Capítulo 9
Ela cuidou dos cortes do meu rosto devido a força dos tapas, seus lábios suavemente beijaram-me.
- Só não te dou um remédio por você ter bebido, me desculpe não ter chegado antes - ela parecia sentir mesmo - descanse, eu velarei seu sono, meu amor.
Minhas pálpebras pesaram e no momento de tanto desgaste físico e mental eu deixei o sono me levar.
- Elizabeth - consegui sussurrar - eu amo você.
Seus dedos acariciavam meu cabelo e naquele momento eu tive o sono tranquilo.
Acordei com o sol batendo no meu rosto, eu não fechei minha cortina? Abri os olhos lentamente e percebi que não era meu quarto, lembrei dos eventos do dia anterior e me remexi na cama.
Meu Deus, eu falei que a amava! Não acredito, provavelmente foi efeito do vinho e do trauma. Isso! Foi pela situação, ela me ajudou e eu confundi as coisas.
Me afundei no travesseiro e quis gritar de frustração.
- Sente alguma coisa?
Olhei para a porta e ela estava com um moletom que batia em suas coxas e cabelos molhados, sinto! Tesão, vergonha, medo.
- Minha cabeça dói um pouco - menti.
- Tome um banho, no banheiro tem tudo o que você precisa. Prepararei o café e um remédio para você.
Saiu sem esperar resposta, fiz o que ela mandou e desci até a copa, ela fritava ovos e eu me sentei. Me imaginei sendo sempre mimada por ela, mas logo tirei esses pensamentos da minha cabeça.
Quando ela terminou de colocar a mesa, me serviu como se eu fosse uma criança que precisasse de cuidados, depois me deu o remédio e me conduziu até o sofá.
Um cobertor estava lá e ela nos cobriu.
- Agora me diz como se sente - acariciou meu braço.
- Mimada - rimos - obrigada.
Não conversamos mais, peguei no sono. Senti quando meu corpo foi erguido e depois colocado na cama, ela deitou atrás de mim e nos cobriu.
- Durma, meu amor. Não deixarei ninguém te fazer mal.
Ao acordar novamente ela estava do meu lado, olhei aquele rosto que parecia tão inofensivo, me lembrei de suas últimas palavras, "meu amor" é a segunda vez que ela me chama assim e tenho que dizer que isso me deu esperanças.
O trauma do dia anterior ainda fazia meu corpo estremecer, não gosto nem de imaginar o que aconteceria comigo se ela não aparecesse.
Tinha que admitir que minha declaração de amor não foi tão falsa quanto eu queria pensar, eu estava totalmente apaixonada por ela. Ela cuidava de mim, era mandona e possessiva, mas me fazia sentir coisas que jamais senti antes.
Gemi de frustração, eu a amava, quando isso aconteceu? Quis chorar, eu estava perdida, meu cérebro virava gelatina quando estava com ela. Acabava sendo emocional e não raciocinava como deveria.
Lembrei do seu livro, Marquês de Sade, da misteriosa relação que ela tinha com a Amanda. Eu precisava investigar sua casa, mas a certeza de que aquele lugar tinha câmeras por todos os lugares me fez repensar seriamente.
Não tinha uma maneira segura de fazer isso sem que ela percebesse, com sorte o máximo que eu conseguiria seria entrar no seu celeiro, talvez lá não fosse monitorado. Seria um risco que eu precisaria correr, mas primeiro tinha que saber dos horários dos seus guardas e ver o melhor momento para invadir.
Eu preferia pensar que nada seria encontrado e que ela não era o monstro que acreditávamos ser, meu coração queria acreditar nisso, mas minha cabeça não estava convicta.
- No que você tanto pensa? - perguntou de olhos fechados.
- Como você sabe que estou pensando?
- Sinto o cheiro de fumaça - rimos.
- Não vai me oferecer nem um café dessa vez?
Ela abriu os olhos e minha respiração ficou suspensa, meu coração martelou dolorosamente e eu sabia que estava de fato, apaixonada.
- Você merece mais que isso, meu coração talvez? - sugeriu.
- Eu gostaria disso, mas ele me pertence?
Eu estava deitada de lado e ela com a barriga para cima, Elizabeth se ajeitou e ficou de frente para mim.
- Eu gostaria disso, você me faz sentir coisas de uma forma única - fez uma carinha confusa - você se tornou uma necessidade, como respirar, preciso de você como preciso do meu coração.
Me dei por satisfeita, não foi nenhuma declaração de amor explícita, mas já era o suficiente no momento. Até onde pesquisei sociopatas são impulsivos e irresponsáveis, isso não se encaixa no modo de vida da Elizabeth, por mais que outras coisas se encaixam.
Existem sociopatas primários, secundários, funcionais.. é algo extremamente complexo e talvez ela se enquadre, mas preciso de um profissional para diagnóstica-la, uma vez que isso ocorreu somente quando ela tinha 18 anos e hoje tem 35.
Mas e se o psicólogo a diagnósticou de forma errada? Se ela não for sociopata? Talvez tenha um transtorno menos grave.
Com esses pensamentos passei o resto do nosso tempo livre com ela, fiz o boletim de ocorrência e nos comunicaram que os homens fugiram, fiquei frustrada, mas depois entraria em contato com o Charlie.
Eliza me levou em casa e me esperou enquanto eu me arrumava. Seguimos até o hospital, nos despedimos e corri para meu trabalho.
Meu turno acabou as 7hrs da manhã, andei apressadamente para o meu carro, precisava saber mais sobre a misteriosa Elizabeth Drummond.
Dirigi até o endereço do seu psicólogo, falecido psicólogo, a casa ficava no centro de Londres, apertei a campainha e uma senhora que beirava 60 anos apareceu.
- Sou uma agente da CIA, preciso conversar com a senhora.
Eu sabia quem era aquela mulher, as fotos que estavam nos registros eram dela.
- Entre - me deu passagem.
Observei o interior da casa, era moderno, esbanjava que os morados possuiam dinheiro.
- No que posso te ajudar?
- Você é a Suzan Green? Esposa do falecido Gustav Green?
- Sim, é sobre Elizabeth? - assenti.
Seus joelhos cederam e ela caiu sentada no sofá.
- Preciso de algumas informações, seu marido a diagnósticou como sociopata quando ela tinha 18 anos, você sabe me dizer algo sobre? - não era necessário perguntar, seus olhos já me diziam tudo.
- Aguarde um momento - saiu e depois de alguns minutos voltou com uma caixa.
- Dentro dessa caixa tem tudo o que você precisa.
Abri e olhei o conteúdo, mais documentos para analisar.
- Eles pagaram meu marido - a olhei com uma interrogação estampada - os pais dela, ela matou alguém, eles tiveram que encobrir, mas estavam assustados. O temperamento dela sempre foi difícil, não era a primeira vez que ela havia sido agressiva.
Deixei que as novas informações fossem digeridas.
- Por que você nunca falou isso?
- Estava com medo, mas agora não tenho nada a perder, se ela me matar, será um favor. Irei morrer de qualquer forma - parou - tem mais, não deixaram meu marido falar com ela muitas vezes, foram três analises e depois do diagnóstico ela voltou, conversaram por 20 minutos e ele ficou muito perturbado.
- Não entendo..
- Ele a diagnósticou errado, ela não é sociopata - me encarou - é uma psicopata.
O choque e horror estava claros na minha face, não pode ser. Isso é pior do que imaginamos. Um sociopata é ruim, mas ainda consegue viver como uma pessoa "normal", conseguem manter laços afetivos dependendo do grau, mas um psicopata não tem cura e pior, não tem limites.
Eles são extremamente racionais, quase não tem emoção e é algo que já nasce com eles, podem ter relacionamento, mas só visando seus interesses e levando o outro a destruição tanto física quanto psicológica, emocional, profissional ou financeira.
- Depois dessa conversa, ele morreu no dia seguinte. Disseram que foi um assalto - riu amargurada - mas foi ela, ela matou seus pais alguns meses depois, os pais dela morreram em um "acidente" de carro.
Agradeci pelas informações e liguei para o Charlie e contei sobre as novas informações. Me senti o ser mais estúpido da terra por ter me deixado levar, era como ter um buraco me sugando para baixo, eu me sentia cair.
Me encontrei com minha equipe e passei todas as novas informações, contei dos detalhes do nosso breve caso. Deixei os documentos com eles e depois de um tempo revendo nossas estratégias, voltei para a minha casa e me permiti desabar, eu estava destroçada.
Fim do capítulo
Sou suspeita para falar, mas tudo o que vem depois desse capítulo é sensacional kkkkk
Talvez eu poste o próximo ainda hoje.
Beijosss
Comentar este capítulo:
Suzi
Em: 12/04/2017
Pela minha experiência como psicopata tava achando estranho a análise da via ser de sociopatia. Agora entendi o engano.
Tadinha da nossa falsa enfermeira..Kkk
Tô adorando esse clima de thriler.
Vamos desmembrando aos pouquinhos.
Vale um abraço????
Suzi
Resposta do autor:
Bem vinda, Suzi?
Manja dos paranaue né? Eliza é uma psicopata no final..
Tadinha da Adriana e sorte da Amanda.
Fico feliz que esteja gostando!
Vale mil abraços
Beijos
Darkness
Em: 12/04/2017
Adorandoo!!!
Autora quer ser minha psicóloga? Preciso me entender como fui me apaixonar pela Eliza tbm kkkk... Claro os psicopatas tem esse dom de fazer as pessoas se apaixonarem por eles...
Parabéns autora uma historia com um tema muito interessante... ( ainda quero que as duas fiquem juntas sem se matarem,como seria possivel? Nao sei,me diz autora como? Kkkkk).
Queremos o próximo cap ainda hoje,uhuulll
Beijos <3
Resposta do autor:
Bem vinda!
Fico feliz, posso ser sua psicológa sim, mas terei que procurar uma pra mim também, amo a Elizabeth kkkkkk
Também quero as duas juntas, mas a Amanda também está na disputa... Não sei o que farei, meu coração está divido.
O próximo já está disponível, todinho sobre a sua preferida.
Beijoss
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