Nota: Esse capítulo é o final do julgamento e não da história. Porém logo terminaremos e se for do gosto de vocês, a terceira e última parte será escrita. Será totalmente referida às crianças que logo ficarão adolescentes. Aguardo opiniões e ideias. Bjs.
Capítulo 61. O Julgamento (Final)
No retorno após o recesso, a coronel e os demais tomaram seus lugares. Ainda faltavam serem chamados três policiais e depois o depoimento mais importante seria o do sargento. As testemunhas de acusação e defesa foram todas ouvidas e os advogados tanto de defesa como de acusação faziam às suas últimas tentativas de fazer o júri condenar ou absolver os acusados.
Tanto os presentes como a Corte tomavam ciência de todas as manobras arquitetadas pelo finado capitão Guedes e seus comparsas porque era assim que a coronel se referiu a eles durante o julgamento. Alguns comentavam sobre o assunto e a coronel às vezes tinha que cancelar os depoimentos para avisar que todos deveriam ficar em silêncio.
Por volta das quatro e meia da tarde o depoimento mais esperado chegou. O sargento Telles iria depor contra o major e seus comparsas. O advogado de defesa do major começou as perguntas.
-- Então o senhor se chama Carlos Telles Gomes, nasceu em São João Del Rey portanto, é mineiro, casado, pai de três filhos, ingressou na corporação em 1.989 e graduado 3ºsargento da polícia militar do Estado de São Paulo?
-- Sim senhor. Respondeu.
-- Sargento Telles o senhor sabe que tudo o que disser aqui, está fazendo sobre juramento de dizer toda a verdade e nada mais?
-- Sim senhor capitão eu estou ciente! Falava olhando diretamente para a coronel que somente observava as atitudes do advogado.
-- Pois bem sargento. O senhor é acusado de participar e acobertar os crimes que segundo os fatos incluem o major Portela e o finado capitão Guedes entre outros, o senhor tem consciência disso?
-- Tenho!
-- Sargento é verídico que o senhor além de participar de alguns roubos, fazia vistas grossas as atitudes suspeitas e ilegais do seu comandante?
-- Sim senhor, mas eu fui obrigado por ele sob o pretexto de ele ameaçar matar a minha família.
-- Ah sim agora o senhor é um santo? -- Mas na hora de aceitar propinas o senhor não era? – Aliás, era sim, um ladrão corrupto!
-- Protesto meritíssima, o nobre colega está desmoralizando o meu cliente perante a Corte sem dar-lhe o direito de responder a todas às perguntas calmamente!
-- Protesto aceito tenente e quanto ao senhor capitão atenha-se somente aos fatos do processo. Não estamos aqui para espinafrar e nem humilhar ninguém e sim para saber o que aconteceu. Portanto eu não vou mais avisá-lo, meça as suas palavras. E da próxima vez vou coloca-lo para fora. Atenha-se aos fatos do processo somente isso!
O advogado de defesa do major e dos outros ficou olhando para a oficial e depois continuou as perguntas.
-- Pois bem sargento conte-nos o que aconteceu e quem sabe o senhor vai me convencer da sua inocência!
O sargento tomou um pouco de fôlego e mais calmo começou a relatar todos os fatos que a coronel já sabia quais seriam, mas, ela estava dando corda ao advogado só para ver até onde ele iria chagar.
-- Bom capitão o senhor leu o meu prontuário e sabe que eu tenho três filhos. A Maria Paula é a mais velha, depois vem o Mateus que é o do meio e o Regis que é o meu caçulinha. Eu nunca fui ladrão e nem corrupto, mas o que aconteceu há um ano atrás deixou minha família numa situação de desespero e como o meu soldo não é muito alto, eu tive que fazer alguns bicos para complementar o salário e foi ai que tudo começou.
Os presentes no recinto e os integrantes da Corte ouviam atentamente o sargento. Como ele estava um pouco nervoso, o tenente coronel Radamés pediu que ele ficasse calmo e que continuasse contando a sua versão dos fatos.
-- Como eu estava dizendo uns quatro meses depois, o meu pequeno Regis sofreu um acidente que o deixou entre a vida e a morte. Ele fez quatro cirurgias para corrigir a perna esquerda e uma na cabeça porque ele criara um coágulo e os médicos acharam melhor operá-lo ao invés de drenar o sangue e o meu filho entrou em coma e ficou internado no hospital da Cruz Azul por três meses. Eu e minha esposa achamos até que ele fosse morrer. Nesse meio tempo enquanto a minha esposa ficava com ele no hospital, a Maria Paula e o Mateus ficaram na casa dos meus pais e eu continuei trabalhando e fazendo bico.
-- Continue sargento e tenha calma! Falou a coronel.
-- Quando o Regis saiu do hospital eu ainda continuava com os meus bicos, mas o tratamento que ele iria fazer e os remédios ficavam muito caros. Um dia eu encontrei o tenente Marton e ele me disse que o capitão Guedes queria falar comigo. Eu perguntei sobre o que era e ele disse que o assunto me interessaria porque dizia respeito à saúde do meu pequeno e então eu fui no outro dia conversar com ele. Quando eu cheguei na sala ele e o tenente estavam conversando e quando me viu logo me ofereceu um café e pediu que eu sentasse. Perguntei o que ele queria e o tenente me respondeu que eles iriam me ajudar no tratamento do menino, mas tinha uma condição.
-- E qual era essa condição? Perguntou o advogado
-- Que se eu fizesse o que eles mandassem, eu poderia pagar todo o tratamento e os remédios do meu filho. No começo eu não quis, mas uns quinze dias depois eles estiveram em minha casa com uns caras que eu nem conheço e me fizeram novamente a proposta, eu não quis aceitar e o major Portela estava junto com eles. Falou apontando para o major.
-- É mentira desse safado. Gritou.
-- Major contenha-se ou vou mandar recolher o senhor agora! Gritou a coronel.
-- Como eu me recusei a colaborar eles ameaçaram a minha família e ameaçaram coloca-los no porta malas do meu carro, colocar fogo e que eu iria assisti-los queimando vivos. Eu fiquei desesperado e no dia seguinte, fui até a sala do capitão e acabei aceitando a propina. Comecei a fazer vista grossa e quando resolvi sair e me tornar honesto novamente, ele e o major alteraram todas as provas e nessa sobrou para mim.
Todos estavam atentos ao depoimento do sargento e então o tenente coronel perguntou ao pé do ouvido para Márcia:
-- Coronel Mantovanni, você acha correto punir esse homem? – Nós também já sofremos com ameaças e você chegou até matar para defender sua família. Eu já fiz isso também. Então não seria justo com ele.
-- Eu já tomei a minha decisão Radamés há muito tempo e no momento certo você verá.
-- Então o senhor alega que foi pressionado e ameaçado pelo seu finado comandante capitão Guedes, o subcomandante tenente Marton que aqui está e pelo major Portela? – Me desculpe sargento, mas o senhor anda vendo filmes demais. Peço à corte que condenem também esse homem que soube aproveitar muito bem às vantagens ofertadas a ele e agora se faz de bom moço. Não tenho mais perguntas!
O advogado de defesa do major deu por encerrada às perguntas e o advogado de acusação também não tinha nenhuma pergunta a fazer.
A coronel perguntou aos advogados se ambos não tinham mesmo mais pergunta a fazer. Como obteve uma resposta negativa ela então se reuniu com os outros oficiais que formavam a cúpula da Corte e depois de analisarem os documentos e as provas ela avisou que eles entrariam em recesso por uma hora e logo sairiam com o veredito.
No recinto todos os presentes que assistiram à sessão eram policiais. Mas somente os que foram autorizados pela coronel puderam assistir. A maioria eram capitães, majores e coronéis ou tenente coronéis. Os policiais de baixa patente eram poucos.
Após a uma hora de recesso que fora dada os oficiais da Corte retornaram e todos tomaram os seus respectivos lugares. A coronel depois de pedir silêncio a todos se levantou e disse:
-- Senhoras e senhores, no dia de hoje esta Casa de Leis após os trabalhos de investigação e conclusão dos fatos no processo de Nº15.216/16 dará o seu parecer sobre o veredito.
-- Aos quatorze dias do mês de setembro do ano de 2016, de acordo com o resultados das investigações e a conclusão dos inquéritos perante essa Corte Militar, eu Coronel PM MARCIA PERES CORTES MANTOVANNI, juntamente com os meus companheiros do Tribunal Militar e a quem possa interessar, declaro que chegamos ao final desse julgamento. Os vereditos foram dados de acordo com os depoimentos dos envolvidos em toda essa que podemos chamar de corrupção ativa de membros integrantes da Polícia Militar do estado de São Paulo e Polícia Militar do estado do Rio de Janeiro. Portanto esses são os resultados:
SD PM Carlos Henrique Garcia 12 anos e seis meses
SD PM Carlos Roberto de Almeida 09 anos e dez meses
CB PM Geraldo Neves 09 anos
SGT PM Augusto Lima 12 anos
TEN PM Manoel Garrido Carrieli 18 anos e dois meses
MAJ PM Anderson Gomes Portela 20 anos
-- Declaro que esses ex-policiais cumprirão a pena imposta por essa Corte em seu Estado de origem. E declaro também e de acordo com as normas desta Casa de Lei Militar que, não cabe recursos das partes sendo que ambos deverão cumprir as penas impostas em regime fechado sem direito a liberdade condicional e/ou saídas temporárias. Declaro também aqui perante essa Corte que, os outros policiais julgados por serem provenientes deste Estado, serão enviados ao presídio Romão Gomes e de lá para o Presidio Estadual de Presidente Bernardes em regime fechado sem direito a liberdade condicional e/ou saídas temporárias. Declaro também aqui a todos os presentes que o policial militar CARLOS TELLES GOMES, 3ºSARGENTO PM, lotado atualmente no Regimento de Cavalaria 09 de Julho da Polícia Militar do Estado de São Paulo, ESTÁ LIVRE DE TODAS AS ACUSAÇÕES que lhe foram infundadas em decorrência das investigações e provas colhidas contra a sua pessoa até o término desse processo. Declaro também que ao ver e analisar os processos, essa Corte concluiu que o referido oficial foi induzido e obrigado a certas atitudes ilícitas das quais o fizeram réu.
-- Portanto eu CORONEL PM MARCIA PERES CORTES MANTOVANNI, declaro que se encerra esse processo nos termos das Leis que regem esta casa. Portanto publique-se e cumpram-se as sentenças. Agradeço aos meus colegas de Corte o auxílio neste trabalho. A sessão está encerrada.
São Paulo 14 de Setembro de 2016.
CORONEL PM MARCIA PERES CORTES MANTOVANNI
PRESIDENTE
Depois dos tramites legais os condenados foram levados ao presídio. A coronel estava feliz e assim como os outros, ela tinha a certeza de que mais uma vez havia cumprido o seu dever. Foi o amigo Radamés que falou:
--Parabéns amiga você foi demais. Até o coronel Borges se surpreendeu com as suas atitudes.
-- Vou corrigi-lo meu amigo, nós fomos demais. Afinal de contas se não fosse por vocês, eu não teria conseguido.
Nisso o major Kizuma chegou próximo aos dois e disse:
-- Bom meus amigos e então depois dessa vamos tomar uma cervejinha?
-- Olha eu agradeço a vocês, mas quero ir para a minha casa e abraçar a min há esposa e os meus filhos. Fica para outra vez.
-- Tudo bem Marcinha fica para outra vez.
A coronel estava saindo quando ouviu alguém chama-la. Virou-se e viu que o sargento Telles a esperava.
-- O que houve sargento achei que já tivesse indo embora!
-- Eu achei melhor esperar todos irem embora para lhe agradecer.
-- Agradecer o que Sargento?
-- Pela sua compreensão e benevolência ao perceber que eu era só mais uma vitima desses canalhas, mas agora graças à senhora eu posso cuidar da minha família e ficar em paz.
-- Então vamos porque eles estão lá em casa com a Andressa e as crianças. Se corrermos ainda pegaremos o jantar. Disse ao abraçar o oficial.
Fim do capítulo
Olá meninas.
Mais uma vez a coronel cumpriu sua missão. Agora resta trabalhar e curtir a família. Os filhos estão começando a trilhar caminhos, mas a coronel não quer mais pensar nisso agora,
Espero que o capítulo agrade a todas. Quero também parabenizar às novas amigas que estão chegando no Projetto Lettera com suas obras das mais variadas.
Bjs a todas.
Bjs amor.
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patty-321
Em: 02/03/2017
A coronel foi muito justa em condenar os corruptos e liberar o sargento das acusações. Realmente ele foi vítima de toda a corrupção. Nossa heroína como sempre age com honradez e justiça. Agora curti os carinhos dá 1a dama e das crianças fofas. Bjs amor. Parabéns.
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