- Minha vez - murmurei colocando meus pensamentos em ordem - Sou agente da CIA - nos próximos minutos narrei todo o caso que me levou até lá  e quem eu realmente sou.

 - Adriana Robinson? - questionou.

 - Sim.

 - E alguma coisa entre nós foi real? - seu tom era magoado.

 - Foi sim, foi a coisa mais real que aconteceu enquanto eu estiver aqui! Levei muito tempo para entender isso, mas eu percebi e quando eu encontrei o Caleb, foi a desculpa perfeita para voltar.

 - Eu realmente pensei que você estivesse morta - suspirou - quando você desapareceu, eu fui atrás dela, foi a primeira vez que a enfrentei, bati muito nela - riu - acabei apanhando bastante também - fez uma careta - as coisas só não ficaram piores por causa do Caleb, ele interrompeu a briga.

 - E depois?

 - Sai do hospital, não conseguia mais olhar para o sorriso irônico dela - abaixou os olhos - não aguentei ela ter tirado mais uma pessoa importante para mim.

 - Eu sinto tanto Amanda, jamais imaginei que isso poderia acontecer.

 - Agora não tem importância, você está aqui.

 - Não posso ficar aqui, moro no Canadá. Vem comigo, nada te prende aqui mesmo - Amanda abriu um largo sorriso e me beijou, ah, aquele beijo. Como senti falta.

 - Claro que vou, posso ir trabalhar no mesmo hospital que o Caleb - planejou animada.

 - Sim - sorri com sua empolgação, por mais que parecesse precipitado, eu não quero perder mais tempo do que já perdemos - você já tomou café hoje?

 - Não - fez uma carinha culpada.

 - Não me admira você estar tão magra, vamos ao mercado.

 Pegamos seu carro e seguimos em direção ao mercado, a pediatra me enchia de perguntas e eu saboreava o som da sua voz.

 Com um carrinho íamos pegando o necessário, parecíamos um casal e eu gostei da ideia.

 - Dri, qual leite? - perguntou com duas caixas na mão.

 - Esse aqui - peguei um e beijei sua bochecha.

 Amanda corou e continuamos, só comprei coisas saudáveis e ela torcia os lábios para as minhas escolhas. Já em sua casa, preparei seu café e fiz ela comer até não aguentar mais.

 - E agora, chefe? - brincou.

 - Agora você vai deitar e dormir muito - a puxei em direção as escadas - qual é o seu quarto? 

 - Esse - abriu a porta - não quero dormir - me abraçou - quero ficar grudada em você.

 - Iremos ficar grudadas enquanto dormimos, acordei muito cedo - deitei na cama e dei um tapinha do meu lado - vem.

 Nos acomodamos, sua cabeça repousava em meu peito e eu fiz carinho em seu cabelo.

 - Promete estar aqui quando eu acordar?

 - Você me faz prometer coisas demais - beijei sua testa - isso eu prometo com prazer, durma sossegada que estarei aqui quando você acordar.

 - Obrigada.

 Sua respiração ficou calma e percebi que ela já tinha dormido, cheirei seus cabelos e sorri. Fechei meus olhos e me entreguei nos braços de Morfeu. 

 - Dri, acorda. Seu celular está tocando - abri os olhos e Amanda me encarava apaixonadamente.

 - Dri? - murmurou.

 - Oi?

 - Seu celular está tocando.

 - Ata - saí da cama e peguei a bolsa, vasculhei até o encontrar, mas a chamada caiu.

 Meio minuto depois voltou a tocar. Daniel, revirei os olhos.

 - Fala.

 - VOCÊ SABE QUE HORAS SÃO? - tirei o celular do ouvido e consultei a hora.

 - 14:11.

 - Exatamente, você não me ligou. Fiquei preocupado.

 - Que fofo, está tudo bem, Dan. Acabamos dormindo.

 - Afogou o ganso né, safada - revirei os olhos - para de trans*r e me apresenta a minha cunhada.

 - Ta bom, daqui a pouco a gente chega, tchau - desliguei.

 - Problemas? - fitei a pediatra, seus cabelos estavam bagunçados deixando ela um tanto sexy.

 - Não - pensei na possibilidade de deitar e ficar na cama o dia todo - meu amigo quer te conhecer.

 - Certo, vou tomar um banho e vamos - me deu um selinho.

 Fui para a sala e a esperei terminar, ouvi o som dos passos e a fitei, sua beleza é ímpar. Senti a gravidade me puxando de encontro a ela e cobri seus lábios com os meus.

 - Vamos? - suspirei e assenti.

 Indiquei nosso apartamento e coloquei uma música.

 - E sua filha? - lembrei.

 - Ah, Helen, ela tem 17 anos. Uma adolescente rebelde, mora com o pai no Texas - me olhou rapidamente - você quer ter filhos?

 - Sim, pelo menos dois.

 - Um meu e um seu - arqueou as sobrancelhas.

 - Nada me faria mais feliz que isso - aproveitei que o farol fechou e a beijei.

 Sorrimos uma para a outra e olhei pela janela, o sol estava indo embora, começou a tocar uma melodia familiar

 A  Thousand Miles - Vanessa Carlton

Making my way downtown, walking fast 

Faces pass and I'm home bound 

Staring blankly ahead, just making my way 

Making a way through the crowd

Indo para a cidade andando rápido

Os rostos passam e eu estou indo para casa Olhando distraidamente para a frente só no meu caminho 

Seguindo o meu caminho através da multidão

 Amanda começou a cantar e eu sorri, olhou em meus olhos e continuou cantando.

And I need you 

And I miss you 

And now I wonder 

E eu preciso de você 

E eu sinto sua falta 

E agora eu pergunto

 Sorri mais ainda e cantei também.

If I could fall into the sky

Do you think time would pass me by

'Cause you know 

I'd walk a thousand miles 

If I could just see you 

Tonight

Se eu pudesse cair no céu 

Você acha que o tempo passaria para mim 

Porque você sabe que eu andaria mil milhas 

Se eu pudesse apenas vê-lo 

Hoje à noite

 Nos viramos uma para a outra e cantamos:

It's always times like these when I think of you 

And I wonder if you ever think of me

'Cause everything's so wrong and I don't belong Living in your precious me-mo-rys

É sempre em momentos como estes que eu penso em você 

E eu me pergunto se você nunca pensa em mim Porque tudo é tão errado e eu não pertenço a esse lugar 

Vivendo em suas preciosas lembranças

 - É uma linda música - comentei quando terminamos de cantar.

 - Sim, pena que me lembro das Branquelas toda vez que ouço - fez uma careta.

 - Agora nós podemos lembrar desse momento - o carro parou - vamos construir novas memórias.

 - Nossas memórias - me deu um selinho estalado - chegamos, madame.

 Subimos até o meu quarto e abri a porta, Daniel estava deitado na minha cama e eu tossi chamando sua atenção.

 - Finalmente, achei que vocês iam goz*r até secarem - discreto.

 - Para com isso, Dan essa é a Amanda, Amanda esse é o Daniel - fiz as apresentações.

 - Quais suas intenções com ela? - Daniel fez uma cara de homem bravo.

 - Irei me casar com ela - Amanda respondeu para o Daniel, mas seus olhos estavam em mim.

 - Awn, serei a madrinha. Não se atreva a chamar outra pessoa, Adriana.

 Corei e suspirei, Amanda era um encanto e ela nem precisava se esforçar.

 - Vou só pegar umas coisinhas - Daniel falou indo em direção ao banheiro.

 Sentei na minha cama e chamei a Amanda.

 - Ele parece ser um amor - passou o dedo na ponta do meu nariz.

 - É sim, você vai adorar ele.

 - Prontinho - Daniel saiu do banheiro.

 - E o seu encontrou?  Como foi? - perguntei a ele.

 - Ah, ótimo. Vocês estão sentadas no meu ninho de amor.

 - Eca - pulei para fora da cama e sentei na dele - que nojo, Daniel!

 - Fiz aí também - deu um sorrisinho descarado.

 - Droga, vou ter que trocar esse lençol - fiz cara de nojo - vamos lavar nossas mãos, Amanda. 

 Ela veio atrás de mim rindo, depois nós​ três fomos para o seu carro e Amanda nos levou em um restaurante. Os dois se deram tão bem que eu só fiquei observando a interação dos dois.

 - Me diz uma coisa - Dan ficou sério e fitou a Amanda - estava com muitas teias? - e começou a gargalhar como uma hiena drogada.

 A pediatra me olhou buscando entender a piada, bufei e revirei os olhos, o Daniel sempre seria o Daniel.

Fim do capítulo