Capítulo 16 - Outra chance para ser feliz
-- Mas bah! Joana, quem é este guri com jeito de pesteado? – perguntou intrigado com o jeito do estranho que esperava ansioso por algo em sua varanda.
-- Senta que é melhor. – pediu com jeito, sabia que o velho gaudério não iria gostar nada da resposta.
-- Pela tua cara, já sei que tem haver com Adriano. – resmungou.
-- Este guri é o tal Diogo... – respondeu apreensiva – O tal noivo de Isabela.
-- O guampudo. – constatou enquanto coçava a barba rala.
-- Antônio! – repreendeu o marido que lhe sorriu.
-- Está bem, apenas corno. – voltou a sorrir e continuou com a observação - Mas ela fez uma excelente troca ficando noiva de Manuela, aquele mulherão de olhão azul... Baita macho em comparação com esse bode-fêmea ai. – Joana não se segurou e riu com o jeito do marido – E o que este guampudo faz aqui?
-- Está esperando Isabela.
-- Ah! Mas isto está ficando cada vez mais divertido tchê. Quero só pegar minha cadeira e esperar Bela chegar de mãos dadas com Manuela.
-- Antônio, ele se apresentou como NOIVO da nossa neta. – disse preocupada, mas Antônio pareceu não se importar.
-- Mas vai lá fora e pede para Dalva chamar o Daniel aqui, vamos precisar de uma vala rasa para o bodinho. – disse as gargalhadas. Não demorou muito para o casal ouvir um carro parando em frente à varanda e Isabela descer.
-- Diogo? O que está fazendo aqui? – perguntou irritada, e antes que o rapaz respondesse, ouviu o carro de Manuela parar atrás do seu. Ela olhou para o ex-noivo e pulou em seus braços, beijando-lhe a boca. A morena desceu do carro e viu a cena, estava paralisada.
-- I..Isa... – tentou falar, mas foi interrompida por Antônio que completou em seu lugar.
-- Isabela! – a loira se afastou de Diogo e olhou para os avós e depois para Manuela.
-- Já conhecem meu noivo, Diogo?
-- Como noivo? – Antônio voltou a perguntar olhando para neta e depois para a afilhada que permanecia paralisada.
-- Diogo, vovô, meu noivo de BH. – continuou mentindo – Querido, estes são meus avós e esta é a capataz da fazenda, empregada do meu avô. – completou em tom de vitória, mas sentiu uma dor aguda no estômago ao perceber os olhos azuis que tanto amava ficarem mais úmidos do que já estavam.
-- Muito prazer a todos. – apertou a mão de cada um e quando fez o mesmo para Manuela que permanecia parada, olhando Isabela nos olhos, ela simplesmente ignorou, deixando-o com a mão esticada.
-- Foi tudo uma brincadeira? – perguntou olhando-a nos olhos.
-- Pra ti ver. – foi a resposta que Isabela deu fingindo felicidade – Assim como deve ter sido pra ti.
-- Do que estão falando? – Diogo perguntou se fazendo de desentendido. Manuela não aguentou e sabia que precisava culpar alguém por sua dor. Chegou até o rapaz e lhe deu um soco, levando-o ao chão.
-- Seu animal! – Isabela gritou indo ajudar Diogo.
-- Sim, foi só uma brincadeira. – saiu irritada. Antônio foi atrás, mas não conseguiu segurar a afilhada.
-- Os dois, lá dentro agora. – Joana ordenou para o casal que permaneciam no chão.
-- Vovó, eu vou pegar um gelo para colocar...
-- Agora não. – foi a vez de Antônio – Quero os dois lá dentro já. – Quando entraram, Isabela viu Dalva e pediu que pegasse gelo para colocar no rosto de Diogo, mas ficou surpresa com a resposta da velha alemã.
-- Mas se estavam brincando, vai tu pegar o gelo. – saiu da sala com a expressão fechada.
-- Vovó, a senhora viu só isso?
-- Cale a boca Isabela e me diga o que está acontecendo. – foi interrompida por Antônio que estava irritado.
-- Acho melhor esperar lá fora, essa conversa diz respeito só a vocês.
-- Não deveria nem ter aparecido, mas já que falou isso, desapareça antes que arranque tuas bolas fora. – o homem olhou para o velho e saiu sem mesmo se despedir da loira.
-- O senhor defende Manuela, mas não sabe o que ela fez.
-- O que seja que tenha feito não foi tão humilhante e sério quanto tu fizeste.
-- Ela saiu para se encontrar com Astrid e ainda se beijaram em frente aquela casa. – disse aos gritos e começou a chorar.
-- Manuela nunca faria isso.
-- Fez, e o senhor como sempre está protegendo-a.
-- Ela nunca faria isso, Isabela. Conhecemos bem Manuela. – foi a vez de Joana sair em defesa da morena.
-- Está bem, os dois sempre irão protegê-la. Não sei o que ainda faço aqui, talvez fosse melhor ir embora, não é vovô? – Antônio olhou para neta com uma expressão cansada, derrotada.
-- Sim, talvez fosse melhor mesmo. – concordou e saiu de cabeça baixa em direção ao escritório.
-- Espero que tenhas certeza do que viste e fizeste, porque perdeste uma grande chance de ser feliz. – Joana falou com o mesmo tom de decepção de Antônio.
-- A senhora, assim como vovô perceberão que estão errados, e quem errou foi Manuela, e não eu. Essa proteção com alguém que não vale nada... Eu não entendo.
-- Minha filha, talvez seja melhor tu deixar esta casa, e de preferência o mais rápido possível. – disse encerrando a conversa e deixando Isabela surpresa por ter sido expulsa da casa dos avós. A loira foi até a varanda onde Diogo a aguardava.
-- O que aconteceu?
-- Preciso sair daqui.
-- Vai fazer suas malas e voltamos para BH.
-- Não posso fazê-las agora. – respondeu pensativa e saiu em direção ao carro, deixando-o sozinho.
“Não sei se esta foi uma boa ideia. Acho que estraguei tudo”. – pensou enquanto via a loirinha se afastar.
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-- Parabéns dona Astrid! A senhora disse que conseguiria e conseguiu mesmo.
-- Esperança é a última que morre Renata. – Cintia chegou e ouviu a comemoração, aproximou-se para entender melhor.
-- O que está acontecendo? – perguntou a Marcela que estava sentada em uma das cadeiras da sala. Ela parecia desolada e arrependida.
-- Armaram contra doutora Manuela. – respondeu baixinho.
-- Como assim? – a morena contou todos os detalhes do plano de Astrid para Cíntia, que ouvia perplexa. Foram interrompidas pela campainha da casa, e para total surpresa da ruiva, viu Adriano entrar acompanhado de mais dois homens.
-- Hoje a bebida é por minha conta. – gritou para todos que aplaudiram. Cintia e Marcela observavam a tudo, caladas em um canto do grande salão.
-- Adriano, tu sabes muito bem que isto pode ser resolvido, não é? Basta Manuela convencê-la.
-- Astrid, eu conheço muito bem o gênio da minha filha para afirmar com toda certeza: ela não voltará atrás. – falou sorrindo e parou para acender um charuto.
-- Ainda bem que tua filha, além de ter o gênio parecido com o teu, também é imatura e mimada.
-- Minha filhinha tinha que ajudar o papai, seja de uma forma ou de outra. – deu uma longa tragada no charuto e completou – Diogo vai consolá-la da forma certa, orientamos a agir da forma certa com Isabela. – sorriu.
-- Espero que aquele abostado não estrague tudo.
-- Como vocês dizem aqui: capaz! Mas eu arranco aquelas bolas. – todos riram.
-- Para mim já deu! – Cíntia falou baixinho para Marcela e saiu sem ser percebida.
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-- Dona Alexandra, o que vai para senhora hoje?
-- Quero um suco de laranja. – pediu enquanto se sentava em uma das lanchonetes da praça, e logo em seguida não acreditou no que viu. – Papai? Mas o que doutor Adriano faz no Camafeu? - pensou em ir até a casa e investigar o que se passava, mas, viu quando Cíntia saiu, e resolveu chama-la.
-- Graças a Deus! – disse um pouco afobada segurando as mãos da loira.
-- O que está acontecendo lá dentro?
-- Armaram para Manuela e tua irmã.
-- Como assim? – Cintia contou tudo o que havia acontecido para loira. – Olha, eu conheço a minha irmã, e precisamos contar isso agora para ela antes que acabe com a relação delas.
-- Preciso antes falar com Manuela, ela tem de saber com que tipo de gente está se metendo.
-- Sim, mas antes Isabela. Vem. – puxou a prostituta sem se importar com que as pessoas da cidade pudessem falar.
-- Dona Alexandra, a senhora não prefere que eu pegue um táxi? – perguntou um pouco envergonhada após perceber os olhares de algumas pessoas da cidade.
-- Por quê? Nós vamos para o mesmo local. – olhou para ruiva e percebeu os olhares lançados a ela. – Não te importas com este povo, não vale a pena se importar com pessoas pequenas. – apertou a mão da moça e depois abriu a porta do carro – Vamos?
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Manuela foi até o rio, retirou as botas e se jogou com a roupa. Precisava limpar todo seu corpo na tentativa de diminuir sua dor.
“Eu a deixei entrar em minha vida, e pensei em construir uma vida melhor do que a nossa” – falou baixinho olhando para cima, e deixou as lágrimas rolarem por seu rosto angular. – “Saudades de nós duas... Nunca brigávamos.” – confessou aos soluços.
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-- Vovó, a senhora viu Isabela? – Alexandra entrou no casarão apressada, estava muito preocupada com a reação da irmã – Estive na fazenda de Manuela, e nenhuma das duas estavam lá.
-- Isabela terminou com ela.
-- O que? – foi a vez de Cintia perguntar, não estava menos preocupada que Alexandra, pelo contrário, queria muito ajudar a médica que aprendeu a admirar.
-- Quem é...
-- Desculpa vó, esta é Cíntia, ela é amiga de Manuela. – pretendia ser discreta, e interrompeu a avó antes que ela questionasse mais coisas. – Precisamos falar com elas. – Alexandra contou toda a história para avó que chamou Antônio e Dalva para ouvi-la também.
-- Eu sabia que Manuela não trairia Isabela. – Dalva concluiu com mágoa.
-- Ajudei a criar aquela menina, a trouxe para cá muito nova, e nunca duvidei do caráter dela.
-- Nós sabemos meu velho. – Joana afirmou apertando sua mão – Quanto a Isabela...
-- Decepção! Ela agiu com impulso e sem pensar.
-- Sou uma decepção para o senhor vovô? Será que se tivesse traído Manuela, assim como ela fez comigo, o senhor se orgulharia de mim? – Isabela perguntou interrompendo o avô.
-- Bela, escuta o que Cíntia tem a dizer. – a loirinha olhou para ruiva e esboçou um ar de sarcasmo.
-- Uma das amiguinhas de Manuela lá do Camafeu, pretende protegê-la também como todos aqui nesta casa?
-- Alexandra, talvez não seja uma boa ideia...
-- Uma mulher de vida fácil querendo ajudar outra que só vivia em um...
-- Cale a boca Isabela! – Antônio ordenou com um tom de voz jamais usado em sua casa. – Em que momento minha garotinha linda e sonhadora se transformou em uma pessoa tão prepotente, arrogante e preconceituosa?
-- Estás parecendo o nosso pai. – Alexandra concluiu.
-- Tu vais ouvir a história que ela tem a contar, e se depois quiseres agir como uma tola arrogante será um problema teu, mas a verdade será revelada. – Joana afirmou e pediu que Cintia contasse tudo o que sabia e quando concluiu todos olhavam para Isabela.
-- Meu pai não está aqui, e sim em BH. Diogo falou com ele sobre meu retorno, então, tu estás mentindo.
-- Isabela, eu vi papai entrar no Camafeu.
-- Pode ter visto alguém parecido. – respondeu para irmã – E o que Manuela estava fazendo lá? – todos se olharam – Não tem explicação. – olhou para a avó – A senhora pede para alguém pegar minhas roupas na casa daquela mulher? Vou embora antes que me coloquem para fora. – foi em direção ao quarto da irmã, onde se trancou, sentou-se no chão, e colocou para fora o choro que pedia para sair desde cedo. – Por que tu fizeste isto Manuela? Eu te pedi tanto...
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-- Yasmin, Manuela ainda não chegou?
-- Não dona Alexandra. Estou preocupada, a senhora disse que não a deixasse sair e logo depois Daniel ligou e pediu que arrumasse as coisas da dona Isabela...
-- Elas se separaram. – revelou com tristeza.
-- Mas como? Ontem as duas estavam tão felizes. – quando Alexandra começava a falar o que havia acontecido, Manuela entrou com a roupa toda molhada e gelada.
-- Meu Deus Manu! Estás gelada. Yasmin, pega toalhas, por favor.
-- Vou ascender essa lareira. – foi a vez de Cintia interromper.
-- O que faz aqui? Astrid te mandou para mais uma facada? – perguntou com um misto de raiva e tristeza.
-- Não Manu, ela está aqui para ajudar e falar o que aconteceu.
-- Bebe isso, melhor para te esquentar. – Cintia ofereceu uma bebida para morena que aceitou e bebeu de uma vez.
-- Eu trouxe essa roupa para senhora vestir. – Manuela se ergueu e tirou o jeans molhado, ficou nua na frente das três mulheres que não sabiam se olhavam para o corpo perfeito, ou desviavam o olhar para outro lugar.
-- Melhor vestir este pijama. – Cintia apressou a morena para evitar um constrangimento entre as três. As duas mulheres contaram toda a verdade para médica que ouviu a tudo sem surpresa, como se já esperasse por cada palavra.
-- E estas malas ali no canto? – perguntou mesmo sabendo da resposta.
-- Elas são da dona Isabela, ela pediu que Daniel viesse pegá-las.
-- Coloque todas as fotos destes porta-retratos e do mural do escritório. – levantou-se e foi em direção ao quarto. – Yasmin, tu juntaste tudo o que era dela que estava em meu quarto?
-- Sim.
-- Então eu vou para lá, e, por favor, não quero ser incomodada. – as três mulheres observaram a morena subir até sumir.
-- Ela não esboçou reação de surpresa, parecia esperar por tudo. – Alexandra constatou.
-- Ela passou por muita coisa, talvez isso seja só mais uma coisa a leva-la a se tornar descrente com as pessoas.
-- Tu a conhece bem?
-- Ninguém se conhece por completo, por isso não podemos esperar créditos de terceiros. – Alexandra gostou da ruiva, parecia ser uma pessoa muito sensata, e que havia passado por muitas situações em sua curta vida.
-- Eu me responsabilizo por isso, incentivei muito essa relação.
-- A maior responsável é tua irmã que não quis escutar a razão, e preferiu ser a vítima.
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-- Manuela, eu posso entrar?
-- Eu pedi para não me incomodarem. – Cíntia entrou mesmo contra a vontade da morena.
-- Minha querida, conversa comigo. – pediu após se abaixar próxima a cama. – Olha, tu não estás sozinha. – Manuela a olhou nos olhos, e viu sinceridade.
-- Eu sei. – pegou na mão da ruiva.
-- Deixa ficar aqui contigo? – olharam-se demoradamente – Prometo não incomodar.
-- Não mesmo?
-- Não mesmo. – sorriu e sentou na cama, puxando a morena para seu colo. – Posso contar uma história?
-- Tem violência?
-- Posso providenciar. – sorriram.
-- Tu tens certeza do que falaste mais cedo?
-- Eu vi os dois comemorando. – Manuela estava pensativa – Pretendes te vingar?
-- Não. – olhou para ruiva – Quer vingança maior do que ver a infelicidade da própria filha?
-- É o que desejas?
-- A amo demais para desejar algo que não seja felicidade e saúde. – deu de ombros – Infelizmente, eu amo demais.
-- Eu queria tirar a tua dor, e te livrar disso.
-- E eu só queria não tê-la conhecido.
-- Mas tu já conhecias, esqueceu? – Manuela forçou o sorriso.
-- Infelizmente. Sabe, ela era uma criança linda, loirinha com os olhos verdes, vivos e com a imaginação a mil.
-- E como ela não se lembrava de ti?
-- Era uma garotinha. Alexandra era bem mais velha, vinha aqui com frequência. Quando Isabela nasceu, foram poucas as vezes que apareceram aqui. Nas férias era mais comum Alexandra vir.
-- Elas são tão diferentes.
-- Alexandra sempre foi muito adulta, certinha assim como o padrinho.
-- Mas o que te conquistou foram os olhos verdes vivos e cheios de imaginação. – Manuela voltou a forçar o sorriso.
-- Vi que não resistiria quando caiu uma loira amadurecida da árvore. – sentiu uma lágrima rolar, mas foi amparada por Cíntia.
-- Choraste demais, agora quero que descanse, e amanhã será um novo dia. – abaixou a cabeça e deu um rápido selinho na ruiva.
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-- Yasmin vai para casa, estás cansada.
-- Dona Manuela pode precisar de mim.
-- Olha, prometo te chamar se ela precisar. – Alexandra ficou comovida com a preocupação da menina que foi em direção à porta, mas voltou em seguida.
-- Ela é tua irmã, mas tenho que falar. Dona Isabela está sendo injusta, insegura e cruel.
-- Concordo contigo. – Alexandra se levantou e colocou a mão no ombro da menina. – Eu não entendo porque ela prefere acreditar no nosso pai a ver a verdade.
-- O ciúme deixa qualquer um cego. – a loira olhou para menina e sorriu.
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Isabela voltou para Belo Horizonte e fez as pazes com os pais, e aos poucos voltou a sua rotina de antes. Após a insistência do pai, ela reatou seu noivado com Diogo, que a tratava com delicadeza, e procurava respeitar seus momentos de silêncio.
-- Vamos adiantar esse casamento, para que adiar mais?
-- Papai existe todo um processo e isso demora.
-- Demora sim, mas para quem não tem dinheiro e uma mãe como a sua. – sorriu. Isabela não queria casar, estava muito triste e desanimada.
-- Meu amor, se nos casarmos logo, poderei ajudar melhor meu pai na sua campanha ao governo do Estado.
-- Isso, e vai se preparando para sua candidatura. – concluiu sorrindo.
-- E agora meu amor? Vamos antecipar? – Isabela parecia mais desanimada, Diogo avaliou e olhou para Adriano.
-- Acho melhor deixar os pombinhos sozinhos. – brincou – Vou atrás da sua mãe. – Diogo se aproximou e abraçou a loirinha.
-- Eu sei que você ainda pensa nela... – ela olhou para o rapaz que lhe sorriu – Meu amor é tão grande que posso esperar que um dia me aceite e aprenda a me amar.
-- Diogo... Tu és uma pessoa tão boa que não tenho como mensurar o carinho que tenho por ti.
-- Se é carinho, já é alguma coisa. Deixa cuidar de você e lhe amar?
-- Tenho medo de nunca te corresponder.
-- Nunca é muito tempo. – Isabela pensou no clichê que acabava de ouvir e sorriu – Deixa tentar? – permaneceu sorrindo. – Isso é um sim?
-- Terá mesmo paciência?
-- Prometo. – abraçaram-se. – Posso marcar uma data com Adriano? – Isabela fez sinal com a cabeça.
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Manuela voltou para Pelotas, pretendia voltar a atuar como médica quando estava com Isabela, e não iria desistir agora, pelo contrário. Viajaria e depois retornaria ao hospital que seu avô lhe deixou como herança. Sua fazenda ficou aos cuidados de Alexandra e mais dois homens de sua confiança. Pediu que Cintia lhe acompanhasse, precisava de uma amiga verdadeira e encontrou isso na ruiva.
-- Manu, eu não posso viver aqui na tua casa, de favores. Encheste minha filha de mimos, e estás acostumando-a mal.
-- Vais voltar a Santa Rosa do Sul para trabalhar no Camafeu? Acha mesmo que Astrid te aceitará depois de saber que estamos aqui?
-- Estamos juntas, mas como amigas.
-- E tu achas mesmo que ela vai acreditar nisto? – fez um bico que a ruiva achou irresistível.
-- Não, ela não vai acreditar. – sorriu para morena que foi até sua bolsa e pegou um envelope pardo e lhe entregou. – O que é isso?
-- Abre. – Cintia abriu e ficou surpresa.
-- Não Manuela... Eu não posso aceitar.
-- Vamos lá, preciso sair um pouco daqui, e não posso ir sozinha.
-- Manuela, eu tenho uma filha.
-- Que vai conosco.
-- Como?
-- De preferência em um avião.
-- Não seja cínica, doutora Manuela. – sorriu e empurrou a morena. – Hipoteticamente falando... Para onde iríamos?
-- Pensei na Grécia, depois Itália, Paris... A terra natal dos meus bisavós, Áustria. – sorriu. Falava com uma expressão zombeteira.
-- Gauderia boba. – riram. – Não vai mais trabalhar?
-- Digamos que no momento preciso curar minha mente.
-- E teu coração? – o assunto Isabela era proibido. Manuela conversou com os padrinhos, e depois pediu que evitassem falar sobre ela. Dalva insistia, vivia preocupada com o jeito da morena que sofria em silêncio, mas gostou quando soube do apoio que Cíntia lhe dava, e até torceu por um possível romance.
-- Prefiro deixa-lo apenas em sua função fisiológica de sístole e diástole. – brincou.
-- Ele logo volta a ter outras funções – usou um tom mais sensual e completou - novamente.
-- Isso é uma cantada? – Cíntia apenas sorriu e foi correspondida. Manuela se levantou e foi em direção a cozinha, a ruiva a seguiu. - Que tal um vinho? Hoje está um frio quase letal.
-- Verdade... – pegou as taças enquanto a morena abria a garrafa. – Desliguei o aquecedor do quarto de Júlia.
-- Ele resseca muito o ambiente, e pode causar problemas respiratórios, além de dificultar a oxigenação do cérebro.
-- Nada como conversar com uma boa profissional. – brincou.
-- Então meu coração precisa de uma profissional, também. – Cíntia a olhou séria e lhe fez uma careta, depois sorriu. Manuela serviu a bebida nas taças e sentou ao lado da ruiva.
-- Isso é um sim? – perguntou balançando as sobrancelhas.
-- E eu resisto a este charme?
-- Não. – riram.
-- Sabe Manu, eu até te pegaria, caso curtisse mulher.
-- Está na hora de abrir os horizontes e testar novas possibilidades. - Manuela estava brincando, mas Cintia levou a sério e a olhou de forma diferente. – O que? – não entendeu o olhar da ruiva que depositou as duas taças sobre a mesa.
-- E se eu abrir? – antes que Manuela respondesse, ela a beijou. A princípio foi um beijo lento e explorador, mas, aos poucos foi intensificando. Manuela puxou a ruiva para seu colo, e acariciou seu corpo. - Com calma... – pediu olhando dentro das intensas bolas azuis – Deixa sentir. – a morena só balançou a cabeça em consentimento e voltaram a se beijar. Passaram a noite entre brincadeiras e conversas, como todas as noites desde que haviam saído de Santa Rosa do Sul, e se mudado para Pelotas, a única diferença que agora eram um casal em recentes descobertas.
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Seis meses depois...
-- Vovô, nem vovó, Dalva nem passar. – declarou com pesar.
-- Minha irmã querida, tu sabes porque eles não vieram, ninguém quer compactuar com este erro.
-- Erro? Alexandra, erro seria se estivesse aqui com Manuela.
-- Não fala isso. Tu sabes que não é verdade, e que o teu maior desejo era que fosse ela a estar aqui.
-- Ela me traiu, Alexandra.
-- Tu queres acreditar nisto porque teu ciúme te deixa cega.
-- Eu me caso amanhã, minha família está boicotando, então queria, ao menos, ter o apoio da minha irmã. – falou quase chorando.
-- Terá meu apoio minha linda, eu te amo, então quero tua felicidade. – segurou a irmã pelos ombros – Não casa. Pode não ser com Manuela, sai à procura dela, mas de uma coisa tenho certeza, Diogo não é tua alma gêmea. – suspirou e concluiu – Ele não te fará feliz.
-- Alexandra... – tentou relutar, estava aos prantos.
-- Não casa. – afirmou olhando-a nos olhos.
-- Do que está falando Alexandra? – as duas olharam de lado e viram Clarice observando-as – Isabela casa em algumas horas, e não permitirei que tu venhas atrapalhar a felicidade da nossa família.
-- Mamãe, ao menos uma vez na vida, pensa na tua filha. É a felicidade dela.
-- A felicidade dela é ao lado de Diogo, e não de uma lésbica que trabalha como peão do teu avô. – Alexandra a olhou com fúria.
-- A senhora sabe que não é bem assim.
-- E se prefere atrapalhar, melhor ir embora. – no momento que Alexandra ia abrir a boca para respondê-la, Isabela interrompeu as duas.
-- Mãe, por favor, hoje é minha despedida de solteiro, então quero ficar sozinha com minha irmã. – Clarice bufou e se afastou irritada, deixando as duas sozinhas.
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Cíntia leu nos sites brasileiros a notícia do casamento de Isabela, ficou em dúvida se mostrava para Manuela, no entanto, a morena entrou no quarto se enxugando e percebeu a expressão de assustada da ruiva, como se estivesse sido pega. Ela olhou para o notebook e depois para ruiva.
-- Estamos atrasadas para pegar o avião.
-- Manuela... – foi interrompida.
-- Cíntia, eu não quero saber. – jogou a toalha sobre a cadeira e começou a se vestir. – Estamos nos divertindo, nos conhecendo mais e...
-- E nosso amor não é igual ao que tu sentes por ela. Somos amigas.
-- Isso me basta. – parou na frente da ruiva apenas de calça jeans.
-- Por Deus Manuela, veste uma roupa logo. – Manuela sorriu.
-- Adoro quando tu afirmas que é hetero e fica mexida comigo. – fez um bico difícil de Cíntia resistir.
-- Quer saber? Dane-se heterossexualidade ou Isabela... – empurrou a morena sobre a cama – Ainda temos tempo. – Manuela sorriu de um jeito cínico.
-- Todo o tempo que precisares.
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-- Isabela, vamos nos atrasar.
-- Marcar um jantar após uma viagem de mais de doze horas... – reclamou. – Não foi mesmo uma boa ideia.
-- Desculpe meu amor, mas esse negócio é muito importante para o grupo.
-- Para o grupo ou para os negócios do ilustríssimo governador do Estado?
-- Não começa, não quero discutir em nossa lua de mel.
-- Lua de mel em que tu vai discutir negócios no jantar.
-- Mas você mesma quem falou para aproveitar, e não se prender por sua causa. – a loira jogou a cabeça e resolveu não discutir. Estava na Grécia, país que não conhecia, e uma das opções de viagens que tinha sonhado fazer com Manuela. Por um momento ela parou pensativa.
“Manuela, o que será que está fazendo? No mínimo correndo atrás de algum rabo de saia do Camafeu”. – concluiu seus pensamentos, irritada. Viu quando Diogo apareceu na porta, e sorriu.
-- Está frio lá fora, meu amor. – colocou um casaco sobre a mulher.
-- Obrigado, Diogo. – agradeceu com carinho. Havia aprendido a aceitar o amor do jovem, apesar de não corresponder, o respeitava e tentava retribuir ao seu modo.
-- Então, podemos ir?
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-- Manu acredite no que digo: se comer mais alguma coisa, poderei explodir. – confessou sorrindo.
-- Apenas uma bebida para digestão. – pediu com carinho.
-- Não minha linda, eu estou falando sério, posso explodir. – aproximou-se e falou mais baixo – Abri o botão da calça, não consigo mais respirar. – Manuela sorriu e pediu a conta ao garçom.
-- Adoro tua espontaneidade. – Cintia correspondeu ao sorriso e ela olhou o relógio -Será que nossa gatinha se comportou?
-- Ela adora Yasmin, com certeza passaram uma noite muito agradável.
-- Muito bom ela ter aceitado nos acompanhar.
-- Acredito que também precisava deste descanso para pensar um pouco.
-- Não tem cabimento ela se casar e deixar os estudos de lado porque o namorado quer. – Manuela afirmou fazendo uma careta - Ainda mais porque não possuem nada.
-- Seja bem-vinda ao machismo do nosso País.
-- Irei ajuda-la no que for necessário, e se quiser estudar, a liberarei no período que preferir.
-- Eu te admiro tanto, guria. – declarou olhando-a nos olhos. – Poucos fariam isso por uma simples empregada.
-- Pelo menos isso, já que não cedeste aos meus belos olhos azuis. – brincou.
-- Mas cedi a esta sobrancelha que ergues quando queres me convencer de algo. – confessou sorrindo. – Ou a este biquinho que fazes quando queres alguma coisa. – sabia o que a morena pretendia com aquilo.
-- Estamos chegando a um ponto.
-- A todos Manu. – apertou sua mão – O fato de minha praia ser outra, não significa dizer que não te amo. – riram.
-- Vamos que quero pegar nossa princesa acordada. – levantaram-se.
-- Não vai mimar minha filha, ela fica toda manhosa contigo.
-- Sabe o que é bom. – revelou como se confidenciasse um grande segredo.
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-- Querida, a nossa mesa é aquela.
-- Mas bah! O local está tri cheio, Diogo.
-- Ao menos temos uma reserva. – entraram e Isabela baixou a cabeça por alguns segundos, não viu quando Manuela passou ao lado de Cíntia.
-- Odeio lugares cheios assim.
-- Disseram que a comida é ótima. – o maitre puxou a cadeira para Isabela sentar, e quando Diogo se afastou, bateu em um homem que passava, e no momento que ele se virou para se desculpar, Isabela olhou na mesma direção da porta, viu a morena dos seus sonhos atravessar o corredor em direção a saída. Não acreditou no que viu, ficou paralisada ao vê-la em uma calça de couro justa, camisa vermelha, um sobretudo e botas de saltos que lhe deixava ainda mais alta e elegante. Ela sentiu o sangue fugir do seu corpo. Estava paralisada, sem ação. Manuela colocou as luvas, estava linda sorrindo. Não via mais ninguém ao redor, parecia que só havia ela e aquela morena linda no restaurante. Quando Diogo sentou à mesa, falando alguma coisa, Isabela pulou da cadeira e saiu em direção a porta, deixando o marido sem entender nada.
Isabela saiu do restaurante, estava muito frio, havia poucas pessoas na rua, ela olhou de um lado a outro, e não viu mais a morena. Estava angustiada, perdida em seus pensamentos quando sentiu uma mão sobre seu ombro, fechou os olhos e sorriu, queria sentir a sensação de ter Manuela por perto, virou-se e quando abriu os olhos para falar algo, viu Diogo.
-- Amor, o que está acontecendo?
-- Pensei ter visto alguém.
-- Quem?
-- Uma amiga de Alexandra que havia se mudado para Londres.
-- Estamos em Atenas, e está frio. – brincou. Os dois entraram e Isabela não parou de pensar na morena.
“Não pode ser ela, não tem como. Manuela não teria dinheiro para vir à Grécia. Ainda mais, andar naquela elegância.” – pensou. “Mas era muito parecida... Gente será que ela tem uma irmã gêmea? Não pode ser Manuela.” – Diogo chamou atenção da esposa que parecia em outro planeta.
Fim do capítulo
Beijos e boa semana a todas.
Comentar este capítulo:
Mille
Em: 31/12/2017
Oi Valentina tudo bem?
“A aventura da vida renova a cada 365 dias e só desejo que os próximos sejam os melhores de sempre.“
Que você tenha inspiração e continue nos proporcionando a alegria de histórias maravilhosas personagens cativantes.
Feliz Ano Novo!
Não desisto e espero que 2018 retorne com esta linda história, bjus.
Mille
Em: 25/07/2017
Oi Valentina tudo bem?? Sou bem teimosa nê, quando vai nos presentear com novo capitulo dessa meninas que amamos??? Saudade grandeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee volte logo. bjus
Hoje é o dia do escritor desejo muita inspiração, alegria e sucesso a ti. Tem uma frase muito linda que vi hoje pena que o site não aceita anexar figura.
"As melhores viagens da minha vida eu fiz sem sair do lugar".
Já viajei muito por lugares, conhecimentos de culturas e sentimentos, a torcida por os personagens queridos, ou vilões para ver sua queda.
Obrigada por sempre nos presentear com belissimas histórias.
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Mille
Em: 01/03/2017
Olá Valentina tudo bem???
Saudades viu moça, espero que retorne logo e junte logo essas cabeças duras, mais antes gostaria de saber o que a mãe da Isabela esconde.
Bjus e até o próximo capítulo
Olhando seu sobrenome é dá família Mateus amo a história da Rafaela Mendes.
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joaklion
Em: 20/02/2017
Ei.... vamos continua a escrever, alguém pressione a continuação, aguardo ansiosa os proximos capitulos aonde isabela possa amargar sua desconfiaça e se arrepender suas atitudes.
Apesar que na minha visão Manu, também ainda não esta inteira nesta relação, ainda tem Andressa no meio delas e eterna comparação...
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Mille
Em: 31/12/2016
Oi Valentina tudo bem? Saudades :)
"Desejo a você…
365 dias de felicidade.
52 semanas de saúde e prosperidade.
12 meses de amor e carinho.
8760 horas de paz e harmonia.
Que neste novo ano você tenha muitos motivos para sorrir!"
E muitas inspirações para nos presentear com lindas histórias. Abraços
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Duda_Gomez1999
Em: 25/11/2016
Não pare de escrever por favor, sua história é tão bonita. Espero uma reconciliação de manu e isa. Mas não fica desmotivada, eu acompanho sua história há tempos. Não faça esta desfeita moça.
Beijos, espero o próximo capítulo em breve e quando puder.
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rhina
Em: 24/11/2016
Olá
Boa tarde
Legal.....a historia deu uma sacudida e tanto.
Isabela não acreditou na verdade....
Cintia descobrindo novos horizontes,,,,sendo mais presente na trama.....mas ainda afirmando ser hetero...torço para ela ser tornar de vez homo nos braços da Alexandra....Viajei ????
Yasmim tomando novas decisões....pensando em si mesma...
Isabela casando....
Viajemmm.....luxo....diversão....perguntas...
Parabéns
Rhina
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Ada M Melo
Em: 22/11/2016
fiquei com raiva da isabela, dá a Manu de mão beijada pra outra e ainda cair no jogo desse pai cretino dela, sei não, viu, espero que ela sofra muito para reconquistar a manu só assim vai virar gente grande....
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Sandra Bruna
Em: 21/11/2016
Saindo da moita para dizer que não demore a postar, querida autora! Amo demais tudo isso.
A Isabela fazendo merda novamente... Tem que crescer, e muito para conseguir ter a Manu novamente. No momento, a Isabela não está merecendo todo o amor que a Manu tem por ela.
Escreve mais, autora!
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Fab
Em: 20/11/2016
Não acredito! Isabela não acreditou nem na irmã, que afirmou ter visto o pai no Camafeu??
Manuela tem razão, o tempo irá se vingar por ela. Isabela foi muito cruel, não deu a ela o benefício da dúvida, não questionou os pais sobre a armação, não deu ouvido nem aos avós, que ela sempre disse ter mais carinho por ela que os próprios pais.
Cintia...Gosto dela. Está respeitando o sofrimento silencioso de Manuela e sendo bálsamo. E já vi que essa história de ser hétero é balela rsrs. Pelo visto já caiu de encantos pelas delícias de um corpo feminino.
Fiquei tão chateada com Isabela que neste momento minha torcida vai para uma ruiva de nome bonito.
um beijo, autora;
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Mille
Em: 20/11/2016
Oi Valentine
A Isabela tem que crescer mesmo todos dizendo que foi armação ela não aceitou. A ela não vai sofrer porque Diogo é um homem bom se for outro ela estaria comendo o pão que o diabo amassou.
Gostei da Cíntia não abandonou a Manuela, e acabou que a Astrid não teve o que sempre quis. Tanto ela como a filha está dando um grande apoio, gostaria de ler a Manuela com a pequena.
Bjus e até o próximo
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lia-andrade
Em: 20/11/2016
Sério que Isabela preferiu casar com esse Diogo mesmo sabendo toda verdade? O que o ciúmes não faz..Ah mas que raiva dela.
Beijos
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