Isabella acordou atordoada, não sabia exatamente a hora, Laís estava enroscada a menina, as duas pareciam uma. Buscou o celular no chão e assustou-se:

_Laís, acorde._ Isabella tentou falar o mais baixo possivel

_Que horas são?_ A mulher perguntou ainda sonolenta.

_Quase dezoito, acho que dormimos a tarde inteira.

_Você tem algo a fazer? O que você costuma fazer nas noites de segunda-feira?_ Laís perguntou, tinha um tom ancioso em sua voz.

_Na verdade quase nada, estudo, leio, as vezes eu fico com a Carol, mas tem sido difícil.

_Sente falta da sua irmã?_ Laís senta-se na cama olhando diretamente para Isabella.

_Sim, eu sinto muita falta de Carol. Mas eu entendo, ela está apaixonada pela primeira vez e quer estar sempre com a Ana.

_E como você fica? Além da garota que você adora você perde também a sua irmã?

_Eu estarei sempre aqui para quando ela precisar, mas tenho que te confessar algo. Então por favor, eu não gostaria que você surtasse com as coisas.

_Eu não surto com as coisas Isabella.- Isabella deu uma risada alta.

_Sim, você surta. Mas enfim... Apesar do desconforto que sinto com as duas, meus sentimento pela Ana não são mais como alguns dias atrás, não sei explicar o que me incomoda, mas não é o fato de serem um casal, tenho pensado que é porque sinto muita falta de Carol, sempre fomos muito próximas, estavamos sempre juntas, mas desde que ela e Ana se conheceram isso mudou. E na verdade eu tenho gostado de estar ao teu lado, acho sempre melhor conversar com você.

_Porque achou que eu iria surtar?_ Laís pergunta erquendo uma sombracelha.

_É isto que você faz quando eu mostro que gosto de estar ao seu lado. E para ser sincera eu gosto de você, eu nunca achei que esse tipo de coisa acontece em pouco tempo, mas você me mostrou que é confiavel e leal, então eu sei que posso correr para você quando eu precisar, na verdade quando eu não precisar também. Eu apreciei muito o que você fez hoje no almoço, de ter paciência e conversar comigo.

Laís deu sorriso quase infantil, os lindos olhos castanhos também sorriram, aproximou-se devagar e beijou Isabella de forma gentil, aquilo surpreendeu as duas, entre os corpos passou uma eletricidade desconhecida.

_Eu tenho que admitir, aprendo muito com você. Estive pensando Isabella, tens um grande talento e vejo que é muito esforçada. Eu tenho certeza que será uma grande médica._ Laís falou com nítido orgulho.

_O que você faz as segundas-feiras a noite?_ Isabella devolveu a pergunta.

_Preparo as aulas do dia seguinte.

_Então vamos tomar um banho e jantar, depois você pode preparar suas aulas e eu posso ajudar você.

_Isso é trapacear Isabella, eu darei aula para você amanhã.

_Vem Laís, discutiremos isto durante o jantar.

_Banho com você?

_Sim, banho comigo, agora por favor pare de ser boba e venha logo.

***

Carol reconheceu o carro assim que chegou, esperava ter uma tarde a sós para conversar com Isabella, mas Laís estava por perto, suspirou e foi até a cozinha, encontrou pratos sobre a pia, aparentemente a irmã havia cozinhado, adorava quando era macarrão com queijo, encontrou uma nota na geladeira: "Fiz almoço para você, está no microondas, com queijo extra, por favor coma. Vou descansar um pouco, se precisar é só chamar."

Carol suspirou e almoçou sozinha, Ana Victoria tinha que almoçar com o pai, Isabella estava gastando seu tempo com Laís, aquilo a incomodou.

Passou em frente ao quarto da irmã e pensou em bater, mas tudo estava silencioso e Laís ainda estava lá, jogou-se na cama e esperou que a outra fosse embora logo. Mas para desespero de Carol a mulher não foi, durante a tarde inteira esperou ver a porta do quarto da irmã abrir e não ouviu, não conseguia se concentrar em estudar.

No fim da tarde ouviu a campainha e desceu correndo, Ana Victoria estava na porta com lindo sorriso:

_Eu senti sua falta._ Carol disparou assim que viu a outra.

_Eu pensei ter entedido você dizer que passaria a tarde com a Isa.

_Sim, mas eu ainda não há vi, Laís está aqui, quando eu cheguei elas já estavam trancadas no quarto, acho que devo falar com a mamãe sobre o assunto, não é certo elas ficarem tanto tempo juntas, Laís é quinze anos mais velha que ela.

_Carol, pare com essa besteira toda, é obvio pelo comportamento da sua irmã que a Laís tem feito um grande bem a ela. Não parece importar para as duas a diferença de idade.

_Isabella matou aula para ficar com ela, isto nunca havia acontecido antes. Isso pode prejudica-la.

_Carol, para com essa loucura. Nós sabemos muito bem que a sua irmã tem uma capacidade muito grande de aprender rapidamente, se ela não foi a aula hoje tem uma boa explicação e aposto que nada tem a ver com Laís, para com tudo isso. A Isabella e Laís são mulheres adultas, eu tenho certeza que a Laís jamais iria querer prejudicar o futuro da sua irmã.

_Mas é errado de várias maneira Vivi.

_Você está com ciúmes bobo, vamos subir e conversar. Mais tarde se elas ainda não tiverem descido podemos chama-las e jantar todas juntas.

_Você acha que Laís vai dormir aqui?_ A voz de Carol parecia ressentida.

_Eu não sei, mas eu durmo aqui algumas noites por semana e isto não parece lhe incomodar, então conceda o mesmo direito a sua irmã.

Vivi conduziu Carol até o quarto, as duas jogaram-se na cama juntas. Ficaram tão entretidas em namorar que assustaram-se com a leve batida na porta, mas do que depressa Carol apressou-se em abrir:

_Isa._ Falou surpresa olhando a irmã parada na porta, o cabelo molhado denunciando o banho rescente.

_Laís está nos convidando para jantar, achei que você estaria com fome.

_Desculpe, eu e a Vivi já temos planos, mas obrigado. Você volta para dormir?

_Sim, eu chego cedo, apenas uma pizza.

_Não imagino aquela mulher comendo pizza.

Isabella sorriu sem graça, não reconhecia aquela atitude da irmã, apenas acenou para Ana que estava sorrindo-lhe saiu, desceu as escadas correndo e quase esbarrou em Laís que estava do lado de fora olhando o céu:

_O que houve? Carol não vai se juntar a nós?_ Laís perguntou prendendo a menina num abraço.

_Não Laís, eu desconheço a garota que vi a poucos instantes, minha irmã não é assim, ela parecia com raiva, nunca antes vi ela sentir raiva. Acha que a magoei de alguma maneira?_ Isabella perguntava com pequenas lagrimas ameaçando escorrer.

_Ei meu anjo, ela deve estar chateada com algo. Não leve em consideração.

_Você ficará muito chateada se eu ficar em casa? Gostaria de estar perto caso ela precise de mim.

_De modo algum, prometo lhe mandar mensagem. Podemos ficar conversando para você não se sentir sozinha.

As duas mulheres se despediram com um abraço apertado, era notorio que nenhuma das duas queria se despedir.

Isabella voltou ao quarto e jogou-se na cama, estava muito preocupada com Carol, falaria com Ana Victoria assim que tivesse uma oportunidade, não demorou muito para ver o número de Laís piscar avisando que a outra havia lhe mandando mensagem. As duas conversaram até adormecerem.

Fim do capítulo