Capítulo XXXI Quem estava sem memória era eu!
A manhã de segunda-feira parecia tranquila. Manuela havia resistido à vontade de bater na cara de sua mãe. Não suportava olha-la, sentia nojo e repulsa! A última lembrança que tinha dela, antes do acidente, não saia de seus pensamentos... Ela já não sabia mais no que acreditar... Ou em quem... Precisava conversar com alguém, mas parecia que todos estavam lhe evitando. Pensou em Carol e como ela reagiria se fosse confrontada... Será que assumiria ou daria uma desculpa?!
***
Naquela manhã Manuela sentiu algo estranho... Era como se o ar estivesse mais pesado. Pela primeira vez em todos aqueles anos não encontrou Carolina em nenhum local daquela casa. Nem ao menos um pequeno bilhete... Sentiu uma agonia só de imaginar suas manhãs sem ela.
Já estava escurecendo quando Manuela chegou à casa de seus pais e nada de Carolina responder as suas mensagens. Aquilo já estava lhe preocupando...
- Ora... Vejo que sua “mulher” não se faz presente no recinto! – Malvina agraciou a filha com um lindo sorriso debochado.
- E você está com essa língua cada vez mais afiada! – Retribuiu o carinho da mãe.
- Você me respeite! Não passa de uma pobre coitada, iludida por uma mulher que nem ao menos lhe ama! – Pela primeira vez Manuela viu os olhos de Malvina ficar com uma expressão de puro desejo...
- Já cansei de seus jogos! Eu apenas vim ver meu irmão! – Manu estava indo em direção as escadas quando ouviu a voz de sua mãe lhe atingir na alma.
- Mande lembranças a Carol, quando ela chegar em casa... – Caminhou em direção à filha, que lhe olhava incrédula. – E se puder entregue isso a ela – estendeu o medalhão para Manuela.
- Como... – Manuela estava sem entender o que acontecia, com o medalhão em mãos, se perguntava como Malvina o tinha?
- Você não encontrou sua namoradinha hoje, encontrou? – Manu teve medo do que via nos olhos de sua mãe. – Bom deixa eu te dizer onde ela passou o dia, ou melhor... Com quem!
- Não se atreva! – Manu apertou o medalhão entre seus dedos.
- O que? Não posso falar como sua namoradinha – sorriu maliciosa – é gostosa na cama? Apesar de achar que você sabe disso...
Malvina não teve tempo de terminar a frase, pois um belo tapa foi desferido em seu rosto, fazendo com que a mulher cambaleasse e caísse sentada no sofá. Esse tapa só deu mais gás para Malvina que sentiu ali nascer sua oportunidade.
- Então você sabe bater?! E eu que pensei que você era uma completa inútil além de ser muito tapada! Você realmente achas que a Carolina iria olhar pra você? Vê se cresce Manuela... O que tens a oferecer para ela, nem mulher você não é ainda! Sabe jamais pensei que a Carol – falou o nome de sua nora o mais safado possível – lhe aguentaria por tanto tempo.
- O que você está insinuando? – As lágrimas já faziam menção de lhe invadir os olhos.
- Mas você é muito cega, mesmo! É só pensar um pouquinho... Quantas vezes você nos encontrou em situações, digamos estranhas? – Gargalhou gostoso. – Carolina sabia que eu jamais deixaria meu marido, por isso se sujeitou a ser minha amante e que forma mais prática de frequentar essa casa que namorando você?
- Não... Isso não é verdade... – Sussurrou uma Manuela completamente atordoada.
- Tanto é que, tenho quase certeza que não sou a única da lista dela...
- Cala a boca Malvina! – Manuela gritou com toda a fúria que estava sentindo da mãe.
- Vá! Comprove por si mesma – Malvina entregou um endereço para Manuela – eu já me cansei desse nosso joguinho. E vou assumir minha relação com ela!
Manuela não disse mais nada, ao pegar aquele papel, saiu como um furacão da casa dos pais e foi em direção ao endereço, que ela conhecia muito bem, pois era um barzinho onde elas frequentavam quando saiam da faculdade.
***
Quando Manu abriu os olhos sentiu ser molhada por gotas finas, que insistiam em cair... Era como se aquela cena recém tivesse ocorrido. É tão fácil julgar sem se colocar no lugar dos outros... E Manu sabia estar fazendo o mesmo com Carolina, mas como superaria aquele sentimento tão destrutível que se apossou de seu ser.
O melhor para abas era esquecer... Esquecer tudo que aconteceu naquele dia... E seguirem com suas vidas, pois se continuasse naquela situação que estavam apenas se machucariam mais... Manu respirou fundo e seguiu em direção ao escritório.
O café de sua chefe já estava na mesa, somente esperando a jovem aparecer. Manuela estranhou o fato de Carolina não ter chegado antes que ela. E isso, já estava se tornando um habito. Foi quando a porte se abriu e para sua surpresa quem entrou naquela sala foi Robert.
- Bom dia Manuela. – Falou o homem charmoso com um sorriso amigável no rosto.
- Bom dia Senhor Portman. Está tudo bem? – Não conteve a curiosidade.
- Sim está... Não há com o que se preocupar. – Robert só tocaria no nome de sua filha se Manuela o fizesse.
- Tudo bem então. Mas não sei se o café estará de seu agrado... – Pois sabia que aquele café foi feito para Carol.
- Não sou muito chato para bebidas e comidas. Além do mais se minha filha gosta é porque existe algo de bom! – Falou bebendo o café. – Realmente este café é maravilhoso, foi você quem fez?
- Sim senhor. – Manuela sabia perfeitamente bem de quem Carolina puxou o gênio galante. Pela primeira vez permitiu-se sentir falta daquela família.
- Algum compromisso para hoje?
- Nenhum no momento. Apenas uma vistoria de obra às dez horas.
- Ok. Vou dar uma geral na empresa e já volto.
§
- Velhota! – Exclamou uma Carolina cansada – Pra mim já deu! Estamos rodando a Europa inteira, já fazem mais de três semanas... Você não cansa?
- Ai meu Deus! O que eu fiz pra merecer uma acompanhante tão velha mentalmente! – Hellen tirou os óculos e olhou para sua neta – Olha aqui! Quando você tiver a minha idade, vai estar sentada sozinha num banco de praça dando comida aos bombos!
Carolina lembrou-se da senhora que havia encontrado em uma manhã que corria com a Alfa, e a imagem da rosa lhe veio na mente.
- Até que não seria tão ruim... Pelo menos eu não mataria meus netos de cansaço! – Respondeu fechando a cara.
- Ok! Talvez eu tenha exagerado um pouquinho...
- Um pouquinho?
- Tudo bem! Já estou vendo que você quer voltar... E pensar que quando era uma criança não saia de perto de mim! E agora tá ai, uma mulher sem sentimentos, que não vê a hora de se livrar desta velha senhora, que só tem a morte como amparo... – O teatro de Hellen foi tão real que até uma lágrima caiu.
- Não estou acreditando, Velhota! Tá fazendo drama de novo? Na próxima história seremos personagens mexicanas... – Foi interrompida.
- Aí o papel principal será meu! Melhor ideia que já ouvi na minha vida!
- Coitado do seu companheiro! – Debochou Carol.
- Ou companheira! – Sorriu para sua neta que retribuiu na mesma intensidade – Antes de irmos... Quero te levar em um lugar...
§
Os dias passaram voando na "Arqui'Corporation". Tudo funcionava tão bem, como se Carolina sempre estivesse ali. Realmente a filha era um “xerox” de seu pai, pois a empresa tinha o mesmo ritmo que Carolina ditava, mesmo sendo comandada nas últimas semanas por Robert.
Samira entrou no escritório deixando seu perfumo por onde passava. Sorriu lindamente para seu marido, que não teve outro gesto, há não ser levantar da cadeira e dar um belo beijo em sua esposa. Beijo este que Manu fez questão de presenciar.
- Já disse que você fica um gato vestido assim! – Samira olhou com desejo para seu marido.
- E eu já lhe disse que prefiro você sem roupa... – Robert não teve tempo de reagir, quando viu, Samira já tinha lhe dado um tapa, de leve, no rosto.
- E eu já mencionei que você está cada vez mais parecido com sua filha! – Samira olhou carinhosamente para Manu e deu a volta na mesa para lhe dar um beijo. – Como está Manu?
- Bem Senhora Portman...
- Samira, se você não se importar. – Manu respondeu com um singelo sorriso. – Robert, meu amor, tem alguma notícia da nossa filha ou da louca da minha sogra?
- Aí amor... Não precisa falar assim... – Robert conhecia aquele olhar de Samira.
- Robert? – Samira levantou a sobrancelha.
- Ok, concordo com você... Deveríamos ter pedido pra que Ana as acompanhasse. Mamãe é uma “irresponsável” no quesito dar notícias... E Carol esquece que tá no mundo, quando está junto dela.
- E o que o Senhor está esperando para ligar? – Disse Samira séria.
- Bom... Sobre isso amor... Eu já tentei ligar diversas vezes, mas nada... – Nessa hora Manuela sentiu uma leve fisgada no peito e olhou preocupada para Samira, que sentiu os olhos da jovem sobre si.
- Tente falar com a Ana talvez ela saiba de algo... – No entanto Manu não terminou sua frase.
- Por que querem falar com a Ana? – Assim que ouviram aquela voz, todos se voltaram para a porta. – Que foi? É uma reunião particular? Posso voltar mais tarde! – Falou rindo divertida para seus pais e Manu.
Samira não conteve o entusiasmo e se jogou nos braços da filha. Enquanto Robert apenas balançava a cabeça sorrindo e Manuela? Bom, Manuela observava como Carolina estava radiantemente linda.
- Será que vai sobrar um pouco da Carol para eu abraçar? – Robert brincou com a esposa.
- Não vai não! A filha é minha! – Respondeu em tom de brincadeira.
- Até parece que você fez sozinha...
- Pai! – Carol repreendeu Robert – E mãe dá espaço para o papai...
- Senti saudades meu amor! – Disse Robert feliz.
- Eu também senti, antes que perguntem... Foi dos dois!
Riram divertidos enquanto Manu apenas os olhava. Por um instante os olhos se encontraram e Carolina se lembrou da última vez que viu Manu... Mas agora aquele olhar... Aquele olhar não podia ser! Ao contrário da raiva que viu naquela tarde, Manuela tinha um brilho que Carolina por anos viu...
- Bom dia Manuela... – Carol ariscou.
- Bom dia... Carolina. – Carol não conteve o sorriso feliz que se formou no canto de seus lábios. – Então pai, pretende continuar na empresa?
- Claro que não, ela é toda sua! – Sorriu para a filha. – Só se você não quiser voltar agora... – Manu esperava com atenção a resposta de Carol.
- Já fiquei muito tempo longe! – Sorriu sentando-se em sua cadeira. – E então Manu, quais são as novidades?
- Parece que terão muito para conversa, então já vamos indo. – Samira puxou Robert pela gola, que nem ao menos teve tempo de protestar.
Carolina observou o silêncio de Manuela e aquilo já estava a incomodando. Teve muito tempo para pensar nas coisas que ocorreram entre elas e o olhar de Manuela não desmentia o que seus pensamentos imaginavam. Manuela acompanhou os movimentos de sua chefe, que só cessaram quando ela ficou de frete à frente, fazendo Manu levantar.
- E então Manu... Quais são as novidades? – Carol olhava dentro dos olhos de Manu.
- A empresa está...
- Não estou me referindo à empresa. Estou me referindo a isso! – Sem pensar mais em nada, Carolina puxou Manuela, dando-lhe um beijo que estava guardado há alguns anos...
Manu não conseguiu se conter e entregou-se aquele beijo, tão desesperadamente, quanto era lembrar da última fez que havia lhe beijado, antes do acidente. Em um movimento rápido Carolina colocou Manu sobre a mesa, aprisionando as pernas da moça em volta de seu corpo. Assim que Carol ouviu Manuela gem*r baixinho, foi parando lentamente o beijo... Quando os olhares se cruzaram Carolina foi direta.
- Quando... – Manu a olhou preocupada.
- Quando o que? – Disse sem desviar os olhos.
- Quando você iria me contar que recuperou a memória Manuela? – Disse calmamente, mas antes de Manu responder – Isso se você pretendia me falar...
- Eu... Não esperava que você notasse... Eu... – Manu não sabia como agir, pois toda aquela raiva que sentia de Carol, foi se dissipando ao decorrer daquelas longas semanas. E agora estando nos braços da mulher que amava... Só queria permanecer ali!
- Tudo bem, provavelmente queria se vingar, mas preciso saber o porquê... Pois tenho quase certeza que aquela fúria que vi em seus olhos, não foi por causa da Sara, ou foi?
- Você deve saber melhor que eu... – Respondeu no mesmo tom calmo.
- Como preferir, mas saiba que não tenho uma bola de cristal... – Disse dando espaço para Manuela descer da mesa. O que Carolina queria mesmo era provocar os extintos de Manu, e isso, com certeza ela conseguiu.
- Até onde sei, quem estava sem memória era eu! – Carol sentiu que havia algo por trás de todo aquele ódio de Manu, mas não teria como saber, se a mesma não lhe falasse.
- Ok! Você não que falar? Tudo bem... Mas tem uma coisa que quero que saibas: Eu não faço a mínima ideia do que houve naquele dia... Sou culpada de ter beijado a Sara! Mas, além disso, Manu... Eu não fiz mais nada. – Manu via verdade naqueles olhos castanhos. Estranhou o fato de Carol estar tão serena... Estava nítido que sua chefe não queria brigar e Manu também não. Era como se uma trégua silenciosa se instaurasse entre elas. – E então, o que meu pai andou aprontando na minha ausência? – Carolina falou tranquilamente ao sentar em sua cadeira, o que deixou uma Manu confusa.
Fim do capítulo
Eaee
Parece que a Carol voltou com tudo!!
suahsuha
OBS: Fiquem tranquilas que irei finalizar a história. Mas como voltou as aulas e meu curso exige muito da prática, ainda não tinha encontrado um tempo para escrever. Sei muito bem que é chato ter que esperar todo esse tempo... Pois antes de autora, sou uma leitora do Lettera, então sei exatamente como é.
Dito isto... Só me resta:
Vlw
Flw
Bjaoo Moças
o/
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angela
Em: 22/03/2017
Olá autora, eu adoro sua História e estou ansiosa pra ver a Manu e a Carol juntas, a viagem ajudou muito a Carol, pois ela voltou mais decidida. Beijo pra vc e por favor não demore a postar capitulos novos.
Resposta do autor:
Eaee
Espero que as veja juntas logo... hehehhe
Eu não tenho como postar capítulos em dias exatos, pois meu curso exige muita prática... Mas prometo que a história será finalizada, talvez demore mais, mas não tem outro jeito... Infelizmente.
Bjaoo Angela e se cuida... Obrigada pelo carinho!!
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rhina
Em: 21/03/2017
Oi
Boa tarde
hum. ...então revelado está o motivo da raiva da Manu por Carol antes do acidente. ...um romance entre sua namorada e sua mãe. ....
Por anos Malvinas conseguiu o que queria. .....e muita coisa aconteceu. .....vidas foram mudadas.....sofrimentos por todo lado.....
agora como vai ser.....
Rhina
Resposta do autor:
Eaee Rhina
Tudo por causa de um ser mal amado...
Bjaoo se cuida!
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Mille
Em: 21/03/2017
Olá Ka
Malvina insinuando que teve algo com a Carol ih ele deve sonhar com isso, mais acho que a Carol não faria isso, fez isso só para a filha desistir da Carol.
E a conversa das duas, Manuela devia falar sobre o passado com a Carol.
Bjus e até o próximo
Resposta do autor:
Eaee Mille
Realmente, precisamos de mais atitudes...
Bjaoo
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