Brenda

Quando acordei sentir dores muito fortes na cabeça e  meu nariz um pouco dormente,  mal conseguia abrir os olhos,  lapsos foram se esvaindo fazendo eu voltar à realidade... olhei pro lado e me assustei ao ver um homem deitado de bruços com uma única peça cobrindo sua nudez, não lembrava de nada, tentei buscar em minha memória alguma lembrança da minha fatídica noite anterior mas não conseguia me lembrar, um certo pavo rcomeçou a se apoderar de mim ao pensar nas bobagens que poderiam ter acontecido, estava distraída com esses pensamentos quando sinto vários beijos nas minhas costas e alguns fios da barba mal feita roçando na minha nuca, levantei subitamente tentando  me cobrir  e passei a observa-lo com mas precisão, ele surpreso com minha reação passou a tentar explicar o que havia acontecido.

- Oi... Bom dia Brenda... você deve está se perguntando como eu vim parar aqui né? - Fiz sinal de positivo e ele coçou a garganta e então começou a explicar.

- Então... tudo começou quando estávamos no mercado e por coincidência nos encontramos, aí então você me convidou pra vir até a sua casa, passamos a conversar pra relembrar os tempos da faculdade, bebemos e acabamos ficando.
 Fechei os olhos, as lembranças voltando a minha memória de tudo aquilo que ele havia acabado de falar,  passei a lembrar do encontro no mercado ate a parte  que eu estava sentada junto a mesinha de centro cheirando algo branco. Olhei assustada pra ele...então ele perguntou:

- Lembrou ?

- Sim...Mas só até a parte que eu estava cheirando alguma coisa branca, será que dá pra mim explicar o  que seria aquilo? - Ele logo mudou sua expressão, seu nervosismo já dava sinais de vida, em sua testa começou a aparecer algumas gotas de suor, demorou um pouco a responder, como que tentando achar alguma resposta plausível e convincente pra minha pergunta.

- Bem... aquilo, eu...eu... uso pra me manter distraído ou quando estou muito nervoso.

- "Aquilo" , (frisei bem a palavra)... que você diz que te mantém distraído por acaso seria 
Cocaína?- ele então começou tossir mas ainda, ficou vermelho igual a um pimentão.

- Sim... eu queria me desculpar por ter te oferecido... eu não queria, só que eu te vi tão triste queria aliviar um pouco a sua tristeza, te fazer esquecer um pouco do seu sofrimento.

- Você sabe que  o que fez não é  certo, não se deve oferecer essas coisas pra alguém que não estar em seu estado normal, só me explica mas uma coisa, a gente transou?

- Sim, mas isso eu te juro que não forcei... aconteceu naturalmente, tanto eu como você estávamos completamente bêbados e aconteceu.

- Entendo... por favor eu gostaria de ficar sozinha, será que você poderia ir embora ?-Falei secamente, ele fez sinal de positivo levantou e se vestiu.  pegou suas coisas olhou pra mim esperando que eu mudasse de ideia, continuei calada e então ele saiu  fechando a porta. 
Desabei no sofá tentando assimilar toda aquela revelação, aonde eu fui chegar, uma lágrima involuntária desceu, como o amor pode destruir a vida de uma pessoa levando-a a chegar ao ponto de beber feito louca, cheirar algo viciante e sair trans*ndo com um completo estranho, apesar de não ser tão estranho, mas já se fazia tantos anos que não o via  desde o colegial, não  era pra ter acontecido.

- Mas que Droga você fez com minha vida Victória Fernandes? - repentinamente meu celular começou a tocar,  peguei e logo de cara a foto de Camila exposta, uma raiva me consumiu,  joguei o celular no outro lado do sofá, me deitei e comecei a massagear minhas têmporas, o celular insistentemente continuava a tocar, achei estranho Camila não é de insistir tanto, peguei o celular e atendi grosseiramente.

-O que você quer comigo? já não acha  que me fez sofrer demais? - silêncio no outro lado

- Vai continuar calada hein? - Novamente silêncio já estava perdendo a paciência.

- Olha aqui sua....

- Victoria está hospitalizada, ela foi agredida violentamente está entre a vida e a morte . - tudo aconteceu em questão de  segundos, um frio na barriga, um aperto no coração me fizeram me sentir pior do que já estava, as lágrimas saíam automaticamente. Nunca imaginei que pudesse acontecer algo com minha Vick,  aquela mulher forte e  decidida, que tem o sorriso mais lindo que já vi. Não estava acreditando nas palavras de Camila, precisava conferir com meus próprios olhos, desliguei o telefone. Havia até esquecido de perguntar o endereço do hospital, mas já imaginava aonde ela estaria, me arrastei até o quarto entrei no banheiro tomei rapidamente um banho, peguei uma roupa qualquer e vesti, não me incomodava se a  roupa estaria perfeita, escovei meus cabelos  e não passei maquiagem alguma, fazia tudo no automático, aquela notícia havia me pegado de surpresa e misturado aos acontecimento da noite anterior caiu como uma bomba pra meu equilíbrio mental. Peguei as chaves do carro e saí em disparada ao hospital que possivelmente Vick estaria, em menos de 30 minutos estacionei o carro e segui pra recepção a procura de informações sobre seu estado.

- Olá Bom dia, gostaria de saber se aqui se encontra uma paciente chamada Victoria Fernandes?

- Só um minuto irei conferir a lista de entrada de pacientes... ah sim, ela encontra-se internada na UTI.

- O que ela tem?

- A  senhorita é  parente dela?

- Só uma amiga.

- Sinto muito, mas não podemos dar detalhes do seu estado de saúde, somente com seus respectivos parentes.

 Queria muito vê-la mas seria complicado... só parentes poderiam visita-la na UTI, não queria falar com Camila mas pelo visto não teria outra alternativa. Pensando em tentar encontrar Camila ouço alguém tocar no meu ombro ao me virar dou de cara com Tia Carolina.

-Oi Brenda,  o que faz aqui?

- Oi tia eu vim aqui saber  de noticias sobre Vick.

- Ah sim ela... bom ela encontra-se em estado crítico, respira com ajuda de aparelhos e nesse momento Camila está ao seu lado, gostaria de vê-la? - apenas assenti, ela me levou até onde Vick estava...

- Não quer entrar?

- Não tia aqui está ótimo.

- Tem certeza? 

- Sim.- Entendendo meu pedido ela se afastou me deixando sozinha no lado de fora, eu passei a observar Camila e Vick de longe. Camila ao seu lado sentada na cama seu olhos demonstravam tristeza, dor, suas olheiras demonstravam noites mal dormidas coisa que nunca havia acontecido se tratando de Camila, e Victoria deitada naquela cama sua face demostrava  uma serenidade inconfundível, apesar dos ferimentos e aquele inchaço, aparentemente ela estava tranquila, de repente os  aparelhos anunciam o fim  de um vida, no mesmo momento uma equipe de médico entra para tentar reanimá-la, afastam Camila que se encontrava já em desespero, assim iniciam-se os choques para que o coração se reanime eles tentaram, uma...duas...três...quatro...cinco e então nada acontece então uns olham pro outro fazendo sinal de negativo querendo dizer que nada mais poderia ser feito, meu desespero já era notado tanto quando o de Camila, aquilo tudo não poderia estar acontecendo, como em questão de segundo você pode perder alguém, como tudo na vida passa e você não percebe, hoje você pode estar vivo, amanhã já não pode estar mais. Observei Camila se aproximar e começar a conversar com  aquele corpo já sem vida, em momento  alucinante ela passou a se declarar como que imaginando que  Victoria pudesse ouvir alguma coisa , em todos os momentos Camila se mostrava acreditada que aquele corpo tinha vida e não parava de falar suas palavras recheadas de amor, eram ouvidas por todos presentes naquela sala e suas expressões eram de mais profunda tristeza.
Fico a imaginar como tudo aconteceu  e se tratando de quem é  inimaginável que Victoria estaria ali, pelo pouco tempo que estávamos juntas ela era completamente apaixonada pelo Jiu-jitsu e de longe sabia lutar como ninguém, era bastante esforçada apesar  de ter uma vida modesta não deixava isso abatê-la, sempre estava ali nas suas obrigações do dia a dia, sua simplicidade, seu carinho, seu companheirismo faziam parte do seu caráter, era difícil encontrar Vick chateada ou triste sua face sempre exibia aquele sorriso sedutor que sempre  enfeitiçava qualquer uma que  cruzasse seu caminho , mulher de olhar misterioso, só quem é  detalhista saberia que por trás daquele olhar forte e misteriosos tem um pouco de sofrimento presente, Vick sabe muito bem camuflar  seus fantasmas do passado. Distraída com minhas divagações, imediatamente sou tirada com os constantes gritos  de desespero de Camila ela começou a cair na real e que a Vick já não havia mais vida  sua mãe  que estava na sala  na tentativa  frustrada de  afastá-la,  na última tentativa desesperadora de encontrar algum sinal  ela bate no peito da mesma e já iam afasta-la e nesse momento por um  milagre escuto a Vick tossir, os médicos  fitavam uns aos outros incrédulos com o que presenciaram e volto meu olhar e vejo  Vick abraçada com Camila, logo depois os médicos as afastaram, pra refazer alguns exames,  então eu percebi que o amor e fé de Camila foi capaz de trazer de volta a vida de sua amada, coisa rara dese vê. Camila olha para trás e percebe minha presença de imediato ela se dirige a porta, eu não estava afim de brigar e pensei em sair imediatamente dali, mas então ela  sem me dirigir nenhuma palavra me abraça chorando convulsivamente, eu nada disse apenas aceitei seu abraço... afinal, estávamos compartilhando a mesma felicidade de saber que quem amamos voltou a viver....    

Fim do capítulo