Depois de tudo que Lívia contou, Bruna achou melhor deixá-la quieta, ao invés de trazer mais questionamentos e sofrimento com perguntas. A morena chorou no colo de Bruna por algum tempo, até que o cansaço a venceu e acabou adormecendo.  

 

Lívia acordou e notou que ainda estava no sofá, recordou-se de tudo que havia acontecido naquele dia e sentiu um novo nó se formar em sua garganta. Olhou em volta e não viu qualquer sinal de que Bruna ainda estaria ali, então resolveu ir até a cozinha tomar um pouco de água e, para sua surpresa, a ruiva estava lá, vestindo um shorts e uma camiseta da morena, enquanto preparava algo no fogão para elas.  

 

- Essa visão é tudo que eu precisava para ter um pouco de paz depois do dia de hoje! - a morena comentou enquanto se aproximava de Bruna para abraçá-la.  

 

- Finalmente acordou! - Bruna respondeu sorrindo enquanto sentia os braços da morena em volta de si - Achei que iria dormir até amanhã e me deixar jantar sozinha.  

 

- Jantar? Eu dormi tanto assim?  

 

Bruna virou-se para ela e deu um beijo rápido em seus lábios antes de responder: 

 

- Já são quase 10 horas da noite! - riu da cara de espanto da morena.  

 

- Você ficou aqui esse tempo todo? - Bruna assentiu sorrindo - Desculpa ter lhe deixado sozinha.  

 

- Não precisa se desculpar, eu fiquei porque quis. Só não poderei passar a noite aqui!  

 

Lívia se incomodou com isso, pois sabia qual era o motivo para a ruiva não poder ficar e dormir ali com ela, mas não quis se deixar abater e resolveu aproveitar o tempo que teria com Bruna.  

 

- Então a gente tem que aproveitar enquanto você está aqui! - a morena falou, distribuindo beijos pelo pescoço de Bruna que, mesmo querendo aproveitar aquele carinho, se afastou. 

 

- Sim, temos que aproveitar, mas sem colocar fogo na casa! - falou enquanto virava para o fogão para conferir o macarrão que fazia, já prestes a queimar. - Arrume a mesa enquanto acabo isso aqui.  

 

As duas jantaram conversando sobre coisas banais. Bruna sabia que a morena ainda estava sensibilizada com o encontro com a mãe e não queria tocar no assunto, mas precisava contar para Lívia o que havia feito mais cedo enquanto ela dormia.  

 

- Lívia, eu não quis de forma nenhuma invadir a sua privacidade - olhou para a morena tentando passar a sinceridade que existia em suas palavras - mas eu liguei para sua mãe mais cedo, enquanto você dormia.  

 

- Você não devia ter feito isso, Bruna! - respondeu chateada.  

 

- Eu precisava, meu amor - falou segurando a mão da morena por cima da mesa - eu sou mãe, Lívia! Mesmo que não tenha mais o meu filho, eu posso imaginar a aflição que ela passou hoje, porque, caso meu filho estivesse vivo, eu gostaria muito, com todo meu coração, que quem tivesse como me ajudar, assim fizesse!  

Lívia sentiu-se mal ao escutar aquela quase indireta que Bruna lhe mandou sem perceber. Realmente, não conhecia o sentimento materno, mas tinha certeza que a ruiva jamais faria algo para lhe magoar ou prejudicar. Então acabou não se chateando com aquilo.  

 

- Tudo bem, agora já está feito! - respondeu amenizando o clima - Mas você passou meu número ou endereço para ela?  

 

- Não, é claro que não! Não faria isso sem o seu consentimento - Bruna a tranquilizou - Apenas liguei para ela e disse que você está bem, que estava em casa descansando. Minha intenção foi apenas acalmá-la, deixá-la sem notícias só traria mais aflição! 

 

- Tá bom, sei que não fez por mal! - Lívia sorriu a tranquilizando - Na verdade, preciso te agradecer por tudo que fez hoje!  

 

- Não tem nada para agradecer, deixa disso! - Bruna falou brincando.  

 

Lívia levantou-se, ignorando a comida que ainda estava na mesa e andou até Bruna, que assim que percebeu sua intenção, afastou-se da mesa para a morena sentar em seu colo.  

 

- Obrigada - falou ignorando o que Bruna havia dito sobre não precisar agradecer. Deixou um beijo doce nos lábios da ruiva antes de continuar - por ter ajudado lá no restaurante, eu não saberia o que fazer! Obrigada por ter me trazido até aqui, ter me escutado, cuidado, estar aqui até agora, enfim, você foi a única parte boa desse dia conturbado e eu tenho sim que te agradecer por isso!  

 

- Já que você faz tanta questão de agradecer, de nada! - Bruna respondeu sorrindo. Quando voltou a falar, sua mão acompanhava sua fala fazendo um carinho leve no rosto da morena em seu colo - Você apareceu na minha vida no momento em que eu precisava exatamente de alguém que me trouxesse coisas novas, que me colocassem para cima, que me desse mais vontade de viver. Então, você também cuidou de mim quando eu precisei, você e o Afonso são os responsáveis pela minha vida ter voltado a ativa, o que quer dizer que estou apenas retribuindo o que você já fez!  

 

Lívia sentiu que não havia mais necessidade de palavras naquele momento, apenas o carinho que as mãos faziam sem perceber, os sorrisos e os olhares que se encontravam diziam tudo que poderia ser dito naquele momento. Então, apenas beijou a ruiva, com todo carinho que tinha por ela.  

 

O beijo que começou calmo e carinhoso, foi se tornando urgente à medida que o desejo crescia dentro das duas. Quando faltou fôlego, Lívia se afastou da boca de Bruna e passou a dar atenção ao seu pescoço, distribuindo beijos e mordidas, enquanto a ruiva tirava sua blusa, revelando seus seios, já que a morena não usava sutiã. Apreciou por um instante a beleza da morena em seu colo, antes de saciar a vontade que sentia de tocá-la. O sorriso que recebeu de Lívia deu a ela o impulso que faltava, enquanto uma mão acariciava um seio, a língua quente de Bruna contornava o mamilo, alternando entre ch*pões e lambidas que deixavam Lívia ainda mais excitada. O lugar foi preenchido com os suspiros da morena. Bruna afastou-se para que a morena ficasse de pé em sua frente e passou a descer sua calça, beijando cada região descoberta. Fez o mesmo com a calcinha e admirou o corpo lindo da morena.  

 

- Deita na mesa!  

 

O tom de ordem usado por Bruna deixou Lívia ainda mais excitada, que logo obedeceu, esperando a próxima atitude dela.  A ruiva passou a tirar a própria roupa, cada peça tirada deixava Lívia ainda mais louca para tocar aquele corpo. Já sem nenhuma peça de roupa, Bruna se aproximou da mesa. Lívia até tentou levantar, queria beijar, tocar, sentir a ruiva, mas foi impedida, a ruiva queria ditar as regras naquele momento. Puxou a cadeira onde estava sentada antes, colocando próxima a mesa e sentou-se, tendo assim uma visão privilegiada da intimidade da morena deitada a sua frente.  

 

Beijou as coxas, aproximando-se cada vez mais, enquanto as mãos subiram aos seios, massageando e apertando cada um. Chegou a intimidade da morena passou a língua lentamente, provocando, fazendo-a se arrepiar da cabeça aos pés. Sentiu a morena empurrar o corpo em sua direção e, entendendo o que ela queria, deixou as provocações de lado. Desceu a mão que estava no seios e passou a fazer movimentos ritmados junto com a língua. Cada gemido era um estimulante para a ruiva, que não se cansou enquanto não se deram o máximo de prazer.  

 

Bruna estava no banho, enquanto Lívia arrumava a mesa de jantar, que elas haviam esquecido totalmente, quando escutou seu celular tocando. Para sua tristeza, era ligação de Eduardo, e a morena percebeu que não era a primeira, já tinham várias ligações perdidas.  

 

- Alô?  

 

- Finalmente, achei que não atenderia hoje. - Eduardo gritou do outro lado da linha. 

 

- Boa noite, eu tô bem sim, obrigada por perguntar! - a morena respondeu impaciente. 

 

- Não brinca comigo, Lívia! Eu sei que minha esposa tá aí! - Lívia sabia que o homem já não estava mais tão satisfeito com a proximidade entre as duas.

 

- Se você sabe disso, não deveria ficar ligando o tempo inteiro. O que vai acontecer se por acaso ela atender uma dessas ligações?

 

- A gente vai se encontrar amanhã, Lívia. Sem falta! Não quero nenhuma desculpa! - o homem não estava gostando nada de não receber atenção de nenhuma das duas.

 

- Você está achando que sou alguma empregada sua, Eduardo? - antes que pudesse continuar, escutou Bruna a chamando da sala. - Preciso desligar, estarei no hotel amanhã, boa noite!

 

Ela desligou correndo, antes que Bruna escutasse algo além do necessário e entendesse tudo errado. Chegou e a ruiva já estava pronta para ir embora.  Andou até ela e a abraçou sentindo o perfume na pele dela, queria aproveitar seus últimos minutos com ela.

 

- Que mulher cheirosa essa que arrumei! - brincou com a ruiva. 

 

- Sua mulher cheirosa precisa ir pra casa, já está tarde e amanhã tenho aula. - Bruna respondeu mesmo sem querer sair dos braços da morena. 

 

- Ok, você tá certa, pode ir! - a morena falava mas não soltava Bruna de seu abraço. 

 

Mesmo a contragosto, Bruna soltou-se dela, ainda precisava entregá-la uma coisa. 

 

- Tô indo sim, mas quero deixar uma coisa pra você... - pegou o papel e entregou na mão de Lívia - Esses são os números da casa e do celular da sua mãe, caso você pense melhor e decida conversar com ela. 

 

- Não tenho o que pensar, Bruna, achei que tivesse entendido isso depois de tudo que te contei hoje! - a morena respondeu ressentida. 

 

- Eu entendo sua mágoa, amor, mas acho que você deveria pelo menos escutar o que ela tem pra dizer. Enfim, apenas achei necessário te entregar isso, o que você decidir irei apoiar! - deu mais um beijo na morena antes de sair do apartamento - Fica bem, boa noite! 

 

- Boa noite, meu amor!

 

Bruna não sentia, na verdade, a menor vontade de deixar Lívia ali sozinha e voltar para casa, mas sabia que teria problemas com Eduardo dormisse fora de casa outra vez, já vinha fazendo isso repetidas vezes e sabia que isso não fazia bem para o casamento, mesmo seu marido não merecendo tanta consideração assim de sua parte. A ruiva já vinha pensando em como sua vida estava indo para a frente e Eduardo não fazia mais tanta parte disso, ela não fazia tanta questão que fizesse, assim como ela sabia que em algum momento teria que fazer uma escolha e, mesmo que a cada dia essa escolha se tornasse mais óbvia, ainda era difícil pensar nisso, então Bruna decidia sempre adiar tal pensamento.

 

Quando chegou em casa, encontrou o marido lhe esperando sentado na cama. Pela expressão dele, ela notou que estava irritado, mas assim que ele se aproximou, percebeu também que havia bebido, o cheiro de bebida emanava dele.

 

- Isso é hora de mulher casada chegar em casa? - Eduardo perguntou se aproximando ainda mais de Bruna.

 

A ruiva não lhe deu importância e foi em direção ao closet, queria colocar um pijama e deitar logo em sua cama, o dia havia sido cansativo.

 

- Onde você estava? - atrás dela, ele insistiu.

 

- Estava na casa de uma amiga. - falou mantendo a calma - Tome um banho antes de deitar, não quero que durma do meu lado com esse cheiro forte de álcool!

 

- Amiga? Sempre uma amiga, não é, Bruna? - Eduardo se aproximou e a pegou pelo braço. A ruiva odiava ter que lidar com o marido bêbado, estava fazendo o possível para manter a calma. - Que amiga é essa que merece mais atenção do que o seu próprio marido?

 

- Eu não vou ter uma discussão com você bêbado, Eduardo! - soltou-se do aperto que ele dava em seu braço - Saia do quarto e me deixa dormir. Se quiser, conversaremos amanhã quando estiver sóbrio e lúcido.

 

Mesmo irritado, Eduardo saiu do quarto como ela pediu e foi para seu escritório beber ainda mais. O que a ruiva não fazia ideia é que o marido e o sogro estavam sendo investigados pela suposta morte do filho e que já estavam cientes disso, o que estava deixando Eduardo amedrontado e perturbado.

 

No dia seguinte, as duas mulheres pouco se falaram, Bruna ficou ocupada em sua faculdade, estava concluindo o primeiro semestre desde que voltou a estudar. Lívia, por outro lado, passou o dia pensando em qual seria o motivo para Eduardo querer encontra-la com tanta urgência. Pelo modo como o homem falou no dia anterior, ela sabia que ele não estava em seu melhor estado, então, já prevendo que poderia ter problemas, foi preparada para o pior. Sabia com quem poderia contar para lhe ajudar e não tardou em procurar. Ligou para Cristina e explicou o que havia acontecido no dia anterior, a mais velha preocupou-se com Lívia e a aconselhou a não encontrar Eduardo, mas a morena estava disposta a fazer o que estivesse ao seu alcance para ajudar Bruna, então estava decidida a ir ao encontro do amante.

 

Quando deu a hora de encontrar Eduardo, Lívia avisou à Cristina e deixou o endereço do hotel, assim como o número do quarto, caso algo acontecesse e ela demorasse a dar notícias. Assim que entrou, Eduardo já a esperava. Esperta como sempre, a morena deixou a bolsa aberta, o celular estava dentro com o gravador ligado, se algo revelador acontecesse naquele encontro, a morena queria ter provas.

 

- Boa noite, Eduardo!

 

- Boa noite!

 

Eduardo se aproximou para beijá-la, mas foi impedido por Lívia.

 

- O que aconteceu ontem? - o homem bufou diante daquela pergunta - Sei que seu desespero para falar comigo não é apenas saudade!

 

- Me desculpe por ontem, Lívia, eu havia acabado de ter uma notícia que pode me trazer muitos problemas!

 

- Você pode se abrir comigo, Eduardo. - falou aproximando-se dele, se fosse algo em relação a Bruna, ela iria descobrir - Estou sempre disposta a te ajudar!

 

O homem pensou um pouco, não sabia se Lívia era de tanta confiança assim, mas achou que a morena poderia ser útil para ele.

 

- Estou com problemas com aquela história do meu filho que faleceu. Você sabe alguma coisa em relação a isso, Lívia? - perguntou ficando um pouco transtornado.

 

- Mas que problemas são esses? Como uma criança que já morreu pode lhe trazer problemas?

 

- Não se faça de desentendida, Lívia, você já deve estar sabendo de toda a história, vive agarrada na minha mulher!

 

- Se tem alguma coisa acontecendo em relação a isso, estão escondendo da Bruna! - falou tentando o convencer - Ela não está sabendo de nada envolvendo o filho de vocês, posso te garantir.

 

- Você deve estar certa, se ela soubesse já teria me questionado, não guardaria para ela. - ele falou se convencendo de que a mulher de nada sabia. - Aconteceu o pior, Lívia!

 

Percebendo o transtorno dele, Lívia tentou passar uma calma que ela mesmo não tinha naquele momento. Sabia que estava prestes a saber a verdade e conseguir ajudar Bruna como tanto queria.

 

-  Eduardo, eu vou te ajudar! Espere aqui, irei pegar uma água pra você, não deve continuar bebendo nesse estado.

 

A ideia havia sido de Cristina, mas Lívia concordou na hora e agora como viu como a mais velha havia sido genial. Marcaram uma hora para que Cristina ligasse para o celular de Lívia alegando alguma emergência que a fizesse sair correndo do hotel, assim não teria que passar a noite com Eduardo. Foi até sua bolsa conferindo que ainda tinha tempo para conversar um pouco mais e que o celular continuava gravando tudo que era dito dentro do quarto. Voltou com a água e deu a ele, que bebeu sem resistência.

 

- Ótimo! - falou pegando o copo novamente - Agora me fala o que aconteceu de tão ruim.

 

- O meu sogro, Lívia - Eduardo levantou e começou a andar de um lado para o outro, Lívia nunca tinha o visto tão agoniado daquela maneira - ele já sabe que a criança não morreu!

 

- O seu filho não morreu? - Lívia fingiu surpresa para que ele não desconfiasse - E onde ele está, Eduardo? A Bruna vai ficar tão feliz!

 

- Foi tudo culpa do meu pai, Lívia! - Eduardo passava a mão no cabelo, nervoso - Eu sei que deixei, mas a ideia foi dele. Ele sumiu com a criança, Lívia! Arrumou uma outra que havia morrido para colocar no lugar e sumiu com o meu filho, deu para adoção, eu não sei bem, não quis participar disso, apenas dei permissão para que ele fizesse.

 

Ainda mais transtornado, Eduardo começou a chorar e se jogou no chão, abraçando as pernas de Lívia.

 

- Eu juro que não queria que fizessem mal pro meu filho, eu gostava dele, queria cuidar do menininho. Eu fui fraco, idiota, sei disso tudo, mas não quero ser preso, não posso ser preso. Lívia - o choro constante já o levava a soluçar, confundindo as palavras - Eu não posso ser preso, eu não posso ser preso!

 

O celular finalmente tocou, livrando Lívia daquela situação bem na hora que mais precisava. Rapidamente, fingiu ter uma conversa com uma tia que dizia que sua mãe estava mal.

 

- Eu vou precisar ir, Eduardo!

 

Ver o homem praticamente caído no chão, chorando e transtornado daquela forma, quase fez Lívia sentir pena dele. Por mais canalha que fosse, ela não o considerava um homem ruim, apenas inconsequente na maioria das vezes.

 

- Você vai me deixar aqui sozinho? - ele perguntou triste.

 

- É uma emergência, minha mãe não está bem. E você não pode dirigir nesse estado, é melhor que fique aqui e se acalme.

 

Ela já estava na porta quando o ouviu chamar seu nome.

 

- Quando a gente se vê de novo?

 

- Nesse final de semana - a morena respondeu contrariada - é o aniversário da Bruna! 

Fim do capítulo