Capítulo 1
Capítulo I. 27/02/2017
Fernanda.
- Adoro trans*r com você sabia? – sibilei enquanto encarava o teto do motel, já tão conhecido.
- Que bom! Eu fico feliz em saber disso – respondeu com um sorriso tímido, tentando cobrir o corpo com o lençol. Era tão meigo esse jeito tímido da Lívia.
- Tem quase dez anos que a gente trans* sabia? Quase um relacionamento. – ela gargalhou.
- Começamos cedo, e você...bem, você foi a primeira. – falou encabulada.
- Eu sei que fui a primeira mulher que você transou. Deu sorte, hein?! – eu ri, mas ela ficou séria por um momento. – que foi Lívia?
- Nanda, você não foi a primeira mulher que eu transei – Oi? Como assim? Sempre me vangloriei disso, agora ela me vem com essa?!
- Como é? – franzi o cenho e ajoelhei na cama – você não tinha essa experiência toda quando a gente começou a ficar.
- Claro que não, porque você foi a primeira pessoa com a qual eu me deitei – ela baixou os olhos, o rosto completamente vermelho. Levantou-se da cama, e me deixou com cara de idiota. Eu fui a primeira? Ela era virgem? Donzela? Perdeu o cabaço comigo? Meu Deus!
Quando nós nos conhecemos ainda estávamos no colegial, eu era praticamente uma líder de torcida, participava dos grupos de dança, já ela, bem, uma nerd, sempre foi, até gostava de esportes, eu admito que ela sempre teve um corpo interessante, mas vivia de moletom e jeans. Nossa “primeira vez” foi no banheiro da escola mesmo, eu tranquei a porta tirei a roupa e entrei na cabine com ela. Lembro da falta de jeito e da vergonha dela ao tentar cobrir o corpo. Mas apesar de todo o constrangimento eu fiquei impressionada, tanto que quis repetir, uma, duas, várias vezes, e estamos aqui, anos depois, com o mesmo apetite sexual, talvez até maior. Nunca me cansava de deitar na cama dela.
- Nanda, já tá pago viu? – me despertou do meu transe. Olhei-a já toda arrumada.
- Lívia, por que você nunca me disse? – ela me olhou sem entender – Que eu tirei sua virgindade?
- Pra quê? – deu de ombros – nosso negócio sempre foi sex*. Você sempre me quis aqui – apontou para entre minhas pernas – e não aqui – colocou o dedo na cabeça de longos cachos castanhos que ostentava. Eu dei um suspiro e caí de costas na cama. Suspirei. Ainda deu tempo de vê-la sair.
Duas semanas depois.
- Acho que preciso trepar, Pepê. – falei enquanto passava uma toalha no pescoço após o ensaio. – Tem dias que eu não faço nada.
- Não encontrou com a engenheira esses dias? – perguntou sorrindo da minha cara de desânimo.
- Não, essa última semana eu viajei para participar de uns eventos, e ela, foi inspecionar alguma obra lá no sul, acho até que nem chegou ainda.
- Você não estava dando para o Paulo e o Henrique esses dias? – com um sorriso malicioso completou – com dois paus daqueles como prefere uma bucet*? Não entendo você.
- É porque você não conhece a ch*pada da Lívia – falei enquanto me direcionava para a lanchonete e estanquei ao ver uma morena safada se derretendo em sorrisos para a engenheira tímida que permeava minha cama.
- Parece que tem mais gente querendo conhecer a “ch*pada da Lívia”! – fechei a cara para ele e encostei séria.
- Oi, Lívia! – sorri para ela, que retribuiu meu sorriso meio acanhada. Engraçado o modo envergonhado dela ao meu lado, apesar de tantos anos dividindo a cama.
- Oi, Fernanda. Como vai? – deu dois beijinhos na minha bochecha e cumprimentou meu amigo. – você conhece a Milena? – sorriu para a morena e eu senti leves náuseas.
- Claro, eu conheço todas as minhas funcionárias – respondi meio seco e a Lívia levantou a sobrancelha confusa com meu comportamento. Até eu estava confusa com ele. Mas enfim, ao menos a menina entendeu o recado e saiu para fazer alguma coisa.
- Maria Fernanda o que houve com você hein?! – inqueriu séria, mas sobre tudo, surpresa.
- Isso não vai dar certo. – Pedro falou como quem prevê a vida alheia.
- Será que dá pra você me foder hoje e acabar com meu estresse? – falei baixinho com cara de safada e ela sorriu de lado.
- Vamos? Você sabe que eu adoro você assim, toda suada. – Meu amigo fez cara de nojo e saímos em direção ao carro dela.
- Nanda não dá pra você esperar chegar no motel? – perguntou enquanto eu sugava o pescoço dela, já com uma das pernas por cima de seu colo, quase montada mesmo.
- Não, preciso muito sentir você. – desabotoei a camisa vermelha e vi a pele alva, os seios envoltos em um sutiã singelo tom de rosa claro, suspirei.
- Chegamos – ela quase gritou perdendo o controle.
A garagem fechou e eu já me encaminhava para o quarto quando ela me puxou de volta. Senti meu corpo ser empurrado para o capô do carro. Ela tirou meu tênis e abaixou minha calça de moletom, sem nenhuma cerimônia enfiou a língua em mim, e me ch*pou. Céus, não existe melhor ch*pada que a da Lívia, e olha que eu já recebi várias!
Ela sugava meu clit*ris, bailava com a língua dentro de mim.
- Não para, continua ch*pando vai. Bebe todo o meu leitinho, bebe. – eu g*zei e ela continuou me sugando, provando todo o líquido que saia de mim.
- Vamos para o quarto? – perguntou enquanto gentilmente me fazia cruzar as pernas na sua cintura. Me levantou e me carregou com facilidade para o quarto. – acho que eu mereço um beijo, não? – afundou os belos olhos cor de âmbar nos meus e por um segundo eu senti o chão faltar, quer dizer, a cama.
Quer dizer, o que estava acontecendo? Ela percebeu minha confusão e me perguntou “tá tudo bem?”, eu assenti e puxei seu rosto, chocando nossos lábios. E ai que deu merd* mesmo! Meu coração entrou em ritmo de carnaval e tremelicou no peito, que porr* é essa?!
Ela sugou minha língua e eu senti meu ventre contraindo. Desabotoei a calça dela com pressa. Inverti a posição e montei, abri as pernas e permiti o contato direto entre nossa intimidade.
Eu rebol*va cada vez mais forte, me esfregava sem pudor, o peito dela subia e descia. Adoro essa sensação. Adoro a expressão dela de prazer. Adoro saber que eu sou o motivo do prazer dela. E adoro quando ela chega ao ápice comigo. O que, aliás, foi exatamente o que aconteceu.
Me deitei sobre o corpo dela e a beijei, ela deu um breve sorriso, ainda de olhos fechados, e permitiu a passagem da minha língua.
- Nanda, acho que vou malhar na sua academia. – falou enquanto sentava na cama e ajeitava os cabelos desgrenhados.
- Nunca entendi porque você não malhava lá. – falei enquanto fitava ela vestir a calcinha e o sutiã – não é por grana, e ainda que fosse era só falar comigo que eu liberava pra você.
- Na verdade, acho que ficar tão perto de você não faz bem para minha sanidade mental – falou séria e jogou um beijinho no ar.
Lívia pegou o telefone e pediu algo para a recepção. Eu liguei a televisão, apesar de ter todos os canais de sex* possíveis, passava também um filme de velho oeste, deixe lá. Ela sempre curtiu filmes assim. A vi voltar equilibrando duas tortas de chocolate e um champanhe.
- Champanhe? Você nem bebe. – olhei para a cara dela que parecia meio indecisa. Me entregou um dos pratos e eu coloquei-o na cama, sem dar muita bola. Sempre preferi comer do prato dela. Ela sorriu com o meu gesto. Suspirou abriu a garrafa deu um gole e me olhou séria. Muito séria. E com um pedido de compreensão velado nos olhos.
- Fernanda, quero conversar uma coisa com você. – mordeu o lábio inferior e sorriu. Não, aquele sorriso não. Odeio esse sorriso. Sempre são desvantajosos para mim, sempre me anunciam coisas desagradáveis. – Acho que essa foi nossa última vez. – eu engasguei com o champanhe, cuspi a cama toda. A miserável ainda chegou perto de mim, preocupada. Gentilmente limpou a minha boca com um guardanapo, e eu a empurrei. Não sou obrigada a tomar um fora e ficar feliz.
- Lívia, você já teve outras namoradas, o que faz você pensar que com essa vai ser pra sempre? Você sempre acha que é eterno, mas é sempre para a minha cama que você volta. – falei nervosa, sem pensar, irritada mesmo. Ela baixou os olhos. Ok, eu a magoei.
No ápice da maturidade dela, pegou os dois pratos sentou no chão e comeu o bolo ignorando minha presença. A gente quase nunca brigava, na verdade, isso só acontecia quando ela inventava de ter algum compromisso com alguém. Nunca me importei em dividi-la, afinal, eu também não era exclusiva. No entanto, Lívia sempre foi uma dama, se ela ficava com alguém além de mim, eu nunca sabia, quando eu tomava conhecimento era porque já estava no estágio do namoro, ai eu passava meses sem o melhor sex*, até a porcaria da relação acabar e ela me ligar.
Para vocês verem, depois tem gente que diz que eu a uso. Na real, era ela que me tinha a disposição, eu nunca namorei ninguém, e também nunca disse não a um telefonema dela. Isso é fato.
- Eu vou tomar um banho, suas roupas eu catei e deixei ali em cima do sofá. Não vou demorar, já libero o banheiro para você.
Catei o celular dela, queria saber quem era a piranha que estava acabando com o meu melhor sex*. Quase caí para trás. A Lívia só podia estar de brincadeira. Por isso que ela ia trocar de academia, a infeliz que ela estava comendo era simplesmente a Bruna, uma das dançarinas da minha equipe, que aliás eu odiava.
Apesar de ser filha dos donos da academia, eu não tinha regalias, meu pai achava que se eu, e meus irmãos, queríamos herdar os negócios da família tínhamos que fazer por onde. Passamos pelos mesmos processos seletivos, estudamos, e cada um, em sua área, foi galgando seu espaço.
Ou seja, mesmo sendo dona, recebo o mesmo salário, e cumpro ordens dos coreógrafos, diretores, enfim, e ainda dou umas aulas para complementar meu salário, ralo para caramba, assim como meus irmãos. A sorte é que eu sou bonita, então sempre aparece trabalhos com fotografias, presenças, campanhas publicitárias.
- Maria Fernanda, posso saber o que você está fazendo com meu celular em mãos? – eu arregalei os olhos e larguei automaticamente o aparelho que caiu no chão. Dei um sorriso amarelo. Ei, a errada não era eu. Ela que estava comendo minha colega nas minhas costas.
- A Bruna, Lívia? Você sabe o quanto eu odeio essa menina! – ela encolheu os ombros e me olhou meio sem jeito – e ainda está comendo nos duas ao mesmo tempo né?! – esquece essa história que eu não me importo. Ela não podia ficar logo com uma rival. E pior, preferir a ela ao invés de mim!
- Calma, Nanda. – rumei o travesseira na cara dela. – aconteceu. – Ah, jura? Eu vou matar essa desgraçada! Fuzilei-a com os olhos, que deu um suspiro e sentou na cama procurando as palavras. – Olha, eu não estou te entendendo. Você está protagonizando uma cena de ciúmes, quando na realidade nunca sentiu nada por mim além de tesão. Maria Fernanda, você sequer lembra qual a data do meu aniversário. E também, não se preocupe, eu não espero nada disso de você. – ela sorriu triste – eu nunca esperei que a menina mais linda do colégio fosse querer romance comigo. – por que aquilo estava doendo em mim? Ela só falava verdades. – olha para você, Nanda. Linda, estilosa, carismática, as portas simplesmente se abrem para você, o que eu poderia te oferecer? Eu sou uma mulher comum, normal. Nem nada de menos, nem nada demais. Eu já me surpreendo com as suas ligações para trans*r ou com os nudes que você me envia durante o dia. – ela riu – eu não tenho mais idade para ficar desfrutando de relações infrutíferas. Eu quero alguém para mim. Talvez o sex* com ela não seja como com você, mas ao menos ela me dá a certeza de ser de alguém, a segurança de poder acordar ao lado e saber que a pessoa está ali comigo, e por mim.
Eu senti angústia, mas não falei nada. Nem sabia qual era o motivo do meu drama, só podia ser TPM. E também era só sex*, eu podia arrumar outra. Ninguém é insubstituível.
Ela me deixou na porta do meu prédio, eu me arrastei para meu apartamento com um oco no peito.
Fim do capítulo
Obrigada!
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Brescia
Em: 01/05/2019
Boa tarde mocinha.
Comecei a ler hj e gostei muito mesmo. O primeiro capítulo já me deixou com vontade de querer mais. Adoro essa mistura de sentimentos e vc está dando uma aula.
Baci.
Resposta do autor:
Bom dia, Brescia!
É muito bom ter esse retorno do leitor! Fico muito feliz com o seu carinho!
Um beijo!
SSenseiGabii2
Em: 06/03/2017
Gostei do enredo..10 anos é muito e elas tem Química,tomara q a Nanda impeça ela
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mtereza
Em: 01/03/2017
Gostei da sua escrita achei interessante o enredo as personagens e não achei que os palavrões ficaram fora de contexto deram sentido a construção da personagem da Fernanda .
Resposta do autor:
Muito obrigada! Fico super feliz em saber que te agradei!
Agradeço muuuuito sua atenção!
Um beijo!
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Tatta
Em: 28/02/2017
Olha, achei bem interessante o enredo em que a história se basea. Fiquei mega curiosa pra ver o que vem a seguir. Vou acompanhar.
Eu vi que algumas pessoas pontur isso é tenho certeza que outras irão destacar... a questão do linguajar performático. Eu particularmente não uso nas minhas relações e não pretendo usá-los em momento algum e de forma alguma. Não curto. Mas aqui não estou em uma de minhas relações, então tenho que respeitar o estilo de escrita, o contexto, a mensagem que o autor quer passar e mais um monte de coisa... então não vou dizer pra você maneirar só pq eu não gosto... tenho certeza que com o tempo e observando o publico que te lê, você irá definir a frequência desse linguajar... então, prfv não se acanhe e nem twntw escrever diferente só pq eu e outras pessoas não curtimos esse palavreado.... até pq, por incrível que pareça, ele é mais usado do que imaginamos!
endim.,. Não pare com a história... o enredo é bem interessante e eu estou bem curiosa pra ver o que segue!
beijos
Resposta do autor:
Boa tarde, Tatta!
Agradeço a compreensão! Eu também não emprego essa linguagem no meu cotidiano, mas eu percebo que é muito comum na sociedade. Apesar de tentar escrever de uma forma leve, quero que a estória seja próxima da realidade também!
Muito obrigada pela sua atenção!
Um abraço, meu bem!
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Andrea_Lopes
Em: 27/02/2017
A estória parece ser boa. Essa Fernanda é uma galinha no bom sentido.
MAS VOCÊ PODERIA MODERAR UM POUCO MAS PALAVRA PESADAS TIPO: B***TA. DÁ UM CERTO INCÔMODO EM LER ESTÓRIAS ASSIM.
É UMA CRÍTICA CONSTRUTIVA, GOSTEI DA ESTÓRIA MAS QUERIA QUE FOSSE ALGO MAIS LEVE.
Resposta do autor:
Boa noite, Andrea! Agradeço a atenção!
Eu entendo seu incômodo, para mim também é desagradável escrevê-los! No entanto, existem alguns termos pejotativos que fazem parte do linguajar de amplos setores sociais, e mais ainda, há certos momentos que esses termos são utilizados com mais frequência.
Mas eu vou avaliar meu texto e ponderar o que eu escrevo, para evitar que fique pornográfico e muito pesado, o que de fato não é a intenção da estória.
Um abraço!
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