Júlia tinha imaginado um milhão de cenários, mas jamais ver as duas abraçadas num sono profundo. Para Laura tudo pareceu ainda mais surreal, Isa vestida com uma das camisas de Laís e a irmã dormindo apenas com uma camiseta larga, a mão possessivamente no seio de Isabella, parecia que tinham adormecido após fazer amor, a cumplicidade de ambas era tão grande que Júlia podia jurar que estavam juntas a muito tempo.

_Que pouca vergonha é essa aqui?_ Laura gritou acordando abruptamente o casal na cama.

Isabella tentou inutilmente se cobrir, tinha vestido apenas uma camisa de Laís ao sair do banho, olhou para a mulher ao seu lado que também tinha um semblante assutado e usava apenas uma de suas camisetas.

_Eu exigo uma explicação agora._ Laura parecia fora de controle.
As duas tinham os cabelo ainda molhados do banho, o que tornava a cena ainda pior.

Carol havia ouvido os gritos e veio correndo:

_Porr*!_ Foi a única exclamação que fez ao ver a situação.

_Com você depois Caroline._ Júlia falou olhando diretamente a filha.

_Laís você quer fazer o favor de sair dessa cama agora._ Laura estava quase fora de si.

_Eu estou na minha cama maninha. Você está no meu quarto._ Laís defendeu-se com ironia.

_Se você não saí, eu tiro a Isabella._ Laura avançou até a cama e tentou puxar Isabella, que apenas levantou-se e ficou parada no meio do quarto.

_Vamos ter uma conversa muito séria mocinha._ Júlia se pronunciou olhando a filha.

_Vamos sim mãe, mas conversaremos como pessoas adultas que nós somos. Agora eu gostaria de pedir por favor para vocês nos darem algum tempo para vestirmos roupas adequadas.

Júlia e Laura contrariadas sairam do quarto batendo a porta. Calmamente Isabella voltou para a cama e se sentou:

_Eu gosto de você, mas temos um milhão de diferenças, sem contar a idade e o meu passado.

_Laís eu não estou cobrando nada, eu nem abri a boca ainda. E eu também gosto de você, mas do que gostar, eu estou completamente apaixonada por você.

Laís levantou-se, suspirou, andou pelo quarto, estava tensa.

_Vamos nos vestir, mamãe e Laura não vão esperar muito tempo e eu não quero ter este quarto invadido novamente.

_Isabella por favor.

_Laís, apenas vamos descer ser sinceras.

_As vezes eu me pergunto quantos anos você tem, não sei se vinte ou quarenta.

_Sei o que quero e não vou ter medo das consequencias.

Laís olhou a garota em pé a sua frente, vestida num short jeans curto, não havia tirado sua camisa, apenas abotoado alguns botões, os pés descalsos e cabelo meio lhe davam um ar angelical, e a mulher mais velha sentiu o coração falhar uma batida.

Laís levantou e pegou a mão de Isabella e saiu, desceram as escadas devagar e deram-se conta de que todos estava reunidos na sala, as duas se sentaram juntas e nervosas, Isa tentou começar a falar, mas foi interrompida:

_Júlia, pode parecer um pouco sem sentido agora, mas eu gostaria de lhe pedir autorização para namorar Isabella.

_Ela parece estar louca. É a única explicação._ Laura explodiu.

_Namorar?_ Isabella questionou surpresa.

_Me deixem sozinha com Laís._ Júlia pediu séria.

_Usem o meu escritório e fiquem a vontade._ Seu João ofereceu.

As duas mulheres se dirigiram até lá, a tensão reinava em toda a casa. Laís ocupou o sofá e indicou para Júlia sentar-se também.

_Eu não fiz o pedido formal a Isabella, nem conversamos sobre um possivel relacionamento sério.

_E porque pedir para mim?

_Eu serei sincera, mesmo correndo o risco de você me achar uma aproveitadora.

Quando vocês entraram naquela quarto hoje, eu vi na expressão da minha irmã e na sua também, vocês imaginavam que tinhamos ido muito além de apenas dormir, mas lhe dou a minha palavra, apenas deitamos e dormimos, a Isabella estava cansada...

_Laís, eu vou lhe escutar e prometo não tentar julgar, mas eu espero que você preencha as lacunas, nós entramos lá com um medo imenso de vocês estarem brigando, então me diga quando foi que aconteceu toda esta confusão.

_Eu não posso dizer exatamente, talvez na companhia depois de uma noite ruim, talvez na ressaca dela que eu cuidei em agradecimento, quem sabe nas interminaveis discursões que tivemos, em algum lugar nesse periodo eu me apaixonei por ela. E eu não havia percebido este sentimento até poucos minutos atrás quando ela me disse que eu era correspondida.

_Laís, quando eu comecei a namorar com a sua irmã, você foi uma das poucas pessoas que não julgou este sentimento, apenas aceitou. Eu lhe respeito por isso, e seria uma grande hipocresia da minha parte julgar o que você e Isabella sentem. A minha preocupação é a sua ligação, ainda estreita, com Andreia.

_O meu casamento acabou há cinco anos.

_E você é incapaz de trabalhar no mesmo ambiente que ela. Mas novamente eu repito, eu não vou me meter, minha filha tem maturidade suficiênte para saber o que fazer, eu só não quero que você a faça sofrer, mas devo te advtertir que a sua irmã não será fácil. Agora vá e me deixe conversar com a minha filha.

Júlia suspirou, sabia que toda aquela confusão estava apenas começando. Laís entrou na sala e apenas avisou que Júlia queria conversar com Isabella, a menina caminhou devagar pelo caminho indicado:

_Mãe? Você queria falar comigo.

_Sim Isabella.

_Eu gosto de Laís_A menina falou antes de sentar.

_Eu imagino algo assim, porque a confusão está armada.

_Eu não quero magoar a Laura, ela é como uma mãe para mim. Mas também não vou ser irresponsavel e dizer que não quero a Laís.

_Ela veio me pedir permissão para namorar você.

_Eu não vou namorar com ela enquanto ela não esquecer a ex esposa.

_Mas já foi muito além do apenas dormir não é?

_Mãe... Sim, já fomos além. Mas tudo isso é confuso e complicado.

_Você não acha que a diferença de idade é um problema?_ Júlia perguntou sondando.

_Não. É apenas um detalhe, eu sei o que eu quero.

Júlia abraçou a filha e depois levantou-se.

_Hora de encarar sua cunhada/madrasta, eu acho que vou precisar de tempo para me acostumar com isso.

As duas caminharam abraçadas até a sala, no ambiente o clima era pesado, mas o silêncio reinava.

Isabella caminhou até Laura e ajoelhou-se na frente da mulher:

_Eu te amo como mãe e jamais te magoaria, mas eu não posso controlar os meus sentimentos. Assim como também não a magoaria, nós somos uma família.

_Isa, é complicado. Você não entende, Laís não te faria feliz, ela não dura com ninguem.

_Grande irmã eu tenho, vê mamãe? Esta é a sua filha perfeita._ Laís levantou-se chateada.

Isabella olhou a saída intempestiva da mulher, mas não se mexeu. Um problema de cada vez.

_Laura, por favor._ A menina falou baixo.

_Você já é mulher Isa, eu só me sinto no dever de advertir.

_E eu sou grata por ter você como mãe.

_Ela deve estar com aqueles malditos cavalos, elas os ama mais do que qualquer outra pessoa.

Isabella foi exatamente para onde Laura havia dito e Laís estava lá, sentada no chão conversando com um lindo cavalo branco, sentou-se ao lado da mulher mais velha e sorriu:

_Laura me disse que você estaria aqui.

_Ela não vai aceitar tão fácil, mas eu falei sério quando disse que gostaria de namorar você.

_Eu prefiro ir devagar, como você mesmo disse não será facil para ninguem.

As duas ficaram ali sentadas por um longo tempo, apenas matando o tempo e evitando as confusões que ainda teriam de encarar.

Fim do capítulo