Ao ouvir aquelas palavras me desesperei e praticamente me fundi ao telefone com minha mãe, mas Jéssica estava em silencio do outro lado, olhei para minha mãe e perguntei desesperada:

-Mamãe o que aconteceu?

-Aninha que se machucara Bia, está no hospital...

Não esperei mais nada e peguei o telefone dizendo:

-Amor, estou aqui, o que aconteceu?

-Bia... Como é bom ouvir sua voz meu amor...

Fechei meus olhos por um instante inspirando fundo e sussurrei:

-É bom ouvir a sua também querida, o que aconteceu?

-Aninha caiu de mal jeito e quebrou o braço, bateu o supercílio no chão cortando-o...

Ela não conseguiu falar mais nada, soluçava do outro lado, fiquei tentando acalmá-la até que consegui e ela continuou:

-Estava sangrando muito, Henrique nos trouxe para o hospital, ontem à noite...

-Ontem? Meu Deus Jéssica, e agora que você me avisa?

-Bia, calma minha filha... Não entre em pânico, vai assustar ela desse jeito.

Olhei minha mãe que estava ao meu lado, meus irmãos na sala também estavam preocupados, inspirei fundo sussurrando:

-Desculpa meu amor... Eu...

-Tudo bem Bia... Você tem razão, mas tentei falar com você ontem, mas seu celular só dava caixa postal, achei que não quisesse falar comigo.

-Eu esqueci meu celular na sua casa quando sai ontem...

-Priscila o achou quando foi lá agora a pouco e me informou, fiquei feliz em saber que estava lá, porque estava com medo de que você não quisesse falar comigo... Por isso liguei pra sua mãe.

-Oh meu amor... Me desculpe... Desculpe por eu ter sido tão...

Palavras não vinham a minha boca, minha mãe me abraçou, eu só pude ouvir a respiração de Jéssica do outro lado e me dando conta de que meu lugar era lá ao lado dela, e não ali me lamentando, perguntei:

-Como você está? Anna?

-Eu estou em pedaços, Anna tivera que ser operada porque ela sofrera fratura externa e precisou colocar um pino, levara alguns pontos no supercilio que cortara, passara a noite choramingando chamando por você... Amor... Você pode vir pra cá... Estou precisando muito de você...

E começou a chorar novamente, não precisava ela pedir uma segunda vez, a tranquilizei dizendo que estava indo imediatamente, minha mãe e Junior se ofereceram para irem comigo, agradeci, não estava em condições de pegar a estrada sozinha, no caminho para lá coloquei eles a par da situação.

Quando chegamos ao hospital dei de cara com Henrique, que ao me ver veio em minha direção, minha mãe sentiu a tensão e ficou do meu lado, quando ele se aproximou disse sentido:

-Me desculpe pelo que causei a você, não sabia que vocês estavam juntas, apesar de que senti um clima, mas esperei Jéssica falar alguma coisa, Anna sempre falava em você o que me causava ciúmes porque a cada dez palavras onze era “A tia Bia disse isso”, “A tia Bia fez aquilo” minhas suspeitas só se confirmaram quando saiu daquela forma lá da casa dela, até pedi para adiarmos aquele passeio, ela estava desesperada e me contou tudo.

Olhei para ele e pude ver o desespero em seu olhar, ele dissera aquelas palavras num folego só, meu peito se aliviou e pensei, ele era pai da pequena, tinha que sentir alguma coisa, me sensibilizei e ele continuou:

-Jéssica dissera que não tinha problema uma vez que eu estava lá e a pequena já estava toda animada, mesmo assim ela arrumara a criança e pediu que eu a levasse, mas fiquei com medo dela ficar sozinha em casa naquele estado então junto com a pequena convencemos ela a ir conosco, só que antes de sairmos da cidade Anna estava pedindo sorvete, paramos para comprar pra ela e quando saímos da sorveteria ela deixará o sorvete cai, escorregou e...

Me aproximei dele e o toquei seus ombros, o cara estava inconsolado, senti pena dele naquele momento, tentei dizer algumas coisas, mas novamente as palavras me faltaram e o Junior veio ao meu socorro:

-Bia, vai com a mamãe atrás de Jéssica, eu fico aqui com ele, qualquer coisa te aviso.

-Obrigada Junior...

Estávamos seguindo pelo corredor Henrique falou:

-Elas estão no 4º andar, quarto 220, Ala infantil.

-Obrigada...

Minha mãe e eu seguimos para lá, pegamos o elevador e subimos, quando parou descemos e avistamos o posto de informação, seguimos para lá pedindo informações, mas as enfermeiras não puderam dar quaisquer informações porque não éramos da família, me desesperei sentando olhando para os lados até avistar um rosto conhecido, chamei:

-Claudia...

Melhor amiga de Jéssica e Médica Pediatra de Anna, ela olhara para ver quem a chamou e sorriu ao me ver, me aproximei dela sussurrando:

-Graças a Deus você está aqui pode me ajudar?

-Claro Bia, o que aconteceu?

-Aquelas enfermeiras não me deixam falar com Jessica, eu acabei de chegar...

-Tudo bem Bia, fui eu quem atendi Anna quando chegaram, venha comigo...

Fomos até o balcão e ela me informou tudo que havia acontecido do ponto de vista médico, depois me fez assinar alguns papeis, apresentei minha mãe a ela e nos informou onde ficava o quarto onde Anna estava, minha mãe fora comigo.

Quando chegamos na porta e vi através do vidro a pequena com o bracinho engessado e um cordão de soro preso no outro braço dela me desesperei, Jessica não me viu e minha mãe me segurou dizendo em meu ouvido:

-Filha, ela precisa de você agora... Vai ter que ser forte... Por vocês três agora... Consegue?

Inspirei fundo e concordei com a cabeça, limpei minhas lágrimas e abri a porta, Jéssica segurava a pequena mãozinha e ao olhar para a porta e me ver deixou os ombros caírem correndo ao meu encontro se jogando em meus braços chorando, fechei meus olhos sustentando ela em meu peito que soluçava como criança, acalmei meu coração e sussurrei em seu ouvido:

-Calma meu amor, estou aqui agora... Tudo irá ficar bem... Eu prometo...

-Sinto muito Bia, eu não deveria ter deixado você ir embora daquela forma...

A aconcheguei em meus braços, sussurrei tentando acalmá-la:

-Psiu! Calma amor, está tudo bem, agora nós estamos aqui, está tudo ok...

Quando dissera nós ela levantara a cabeça e vira minha mãe que estava ali do nosso lado esticara a mão que minha mãe pegara sussurrando:

-Como você está meu anjo?

-Mais ou menos dona Helena... Meu bebe naquela cama...

E começara a chorar, minha mãe a puxara para seus braços, acredito que somente uma mãe para entender a dor de outra, abracei as duas e ficamos ali até Jéssica se acalmar e nos levar até a cama onde Anna estava, a abracei dizendo:

-Encontramos o Henrique lá em baixo...

Ela me olhara e ia começar a dizer, mas coloquei o dedo nos lábios dela silenciando-a, depois conversaríamos sobre aquilo, não naquele momento, não agora... A pequena se mexera na cama choramingando e chamando a mãe, nos aproximamos da cama e Jéssica carinhosa dissera:

-Oi meu amor, estou aqui... Como você está?

-Dodói mamãe...

-Oh meu amor, vai passar... A mamãe promete, você irá ficar boa...

-Tia Bia...

Me aproximei da cama e sorri, os pequenos olhos verdes avermelhados e inchados de tanto chorar me olhou e aquela pequena boquinha esboçou um sorriso que atingiu em cheio meu coração, passei a mão limpando uma pequena lágrima que caia e sussurrei:

-Estou aqui anjinho... Agora eu estou aqui...

-Tia Bia... Dodói...

Não tinha como não se emocionar, me aproximei sentando ao lado dela e acariciando seu pequeno rostinho sussurrando:

-Hei... Você vai ficar boazinha. Ouviu a mamãe... Você vai ficar legal... Não tínhamos combinado em ir ver o bebe cavalo?

-Simm...

-Então nós vamos ficar bem... Tudo vai passar...

A pequena parecia exausta, mesmo assim esboçou um sorriso lindo concordando com a cabeça, Jéssica sorrira e dissera:

-É a primeira vez que ela sorri desde ontem...

-Não tem mais motivos para choros, você vai ficar boazinha...

E alisei de leve a pequena cabecinha que bocejou resmungando alguma coisa e adormeceu logo em seguida, Jéssica se aproximara e a abracei pela cintura observando a pequena resmungar, minha mãe sugeriu:

-Porque não leva Jéssica para comer alguma coisa Bia, eu fico aqui com a pequena?

Jéssica suspirou balançando a cabeça e comentando:

-Não quero sair... Não sinto fome...

-Hei, você precisa comer... Precisa ficar forte, porque vai precisar cuidar de nós...

-Nós?

-Sim... Anna e eu... Ou acha que sou grande demais para precisar de ajuda?

-Claro que não amor...

Ela esboçara um sorriso lindo e completei:

-Então, vamos comer alguma coisa porque não comi nada hoje e estou com um pouquinho de fome...

Menti porque precisava achar um motivo par ela ir comigo, ela me olhava e depois para minha mãe perguntando:

-A senhora não precisa voltar para o Haras?

-Não querida, não se preocupe ficarei aqui com a pequena.

Ela ainda estava indecisa, usei de chantagem e disse:

-Sabe mãe... Acho que ela não confia na senhora!

-Não Bia, não é isso... Dona Helena, por favor não escute ela.

Minha mãe sorriu e apenas disse:

-Vão, nós ficaremos bem...

Aquilo não fora um pedido, Jéssica sorrira agradecendo, fora até o banheiro lavar o rosto, dei um beijo em minha mãe agradecemos e saímos do quarto, encontramos meu irmão no corredor, ele abraçou Jessy preocupado, dissera que Henrique havia ido embora e que uma moça viera buscar ele.

Informei o quarto onde a pequena estava, mas ele não iria ficar, fora somente falar com nossa mãe, Jéssica queria comer ali mesmo no hospital, mas optei por levar ela para outro ambiente, pegamos o elevador e descemos, tinha uma lanchonete ali próximo, fomos para lá caminhando de mãos dadas e conversando.

Fim do capítulo