Abigail

Nos sentamos para tomar café, me arrependi amargamente de ter dormido com a garota ao meu lado, pois o tempo todo em que ficamos juntas, Sonia não sai de minha cabeça.

Ficamos conversando até Leyla perguntar por Sonia, só a simples menção de seu nome me fazia suspirar, conversávamos sobre o ensaio quando ela chega, com óculos escuros e uma cara de quem havia bebido a noite toda.

-Bom dia meninas- senta-se a nossa frente, estava incomodada pois Adria não parava de me beijar -vamos ensaiar agora? - ela se vira pra conversar com Leyla, até mesmo Jack que é sacana estava sem jeito, deveria estar se sentindo culpada, pois foi a que mais incentivou para que Levasse Adria comigo para casa de Leyla-vocês não tem outro Lugar pra fazer isso não.

A garota ficou vermelha pelo sermão, ela ainda insiste em querer nos ver ensaiar, mas achei melhor dispensa-la, não estava me sentindo confortável com aquela situação.

Assim que Adriana saiu fomos ensaiar, não conseguia encarar Sonia, com toda a certeza ela imaginou que tinha dormido com Adria e aquilo estava me consumindo. Sei que não tínhamos nada, mas aquilo incomodava, era como se a tivesse traído. precisava conversar com ela e esclarecer algumas coisas.

Quando terminou o ensaio, vi a chance perfeita pra me aproximar.

-Leyla tem como você me levar em casa? -a vejo perguntar baixo para que só nossa amiga escutasse-minha mãe está me enchendo o saco, pois fui demitida do meu último emprego e ela está culpando a banda. Diz que não paro mas em casa.

-mas não é por isso que anda afastada de lá, ainda não falou pra ela que seu irmão anda te ameaçando por você ser lesbica.

-não quero falar, vou conseguir um outro emprego e alugar um canto pra mim- na hora que escuto aquilo rapidamente uma ideia me surgiu a mente.

-Leyla já estou indo, minha irmã já deve ter saído da loja- me aproximo como se não estivesse escutado a conversa das duas-preciso encontrar alguém pra nos ajudar o negócio está crescendo e minha mãe quer abrir outra loja.

Vejo Leyla olhar para Sonia, sabia que minha amiga ia falar algo a respeito.

-porque você não contrata a Sonia? - a olho com uma falsa cara de espanto- ela acabou de falar que está atrás de emprego.

-vou conversar com minha irmã- falo séria mas por dentro estava exultante-isso é, se você quiser?

-se estiver mesmo atrás de uma ajudante vou querer sim- se pudesse sairia pulando de alegria. Só de imaginar passar horas ao lado dela.

-quer uma carona, podemos ir conversando sobre o trabalho. Vou te colocar logo a par de tudo que irá fazer, se concordar e minha irmã der o ok , o emprego é seu.

Eu sabia que minha irmã iria aceitar, realmente já havíamos cogitado a possibilidade de contratar alguém, não pra já, mas não ia perder essa oportunidade.

No carro minha empolgação era visível, comentava sobre a loja, sobre o serviço que ela ia desenvolver, ela me escutava calada só observava meu modo espalhafatoso de conversar.

-você realmente ficou com aquela garota ontem? - estanquei quando a ouvi perguntar. O que ia falar, que havia ficado com ciúmes da tal Marcia por isso fiquei com Adriana.

Sinceramente não sabia o que responder, mas não tem aquele ditado “quem cala, consente” pois é foi minha resposta, o silencio.

Ela não comentou mais nada, percebi seu olhar distante, perdi todo animo de falar. Quando a deixei na porta de sua casa, ela agradeceu como se estivesse com uma estranha, aquilo doeu, mas isso era pra eu aprender a não tirar conclusões precipitadas.

Voltei para casa com minha cabeça a mil, ficava o tempo todo imaginando no que Sonia estava pensando de mim, no mesmo dia que havia falado que a amava, dormia com uma garota e o pior na casa da minha amiga. Pelo menos ela nunca havia escondido o que sentia por Leyla só não se declarava abertamente, mais qualquer um que convivesse um pouco mais com ela, teria notado.

Assim que entro vou a procura de minha irmã, sabia que já deveria estar em casa pois já era hora do almoço e pela tarde ela fazia faculdade.

Converso com ela sobre a contratação de Sonia e ela aceitou numa boa, ainda mais que sabia o quanto eu era apaixonada por ela. Sempre tive uma relação aberta com minha família, tanto que quando me descobri lesbica minha irmã foi a primeira a saber.

...

Sonia

Estava mesmo possessa pelo que estava vendo na cozinha da casa de Leyla, senti Abi me olhando insistentemente desde a hora que a tal Adria havia ido embora, mas não dei espaço para que se aproximasse, minha cabeça não estava muito boa, ainda mais que sabia que ia escutar quando chegasse na casa de minha mãe, precisava arrumar um emprego urgentemente, queria sair dali não por causa dela e sim por meu irmão, andava me ameaçando devido gostar de mulher.

Quando terminamos peço uma carona para Leyla, não entendia mas desde o dia anterior parecia que tinha tirado um peso de cima de mim em relação a minha amiga. Começamos a conversar e comentei com ela sobre o que estava se passando, estava tão concentrada que não vejo Abi chegar perto.

-Leyla já estou indo, minha irmã já deve ter saído da loja- meu coração dispara quando escuto sua voz próximo de onde estávamos -preciso encontrar alguém pra nos ajudar o negócio está crescendo e minha mãe quer abrir outra loja.

Tentei ficar indiferente a conversa, ainda estava chateada ou com ciúmes não sei.

-porque você não contrata a Sonia? –arregalei meus olhos para o que tinha escutado, não havia me passado pela cabeça aquilo. Logico que queria trabalhar mais só em pensar mais tempo com ela meu coração dispara, e aquilo me confundiu.

Peguei uma carona com ela, apesar da euforia que via estampado em seu olhar, Não conseguia pensar em outra coisa que não fosse a noite que teve com aquela garota, e toda vez que pensava uma raiva fora do normal se apossava de mim.

-você realmente ficou com aquela garota ontem? - assim que pergunto me arrependo, mais foi maior que eu, precisava ter aquela certeza. A vejo calar e tive a certeza que haviam trans*do, a distância que ainda faltava pra chegar em casa foi feita no total silencio, agradeci pela carona e entrei mas antes a ouvi dizer que me ligaria para combinarmos minha ida a loja.

Fui direto para meu quarto, precisava de um banho. Sabia que ao encontrar com minha mãe ia escutar um belo sermão, não deu outra, quando saio do banheiro encontro ela me esperando bem na porta, começou a falar o quanto eu estava irresponsável, sem emprego e sendo sustentada por ela e meu irmão que passava o dia se matando pra nos dar o que comer.

Fiquei com raiva, mais fiquei calada. Ela parecia não lembrar que até um mês atrás eu praticamente que sustentava a casa com meu emprego, mas procurei evitar, voltei ao meu quarto e me tranquei rezando para que Abigail tivesse convencido sua irmã a me contratar, não aguentava mais aquilo. Tinha a certeza que quando seu irmão chegasse ia falar também, e queria já ter uma posição sobre o emprego, ai sim, ia falar uma boas pra ele, ainda tinha um dinheiro guardado do seu seguro, iria usar pra alugar um kit net e sair dali o mais rápido possível, mas pra isso dependia da resposta de Abi. Estava pensando distraída que quase não escuta seu celular tocar, quando atende e escuta a voz de Abi me senti completamente feliz não sei se pelo fato de ouvir sua voz, ou se pela resposta sobre o emprego.

-dá pra você vi aqui na loja amanhã as 9:00hs- quase pulo de alegria- aproveita e traz seus documentos, minha irmã concordou em te contratar.

Nem se não desse, daria um jeito de ir. Aquele emprego tinha caído do céu desde de nova sempre me virei, começei a trabalhar com 15 anos em uma loja de instrumento musicais mais precisamente de guitarra, pois sabia que minha mãe não tinha condições de me dar o que queira. Foi quando surgiu meu interesse por guitarra, um dia estava sozinha na loja e como já sabia tocar pois o filho da dona da loja me ensinava começo a tocar, foi quando Marcia me viu e convidou pra tocar em sua banda. Na hora ainda titubeou mas acabei aceitando, fora a melhor coisa que havia feito, foi nessa época que conheci Leyla, e algum tempo depois através dela conheceu Abi e Jack.

-você quer que vá te buscar amanhã-volto ao presente ao escutar a voz de Abi.

-não será preciso, só me passa o endereço... Abi obrigada- nos despedimos com a promessa de nos encontramos no dia seguinte.

...

Leyla

A terça feira parecia não ter fim, queria que desse logo o horário que tinha marcado com Nádia. Minha sorte foi que sai pra resolver alguns negócios para meu irmão e aquilo me distraiu um pouco.

Quando chego na portaria de seu prédio, prefiro aguarda-la lá em baixo estava ansiosa por vê-la, queria que aquela noite fosse perfeita, Já havia planejado tudo só esperava que ela concordasse. Queria muito tê-la, ama-la, só esperava que ela não ficasse chateada com as mudanças de planos.

Ela estava linda, quase perco o pouco de controle que ainda tinha, minha vontade era toma-la em meus braços ali mesmo. Me aproximo para dar-lhe um beijo no rosto.

-você está linda, maravilhosa- falo próximo ao seu ouvido e percebo como ela se arrepiou, aquilo só me deu mais coragem para o que estava planejando.

-você também está linda e muito gostosa- se ela havia falado aquilo pra me tirar o prumo tinha conseguido, meu corpo estremece e meu coração do faltou sair pela boca de tão rápido que palpitava. Mas logico que não iria ficar atrás nessa provocação.

-só irá saber quando provar! - falo e me afasto, o sorriso que recebo e um dos mais lindo que já havia visto. Já havia comentado o quanto seu olhar era sensual quando queria, um olhar travesso que dizia muitas coisas.

Vejo ela passar por mim, saindo do prédio e indo em direção ao meu carro. Suspiro pra acalmar meu coração e caminho na mesma direção.

-pra onde iremos? - Bom era hora da verdade, rezava pra que ela não ficasse chateada.

-bom eu...-respiro fundo- pedi para que Ana preparasse um jantar pra nós- ela me olha sem entender-queria ficar à vontade com você. Vou leva-la para jantar em minha casa.

Espero por sua reação que não demora a vir, outra vez abre seu sorriso. Respiro aliviada pois era sinal que não havia se importado pela mudança de planos.

Havia pedido para que Ana preparasse um jantar especial, queria que fosse serviço próximo a piscina, local onde nos vimos pela primeira vez. Quando chegamos em casa estava tudo preparado, e não havia nem sinal de Ana e Otavio. Estava tudo lindo, o que iluminava a área era a luz do Luar, que por sinal estava divina.

Tinha uma mesa arrumada para duas pessoas próximo a piscina, uma música ambiente saia de umas caixas localizada próximo a churrasqueira, aquilo era obra de seu irmão, penso sorrindo. A convido pra sentar enquanto abria a garrafa de vinho que estava exposta em um deposito com gelo.

-parece que a Ana pensou em tudo.

-isso tem dedo de meu irmão também-estava tão feliz em tê-la comigo. Lhe sirvo uma taça de vinho, ela me olha sorrindo.

-hum, não posso beber muito. Quer dizer não sou resistente a bebida.

-Não se preocupe, se acaso ficar um pouco mais leve...cuido de você! - aquela era uma promessa que com toda a certeza, ia cumprir com todo carinho.

Ficava a cada dia, mais e mais encantada por Nádia. Prestava atenção em seus mínimos detalhes, como seus gestos ao contar uma história, o modo como mexia no cabelo quando estava sem o que falar. Estávamos nos conhecendo a cada novo encontro, e eu, cada dia mais apaixonada.

Fim do capítulo