--Bom dia Thi, temos poucas coisas para hoje, então vou atender na emergência tudo bem?

--Claro que sim, se divertiu ontem?

--Um pouco, não fiquei bêbada o suficiente para dormir bem.

--É isso seria bom?

--Na minha situação seria ótimo, vou descer qualquer coisa me chame – desceu para a emergência, lá ficou por toda manhã e comecinho de tarde, só notou a hora quando sua amiga foi procura-la.

--Miga você vai para o festival do outro hospital que a Laura trabalha? Ela disse que você estava interessada.

--Nossa já tinha esquecido, vou sim, que horas começa mesmo?

--Daqui a pouco, estou indo para casa me arrumar para ir, vamos?

--Vamos sim, por aqui está tranquilo agora – Foram para casa no carro que Valeria tinha comprado.

--Miga vou procurar um apartamento esses dias.

--Eu já falei que você pode ficar o tempo que quiser lá na mansão

--Eu sei, e você também sabe que eu gosto de ter meu cantinho, e com esse meu salário dá para comprar algo legal.

--Se você insiste, não vou gostar, mas dá para suportar.

--Não se preocupe que não vou deixar você em paz – Sorriu

--Eu sei disso, agora vai logo se arrumar para não chegarmos atrasadas – Uma hora depois estavam no caminho.

--Será que aqui nessa rua?

-- O GPS disse que é, olha ali – Apontou para o local com uma pequena movimentação na porta, após estacionar o carro entraram e se depararam com uma considerável concentração de pessoas, varias crianças correndo de um lado para o outro.

--Olha a Laura ali – Apontou Estela e caminharam ate ela

--Que bom que vieram, espero que gostem da nossa feirinha, deixa eu levar vocês para conhecerem. - saiu caminhado com Valeria e Estela pelas barracas de artesanatos e comidas típicas

--Amiga se você comer mais um desses doces vai ficar diabética – Valeria falava sorrindo da amiga que não parava de comer os doces caseiros.

--Deixa ela Val, hoje pode – Laura sorria.

--Não conhece essa ai, se começa a comer não para mais.

--É conversa dela não como tanto assim, Laura está tudo muito lindo, esse projeto é bem interessante, vocês recebem dinheiro do governo?

--Para o hospital sim, não muito você sabe como o SUS está precário, mas fazemos o que dá porem para a ONG que tem um trabalho com as famílias não, vivemos de doações que são poucas, mas as mães são esforçadas e não desistem.

--É um projeto bem bacana, estou muito interessada em ajudar vocês ainda essa semana vai lá na minha sala que veremos o que eu dá fazer por todas essas famílias.

--Qualquer ajuda é bem vinda Estel,a todos irão ficar feliz em saber.

--Não quero que divulgue nem meu nome nem do hospital, está bem?

--Se você prefere, mas por quê?

--Minhas mães me ensinaram que se fazemos o bem de coração não precisa de holofotes nem de anuncio, mainha sempre cita uma passagem da bíblia que diz que a tua mão esquerda não precisa saber o que a direita dá, é alguma coisa assim. – Disse sorrindo.

--Tia a senhora veio – Sentiu alguém abraçar suas pernas.

--Claro que vim, não falei que vinha? Então que horas será seu show? – Ajoelhou-se e abraçou a garota.

--Daqui a pouco a Elis já está arrumando o som, vem falar com ela – A menina puxou a loira pela mão, Estela ficou sem saber como agir o coração aos saltos com a simples menção do nome da Dj.

--Mãe a tia veio – Disse chamando a atenção de Elis que mexia em alguns cabos de som.

--Oi tudo bem? – Elis deu dois beijinhos na loira, sustentava seu sorriso sedutor de sempre.

--Tudo e você?

--Estou bem, montando o som aqui dessa turma, daqui a pouco começam as apresentações.

--É bem vou deixar você trabalhando.

--Tia deixa eu te apresentar as minhas amiguinhas. – Saiu puxando Estela pela mão, ela mostrou a loira varias amigas, todas também com câncer.

--Vamos começar Fran? – Laura chamou

--Eu vou encerrar os shows, ate daqui a pouco Tia – Saiu para trás do pequeno palco, sentaram nas cadeiras e logo começaram as apresentações, todas com crianças que estavam enfrentando a mesma situação, algumas cantavam outras dançavam, outras apenas ficavam com vergonha e saiam correndo do palco, depois de quase uma hora de apresentações foi anunciada a entrada de Beyonce, Lady Gaga e Rhiana numa apresentação única, todos sorriram com o jeito das três meninas  que estavam ali, logo começou a tocar a musica elas dançavam arrumadas com estilo, depois da musica foram muitos aplausos para as três.

--Elas são umas graças – Valeira disse sorrindo, estavam as três conversando e uma coisa chamou atenção de Estela um garoto que andava com dificuldade, ele era lindo aparentava uns dois ou três anos, negro e com um sorriso aberto.

--Laura você conhece aquele garotinho? – Estela perguntou apontando com a cabeça.

--O Esdras? Claro ele está aqui conosco desde muito pequeno, os pais são moradores de rua, ele está em um abrigo teve um câncer no intestino, porem diagnosticado muito precoce e conseguimos reverter e ele hoje está quase que cem por cento curado, mas por que pergunta?

--Não é só curiosidade mesmo, mas você sabe o por que dele ter tanta dificuldade para andar? Os passos dele são incertos e ele ao pisar com o pé direito sempre o faz com dificuldade.

--Não sei ele não está mais comigo, mas vamos lá ver – Saíram as três caminhando ate o menino que brincava com o alguns meninos, junto tinha uma mulher que parecia cuidar do menino.

--Oi Cássia como está?

--Estou bem doutora, a festa está linda.

--Essa aqui são a doutora Estela e a Valeria, meninas essa é a assistente social, ela está com o Esdras.

-- Prazer – Apertou a mão das mulheres.

--Cássia o que houve para ele está mancando desse jeito?

--Ele caiu de um banco mês passado e quebrou o pé o medico disse que precisava de cirurgia, mas ainda não marcou a data.

--E ele está assim sem nenhuma proteção, ou gesso, nada? – Estela perguntou

--Não ele ficou duas semana com o gesso,mas o medico tirou e disse que era para esperar uma vaga para operar.- Estela escutava a mulher, mas não tirava os olhos do garoto.

--Chama ele para eu olhar bem rapidinho, posso?

--Claro, Esdras, vem aqui – A mulher chamou e o menino veio andando lentamente e ficou olhando as demais encostado na perna de Cássia.

-- Tudo bem, nossa que menino mais lindo – Estela disse e ele se escondeu ainda mais atrás da assistente social.

--Vem aqui senta no meu colo – Cássia sentou e colocou o menino no seu colo, Estela com muito cuidado retirou a sandália já velha que ele usava e pode ver o pé da criança ainda inchado.

--Faz assim, segunda-feira leva ele que vou dá uma olhada nesse pé, aqui está meu cartão peça para falar comigo ou me ligue se preferir. – Olhou para o menino que olhava desconfiado com a medica. – A tia vai ver esse pé tá meu anjo. – Estela mal acabou de falar e sentiu a presença de alguém ao seu lado quando olhou era Fran.

--Ele tá dodói do pé tia?

--Está sim, mas logo vai ficar bom.

--É a tia cuidou do meu pé e foi demais eu fiquei super boa   - Disse para o menino que parecia não entender nada.

--Bem eu espero por você segunda.

--Eu irei sim doutora, obrigada – A mulher agradeceu

--Tia a minha mãe vai tocar, dança comigo?

--Claro que danço – Estela foi para onde ate há pouco estavam as cadeiras, já tinha algumas crianças dançando com suas mães, algumas musicas infantis eram tocadas e Elis sorriu ao ver a loira dançando com a filha, depois de umas quatro musicas elas sentaram e foram tomar um sorvete.

--Tia a senhora tá brava com minha mãe? – Estela quase se engasga com a pergunta

--Não meu anjo por que a pergunta?

--É que a senhora antes olhava para ela de um jeito diferente, não liga para as coisas que ela fala, eu sei que ela não diz mais ela é maior medrosa.

--Como assim medrosa – Não entendeu o que a garota disse.

--Assim deixa eu explicar, ela diz  umas coisas feias quando tá com medo, parece ate ser brava as vezes, mas ela não diz por querer. – Estela ficou olhando embasbacada para a pequena que parecia tão frágil e já demonstrava tanta inteligência.

--Está bem vou anotar isso na minha cabeça. – Sorriu

--Tia ela gosta de você, não fala para ela que eu disse, mas ela tem uma foto da senhora dormindo no celular dela, já a vi olhando, eu vi duas vezes ela passando a mão na tela – Ela falou colocando a mão na boca como se falasse um segredo. – E ela nunca levou ninguém lá em casa. – Estela sentiu uma enorme alegria ao escutar aquilo, não sabia o porquê, mas seu coração se alegrou com o que a menina disse.

--Então nem me convidam para um sorvete não é? – Escutam a voz suave de Elis atrás delas.

--Estávamos conversando, a senhora quer soverte?

--Querer eu ate quero, mas não posso tenho que cantar hoje e minha garganta não está muito boa não posso arriscar, nem você, também não pode exagerar não é mesmo?

-- Não vai, só foi um pouco – Estela disse sorrindo.

--Miga vou para a casa da Laura, algum problema de voltar só? – Valeria disse aproximando-se

--Não se preocupe eu também já estou indo.

--Ate amanhã não volto para casa hoje.

--Tudo bem, vai lá e cuidado na vida vocês duas. – Sorriu para ambas.

--Elis vem aqui quero falar uma coisa com você – Laura chamou e elas foram para um canto.

--A tia Laura é muito legal – Disse olhando para Valeria como se fosse um aviso, a enfermeira olhou para Estela que deu um sorriso de lado.

--Eu sei ela é demais mesmo.

--Vamos Val – Laura aproximou-se com uma Elis que parecia pensativa.

--Ate outra hora. – Val beijou a bochecha da menina e saiu com Laura.

--Bem eu também já vou, ate outro dia meu anjo.

--Tia a senhora tem que pegar sua roupa, ainda está lá em casa, não quer ir agora pegar?

--Não se preocupe, outra hora eu pego.

--Que pena queria entregar uma coisa para você – Fez cara de choro.

--Não faz essa carinha, eu vou, mas vai ser rapidinho está bem?

--Oba! – Ela jogou-se nos braços da loira que a levantou.

--Fran cuidado para não machucar-la – Elis disse preocupada.

--Ela é grande mãe, não vai cair.

--É ela é grande e você é pesada.

-- Mas ela é forte mãe. – Estela sorriu

--Deixa ela, não tem problemas.

--Vou acabar de arrumar o equipamento vamos mocinha, tenho que ficar de olho em você – Disse arregalando o olho de forma engraçada para a garota.

--Eu fico aqui com a tia. – Abraçou mais o pescoço da medica, Elis olhou como se perguntasse se teria algum problema e ela balançou a cabeça.

--Já volto. – Sorriu para a elas e se afastou.

--Tia vou brincar ali posso? – Olhou um pouco mais a frente onde algumas crianças brincavam de rodas ela concedeu e a menina saiu correndo logo entrou na roda, após alguns minutos ela viu Franciele trazendo o garotinho que parecia feliz com a brincadeira para o meio da roda ele ficava pulando no meio das meninas que cantavam enquanto rodava, sem perceber a medica sorria ao ver a cena.

-- Vamos? – Elis disse olhando para onde a outra olhava.

--Claro, vamos sim – Ela levantou e nesse momento os seus olhou encontraram com os de Elis, era como um imã que fazia as duas se olharem fixamente, como se uma tentasse entrar nos pensamentos da outra por meio desse olhar.

--Vou pegar a Fran – Colocou uma mochila nas costas e foi chamar a filha, logo as duas voltaram com as mãos dadas.

-- Está de carro?

--Sim está ali na frente no estacionamento – Já estavam na rua.

--O pessoal já levou o equipamento, o meu carro está lá também – Saíram caminhando para o local.

--Olha mãe que carro bonito – Fran disse apontando para BMW x6 vermelha que estava estacionada perto do carro delas.

--Você gostou? – Estela perguntou para a garota.

--Claro é irado – Disse feliz.

--Quer ir comigo – Disse destravando o carro.

--É seu? Que irado! Claro que quero, posso mãe?

--Sua Maria gasolina, vai lá, me trocou por um carro – Elis fingiu está sentida.

--Oba, posso ir na frente? – Disse já abrindo a porta e sentando.

--Franciele olha os modos – Elis disse repreendendo a menina que já fechava a porta do carro.

--Deixa ela, eu não sei chegar lá vou ter que ir te seguindo - Estela sorria do jeito espontâneo da menina.

--Tudo bem, vamos lá – Entrou em seu carro e saíram, Estela foi o caminho todo ouvindo as historias da menina que falava contente.

Fim do capítulo