Capítulo 11
Isabella não conseguiu assistir aula naquela sexta-feira, a mente vagava pela cena de mais cedo, Laís e a ruiva conversando, se perguntava quem era a outra, e mesmo que a menina jamais admitisse, sentiu um encomodo ao ver as duas juntas.
A menina não conseguiu falar, interagir ou mesmo se mecher a partir do momento que Laís entrou na sala, estava confusa demais para ter qualquer reação que não apenas ficar olhando a outra, a tensão de Isabella piorou ainda mais quando percebeu Laís irritada, a mulher mais velha parecia desnorteada, acabou por liberar a todos após passar um trabalho. Isabella saiu da sala feito um raio, não esperou nem mesmo Carol, ainda ouviu a irmã gritar algo, mas não esperou, caminhou descidida até a calçada do outro lado da rua, foi quando enfim conseguiu parar e respirar, sentiu um abraço apertado e quando se virou deu de cara com Ana Victoria, que lhe abraçacava carinhosamente, se permitiu estar naquele abraço por mais alguns segundos até enfim sertir-se melhor:
_Não importa o que tenha sido, você sempre encontrará uma maneira de resolver, mas não sofra tanto assim._ As palavras da loira incomodaram de algum modo a morena, então sentou-se na calçada e ficou olhando as pessoas que entravam e saiam._ Você está assim por alguém específico?_ Ana Victoria perguntou.
_Eu não sei, você acredita que podemos mudar tudo em quatro dias?
_Tudo? Seja mais clara? Você fala de sentimentos?
_Sim, de sentimento._ Isabella respondeu ainda olhando o nada.
_Quando encontramos a pessoa certa, aquela que vem de outras vidas, que estamos destinados a ela, o tempo passa de um modo diferente, o que importa é a intesidade dos encontros.
_Eu acho que estou ficando maluca.
_É sexta feira, hoje a noite tem uma festinha na casa de alguns amigos, você pode ir com a gente e amanhã é sábado, vamos cair na balada, seja o que for não vale fazer você sofrer.
_Amanhã podemos ver, hoje eu só quero ficar em casa.
Isabella levantou e caminhou até em casa, a música alta no fone ajudava a clarear as ideias, não entendia o que estava sentindo, aquela mistura de sentimentos era algo que não conhecia, jogou-se na cama assim que chegou e ficou olhando o teto.
Carol entrou em casa e estranhou o silêncio, foi direto ao quarto da irmã e a encontrou adormecida, sentia que algo estava errado, mas não podia fazer nada, cuidaria até onda a outra deixasse.
As vinte e uma horas Ana Victoria foi até a casa de Carol, sentou-se no sofá e esperou a outra descer:
_Estou muita atrasada?_ Carol perguntou enquanto descia.
_Valeu a pena cada segundo._ Respondeu aprovando o vestido colado que a outra usava. As duas trocaram um beijo rápido._ Sua mãe estava saindo quando cheguei.
_Dona Júlia tinha plantão.
_E a Isa? Ela não parecia bem hoje mais cedo.
_Estou aqui, pronta para a festa que você prometeu mais cedo.
_Achei que tinha dito que preferia ficar em casa._ A loirinha falou olhando-a.
_Ficar sozinha pode me deixar ainda pior.
Isabella acompanhou as duas até uma casa de um amigo de Ana Victoria, a loira dirigiu até lá alegando que voltarem tarde a pé podia ser perigoso, o ambiente era interessante, as três logo se integraram aos outros convidados, Isa foi para os fundos onde tinham varios bancos, a menina pegou uma cerveja e ficou olhando o movimento ao redor, notou quando uma menina com jeito um tanto rebelde sentou-se ao seu lado:
_ Está sozinha?_ Perguntou a estranha.
_Sim, e gostaria de permanecer assim.
Pelo resto da noite Isabella dispensou várias garotas e até alguns caras, não estava afim de flertar ou conversar, por toda a noite ficou naquele banco um pouco afastado, bebia a cerveja devagar, apenas apreciando e com os pensamentos longe, mais precisamente numa certa professora.
Na manhã seguinte Isabella se permitiu dormir mais um pouco afinal era sábado, havia chegado tarde, a festa não tinha sido das piores, havia aproveitado a noite para observar, ficar no canto, parecia a velha Isabella, que não gostava de festas ou música alta, durante toda a noite tinha consumido três cervejas e o resto do tempo apenas água ou suco, algumas garotas haviam tentado se aproximar, mas educadamente dispensou a todas, de alguma maneira todos os pensamentos giravam em torno de Laís e da ruiva chamada Andréia, se perguntava o que as duas tinham em comum.
Laís estava inquieta naquela manhã, acordou mais cedo do que de costume, foi até a padaria, tomou café da manhã, arrumou os livros, os papéis, sentia um vazio tão grande em si que percebeu que se ficasse dentro de casa ia enlouquecer.
Foi até a casa de Laura, não encontrou a irmã, foi até o hospital, entrou de uma vez na sala da irmã, mas na hora arrependeu-se. Laura e Júlia trocavam um beijo apaixonado.
_Já sei que eu deveria ter batido.
_Vejam se não é a minha cunhada sumida._ Júlia comentou com bom humor.
_Eu só passei pra falar um oi, estava por perto.
_Quando vamos novamente ter a nossa brilhante médica nos plantões?
_Eu já não sei se ainda consigo dar um plantão, prefiro mil vezes as minhas crianças.
_Eu gostaria de saber como estão as minhas, Isabella pode irritante às vezes._ Laura apenas observava a interação das duas.
_Ela é brilhante e eu apenas vou tentar guia-la ao seu máximo potencial. Eu tenho que ir agora.
Assim como entrou intempestiva Laís saiu, apenas a menção de Isabella a tinha deixado um pouco mais sem chão, passou a tarde arrumando tudo que podia dentro de casa, a noite cansada de estar sozinha resolveu se divertir um pouco, talvez ir a uma boate e ver pessoas desconhecidas ajudasse. Só não esperava encontrar o alvo de todos os seus pensamentos.
Isabella dançava de forma sensual, atraía olhares de cobiça de várias garotas. Dentre os muitos admiradores havia uma que além do desejo sentia algo a mais dentro de si. Laís olhava a cena do bar, estava ali por apenas dez minutos, mas já virava a terceira dose, pelo suor escorrendo no rosto da outra, aquele show já tinha começado a pelo menos meia hora.
Laís tinha decidido sair apenas porque sentia necessidade de ver gente, por toda a noite de sexta e a manhã de sábado sentia-se estranha, com a falta de algo que nem ela própria podia definir. Mas encontrar Isabella no meio da pista de dança, atraindo olhares de cobiça tinha piorado mil vezes, um sentimento que Laís conhecia muito bem, estava sentindo ciúmes e se perguntava porque estava com aquele sentimento que ela considerava tão mesquinho.
Isabella aproveitava cada batida da música, se deixava levar pela leveza do ritmo, se deixava envolver e ser envolvida, apenas queria dançar e aproveitar a liberdade que aquele ato lhe permita, estava tão envolvida que assustou-se quando sentiu uma mão em sua cintura, olhou imediatamente pronta para dizer que não queria ser tocada, mas deu de cara com a ruiva e algo dentro dela lembrou imediatamente da cena do dia anterior, de Laís com raiva, então fez algo que sabia muito bem, Isabella provocou, dançou de forma sensual, sorriu com diversão.
Laís viu o exato momento em que Andréia se aproximou de Isabella, e o desconforto com os olhares de desejo cresceu numa proporção assustadora, quando viu a outra sorrir, um ódio que Laís não sabia de onde vinha a tomou, a mulher mais velha virou mais duas doses antes de fazer algo que jamais esperava que fosse fazer aquela noite, ir até a pista de dança e se jogar, não perguntou e nem pediu, se aproximou de Isabella e a puxou para si num claro sinal de posse, não pôde ouvir, mas claramente viu o riso alto de Andreia, esperou a rejeição da outra, mas tudo que ganhou de Isabella foi um beijo, que a própria Laís tratou de aprofundar, sem pensar que estava em público, sem lembre-se que era a professora da menina, sem ao menos se lembrar que estava diante da sua ex-mulher. E Isa se entregou ao beijo, se permitiu pertencer e ambas foram tomadas pelo preenchimento de um vazio que estava incomodando as duas desde que estiveram juntas a última vez.
Fim do capítulo
A Laís já foi casada? É isso mesmo?
E esse ciumes da Isa é o que?
A Ana Victoria se preocupa mesmo com Isa né? Acho ela uma fofa.
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