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  • Quando ainda acreditávamos na desconstrução: uma história contra a monogamia, a posse e o amor romântico
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Quando ainda acreditávamos na desconstrução: uma história contra a monogamia, a posse e o amor romântico por izagama

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Palavras: 1240
Acessos: 828   |  Postado em: 14/04/2017

Capítulo 4

Mariana,

 

Até onde posso me lembrar, as semanas subsequentes ao nosso aniversário foram estranhamente calmas. Não tocamos mais no assunto daquela noite pavorosa e seguimos com nossos compromissos cotidianos. Lembro de que você teve de ir viajar enquanto fiquei sozinha tentando organizar as ideias.

Neste meio tempo, preciso confessar algo: mexi nas suas coisas enquanto você estava fora. Não deveria ter feito isso, mas queria poder me aproximar um pouco mais de você. E sabe o que encontrei? Fotos suas quando criança e da sua mãe. Ela devia ser a única parte da sua família e a que te criou sozinha. Ao menos, foi o que conclui, quando notei que só havia crianças ao lado de vocês duas nas fotografias.

Ela era uma pessoa muito bonita. Parecia ser dócil e não aparentava ter a idade que você havia me entregado certa vez. Não pude deixar de notar que vocês não tinham nada a ver uma com a outra. Nas poucas vezes em que você falava dela, havia mencionado que ela levara uma vida bastante agitada, afetivamente falando. Sendo obrigada a se casar jovem com um homem mais velho, cujas melhores perspectivas se encerravam no bar da esquina, é claro que o matrimonio não durou muito tempo. Mas havia você, que nascera assim, nesta família.

Não fui capaz de reconstituir se ela foi quem o deixou ou se foi seu pai. Mas, investigando o calhamaço de negativos, parece que lá pelos seus oito ou nove anos vocês não estavam mais juntos em um lar. Não sei bem o que sua mãe fazia para sustentar vocês, mas você já me disse que passaram por muitas dificuldades enquanto ainda era uma criança. Sinto muito por isso. Embora eu nunca tenha tido coragem de dizer, acho que posso dimensionar que não foi nada fácil. Você é de se admirar.

Certa vez, lembro-me de ter me contado que ela levava homens para casa frequentemente. Vocês moravam numa casinha de um único quarto e era você quem precisava sair de lá toda vez que um convidado aparecia. Assim você ia para a sala e ajeitava um colchão com algumas almofadas. Também entendo perfeitamente que, aos dezessete anos, você havia desertado de casa e ido morar com uma colega de trabalho. Acho que depois disso, você nunca mais se lembrou de que tinha alguma vez tido uma “família”. Sendo assim, por que guardou todas aquelas fotos? Para se lembrar de quê?

De toda forma, notei que estava sendo invasiva demais e afastei hipóteses diversas que já não lembro quais eram. Quando voltou para casa passamos dias incríveis. Você cozinhou para nós, e passou a me tratar com uma gentileza da que sinto falta. Nós assistimos a filmes juntas! Você não partilhava os mesmos gostos que eu, e viu todos os filmes que eu tinha na minha biblioteca e ainda conseguimos arrastar as noites daquela semana com diálogos sobre cada um deles, antes de ficarmos cansadas.

Foi algo tão bom! Por mais que você não desse a mínima para as minhas tagarelices sobre a pobreza estética do cinema americano, com aquelas porcarias cheias de violência barata que eram incorporadas pela indústria cultural e transformadas em blockbusters como Jogos Mortais (do I ao VI!), mas que podiam bem ter vindo de filmes do Quentin Tarantino cujas obras veiculavam muito sangue, a troco de nada. Sempre pensei que os fãs desse cara fossem nerds punheteiros facilmente deslumbráveis.

O cinema americano nunca chegaria a ter um quarto da sofisticação do europeu, eu te dizia com meus olhos apaixonados. No fundo, eu sabia que você concordava comigo. Quando eu não estava em casa, achava estranho o fato de encontrar fitas no vídeo cassete que engoliam títulos que haviam sido esquecidos ali, tais como O céu que nos protege do B. Bertolucci e Gritos e Sussurros do Bergman. Obras delicadas e profundas, reflexivas e preocupadas com as sutilezas da sensibilidade humana. É claro que você não dava o braço a torcer e escondia esses seus deleites secretos, mas, não poderia haver outra pessoa em casa que tivesse colocado a fita para rodar na sala, a não ser eu e você. Ao passo que, quando eu confessava com muito gosto que amava o Bergman, e toda aquela coisa sobre a complexidade das relações humanas naquela noite, você teimava em ser durona:

“Mas você não pode dizer que os americanos não têm uma compreensão profunda da alma. Pense em Quem te medo de Virginia Woolf, por exemplo. O diretor explora ao máximo a relação doentia que o casal sustentava a todo custo.” E eu continuava os meus discursos: “Ora, pode até ser. mesmo assim, eles jamais alcançarão a beleza e maestria com que os grandes diretores europeus falam sobre o amor, o vazio existencial sem nem sequer mencioná-los diretamente! E eles não chegarão neste ponto porque se apegam demais à superfície e ao material. O que quer dizer que eles vão sempre tratar dessas coisas lançando mão de fórmulas que envolvem previamente o melodrama”. Desta vez você concordou em partes:

“Sim, nisto você está correta. Só acho que não dá para dizer que tudo já está dado e que nunca vão alcançar tal ou qual ponto do desenvolvimento da cinematografia. Por exemplo, Um bonde chamado desejo, do Tennessee Williams adaptado para o cinema, tendo a Vivian Leigh fazendo a protagonista neurótica: o que foi aquilo? Um esplendor!” E eu completava:

“Gosto da atuação dela também. É realmente espetacular. Não estou dizendo que eles não façam obras-primas, só acho que acabam ficando muito presos a blockbusters. Até os pretensamente mais sofisticados acabam em algum momento ficando presos a fórmulas já muito exploradas pela ficção”.

E por aí se estendia nossas discussões sobre cinema europeu versus cinema americano. Acho que você tomava o lado dos americanos porque queria sempre me servir de contraponto, porque, para você, a vida mesma era um pouco assim: dialética, vamos dizer. Não vou insistir nisso, senão você vai me dizer que eu tenho sempre que estar com a razão.

O fato é que esses pequenos prazeres da vida tornavam a nossa união algo único a ser vivenciado. Era tão bom voltar para casa e saber que você estaria lá, me esperando. Estaria lá. Penso que essa espera acabava por ofuscar o caos conjugal e responder um pouco a nossa questão: então por que estamos juntas? Você não queria acabar com aquilo. Sabe que chego a pensar que você guardava certa pena de mim. Tínhamos um compromisso automático de fidelidade afetiva. Você tinha medo, naqueles primeiros anos, que eu acabasse com a minha vida se você não estivesse em casa para me lembrar de que eu, depois de uma vida vivendo no mais seco deserto do amor romântico – e não por opção, o que torna tudo ainda mais duro – também merecia experimentar o que era a tal felicidade conjugal que, você bem sabia, eu havia sido privada até então. Diga-me se isto não é uma decisão de alguém madura o suficiente com a coisa do sentimento.

Acho até que você estava enganada quanto a sua incapacidade de ter compaixão. Acredito que naqueles anos era o que você mais tinha. E talvez não fosse algo consciente. Talvez isso brotasse de pessoas que sofreram e que se tornaram cúmplices uma da outra. É um sentimento inerente a quem já experimentou a dor. E você se via na obrigação inexorável de segurar a de outro da mesma espécie.

 

 

 

 

 

Fim do capítulo


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Comentários para 4 - Capítulo 4:
izagama
izagama Autora da história

Em: 14/04/2017

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