Lay entrou no quarto e viu Vitória deitada em posição fetal, toda encolhida na cama e choramingando baixinho.

 

- Vi, eu trouxe chá para você (disse se aproximando).

 

- O cheiro esta muito bom (falou secando as lágrimas).

 

- Comprei em uma farmácia homeopática na semana passada e estas ervas são calmantes.

 

- Muito obrigada (agradeceu pegando a xícara).

 

- Esta roupa ficou grande para você.

 

- Eu gostei, ficou confortável (disse observando a calça preta de moletom e a camiseta colorida).

 

- Eu adoro estas roupas larguinhas para dormir.

 

- É muito bom mesmo e este chá é uma delícia. Quer um pouco?

 

- Não, obrigada, é todo seu.

 

- Quero tanto falar com meus pais, mas vou esperar amanhecer.

 

- Melhor mesmo.

 

- Lay, ainda bem que tenho a sua amizade. Além de você nem tenho mais ninguém aqui em São Paulo, meus amigos moram em Campinas e estou sozinha aqui.

 

- Nem diga isso, você não esta sozinha e sabe que pode contar comigo.

 

- Você é um anjo!

 

- Só contigo, pois gosto de você.

 

- Sorte a minha.

 

- Vi, você precisa de mais alguma coisa? Quer mais chá?

 

- Não, muito obrigada. Posso dormir aqui contigo?

 

- Claro que sim. Quer mais coberta ou este edredom é suficiente?

 

-É suficiente. Não sinto tanto frio. Posso ficar de qual lado da cama?

 

- Em qual você quiser, não ligo para isso.

 

- Lay, você ouviu meus gritos?

 

- Sim e por isso entramos no seu apartamento.

 

- Ainda bem que vocês o impediram.

 

- Nossa foi terrível e você precisa descansar.

 

- Verdade, preciso descansar mesmo, acho que nem tenho mais lágrimas. Sou muito chorona.

 

- Levei um susto quando te ouvi chorar pela primeira vez.

 

- Naquele dia eu já queria terminar com o Gabriel e tinha começado a confirmar as traições.

 

- Você já tinha que ter terminado há muito tempo e Gabriel não é nome de anjo coisa nenhuma, ele acabou com todo o conceito, cara escroto.

 

- Eu tinha medo de terminar, eu sempre soube que quando contrariado ele fica todo agressivo e incontrolável.

 

- Mas felizmente acabou e conseguimos evitar que ele, bom você sabe.

 

- Sei sim e seria traumatizante. Tudo isso já foi assustador.

 

- Já passou! (afirmou fazendo carinho na cabeça da ruiva).

 

Elas ficaram em silêncio por alguns minutos, pensando em tudo que tinha acontecido.

 

- Que carinho bom. Boa noite!

 

- Boa noite! Durma bem!

 

O sono das duas foi inquieto, Vitória teve pesadelos, acordou chorando, Lay a acalmou, deu água com açúcar e por volta das nove horas da manhã levantaram, preparam o desjejum juntas.

 

- Senti este cheiro bom e até acordei. Bom dia! (disse Luiz entrando na cozinha).

 

- Bom dia! (Vitória respondeu).

 

- Irmão, bom dia! Senta aí já estamos terminando e o café da manhã será caprichado.

 

- Lay, hoje o verdão joga. Vamos assistir aonde?

 

- Não sei (Lay respondeu olhando para Vitória).

 

- Ela vai mudar de time e você deveria fazer o mesmo (a ruiva provocou).

 

- Jamais e somos maioria aqui (disse Luiz).

 

- E tudo indica que o campeonato será mesmo de vocês.

 

- Sim, somos os melhores. Lay, a galera estava comentando de ir num barzinho assistir.

 

- Depois a gente vê isso (a morena disse tentando desconversar).

 

- Lay, vou ficar chateado se você não for, poxa estou acostumado a sempre assistir contigo.

 

- Luiz, ok! Agora vamos tomar café.

 

O trio comeu e logo que terminaram Vitória pediu licença, da sala ligou para os seus pais.

 

- Lu, eu não vou deixar ela sozinha.

 

- Mas poxa e o jogo. Ultimamente você nem sai mais comigo.

 

- Irmão, nossa noite foi péssima, ela teve vários pesadelos, acordou chorando e eu não consigo deixar ela sozinha. Por favor, compreenda.

 

- Vamos levar ela junto.

 

- Ela é corintiana e depois da noite passada, não sei se ela vai querer sair.

 

- Entendi. Deixa que eu organizo tudo por aqui, vai lá ver como ela esta.

 

- Valeu! Vou sim.

 

Já na sala, Lay aguardou a ruiva encerrar a ligação.

 

- Meus pais, decidiram vir me ver. Ficaram preocupados.

 

- Vai ser bom para tranquiliza-los e também para você se sentir mais segura.

 

- Verdade. Lay, já te falei que não quero te atrapalhar. Vá assistir ao jogo com seu irmão e amigos.

 

- Eu quero ficar contigo. Não vou te deixar sozinha neste momento que você mais precisa de mim.

 

- Você já mudou até sua rotina por conta dos meus problemas, nem é justo.

 

- Eu gosto muito de você (confessou).

 

- Eu também gosto muito de ti e nossa amizade foi o que me aconteceu de melhor nestes últimos meses.

 

- Linda!

 

- Lay, vá tranquila assistir ao jogo mais tarde, meus pais estarão comigo e no final do dia eles também vão me apresentar um advogado amigo deles.

 

- Então eu vou, só para o Lu e minhas amigas não ficarem chateados. Mas retorno antes dos seus pais voltarem para Campinas.

 

- Você é incrível! (falou abraçando a amiga).

 

Elas ficaram abraçadas por alguns minutos, ouvindo suas respirações e batimentos cardíacos.

 

- Atrapalho? (Luiz perguntou risonho).

 

- Sim (Lay respondeu).

 

- Não (falou Vitória encerrando o abraço).

 

- Decidam (ele provocou).

 

- Deixa de ser bobo e pode marcar com a galera, vamos assistir ao jogo.

 

- Ai sim, esta é minha menina!

 

- Sua coisa nenhuma. Folgado!

 

- Gente, desculpa me intrometer nesta conversa de irmãos. Lay, você vai comigo ali em casa? Quero tomar um banho e passar remédio nos hematomas.

 

- Claro, vamos lá. Irmão a gente já volta e não taca fogo no meu ap.

 

- Palhaça! Vou ao açougue comprar uma carne para assar no almoço.

 

- Boa! Este é o meu irmão amado! (Lay falou saindo da sala na companhia de Vitória).

 

Já no apartamento da ruiva, Lay aguardou sentada no sofá da sala e Vitória não demorou. Após o banho e cuidado com os hematomas retornaram para a casa da morena, por lá passaram toda a manhã.

 

- Eu vou assar a carne, quem vai fazer o arroz e a salada? (Luiz perguntou).

 

- Eu faço (Vitória respondeu).

 

- Não, deixa que faço isso. Que tal a senhorita preparar um doce?

 

- Tudo bem formiga (concordou brincando).

 

- Vitória, você esta deixando minha irmã muito mal acostumada viu.

 

- Nem tenho culpa, ela já era fã de doce antes de me conhecer (se defendeu).

 

- Lay nasceu antes do chocolate.

 

- Ei, eu estou aqui e vamos logo, parem de enrolar.

 

Os três prepararam o almoço, comeram juntos e organizarem tudo.

 

- Lay, vou para casa e venho te buscar três e meia.

 

- Lu, fica direto, já vai dar uma da tarde.

 

- Hoje quero usar meu manto sagrado, ontem eu nem trouxe minha camisa.

 

- Ah, entendi. Vai lá então e até mais tarde.

 

Luiz se despediu das duas e novamente Vitória o agradeceu. Logo que ele saiu os pais da ruiva chegaram, novamente ela chorou bastante e o diálogo entre eles ocorreu na sala da Lay, que ouviu com aflição toda a narração que já tinha escutado.

 

- Meu amor que horror tudo isso (disse Vera que chorava junto da filha).

 

- Vera, já que você é amiga da mãe deste infeliz, ligue para ela e conte tudo. Quero que a família dele esteja ciente. Hoje mesmo já vamos conversar com o Dr. Diniz, já adiantei para ele, no final do dia vamos encontra-lo. Filha fique tranquila que este traste nunca mais vai chegar perto de você, se a justiça não resolver esta questão eu mesmo resolvo.

 

- Papai, por favor, não se descontrole.

 

- Eu ainda não fiz nada, queria mesmo socar a cara dele.

 

- O irmão da Lay fez isso (revelou).

 

- Layza, agradeça seu irmão por nós e eu nem sei como te agradecer por tudo que você tem feito pela Vitória (o senhor falou agradecido e Lay apenas sorriu).

 

- Pai e Mãe. Eu já abusei da hospitalidade da Lay, dormi aqui, tomei café da manhã e até almocei. Vamos lá para casa.

 

- Vi, para com isso, vocês podem ficar a vontade e fico feliz em recebê-los.

 

- Temos que ir sim, você tem compromisso com seu irmão e amigos. Ela vai assistir ao jogo (contou).

 

- Apenas mais tarde e só vou mesmo para eles não ficarem chateados. Você vai ficar bem?

 

- Vou sim e já são três da tarde viu (falou levantando do sofá).

 

- Nossa a hora passou rápido. Se você precisar de algo, por favor, me liga!

 

- Fique tranquila, vá e divirta-se.

 

- Lay, minha filha tem razão e você pode ir sem preocupação. Eu e o Vitor só vamos voltar para Campinas amanhã.

 

- Mãe, sério? Que bom! Estou precisando mesmo de vocês. Meus amores, então vamos, pois o Luiz vai ficar bravo se ela se atrasar. Lay bom jogo!

 

A família se despediu da morena ainda agradecendo muito, ela tomou banho, se arrumou e um pouco dividida saiu com os amigos.

 

- Lay, anima-te! Hoje seremos campeões.

 

- Vamos ganhar sim.

 

- Credo que desanimo é este? Você não estava assim mais cedo.

 

- Não sei se fiz bem em sair, fico preocupada com a Vitória.

 

- Lay, ela não ficou sozinha.

 

- Eu sei e os pais dela vão embora só amanhã.

 

- Ótimo! Então por hoje, chega de problemas, vamos assistir ao jogo, beber nossa cerveja e comemorar muito.

 

- Você tem razão e eu preciso viu, tem sido tão tumultuado.

 

- Quem mandou se apaixonar. Chegamos!

 

- Adoro este barzinho (ela disse descendo do carro e encontrando os amigos).

 

Os irmãos alviverde assistiram ao jogo, vibraram muito, festejaram a vitória do campeonato brasileiro e para a alegria deles o Palmeiras é enea campeão do brasileirão.

 

 

Quando Lay retornou para sua casa já passava das dez da noite, ficou com receio de atrapalhar ou acordar Vitória, por isso nem tocou a campainha da ruiva, tomou banho, deitou e sentiu um vazio, queria a companhia de Vitória, na noite passada estavam juntas naquela mesma cama, adormeceu pensando sobre o amor.

 

Fim do capítulo