Capítulo 33 - Declarando Guerra
Só poderia ser brincadeira o mundo na certa estava conspirando pra eu me ferrar de vez, mal chegamos e a caseira do sítio chegou desesperada pedindo ajuda pro filho doente, o jeito era leve-lo ao hospital o mais depressa possível, ou seja, a nossa conversa seria adiada, e pra mal dos meus pecados Malu não poderia me acompanhar e a Duda muito gentil até demais, diga-se de passagem, se ofereceu pra me acompanhar.
Eu não queria ter chegado a uma situação tão complicada, queria muito resolver tudo e estava disposta. Inicialmente estava com medo, mas depois de uma conversa com Duda eu notei que meus medos nem tinham tantos fundamentos assim. Pois é quase inacreditável, mas era sim a Duda quem de certa forma estava me ajudando, ela tinha um jeito meio torto de ajudar e que pelo visto estava deixando Malu ainda mais enciumada. Mas iria levar em consideração as observações de Duda e tentaria conversar com a minha namorada o mais depressa possível. Eu só não contava com o imprevisto de ter que passar a noite da sexta e boa parte do sábado esperando o Juninho ser liberado do hospital. Pelo menos não havia sido nada sério apenas uma leve intoxicação por conta de umas frutinhas, que agora ele sabia que não deveria comer mais.
Ter que passar a noite no hotel com a Duda não seria um problema, visto que ela meio que estava convencida de que eu amava Malu e até estava relativamente feliz por ver que eu estava me dando bem, enquanto ela mantinha sua vidinha de caçadora. Meu problema era o que poderia estar passando na cabeça da minha digníssima, eu esperava que a situação fosse reversível.
-Iara se você continuar se remexendo tanto na cama assim eu não vou dar conta de dormir.
-Desculpa Duda é que eu queria muito estar no sítio com a Malu.
-Tava só brincando indiazinha, sei bem que você esta uma pilha por conta da Malu. Mas me diga amiga do que você tem tanto medo?
- De verdade eu não queria que a Malu soubesse de como eu me comportava antes, a idéia de que ela possa ficar chateada e confiar menos em mim não me agrada, eu a amo muito e não queria que minhas loucuras me fizessem perde-la.
- Afinal de contas quem você pensa que a Malu é? Ela não é essa menina ingênua que você pensa, ela conhece muito bem a vida e ela só não viveu tudo o que você viveu por uma simples escolha, por sempre estar envolvida em suas pesquisas e não por que ela em alguma forma de preconceito.
- Mas ela me parece tão correta sempre, eu não consigo imaginar a minha Malu em meio à loucura em nos vivemos.
- E nem precisa imaginar, por que a Malu não precisa disso, mas ela tem uma mente aberta o suficiente pra aceitar numa boa quem gosta, e se não fosse assim nós nunca seríamos amigas, hoje pode até ser que estejamos um pouco mais afastadas, mas em parte é por que eu acabo sempre dando mole pra ela, e também por que ela esta apaixonadíssima por você.
- Acha mesmo que a Malu não vai ficar chateada.
-Claro que não, e se quer saber você nem foi a primeira mulher com quem a Malu ficou, ou seja, moça acalme-e pois sua Malu nem é tão santinha assim.
-Bom isso eu já imaginava, mas ainda assim acabei criando uma imagem muito pura da Malu, já que ela conseguiu tanto de mim, eu nunca imaginei que fosse gostar tanto de alguém. Mas diga você conheceu a primeira namorada da Malu.
-Eu não disse que foi uma namorada, foi só uma pegação um pouco mais quente. E você esta falando com a felizarda que desvirtuou sua namoradinha. Mas se você disse a ela que te contei isso eu vou acabar com você.
A minha cara deve ter mesmo sido de total incredulidade e bem cômica também, por que as risadas de Duda eram desconcertantes. Que ótimo, havia acabado de descobrir que a estréia da minha namorada no mundo lés, foi com uma das maiores sapas que eu conhecia exceto por mim é claro, modéstia parte. Depois disso nem quis mais muita conversa achei melhor dormir antes que a Duda resolvesse me dar detalhes. No dia seguinte conversaria com minha namorada, não esperaria mais pra resolver essa situação.
Chegamos durante tardinha e os rapazes já estavam se arrumando pra sair, iriam passar aquela noite na cidade, alegando que queriam um pouco de civilização, entenda-se ver mulheres e de preferência hetero, por que passar meses no mato com três mulheres tentadoras e totalmente indisponíveis não era algo muito interessante. Duda logo se animou pra acompanhá-los afinal mulher era sua especialidade, sem contar que uma caipira ainda não constava na sua lista. Até convidaram Malu e eu, mas logo recusei e ela nem pareceu se importar com o fato de eu querer permanecer ali, pois parecia me ignorar desde que eu havia chegado.
-Amor o que esta acontecendo por que esta me evitando?
Eu sei foi uma pergunta cretina, mas eu precisava começar por algum ponto e deixar que ela me dissesse o que a incomodava me pareceu uma boa opção, mas quando notei a irritação na sua voz já era tarde.
- O que esta acontecendo? Acho que essa resposta é você quem deveria me dar, afinal é você quem simplesmente esqueceu que tem uma namorada e fica abertamente desfilando com outra.
-Malu a Duda é só uma amiga, e ela tem até me ajudado a entender o que sinto por você.
-Amiga? Ela também é minha amiga Iara e nem por isso dou a ela toda essa atenção sem limites. O que você pensa que eu sou?
-Malu eu amo você e só estava insegura.
-E pra isso foi curar sua insegurança nos braços de Duda, recordando os velhos tempos. Excelente opção! Até onde sei se você estava insegura com a nossa relação era comigo que você deveria conversar, somos nós que temos que resolver.
-Malu não é tão simples, eu estava sem coragem de te contar.
-Eu não entendo Iara, o que você fazia de tão errado que eu não posso saber? Será que você não entende que eu não me importo com seu passado. Pelo menos não no que diz respeito a quantas mulheres você já saiu.
Aff! O pior é que ela estava falando a verdade, os medos eram meus e eu havia suposto uma intolerância inexistente, acabei soltando tudo de uma vez só.
-Me desculpe meu amor se eu não sabia como contar pra minha namorada, que eu era uma completa idiota que achava que tanto as mulheres quanto os homens eram apenas instrumentos pra minha diversão. Eu a Duda éramos amigas meio que namoradas e dávamos festas pra convidar amigos e amigas, pra alguns joguinhos sexuais. Não me orgulho disso, mas na época isso pra mim era algo natural eu não buscava por nada sério e toda essa empolgação me satisfazia ao menos provisoriamente. Eu parei com isso quando comecei a me dedicar a fotografia, mais a minha época de faculdade foi regada a muita bebida e sex*. Eu não era nada boazinha com as moças e não tinha lá muita delicadeza, afinal elas não representavam nada pra mim e a forma como eu as tratava não faria diferença eu queria apenas prazer e elas em sua maioria também então não havia regras.
- Iara o que você pensa que eu sou? Não sou a personificação da pureza o fato de eu não ter vivido como você não significa que eu condene sua conduta, eu não tenho direito e nem vontade alguma de julgar alguém, cada um leva a vida que lhe satisfaz.
- Quer dizer que você não vai ficar chateada por saber que eu prestava tão pouco.
- Não Iara isso não me chateia. Mas me diga uma coisa, você ainda sente vontade de viver assim, isso pra você é uma necessidade?
Eu notei a apreensão em seu olhar, e percebi que ela realmente não me condenava seu único medo era de que eu preferisse essa vida ao amor que tinha por ela, mas esse era um medo desnecessário, pois eu nunca faria uma troca tão idiota então respondi com muita certeza.
-Não Malu, o amor que tenho por você me faz bem e me torna alguém bem melhor e eu não trocaria isso por nada no mundo.
Ela me olhou com carinho e beijou de forma doce, mas logo esse beijo suave aumentou a intensidade e a saudade daquele contato aquecia nossos corpos, foi com uma voz rouca e sensual que ela sussurrou no meu ouvido e meu corpo todo estremeceu.
- Quer dizer que minha namoradinha era uma menina muito má? Eu acho que tenho uma boa solução pra cuidar de meninas malvadas.
Nuss! Agora sim eu tava perdida, ou talvez muita achada, por que as promessas de puro prazer que vi naquele olhar eram tentadoras demais, cheguei até a sentir um pouco de medo de Malu despertar em mim meu lado mais ousado, mas se ela queria brincar com fogo estava começando com um combustível bem eficaz.
Fim do capítulo
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