BEATRIZ

Quando cheguei na casa das irmãs. já era se passava das 6:00 horas da noite... Estava completamente perdida em meus pensamentos... Estava tentando entender como aquilo poderia estar acontecendo comigo... O que tinha feito para minha vida ficar assim bagunçada do dia para noite?

Estava sentindo algo por Heloísa, e não podia mais alimentar isso. Tinha que encontrar uma forma de me afastar daquela jovem. Por causa dela, eu estava me perdendo e não podia continuar daquela forma. E foi isso que fiz, me afastei de Heloísa e também de Ângela. Eu gostava muito daquela senhora, mas me manter perto dela, queria dizer me manter também perto da moça de olhos castanhos.

Me afastei de Heloísa, mas não havia mudado muita coisa aqui dentro de mim. Ainda pensava nela... Todas as noites eu sonhava com aqueles belos olhos castanhos. Não aguentava mais toda aquela situação.

Por conta das noites mal dormidas, eu andava muito cansada... Aqueles sonhos estavam me deixando desesperada. No começo, eu só via apenas a imagem dela em meus sonhos e com o tempo parecia que eu ia me aproximando daquele corpo. Eu ia me aproximando e chegou um dia que consegui tocá-la. Tocá-la de uma forma que acabei acordando no meio da noite sentindo o meu coração bater todo descompassado.

Depois que percebi que precisava de ajuda, procurei o padre Mateus. Ele tentou me ajudar, me aconselhou a ficar longe de Heloísa, mas como fazer isso, pois eu já estava me mantendo longe daquela jovem?

Às vezes fico pensando, como aquela jovem tem o poder de me deixar daquela forma?

Sempre fui uma pessoa centrada. Desde nova sabia que a minha vocação era ser freira. E agora a minha vida virou de cabeça para baixo.

Tentando fazer com que eu relaxasse um pouco, o padre Mateus me convidou para ir com ele e as outras irmãs a uma chácara que pertencia a sua família. Iríamos levar as crianças do orfanato até lá. Faríamos um pequeno passeio com elas.

Me animei um pouco por saber disso... Iria poder relaxar um pouco e quem sabe me esquecer um pouco de Heloísa. Também iria rever Laurinha... Havia gostado muito daquela garota. Queria saber como ela estava, mas como estava evitando sair nos últimos dias, por conta do medo de acabar me encontrando com Heloísa, não havia sido possível ir ao orfanato.

Passei até a me sentir melhor depois desse convite... Até os sonhos com Heloísa tinham diminuído, pois eram todas as noites e agora não eram tão frequentes.

Estando melhor, em uma noite de terça-feira quando fui a igreja, enquanto cumprimentava algumas pessoas, eu sorria para todos... Estava bem, e isso deixou o padre Mateus feliz também.

-Vejo que já está se sentindo bem- Ele disse após ter me cumprimentado.

Eu sorri para ele- Sim, padre, me sinto muito bem... Aquilo não esta mais me atormentando.

O padre Mateus sorri para mim- Fico feliz por ouvir isso, minha amiga- Ele pousa a sua mão sobre o meu ombro- Agora tenho que me arrumar, a missa já vai começar- Nos despedimos e depois comecei a andar em direção ao primeiro banco que ficava de frente para o altar.

Enquanto andava, eu cumprimentava algumas pessoas que já estavam sentadas... Como se o destino quisesse me pegar uma peça, me deparei com aqueles olhos castanhos sobre mim e meu mundo pareceu se acabar naquele momento.

CONTINUA...

Fim do capítulo