Nossa primeira parada no Sea World foi no show One Ocean. É o mais famoso dos shows de lá, estrelado pela baleia Shamu. Na verdade, pelas baleias da família dela né. Como o dia estava mais quente decidi que deveríamos sentar mais perto do tanque. O show inteiro foi incrível, mas o legal mesmo foi na hora em que as baleiam saltam próximo ao vidro e acabam dando um banho em quem senta por ali. E adivinhem quem se molhou? Valentina e eu nos divertimos enquanto Paty me olhava com uma cara nada amistosa.

                - Relaxa amor – eu disse olhando-a. – Ta mais fresco agora não tá? – disse rindo.

                - Mamãe tá toda moiada – Vavá disse rindo.

                - Você tá rindo né mocinha! Deixa só vocês duas comigo.

                Saímos de lá e seguimos em direção ao Empire of the Penguin, que explica como funciona a vida dos pinguins no polo sul. E no final do trajeto pudemos observar vários pinguins bem de pertinho.

                - Mamãe poque eles anda tão englaçado? – perguntou Vavá.

                - Por que eles têm os pés bem curtinhos, filha – Paty respondeu.

                - Eu quelo anda igal pinguim – disse juntando os pezinhos dela e imitando-os. Era engraçado de ver. Valentina era tão inocente. Minha vontade era que ela permanecesse assim para sempre. De lá fomos para o temido encontro com os tubarões. Particularmente, eu acho os tubarões os animais mais incríveis do oceano. É lógico que são assustadores, mas são tão belos e imponentes, são magnificas criaturas que dominam os mares. E eu adorava velos nadar. É claro que eu não seria louca o bastante para entrar no mar ao lado de nenhum Vamos ser racionais né, uma coisa é achar bonito e outra é arriscar sua vida. Valentina ficou um pouco assustada, pois havia alguns realmente grandes, com dentes enormes.

                - Eu quelo i embola – pediu esticando os bracinhos para Paty que pegou-a.

                - Nós já vamos filha – respondeu a ela. Aproveitei que Paty estava com Valentina no colo e fiquei um tempo admirando os animais no túnel submerso. Era mesmo lindo vê-los. De lá resolvemos almoçar. E nossa tarde começou com o uma apresentação dos golfinhos com seus treinadores. Eles são incrivelmente velozes e saltam muito.

                - Está gostando Vavá? – perguntei a ela.

                - Eles é muitoo lindo! Eu quelo um pla mim! – disse referindo-se aos golfinhos.

                - Ai meu Deus! – pensei.

                - Amor você não pode ter um golfinho. Eles precisam de muito espaço pra nadar. – Paty respondeu a ela.

                - Eu podi po ele na piscina do pledio da mamãe Ana ué! – Respondeu como se fosse a coisa mais simples do mundo. Paty começou a rir.

                - Já imaginou um golfinho na piscina do condomínio? – Disse gargalhando.

                - Amor se você não vai ajudar não atrapalha mais – eu disse, mas no fundo era interessante imaginar um golfinho saltando ali. - Os vizinhos já me acham louca sem um golfinho na piscina. - Completei. 

                - Pelo menos você seria uma louca com um golfinho fofinho! – Disse zoando de minha cara.   

                - Hahaha engraçadinha – disse puxando-a para um beijo e Valentina ficou no encarando.

                - Poque vocês beja tanto hein! – disse olhando-nos.

                - Por que a gente se ama – respondi – E quando a gente ama alguém a gente enche a pessoa de beijos igual eu vou fazer com você agora – disse avançando sobre ela despejando vários beijos. Ela escondeu o rostinho no pescoço de Paty e começou a rir.

                - Pala mamãe! – pedia rindo – Pala... pala. – afastei-me e quando ela levantou o rostinho peguei-a de surpresa e beijei sua bochecha. Como ela havia gostado dos golfinhos resolvemos leva-la até o tanque onde ela poderia brincar com eles junto cos tratadores. Os golfinhos eram dóceis e tiramos fotos incríveis da interação dos dois. Numa delas, o golfinho dava um beijo nela. A foto ficou incrível e com certeza viraria uma das minhas favoritas. Paty e eu também entramos na onda e nos divertimos com os animais. Antes de sairmos perguntei a treinadora se seria possível tirar uma foto de nós três juntas com os golfinhos e ela confirmou. Enquanto um dos treinadores chamou o animal deixando-o próximos a nós ela bateu a foto. Essa com certeza ganharia um porta-retratos especial em nossa casa.

                Na lojinha de suvenirs, acabamos exagerando um pouco nos gastos. Eu escolhi para mim um par de pantufas de tubarão. Paty escolheu uma camiseta e um boné para ela e Valentina foi a que mais nos fez gastar. Escolheu pantufas de pinguim, uma pelúcia de golfinho um chapéu em formato de baleia, que ela colocou na cabeça e só retirou na hora de dormir. Estávamos na fila do caixa quando ela saiu correndo de perto de nós e Paty foi atrás dela. Em poucos segundos ela voltou arrastando uma tartaruga de pelúcia pelo chão. Olhei para Paty me perguntando para que tanto ursinho e ela apenas apontou para a pequena.

                - Outro ursinho filha? – perguntei a ela.

                - Calo que não né mamãe! – respondeu cheia de razão – a taltaluga é plesente pa Lolena!

                - Ah pra Lorena? – perguntei e ela esticou o ursinho para eu segurar. – E você não acha que as suas outras amiguinhas vão ficar com ciúmes se você leva presente só pra Lorena.

                - Eu num sei! – disse erguendo as mãozinhas em sinal de desentendimento -  Eu só sei qui a Lolena gosta de taltaluga. Ela tem uma taltaluga na casa dela – completou.

                - Se ela já tem uma tartaruga por que você vai levar outra?

                - Ai mamãe! – balançou a cabeça negando como se aquela fosse pergunta mais óbvia do mundo – poque ela num podi domi tum a ota taltaluga né!

                - Ahhh entendi – respondi pegando o ursinho e Paty ria de nossa conversa.

                - Entendeu agora amor? – disse tirando sarro da minha cara. Sorri enquanto Valentina me olhava.

                - Tô começando a entender – eu disse dissipando meus pensamentos. Saimos mais cedo de lá e seguimos para o Lake Eola Park, um grande parque no centro de Orlando. Era um lugar lindo. Arrumamos um lugar para no sentar no gramado.

                - Mamãe blinca tumigo?

                - Vamos brincar de que? – Paty perguntou.

                - Pega pega – falou já tocando nela e saindo correndo – Tá tum você! – gritou.

                - Assim não vale – Paty se levantou correndo atrás dela. Valentina se desviava e Paty fazia de conta de que era enganada por ela, ate que finalmente alcançou a pequena e pegou-a jogando seu corpinho ao alto. Eu estava sentada quando ela veio até mim e me deu um tapinha.

                - Agola ta tum você – correu  e eu corri atrás das delas. Ela parava e virava de costas mexendo a bundinha e gritando.

- Você num pega eu! Você num pega eu!

No finalzinho da tarde fizemos um passeio de pedalinho e depois comemos cachorro quente numas barraquinhas que tinha ali. Já a noite, ficamos assistindo ao show que acontecia ali e apreciando a bela fonte com luzes coloridas no centro do lago. Retornamos ao hotel por volta das 21:00hrs da noite.

- Mamãe eu quelo i no banheilo – pediu ao chegarmos no quarto. Paty levou-a e enquanto eu me joguei na cama sentindo meu corpo relaxar. Eu podia ouvir a conversa das duas de lá.

- Já acabei – Valentina disse.

- Vem aqui limpa o bumbum. – chamou-a.

- Espela ai mãe! – disse apertando a descarga. – Xau coco! – falou me fazendo sorrir sozinha no quarto. Alguns segundo depois ela voltou correndo e se jogou sobre mim. com as mãozinhas ela afastou meus cabelos da orelha e colou sua boquinha no meu ouvido.

- Você nem sabo... Eu fiz tlês coco – contou no meu ouvido como se fosse um segredo e eu olhei espantada para ela, segurando a vontade de gargalhar.

- Três? – Disse fingindo espanto – Nossa é muito coco pra um menina tão pequena. - Ela gargalhou de minhas palavras como se aquilo fosse a maior piada.

- Valentina vem pro banho! – Paty entrou no quarto chamando ela.

- Eu quelo toma banho com a mamãe Ana.

- A mamãe não vai toma agora – respondeu-a – Vem logo, vem!

- Eu quelo a mamãe! Eu já tomei banho tum você onti. – disse fazendo Paty bufar. – Você ouviu ela né! – disse com um olhar mandão. Levantei da cama e peguei Valentina jogando-a em meu ombro.

- Vamos dar banho nessa porquinha – Falei seguindo para o banheiro com ela. Entrei com ela na banheira e sentei-me para ficar de sua altura.

- A mamãe vai te ensinar a tomar banho sozinha tá! – disse e ela concordou. Despejei um pouco do sabonete dela na esponja.

- Aperta a esponjinha pra faze espuma – disse e ela fez. – Você vai fazer igual a mamãe tá? – Pus sabonete na minha esponja e comecei esfregando meus braços. Ela repetia meus gestos. Passei para o pescoço e a barriga. Desci para a pernas e esfreguei bem os pés.

- Lava os dedinhos também filha – disse mostrando a ela como esfregar entre os dedos. – Não esquece o bumbum e a florzinha – disse me referindo às suas partes intimas -  Tem que lavar com cuidado pra não machuca tá!

- Você também tem folzinha? – perguntou.

- Sim. Todas as meninas tem florzinha! – Eu disse.

- E poque o meu papai faz xixi de pé?

- Por que o seu papai é menino e menino é diferente de menina.

- Poque é difelente?

- Por que os meninos não tem florzinha!

- E o que eles tem?

- Amor! – gritei Patrícia no quarto para me ajudar a responder. Ela apareceu na porta sorrindo.  – Uma ajudinha aqui? – quase implorei e ela sorriu se aproximando.

- Filha, os meninos fazem xixi de pé por que eles têm um canudinho no lugar da florzinha. – disse pegando a toalha e parando ao lado da banheira. – Vem se enxugar!

- Obrigada! – eu disse baixinho para Paty e ela sorriu. Aproveitei que a banheira estava cheia e fiquei ali por uns minutos relaxando meu corpo na agua morna. Mas foram poucos minutos mesmo por que assim que estava de pijama Valentina veio me chamar para deitar com ela. Enxuguei meu corpo e pus a roupa de dormir, deitei-me ao lado dela enquanto Paty ia se banhar. Ela agarrou uma mecha do meu cabelo e colocou o coelho dela debaixo da cabeça. Ficou ali, me olhava e sorria, várias vezes, até que seus olhinhos começaram a se fechar e ela adormeceu. Quando Paty entrou no quarto aproximou-se para troca-la de cama.

- Deixa ela aqui amor... só mais um pouquinho – pedi olhando-a dormir. Ela tinha um soninho tão tranquilo e gostoso. Era a coisa mais gostosa de se olhar. Paty deitou-se as minhas costas e envolveu meu corpo num abraço quente.

- Eu costumava ficar olhando pra ela assim... logo que ela nasceu. Às vezes, eu acordava de madrugada e ficava um tempão só olhando para ela, cuidando dela, com medo de que de repente ela pudesse passar mal, ou parar de respirar, ou qualquer coisa.

- Vamos ter outro filho! – Disse virando meu corpo em direção a ela.

- Outro filho? – respondeu com a testa enrugada em dúvida.

- Eu sei que você deve tá imaginando que é cedo ainda, a gente mal se casou, mas eu quero viver tudo isso com você amor. Todas essas sensações, esses medos. Eu sei que terei muitas preocupações com ela ainda – disse me referindo a Vavá – mas eu também quero sentir as outras. As que eu não pude viver ao seu lado por que fui egoísta demais. A Vavá já vai fazer 5 aninhos e seria legal se a diferença de idade entre elas não fosse tão grande. – ela olhou-me pensativa. – Isso não vai ser hoje nem amanhã amor. Mas quem sabe daqui uns meses. Vamos pensar nisso com carinho? – pedi.

-  Vamos ter! – ela respondeu me surpreendendo – Não preciso pensar. Eu vou amar ter um filho com você.

- Ou filha né – disse sorrindo e ela sorriu junto. No fim das contas deixamos Valentina dormindo em nossa cama e acabamos dormindo na dela. Aproveitamos para namorar um pouco, claro que com cuidado para não sermos surpreendidas por nossa pequena curiosa. Acabamos adormecendo nuas. Senti algo se movendo em minha pernas, subindo pela cama e assim que abri os olhos deu de cara com Valentina. Será que tem algum reloginho que toca na cabecinha dela e faz com que ela sempre acorde antes de nós? – pensei.

- Ta na hola de acoda – disse baixinho.

- A mamãe já vai acorda – disse fechando meu olhos outra vez.

- Poque vocês domilam sem ropa mamãe? – disse entrando debaixo do lençol e me fazendo despertar instantaneamente.

- A mamãe tava com muito calor de noite – eu respondi. Ela sentou-se na cama jogando seu corpo sobre o de Paty que nem sequer se moveu e apenas resmungou algo.

- Quando eu to tum caloe a mamãe liga o aizinho pla mim – disse. – Aqui não tem aizinho? – perguntou. Eu estava desconfiada que a missão da missão da vida dela era me pôr em situações difíceis.

- A mamãe nem lembrou do arzinho filha – respondi e Paty deu uma risada contida, indicando que estava ouvindo toda a conversa. Valentina se esqueceu de mim e passou a mexer com Paty. Sai da cama primeiro, troquei de roupa e fiz minha higiene matinal. Comecei a arrumar Valentina enquanto Paty se trocava. Hoje era dia de conhecer os a Universal Studios.

Começamos na parte mais concorrida é claro, o Diagon Alley, que nada mais é que o famoso Beco Diagonal dos filmes de Harry Potter. A estrutura era incrível e você se sente dentro do filme. De lá fomos para uma mistura de montanha russa com simulador 3D, onde o objetivo era escapar de dentro do Gringots Bank. Foi uma experiência bem legal. Conhecemos o Money Exchange, lugar onde você pode comprar dinheiro bruxo, ou apenas conhecer os duendes do filme. Entramos as lojinhas e restaurantes dali para conhecermos. No Ollivandres, compramos uma varinha para Vavá. O legal de lá é existem algumas varinhas interativas, que te permite fazer mágica em alguns pontos do parque. É claro que Valentina adorou esse fato. Cada lugar que passávamos ela queria usar sua varinha. Compramos também diversos doces que são mostrados nos filmes dele. Quando estávamos saindo para conhecer outras partes do parque o dragão que fica sobre o Gringots Bank soltou uma rajada de fogo pela boca, assustando nossa pequena. Era um efeito especial muito incrível de se ver. De lá seguimos para o simulador dos Minions. Valentina não queria sair do brinquedo quando acabou e foi difícil retira-la. Passamos o dia todo na Universal e só fomo para o resort no começo da noite. Eu queria voltar até a parte do Harry para ver o dragão soltar fogo a noite, mas Paty estava cansada então deixei para o dia seguinte, já que estaríamos na Islands of Adventure, e poderíamos voltar para ali. E foi o que fizemos.

No dia seguinte fizemos como na Universal, e começos pela área do Harry Potter, mas especificamente pelo castelo. Passamos a manhã e boa parte da tarde ali, almoçamos no restaurante 3 vassouras e Paty e eu experimentamos a Butter Beer, ou seja, a famosa cerveja amanteigada do filme. Nós gostamos, apesar de achar um pouco doce demais. Era muita coisa para se ver em pouco tempo. No fim tarde pegamos o Hogwarts Express, um trenzinho que leva até a Universal e dessa vez eu pude ver o dragão soltando fogo à noite. Era algo incrível. Durante o passeio, compramos um robe para Vavá e ela ficou a coisa mais linda vestida de bruxinha. Acho que era a bruxinha mais linda do mundo inteiro. Difícil foi fazê-la tirar o robe na hora de dormir. Já deitadas, Paty e eu conversamos sobre os nossos dias em Orlando. E em como tudo estava sendo maravilhoso. Tínhamos mais 3 dias de viagem ainda e os deixamos reservados para compras.

A lista de pedidos era enorme. Era pedido da Júlia, da Flávia, dos meus pais além dos nossos é claro. Eu precisava de uns equipamentos novos para trabalhar e aproveitaria para comprar ali, já que era mais barato do que no Brasil. Tivemos que comprar outra mala para conseguir guardar tudo. No ultimo dia resolvemos ficar no resort mesmo. Descansar antes de enfrentar mais longas horas de voo. Curtimos a piscina e a tarde saímos para caminhar. No começo da noite, já no aeroporto, recebi uma mensagem de minha irmã.

“Tudo resolvido. Ficou lindo! Espero que goste. Encontramos vocês amanhã em Guarulhos! Bjos ”

- Ótimo – falei alto.

- Quem é amor?

- A Júlia. Disse que vai nos esperar amanhã no aeroporto. – respondi sentando-me ao seu lado. Valentina já começava a apresentar sinais de sono. Havíamos dado o dramim a ela mais cedo. Foi o tempo suficiente para entrar no avião e ela cair no sono. Aquela viagem tinha terminado, mas eu sabia que ainda realizaríamos muitas outras. Paty e eu dormimos logo depois que o avião decolou e só acordamos quando já estávamos perto de pousar. Vavá ainda dormia tranquilamente. Quando finalmente pousamos e pegamos nossas malas, seguimos até a saída. Valentina saiu correndo assim que viu minha irmã se jogou nos braços dela.

- Que saudades de você princesinha – Júlia disse ao nos aproximarmos. – E que roupa é essa? – perguntou olhando-a. Ela estava usando o roupa de bruxinha e com a varinha na mão.

- Eu sou uma bluxa tia Júlia. Que ve uma magica? – disse e Júlia balançou a cabeça. 

- Abacadaba... pena de caba... agola você é um cachorro! – disse tocando a varinha na minha cabeça e eu fiquei estática.

- Cadê a magica? – ela perguntou para mim!

- Au au – respondi imitando um cachorro e Júlia e Flávia caíram na risada. Flávia parecia que ia ter um ataque de tanto que ria.

- Será que podemos deixar ela assim pra sempre – disse olhando-me e devolvi a ela um olhar fulminante.

- Trás a mamãe de volta filha – Paty disse.

- Abacadaba... pena de caba... volta a mamãe!

- Preciso de uma varinha dessas – Júlia disse olhando para mim e sorrindo. Abracei minha irmã e depois abracei minha amiga, apertando-a forte.

- Eu também estava com saudades sua Aninha. – disse com dificuldade e voltando a rir.

- Você não perde por esperar Pocahontas! – disse afastando-me dela, que sorriu ignorando minhas palavras.

- Vamos? – Júlia chamou-nos. Seguimos ate onde o carro estava e após ajeitarmos tudo elas nos levaram até nossa casa.

- Amor, precisamos acertar os detalhes da minha mudança pra cá – Paty disse encostada em meu ombro.

- Vamos sim amor – respondi. Assim que paramos na porta do meu apê Júlia retirou as chaves dele de sua bolsa e entregou-as a mim. Paty olhou-me e antes que pudesse dizer algo eu abri a porta dando passagem a ela, primeiramente. Ela olhou tudo com encantamento. Eu havia pedido a Júlia para cuidar da mudança de Paty enquanto estávamos em Orlando e minha acertou tudo para mim. O apartamento estava lindo. A decoradora mesclou alguns moveis meus com os de Paty. Fez um upgrade no local deixando-o muito agradável e com uma energia revigorante.

- Gostou? – perguntei a ela.

- Você precisa parar de fazer isso comigo Cecília – disse me abraçando apertado.

- Acostume-se com isso – completei. – por que eu não vou parar nunca!

- Filha vem conhecer o seu quarto – eu disse pegando-a no colo e seguindo até onde meu antigo quarto de hóspedes. Todas as coisinhas dela estavam ali, exceto a cama que eu havia mandado trocar. Paty veio junto conosco e começou a sorrir ao ver tudo. Na parede ao lado da cama eu mandei grafitar as princesas Elsa e Ana com o Olaf e ao fundo delas o castelo da Elsa junto a uma montanha de gelo. O desenho ficou espetacular os olhinhos de Valentina brilhavam de felicidade. O resto do quero estava repleto de adesivos de paredes, com os personagens do filme e flocos de neve. Os lençóis e travesseiros dela também seguiam o tema. Coloquei-a no chão para que pudesse ver tudo mais de perto.

- Eu já disse o quanto te amo? – Paty disse me abraçando e observando comigo a felicidade da pequena.

- Ainda não! – respondi e ela sorriu.

- Eu te amo infinitamente – disse me apertando.

- Isso é impossível. O infinito já está ocupado pelo meu amor – disse olhando-a. – Te amo também. Deixamos Valentina ali e retornamos para sala onde Flávia e Júlia estavam.

- E ai ela gostou? – Flávia perguntou.

- Adorou. – respondi.

- Foi você quem fez tudo isso? – Paty perguntou a Júlia.

- Eu só acompanhei. A ideia toda foi da Ana. - Me aproximei de Júlia abraçando-a com carinho.

- Obrigada por tudo! – disse a ela – Me passa depois a sua conta pra eu devolver o dinheiro que você gastou aqui – pedi.

- Não precisa se preocupar com isso – respondeu – Considere isso como um segundo presente de casamento.

- Teve um primeiro? – eu disse franzindo a testa.

- O primeiro esta no quarto de vocês! – apontou a porta fechada no fim do corredor. – Vamos amor? – chamou Flávia que conversava com minha esposa. Ela seguiu para perto de minha irmã e saíram de mãos dadas. Era tão fofinho ver as duas juntas. Flávia tratava Júlia com todo amor do mundo. Fechei a porta e puxei minha esposa para um beijo carinhoso. Estavam na porta do elevador quando lembrei de algo.

                - Júlia! – gritei e ela olhou para trás. – Espera um pouco – disse entrando em casa e buscando algo dentro da minha mala. Voltei e entreguei o pacote a ela.

                - O que é isso? – perguntou curiosa.

                - Abre! – pedi e ela abriu. Retirou a embalagem do presente e ao perceber o que era seus olhos marejaram me olhando.

                - Eu sei que não é a mesma caixinha de musica que a Larissa te deu, e que essa não pode substituir aquela que eu quebrei, mas eu espero que ela possa te trazer um novo sentido. E que você saiba que eu realmente sinto muito por ter feito o que fiz.

                - Oh Aninha! – disse me abraçando e deixando algumas lágrimas escorrerem de seus olhos. – Eu amo você maninha. Amo muito você!

                - Eu também amo muito você Jú. Mais que tudo! – disse ainda abraçada a ela. Afastou-se de mim e limpou o rosto.

                - Até mais! – disse quando o elevador chegou – e obrigada! – levantou o pacote. Voltei para perto de Paty e ela sorriu docemente.

                - Júlia disse que tem um presente para nós. No quarto. – disse a ela.

                - Vamos ver o que ela aprontou agora – disse me puxando pela mão. Quando abriu a  porta ela estancou. Havia uma placa de vidro enorme pendurada na parede, com uma foto nossa, em preto e branco, do momento em que trocávamos nossos votos. Nossos olhos estavam presos um ao outro e a foto captava toda a emoção que sentíamos ali. No rodapé da foto havia mais quatro fotos, em tamanho menor, com a borda de um filme como decoração. Todas as fotos mostravam, de forma resumida, momentos importantes do nosso casamento.

- Ualll – eu disse – Ela se superou dessa vez – admiti. Júlia tinha conseguido me surpreender.

- Acho que ela está aprendendo isso com você – disse Paty virando-se para mim e me dando um selinho.

- Vamos aproveitar e desarrumar as malas? Tem tanta coisa pra arrumar.

- Vamos. Mas antes eu quero um beijo da minha esposinha linda! – puxei-a para perto e nossas bocas se buscaram com paixão, esquecendo-se do tempo, perdendo-se no amor que um simples beijo era capaz de transparecer.

Finalmente nossas vidas iriam começar. Éramos uma família feliz, nossa casa estava organizada e tínhamos tudo para crescer juntas.  Aquele era o nosso começo, que mesmo tendo sido retardado pela vida, aconteceu. Eu demorei quatro anos da minha vida para aprender que são nossas escolhas que constroem o amor. Hoje, eu agradeço a Deus todos os dias pela segunda chance que eu tive. Hoje eu aprendi a amar o que é meu. E eu cuidarei desse amor todos os dias da minha vida.

 

4 meses depois...

 

Estávamos todos reunidos para a ceia de Natal. Minha mãe tinha preparado nossas comidas favoritas. Flávia tinha ficado em São Paulo ao invés de ir para o interior.

- Sua mãe não ficou chateada por você ficar aqui? – perguntei a ela.

- Não! Além disso nós vamos passar a vira de ano lá – disse referindo-se a ela e Júlia. Seria a primeira vez que minha iria conhecer a família de Flávinha.

- Aninha tu tá com peitos maiores! – ela disse olhando para o meu decote.

- Ow! Tu ta olhando pros meus peitos sua tarada.

- Como assim amor – Júlia disse olhando-a.

- Oxe como se eu nunca tivesse visto seus peitos antes né! Até parece que é novidade! – disse relaxada e nos fazendo rir. Flávia era uma comédia mesmo.

Após o jantar chegou a hora mais esperada por Valentina, que estava conosco, a entrega dos presentes. Foi a maior loucura nessa hora, embora a maior parte dos presentes debaixo da arvore que meus pais tinham montado fossem dela. Júlia e Flávia trocaram os presentes delas primeiro enquanto nós apenas olhávamos. Depois foi a vez dos meus pais e finalmente chegava a nossa vez.

- Feliz Natal amor – Paty disse me entregando uma caixinha. Abri-a.  Dentro dela havia um colar de ouro com um pingente de uma ancora. Era lindo. - Para o meu porto seguro! – ela completou. 

- Amei o presente princesa. Coloca em mim?  – pedi virando-me de costas. Ela colocou e voltei a olha-la. Segui até a arvore e peguei uma caixa enorme que tinha ali. Entreguei a ela olhando-a sem parar.

- Espero que goste do seu. – Paty retirou a embalagem de presente e abriu a caixa. Retirou dela uma caixa menor e já me olhou inquieta. Abriu e retirou outra caixa. E outra até chegar na sétima caixa. Essa era pequena e estava embrulhada em papel dourado com um laço de fita vermelho. Abriu a caixinha e encontrou um papel junto ao presente. Leu-o atenciosamente e sem seguida olhou-me com amor. Pegou o presente nas mãos e aproximou-se de mim.

- Você tá grávida! – disse mostrando os sapatinhos de bebê e todos olharam para mim esperando a resposta.  Balancei a cabeça confirmando e ela se jogou nos meus braços envolvendo meu pescoço. Recebi-a em meus braços girando com ela, comemorando a novidade.

- Eu vou ser tia outra vez? – Júlia perguntou.

- Eu serei avô! – meu pai gritou na sala abraçando minha mãe e nos fazendo rir. Coloquei Paty no chão e busquei seus olhos.

- Quando você soube? – ela perguntou. - Eu achei que...

- Eu também achei... e eu só tive certeza a três dias atrás. Como estávamos perto do natal quis te fazer uma surpresa. – expliquei a ela. Nós havíamos feito a inseminação em mim a dois meses atrás. Como a médica havia nos dito que nem sempre se conseguia de primeira não fiquei muito ansiosa e como eu tive um sangramento achei que não tivesse dado certo. Contudo, os dias passaram e no mês seguinte minha menstruação não veio, o que me deixou intrigada.

- E que surpresa! – ela disse tocando meu rosto. Valentina se aproximou de nós e nos abaixamos até ela.

- Eu vo te um imãozinho? – perguntou-nos.

- Sim filha – Paty respondeu – a mamãe Ana vai ter um bebê.

- E quando ele fica plonto? – perguntou fazendo todos rir.

- Ele ta aqui dentro da barriguinha da mamãe amor – disse levando sua mãozinha ate minha barriga. – Ele vai cresce bastante, ficar forte e depois ele nasce.

- E como ele entlou ai? – perguntou.

- Ai meus Deus – falei alto e todos riram. Paty pegou-a no colo e sentou-se com ela no sofá.

- Filha mais tarde a mamãe te explica tudo com calma tá? – disse e ela balançou a cabecinha aceitando.

- Ai meu Deus! Por isso os peitos dela tão crescendo! – Flávia comentou alto e fez todos gargalhar.

- Filha você está de quanto tempo? – minha mãe perguntou.

- Ainda não sei direito mãe. Eu agendei uma consulta com uma obstetra pra semana que vem.  

O resto na noite teve toda conversa voltada para minha gravidez. Meus pais me enchiam de pergunta, Paty me enchia de cuidados e Júlia e Flávia já faziam planos para quando o bebê nascesse. Na semana seguinte, Paty me acompanhou na clinica para a consulta.

- Bom dia Dra. Elisa.

- Bom dia mamães – ela respondeu nos deixando bem a vontade. – Vamos conhecer o seu bebê? – disse despejando o gel sobre a minha barriga. Pegou o aparelho e colocou sobre ela espalhando-o. Paty se mantinha ao meu lado, segurando minha mão o tempo todo.

- Esse é som do coraçãozinho dele – disse e ao ouvir aquele coraçãozinho batendo tão forte e rápido meus olhos se encheram de lágrimas. O som das batidas era meio confusa mas era tão emocionante. Ela franziu a testa e forçou a visão na tela me deixando preocupada.

- Tá tudo bem com o bebê Dra? – ela permaneceu em silencio por uns segundos e depois sorriu virando a tela para nós.

- Está tudo ótimo... e parabéns! Vocês serão mães de gêmeos! – disse-nos.

 

 

Continua...

Fim do capítulo