irmãos, assim como todos os seus primos que estão aqui hoje, são muito jovens para entender certas coisas. O seu pai foi sim um crápula, canalha, ladrão e safado. Me magoou muito sim e fez coisas que afetaram a todos, mas era meu irmão e seu pai. Querendo ou não ele sempre os amou e se ele errou, eu e o seu avô fomos os culpados e sabe por quê? – Porque eu não prestei a devida atenção a ele quando mais precisou e o meu pai também não percebeu o que acontecia. Portanto ele não é culpado sozinho, simplesmente ele não teve ninguém para auxiliá-lo. E infelizmente o seu pai se foi há muitos anos e ainda me dói saber que a responsabilidade foi toda minha. Por isso esse menino que você carrega em seu ventre deve sim se chamar Nicola. Mesmo com todos os erros do seu pai, é o mínimo que você pode fazer para homenageá-lo.
Todos os que estavam naquele almoço choravam. Thesca e Enzo abraçaram a coronel e Marcelo que até então era o brincalhão da turma, disse:
-- Márcinha esquece isso e ponha de uma vez por todas na sua cabeça que a morte do Nicola não foi sua culpa. Era o destino dele, mas eu sinto como se ele estivesse aqui com a gente. Creio que ele está bem.
-- Será que está mesmo Thesca? Perguntou Márcia.
-- Sim minha irmã ele está bem!
-- E agora chega de tristeza porque eu quero muita alegria nessa casa, afinal o fim de semana está só começando e temos um belo churrasco nos esperando lá fora. Disse dona Carlota.
Manoel tio de Andressa ainda continuava com a padaria, apesar de idade um pouco avançada tinha o sobrinho Joaquim que o ajudava. Este era muito apegado ao tio que o criou depois que a mãe e o pai morreram num acidente. Os filhos da coronel adoravam ir à padaria para comerem as guloseimas que eram preparadas. Manoel nunca queria cobrar, mas tanto Andressa como Márcia faziam questão de pagar a conta. A coronel dizia sempre:
-- Família é família. Negócios à parte. Mas o que fazia a alegria do velho Giuseppe mesmo com a saúde um pouco alterada e da esposa, era a casa cheia aos fins de semana e durante também. E Manoel junto com o marido, faziam parte dessa festa em família.
À noite ambas estavam deitadas no chão da sala e Andressa falou:
-- Amor eu estava pensando uma coisa e acho que você vai gostar. Falou Andressa.
-- E o que você está pensando minha primeira dama? Perguntou.
-- Eu tenho muita vontade de conhecer Portugal, Itália e a Espanha, ou seja, a terra dos nossos avós. O que você acha da ideia?
Márcia olhou carinhosamente para a esposa e sorrindo respondeu:
-- Tudo o que você quiser minha primeira dama. Seu desejo é uma ordem, acho uma ótima ideia. Mas temos que consultar nossos filhos.
-- Claro meu anjo, lembre-se que aqui em casa fazemos tudo de comum acordo. Mas e se os outros quiserem ir como faremos?
-- Daremos um jeito, mas primeiro vamos conversar com nossos amigos e depois conversaremos com eles. O que você acha?
-- Ótima ideia também meu amor. Mas e os nossos pais se quiserem ir como faremos? – Afinal de contas o coronel Vaz Amorim quase não anda e a dona Marina não vai a lugar algum sem ele. O seu pai com problemas de diabete, a sua mãe às vezes a coluna dói e essa viagem é um pouco longa. Ainda bem que a minha mãe e o meu pai estão com boa saúde, porém, precisamos analisar todos os prós e contras dessa viagem. Mas se não der certo adiaremos para outra ocasião.
-- É amor nesse ponto você tem razão, precisamos analisar os prós e contras. Mas agora que tal fazermos um pouco de amor enquanto os nossos bens preciosos estão dormindo? – Porque daqui a pouco vai entrar um baixote de cabelos ruivos por aquela porta pedindo comida.
-- Ele é mesmo um fominha parece o Nicola, deve ser a convivência.
-- É mesmo aonde o Nico vai ele está atrás. Só não fica muito atrás do André, mas os três se dão bem.
-- Mas também amor o André tem um gênio muito difícil. Precisamos conversar com o nosso filho mais velho. Nem a Celina é assim!
-- Mas vamos dar um tempo pro nosso menino e aos poucos vamos conversando com calma. Tenho certeza que ele vai mudar um pouco, é só questão de tempo.
-- Assim espero meu amor, assim espero.
O tempo passava e com eles as coisas na casa da coronel iam ficando mais agitadas. Os filhos estavam estudando para as provas finais. Na sexta-feira quando chegou em casa, Antônia reclamou que estava com a barriga doendo. Celina chegou logo atrás e falou para a irmã:
-- Tônia vai tomar um banho que eu vou falar para a mamãe Andressa que você não está se sentindo bem. A irmã mais nova concordou com Celina e foi para o quarto que elas dividiam. Logo os meninos entraram em casa e a zorra estava armada. Em seguida Márcia chegou e assim que sentou à mesa perguntou para a esposa:
-- Meu amor onde está a nossa outra princesa?
-- Ah meu anjo eu esqueci de falar que a Antônia não quer almoçar. Não está se sentindo bem.
Márcia já se colocou de prontidão e perguntou para Andressa o que tinha acontecido e esta falou o que se passara com a menina. A coronel subiu para o quarto e bateu na porta.
-- Quem é ?
-- Sou eu filha, posso entrar? Perguntou a coronel.
-- Entra mamãe!
Quando Márcia entrou viu que a filha estava deitada de barriga para baixo e perguntou:
-- O que foi filha? – O que você está sentindo minha princesinha?
-- Minha barriga dói muito mamãe. Vai e volta e a minha calcinha está manchada de sangue e eu não sei o que aconteceu! – E eu não quis falar pra Celina porque os meninos estavam perto e iam ficar fazendo goz*ção, principalmente o tonto do Gabriel. Falou chorando para a coronel.
-- Hum e como é essa dor filha? – Você sente enjoo, mal estar?
-- Dói aqui mamãe, é só isso. Falou apontando o baixo ventre.
Márcia examinou a filha e chegou a conclusão de que a sua princesinha agora estava se tornando mocinha. Olhou para a filha e disse:
-- Minha princesa, isso que você está sentindo agora é a coisa mais normal que existe no mundo. Nós mulheres quando chegamos na idade sua e na da Celina, começamos a ter alguns sintomas que são naturais. Você vai perceber que o seu corpo está mudando, que sairão pelos nas pernas, embaixo do braço e em um certo lugar que com o tempo você descobrirá. Seus seios irão crescer e várias transformações ocorrerão e observar será a melhor solução. Cada mulher sabe as necessidades do seu corpo e o tempo ajudará você a compreender isso. Daqui para frente você vai sentir isso todos os meses, mas vai acabar se adaptando. Portanto, não precisa ter medo de contar para mim ou para a sua mãe. E a Celina sempre será além de irmã mais velha, sua amiga e confidente. Então meu anjo vamos por partes e se precisar conte comigo e com a mamãe Andressa. E agora que tal um banho bem gostoso, colocar uma roupa bem fresquinha porque está muito calor e depois de almoçar você vai tomar um chá de erva doce e repousar está bem?
Antônia ficou olhando para a mãe com os mesmos olhos azuis acinzentados da coronel e respondeu:
-- Está bem mamãe, mas eu estou sem fome!
-- Vamos fazer o seguinte então, que tal uma sopinha ou uma vitamina bem gostosa e depois você vai descansar. O que não pode é ficar sem se alimentar.
Depois de mais de duas horas entre a conversa e o banho, Márcia e a filha desceram e foram almoçar. Andressa quando viu as duas chegando na cozinha disse:
-- Nossa achei que os meus dois amores estavam dormindo! Exclamou olhando para Márcia e Antônia.
-- Não meu amor, nós estávamos conversando de mulher para mulher não é filha?
-- É sim mamãe. Respondeu Antônia que agora estava sentada no colo da coronel tomando sopa.
-- E o que as duas siberianas ai conversavam?
Márcia contou para Andressa o que ela e a filha haviam falado e a esposa da coronel ficou mais tranquila. Os meninos escutaram a conversa e começaram a cantar:
-- Antônia sujou a calcinha, Antônia sujou a calcinha.
A menina ficou irritada e respondeu para os irmãos.
-- Nicola, André e Gabriel, vocês são três idiotas, detesto vocês!!!!
Nicola ficou assustado e falou:
-- Calma Tônia a gente só estava brincando!
Foi a deixa para que a coronel chamasse os três e falasse:
-- André Roberto, Nicola Augusto e Gabriel Henrique. Vocês três a partir de agora estão de castigo para aprender a respeitar a sua irmã. Isso não é brincadeira que se faça e eu não vou admitir isso aqui em casa nem de vocês pra ela e nem ela pra vocês e isso, também inclui a Celina. Portanto os três já que almoçaram vão subir, tomar banho e fazer a lição de casa que tiverem para fazer, caso contrário vão dormir e eu não quero brigas porque senão eu pela primeira vez vou bater nos três. Estamos entendidos? – E agora peçam desculpas para a sua irmã. Me admira muito vocês André e Nicola que são os dois mais velhos fazerem uma coisa dessas.
-- Desculpa Tônia isso não vai mais acontecer! Disse André.
Nicola e Gabriel também disseram que não iriam mais brincar assim e depois de tudo esclarecido foram para o quarto, pois estavam de castigo até a hora do jantar.
Márcia olhou para Andressa e perguntou séria:
-- Alguma coisa contra Andressa?
-- Não meu amor, o castigo foi bem aplicado. Quem sabe eles começam entender que respeito se aprende dentro de casa e que eles são irmãos e não um bando de maloqueiros. Nessa casa tem regras e elas são para serem seguidas e cumpridas.
-- Andressa você sabe muito bem que eu amo com paixão nossos filhos, mas essas coisas eu não admito aqui em casa. Ou aprende de um jeito ou de outro.
Andressa não respondeu, apenas concordou com a cabeça e assim as coisas na casa delas continuavam em paz. Sim é claro que as crianças ainda dariam muito trabalho com as suas traquinagens, mas elas sabiam que ali reinava o verdadeiro amor, a cumplicidade e o principal, o respeito um pelo outro.
Fim do capítulo
Olá querida leitoras, estou de volta. Desculpem a demora mas tive alguns contratempos familiares com doença e vocês sabem que isso não é bom para ninguém.
Porém, tudo está se resolvendo na mais perfita ordem e com isso consegui escrever mais esse capítulo e postar para vocês. Espero que continuem gostando e que comentem.
Tenham um bom quase começo de semana e fiquem todas com Deus.
Obs: Drikka e Thaa.
As histórias de vocês estão divinas, não desmerecendo as outras, é claro.
Amor da minha vida esse capítulo é especial para você.
Bjs.
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