Capítulo 42

 

-- Nossa que surpresa - Daniela falou sorrindo. 

 

-- Posso entrar? -  Rebecca estava séria. 

 

Daniela não estranhou no início, pois a ruiva sempre era fria mesmo. 

 

--Claro que pode - disse se afastando. 

 

Rebecca observou todo o apartamento da morena, analisando os mínimos detalhes. 

 

-- Que surpresa, Rebecca... Não imaginava que fosse você.

 

-- Precisamos conversar...

 

Daniela ficou sem entender o semblante sério da ruiva. 

 

-- Sobre o que? 

 

Fernando escutava toda a conversa das duas. 

 

-- Sobre a Luiza. 

 

A morena arregalou os olhos. 

 

-- Fala sério, não sei o que nós temos para falar dessa garota. 

 

-- Eu estive com ela ontem. 

 

Daniela ficou assustada, mas não demonstrou. 

 

-- O que você foi fazer com aquela garota? 

 

-- A Gente conversou sobre algumas coisas. 

 

-- O que? - perguntou hesitante. 

 

-- Ela me disse o que você e meu pai fizeram! - acusou. 

 

-- É mentira! Nada do que essa garota fala é verdade! Você não devia acreditar nela, Rebecca. A Ana Luiza é cínica!

 

Rebecca sorriu e analisou a morena, andado em volta dela. Parou de frente para ela. 

 

-- Não vejo nenhum pouco de sinceridade em você. É tão claro para mim o quanto você está mentindo. 

 

-- Rebecca eu... - Daniela estava cada vez mais nervosa. 

 

-- Cale-se - disse áspera - O que eu vim fazer aqui não foi escutar suas explicações mentirosas! Escuta bem o que eu vou falar pra você... - apontava o dedo na direção da face da morena - Eu nunca te considerei uma pessoa boa, mas achava sua companhia até um pouco agradável. Não sei o que você já aprontou nessa sua vida medíocre, e sinceramente não faço questão alguma de saber, no entanto, você não tinha qualquer direito de se meter na minha vida com a Luiza! Eu nunca te dei esse direito! Você não tem noção do que fez, não é?! - cuspia as palavras. 

 

-- Eu fiz o que era necessário, pois eu te amava! E a Luiza teve a chance de escolha! - defendeu-se. 

 

Rebecca acertou um forte tapa no rosto da morena, que colou imediatamente a mão no local atingido. Daniela fez uma careta de dor. 

 

-- Ficou louca, Rebecca?! 

 

-- Louca eu estive por todos esses anos, quando aceitei que alguém como você fizesse parte da minha vida! Você acha mesmo que a Luiza teve alguma escolha?! 

 

-- Claro que teve! 

 

Daniela sentiu a mão da ruiva em seu outro lado da face. 

 

-- Como você pode ser tão asquerosa assim, Daniela? Você acha mesmo que a Luiza tinha alguma escolha?! A Carol estava doente, sua louca!

 

-- Se eu estivesse no lugar dela, eu nunca teria te deixado! Eu escolheria mil vezes você! 

 

-- Essa é a diferença entre a Luiza e você. A Luiza nunca pensa apenas nela. Já você... Tenho certeza que não faria isso nem mesmo por sua mãe. 

 

-- Rebecca você não entende que eu te amo? Que tudo o que eu fiz foi por amor... 

 

-- Você não sabe o significado desse sentimento Daniela! Você não ama ninguém em sua vida! 

 

-- Claro que eu te amo! Quem você pensa que é pra duvidar dos meus sentimentos? 

 

-- Eu sou aquela mesma menina que você junto com meu pai separaram do grande amor da minha vida. Você esteve do meu lado, me viu sofrer... Sendo que você era a responsável por isso... Que espécie de amor é esse, Daniela? - disse com os olhos marejados. 

 

-- Rebecca... - a morena tentou se aproximar. 

 

-- Nem pense em chegar perto de mim! Vim apenas deixar as coisas claras! Não ouse nunca mais na sua tentar se aproximar de mim novamente e nem da Luiza! Eu sou capaz de sujar minha mãos se for preciso. 

 

-- Está me ameaçando?- disse surpresa. 

 

-- Considere isso como um aviso - falou seca. 

 

-- Eu só queria que você me amasse - disse com os olhos úmidos. 

 

-- O único sentimento que sinto por você é nojo! -  Rebecca virou-se caminhando em direção a porta. 

 

Daniela limpou as lágrimas. O canto do seu lábio sangrava levemente. 

 

-- Não pense que isso ficará assim, Rebecca! 

 

A ruiva estancou e girou levemente. Encarou Daniela que tinha um olhar... Não soube decifrar, mas era quase perverso. Rebecca sentiu um frio por todo o corpo. 

 

-- O que está querendo dizer com isso? 

 

-- Que eu não tenho medo de suas ameaças - sorria irônica - Eu não tenho medo de nada! Vou dar o meu recado agora... Eu nunca vou deixar você ser feliz com a Ana Luiza e se você não se importa de sujar suas mãos, fique sabendo que eu me importo menos ainda - disse com os dentes trincados. 

 

Rebecca ficou sem palavras diante das palavras frias da morena. Sentiu-se mal em estar ali, abriu a porta e saiu imediatamente. Estava nervosa, muito nervosa. Parecia que tinha enxergado o próprio demônio. Tremia muito. Ficou um tempo dentro de seu carro tentando ficar mais calma. 

 

" Meu Deus, como eu posso ter me enganado tanto com alguém em minha vida. Senti algo tão ruim dentro de mim com tudo que ela falou. Só quero esquecer que um dia eu conheci essa mulher. Ela não será capaz de fazer nada... Não... Só se ela for uma demente"

 

Rebecca conseguiu ficar um pouco mais calma e voltou para o hotel. 

 

Daniela estava sentada no sofá pensativa. Fernando aproximou-se sorrindo. 

 

-- Parece que alguém apanhou da ruiva - debochou. 

 

-- Cala essa boca seu caralh*! - disse agressiva. 

 

-- Uii que medinho de você... Um dia ela iria descobrir a verdade né. 

 

-- Não consigo me conformar com isso! 

 

-- Daniela deixa de ser tão cega! A Rebecca nunca te amou! Talvez um dia num passado bem distante ela foi capaz de sentir alguma atração por você, mas nada além disso... Então deixa de ser tão louca e acorda pra real né. 

 

-- Você não entende né, Fernando! - disse ficando de pé e andando de um lado ao outro - Eu amo essa mulher! 

 

-- Isso não é amor... É obsessão!

 

-- Eu nunca vou deixar elas serem felizes! A Rebecca pode ficar com qualquer outra mulher nessa vida menos a Ana Luiza! Eu odeio aquela desgraçada! - cuspiu. 

 

-- Por que? 

 

-- Porque a Ana Luiza roubou a Rebecca de mim! Porque ela é uma piranha! Porque eu sempre detestei aquela maldita! 

 

-- O que a Luiza fez de tão ruim pra você, Daniela? 

 

-- Ela nasceu, Fernando! Nasceu! Aquela filha da puta! E você também deveria odiá-la!

 

Fernando ficou pensativo. 

 

-- Dani... Vamos esquecê-las, nós temos dinheiro. Podemos fazer tudo o que queremos. Chega  disso... Vamos esquecer esse nosso passado! Vamos começar uma nova história! 

 

-- Eu não consigo... Não sabendo que elas estão felizes. Preciso fazer alguma coisa! Preciso! 

 

Fernando desistiu de tentar convencer a morena de mudar sua opinião. Daniela era obcecada por Rebecca e também por Luiza. 

 

*********

 

Carol havia acabado de acordar e estava pensativa, ainda estava deitada. 

 

" Em que momento eu me apaixonei por você, Vick? Foi na primeira vez que te vi... Toda tímida ao lado dos meus tios, tão branquela e delicada. Acho que foi a primeira vez que fui capaz de dividi meu sorvete de morango... Foram tantas aventuras ao seu lado... Algumas inesquecíveis..."

 

A baixinha fechou os olhos e lembrou do passado. 

 

"

-- Isso não é certo, Carol. Estou me sentindo mal - Vick falou nervosa. 

 

-- Relaxa Vivi... Nós vamos apenas beber. 

 

-- Nossa isso me deixa super relaxada, você não sabe o quanto - disse irônica. 

 

-- Toma!

 

-- O que é isso? - Victoria perguntou observando o objeto em sua mão. 

 

-- É uma chave né - Carol zombou. 

 

-- Isso eu sei, mas de quem é essa chave? 

 

-- Do meu pai né. 

 

-- Nem pensar que eu vou pegar o carro do tio! 

 

-- Deixa de ser chata, Vick... Nós precisamos ir na outra cidade, então obviamente que precisamos de um carro e como eu não sei dirigir... Deixo isso com tu! 

 

-- Isso é perigoso Carol... E você nem devia tomar qualquer tipo de bebida alcoólica. 

 

 

-- Parece que você não entende! Eu estou doente, Victoria! Não sei se amanhã estarei viva! Tudo que eu quero é fazer as coisas que eu desejo. 

 

Victoria ficou pensativa e depois abraçou a baixinha. 

 

-- Tudo bem. Farei isso por você, mas bem que você poderia desejar outros tipos de coisas né. 

 

Victoria levou a baixinha em outra cidade e apesar de serem menores não tiveram qualquer tipo de dificuldades em comprar bebidas. 

 

Carol segurava a sacola com a bebida toda feliz. Estavam saindo do posto quando foram abordadas por um jovem. 

 

-- Perdeu moças! Passa tudo que vocês tem! 

 

Victoria arregalou os olhos. 

 

-- Ai nossa... Por favor, não faça mal a nós duas. 

 

-- Relaxa garotinha eu só quero a grana de vocês! Vamos, sejam rápidas! - O jovem segurava uma faca. 

 

Victoria deu todo o dinheiro que possuía e Carol mesmo contra vontade, também entregou tudo ao garoto. 

 

-- Bem que você podia roubar alguém com grana né - resmungou a baixinha. 

 

-- O que tu falou aí? - perguntou o bandido. 

 

-- Nada cara... Já demos tudo, agora você já pode ir. 

 

-- Te liga em como tu fala comigo pirralha. 

 

-- Olha cai fora daqui antes que eu te passe HIV - falou séria. 

 

O jovem ficou assustado e observou a menina atentamente. Carol estava com um lenço na cabeça e os cabelos estavam rasos. A menina tinha o rosto pálido. Ele percebeu que a garota estava realmente doente, pegou a sacola com a bebida e o dinheiro e correu para longe das duas. 

 

-- Eiii seu Zé ruela! Minha bebida! - gritou - Aff... Ele foi embora. 

 

-- Como você pôde falar aquilo Carol? - Vick a repreendeu. 

 

-- Eu só queria assusta-lo...

 

-- Usando isso? 

 

-- Aí Vick.. Eu vi isso em algum filme antigo que eu não lembro o nome agora. 

 

Victoria fez uma careta. 

 

-- E pra completar fomos roubadas. 

 

-- Né isso... Levaram minha bebida, poxa. 

 

-- Você só pensa nisso - disse revirando os olhos. 

 

As duas se aproximaram do veículo do pai da baixinha e perceberam que o pneu estava furado. Victoria quase teve um troço, mas a baixinha conseguiu acalmá-la e ligou para Bia, que ficou de pegá-las. 

 

As duas esperaram sentadas em um banco da praça. Carol não estava se sentindo bem e apoiou a cabeça no ombro da prima. Victoria ficou preocupada e se sentindo culpada por ter cedido as vontades de Carol. A jovem fazia leves carícias no cabelo castanho da baixinha. Bia aproximou-se das duas observando a cena. Foi uma das vezes em que flagrou o amor de Vick pela prima. 

 

Bia ajudou as duas e tudo ficou bem, mas Carol teve que ficar internada, pois voltou a se sentir mal. Victoria se sentiu ainda mais culpada, mas durante uma visita a prima, Carol tratou de tirar qualquer culpa do pensamento da garota. Aliás, a baixinha desistiu de se embebedar por um tempo, percebeu que precisa da saúde perfeita para isso.

 

***********

 

-- Érika.... - Vick a chamou. 

 

-- Hmm... 

 

-- Posso te pedi uma coisa... - perguntou tímida. 

 

A loira a encarou desconfiada. 

 

-- Depende do que você vai pedi... Mas você pode tentar. 

 

Victoria sorriu da expressão séria da prima. Érika quase nunca sorria. A loira estava sentada no sofá e olhava atentamente algo em seu computador, mas Vick sabia que ela também prestava atenção no que estava falando. 

 

-- Eu quero que você me leve em uma boate dessas que você sempre frequenta - disse direta, do jeito que Érika gostava. 

 

A loira apertou os olhos e a encarou. 

 

-- Por que? 

 

-- Eu quero saber um pouco desse mundo... Sempre vivi tão escondida... Só queria me entender um pouco e conhecer outras pessoas.

 

Érika ficou pensativa. 

 

-- Não será outra garota que fará você deixar de gostar da Carol. 

 

-- Mas eu... 

 

A loira a cortou. 

 

-- Cale-se... Deixa eu falar.... Você pode se envolver com homem ou mulher, ninguém vai conseguir mudar o que você sente... Talvez você sinta desejo, mas nunca irá passar disso... A não ser que você deseje esquecer a Carol... É isso que você quer? 

 

Victoria ficou em silêncio. 

 

-- Eu não sei o que quero... Ainda estou tão confusa. 

 

-- Não precisa tentar se entender agora... Aproveite... Sábado eu te levo para sair. 

 

Victoria a encarou animada. 

 

-- Obrigada Érika! 

 

-- Apenas tenha juízo - avisou. 

 

-- Pode deixar! 

 

**********

 

Rebecca não conseguia se concentrar no que estava fazendo. Seus pensamentos se perdiam em Luiza. A ruiva acabou desistindo de fazer qualquer coisa. Esteve em reunião e estava querendo analisar alguns papéis, mas não conseguia se concentrar. Rebecca sabia que ainda teriam muitas coisas a falar, mas que eram somente relacionadas a elas. Ficava nervosa apenas de pensar nisso. Lembrar de Luiza agora como uma mulher feita e não mais uma adolescente a deixava ainda mais fascinada. Era incrível como Luiza havia amadurecido, o tempo foi generoso com a jovem. Mas claro que a médica ainda possuía aquele sorriso doce e sincero, aqueles olhos lindos e encantadores. Luiza era sempre tão meiga. Tudo nela demonstrava calma. Rebecca sempre sentiu uma enorme paz ao lado de Luiza. 

 

A ruiva sabia que no fundo ainda nutria um grande sentimento pela médica. Sentimento, aliás, que nunca deixou de sentir. 

 

******

 

Alguns dias se passaram. 

 

Vitória evitou encontrar com Carol durante todos esses dias, mas não conseguiu por muito tempo. Estava entrando no apartamento quando avistou a baixinha sentada no sofá. A menina estava tão concentrada que não percebeu a presença da prima. Vick aproximou-se lentamente. 

 

-- Oi Carol... 

 

A baixinha encarou a prima e sorriu. 

 

-- Oi Vick... 

 

-- O que você está fazendo? - perguntou sentando no sofá menor. 

 

-- Trabalhando - disse sem tirar os olhos dos vários papéis que haviam espalhados sobre o sofá. 

 

-- Pensei que você estava férias. 

 

-- Não tenho férias quando posso ter a matéria do ano nas minha mãos - disse sorrindo. 

 

-- Você não está se metendo em confusão né? 

 

-- Obviamente que sim! 

 

Victoria revirou os olhos.

 

-- Cuidado, Carol... - falou docemente. 

 

A baixinha a encarou e levantou lentamente, colocou as mãos na cintura e analisou a prima. 

 

-- Vick eu... 

 

-- Vou tomar um banho e descansar um pouco - falou nervosa e se levantando. 

 

-- Até quando tu vai continuar fugindo? - perguntou irritada. 

 

-- Eu não estou fugindo de ninguém, Carol. 

 

-- Fiquei sabendo que hoje tu vai sair com a Érika... Pra que isso? 

 

-- Eu vou simplesmente sair... Não posso? 

 

Carol voltou a sentar e observar todos aqueles papéis. 

 

-- Faça o que você quiser... Só não vale se arrepender depois. 

 

-- Não irei! - disse se afastando. 

 

-- Teimosa! - resmungou a baixinha - Como se eu fosse deixar ela ir sozinha... Vai sonhando...

 

*******

 

Poliana observava Luiza que estava sentada em outra mesa acompanhada de Érika. Alan aproximou-se da enfermeira, sentando em sua mesa para fazer companhia a jovem. 

 

-- Como está a nova trintona do pedaço? 

 

Poliana sorriu. 

 

-- Alan, eu sou feia? - 

 

O médico ficou surpreso com a pergunta da jovem. 

 

-- Claro que não! Você é muito gata, pena que não gosta do negócio. 

 

Poliana sorriu. 

 

-- Então não entendo porque a Luiza nunca quis nada comigo... - disse observando a médica na outra mesa.

 

Alan virou-se para encarar as duas e depois voltou a observar a amiga. 

 

-- Talvez ela namore. 

 

-- Ela não namora... Tenho certeza. 

 

-- Então ela pode gostar de outra pessoa. 

 

-- E isso impede alguém de querer ficar com outra pessoa? 

 

-- Você talvez não faça o tipo dela... 

 

-- Como não?... Eu sou linda e rica, quem não gostaria de ficar comigo? - disse orgulhosa. 

 

-- A Luiza - respondeu rindo. 

 

Poliana fechou a cara. 

 

-- Eu não sou a única que tenho problemas com essa família né - falou irônica. 

 

-- A Victoria é passado... Ela deixou claro que nunca vai rolar nada entre nós... E eu tenho vergonha na cara né... Afinal, tem muitas mulheres lindas por aí, eu não vou me matar apenas por uma. 

 

-- Você é frouxo, isso sim - debochou. 

 

-- Não gata... Eu sou apenas sensato. Eu investiria na Érika, mas aquela maravilha infelizmente curte a mesma coisa que eu... O jeito é caçar as mais novinhas. 

 

-- Elas já são novas perto de vc né.

 

-- Vou te dar um conselho... Esquece a doutora Luiza... Tem muitas mulheres dando sopa por aí. 

 

-- Mas eu quero a Luiza! 

 

-- Mas ela não te quer! Cai na real - disse levantando - Você tem uma vida inteira pela frente para se prender apenas em uma única mulher... O bom da vida é dinheiro e sex* o resto é apenas complemento.

 

Alan deixei a enfermeira sozinha e pensativa. 

 

-- Mas eu gostaria de ficar com a Luiza nem que fosse apenas uma vez. 

 

A jovem voltou a observar a mesa das médicas e percebeu que Érika a encarava, rapidamente desviou o olhar. 

 

Érika encarou Luiza que tomava seu café pensativa. 

 

-- Acho que a Poliana estava falando de você. 

 

-- Diz uma novidade - Luiza observava a xícara com o café. 

 

Érika sorriu. 

 

-- Pensando na Rebecca? 

 

-- Sim, e isso não é nenhuma novidade. 

 

-- Não mesmo - a loira olhou em seu relógio - Preciso ir - disse se levantando - Ainda vou passar no shopping... Beijos Lu. 

 

-- Beijos Érika - falou sorrindo. 

 

******

 

-- Alô... 

 

-- Bia! 

 

-- Quem está falando? 

 

-- É a Carol, sua loira! 

 

-- Oi tampa... O que você está querendo? 

 

-- Tampa é a mãe! Preciso da sua companhia... 

 

-- Ihh... Nem quero sair de casa hoje... Tô só de boa... Até pelada eu tô. 

 

-- Não preciso saber dessas coisas... Só queria deixar claro que a Érika vai. 

 

-- A Érika vai?! - Bia perguntou interessada. 

 

Carol riu. 

 

-- Sim, ela vai... Essa loira tá querendo levar a Vick para um mal caminho... Mas eu não vou deixar isso acontecer. 

 

-- Pra onde elas vão? 

 

-- Uma boate. 

 

-- Ok, vou com você! 

 

-- Sabia que podia contar contigo, minha amiga.

 

-- Sempre! - Bia falou rindo - Sempre que a Érika for também! - completou.

 

********

 

Érika estava se vestindo quando Carol entrou em seu quarto. 

 

-- Érika vou com vocês! - disse direta. 

 

A loira continuou abotoando o vestido tranquilamente. 

 

-- Nem pensar.

 

-- De qualque forma eu vou... Não tô nem aí - falou teimosa. 

 

Érika foi para frente do enorme espelho e encarou a baixinha através dele. 

 

-- Deixa a Victoria respirar. 

 

-- Você acha que eu não deixo? 

 

-- Não! - disse séria.

 

A loira passou a se maquiar. 

 

-- Ela está confusa... Só precisa de um tempo. 

 

-- E você acha que eu não tô? - a baixinha falou nervosa. 

 

-- É diferente - completou a loira. 

 

-- Ahh... Mas eu vou de qualquer jeito!

 

Érika revirou os olhos e bufou. 

 

-- Você que sabe, agora me deixa em paz! 

 

Carol não disse nada, apenas se retirou. 

 

Victoria já estava arrumada e esperava por Érika na sala. Vestia um vestido e sandália de salto, seu cabelo estava solto. Carol entrou na sala e ficou observando a jovem. Vick ficou envergonhada. 

 

-- O que tá olhando? 

 

-- Não posso mais te olhar? - disse sorrindo. 

 

-- Pode... 

 

-- Você está linda, Vivi... 

 

A jovem corou. 

 

-- Obrigada, Carol. 

 

A baixinha iria falar mais alguma coisa, mas alguém tocou a campainha. 

 

-- Aff - Carol resmungou antes de abrir a porta. 

 

Bia entrou toda feliz. 

 

-- Aqui estou! - disse animada - Pronta para a noite que nos espera! Cadê minha dama de gelo? - observou em volta. 

 

-- Ela ainda tá se arrumando... - respondeu a baixinha. 

 

-- Pera aí... Você vai com a gente? - Victoria perguntou desconfiada. 

 

-- Corrigindo, minha gata... - Bia falou divertida -  Nós vamos com vocês! - apontou para Carol. 

 

Vick fechou a cara. 

 

-- Era o que me faltava mesmo. 

 

Érika relutou quando soube que Bia também iria. Pensou em desistir, mas acabou mudando de ideia, no entanto, deixou claro que não levaria as duas. A loira saiu acompanhada de Victoria. Carol foi no carro de Bia. 

 

*********

 

Luiza estava voltando para a casa, quando viu Poliana. A enfermeira estava no telefone e parecia nervosa. A médica percebeu que o carro da jovem estava com algum problema, e Luiza como a moça altruísta que era, parou para tentar ajudar a enfermeira. 

 

-- Está precisando de ajuda? - perguntou observando a jovem. 

 

Poliana sorriu ao vê-la. 

 

-- Não sei o que aconteceu com meu carro... Acho que quebrou, sei lá... Estou atrasada para o jantar com minha irmã - disse fazendo careta. 

 

-- Já pediu ajuda? - falou analisando o veículo. 

 

-- Já sim... Mas ainda vai demorar. 

 

-- Posso lhe dar uma carona se quiser.

 

Poliana abriu um lindo sorriso, era exatamente isso que queria. 

 

-- Aceito! - disse animada - Minha irmã deve estar uma fera comigo -  tentou disfarçar. 

 

-- Entendo... Então vamos? 

 

-- Claro! Deixa só eu avisar minha irmã... 

 

-- Tudo bem... 

 

Poliana ligou para a irmã e duas falaram poucas coisas. Luiza já a esperava no carro. A enfermeira desligou e seguiu para o carro da médica. Foi indicando todo o caminho para Luiza. 

 

**********

 

Rebecca observava o casal a sua frente, as duas pareciam se amar tanto. A ruiva sorriu e lembrou-se de Luiza. As duas planejaram tantas coisas. Talvez hoje estivessem como Cassandra e Agatha, mas seu pai a afastou da jovem. Tantas vezes pensou em procurar Luiza, mas não sabia ao certo o que falar. Não sabia como agi diante da médica. 

 

-- Poliana! Finalmente! 

 

Rebecca prestou atenção no movimento em sua volta. Cassandra havia falado e observava alguém fixamente e que estava atrás da ruiva. Poliana aproximou-se da irmã a beijando e abraçando, fez a mesma coisa com Agatha e cumprimentou a ruiva educadamente. 

 

-- Poliana você esqueceu seu celular...

 

Claro que Rebecca reconheu aquela voz. Não importa o tempo que passasse, ela sempre iria lembrar daquela voz... Doce e única. Virou-se lentamente e seus olhos de mel pousaram naqueles olhos verdes que a observavam de modo surpreso. As duas se encararam por segundos que pareceram horas. Rebecca sorriu para a médica, e Luiza devolveu com o mais lindo dos sorrisos. 

 

Poliana percebeu o clima entre as duas e tratou de quebrá-lo. 

 

-- Luiza muito obrigada.... Não posso ficar sem ele - disse aproximando-se da médica. 

 

Luiza mesmo não querendo desviou os olhos e encarou poliana que também sorria para ela. A jovem sorriu sem vontade e entregou o celular para a enfermeira e voltou a encarar Rebecca, ignorando por completo a presença de qualquer pessoa naquele lugar. Aproximou-se da ruiva. 

 

-- Vem comigo... - disse estendendo a mão. 

 

Rebecca observou a mão de Luiza e voltou a encarar a jovem. Seus olhos estavam hesitantes e Luiza percebeu. 

 

-- Prometo que irei segurar com força - disse segura e sorriu novamente.

 

A ruiva ficou alguns segundos pensativa, mas logo se decidiu. segurou a mão da médica. Não poderia fugir para sempre e naquele momento tudo que estava querendo era ir com Luiza para onde quer que fosse. 

 

Luiza apertou as mão da ruiva e a conduziu para fora do restaurante. Todos naquela mesa ficaram sem entender nada.

 

-- Quem é essa ruiva? - Poliana perguntou irritada. 

 

-- A Rebecca... - respondeu Cassandra - Ela é uma empresária americana de sucesso. Acabamos de fechar uma parceria com a empresa dela. 

 

-- E de onde ela conhece a Luiza? 

 

-- Isso eu não sei. 

 

-- Que absurdo! - Poliana estava revoltada. 

 

-- Absurdo nada... Essas duas parece que se gostam muito - Agatha falou tranquila - Acho bonito a forma como as duas se olham... Eu só vir amor. 

 

-- Cala essa boca, Agatha! Você não sabe de nada! 

 

-- Para com isso Poliana... Já está na hora de você esquecer a Luiza! Tem muita mulheres por aí... Chega disso né - Cassandra falou cansada. 

 

Poliana apertou os lábios, mas nada falou. Decidiu ir embora. 

 

*********

 

Érika chegou a boate acompanhada de Victoria, que estava um pouco tímida. Bia e Carol chegaram logo depois. A loira foi falar com várias conhecidas e isso deixou Beatriz incomodada. Victoria foi junto com a prima. 

 

-- Parece que a sua loira se dá muito bem com as outras mulheres - Carol comentou observando as primas. 

 

-- Parece que a sua pediatra também... 

 

Carol fez uma careta. 

 

-- Essa moças são sem graça demais... Sou muito melhor que elas - disse se achando. 

 

-- Coitada! - Bia debochou. 

 

-- Beatriz! 

 

Bia reconheu a voz da mulher que a chamava. 

 

-- Elise! - deu um abraço na mulher - Essa é a Carol - apresentou as duas. 

 

-- Olá Carol - falou sorrindo. 

 

-- Oi... - disse a baixinha simpática - Eu vou procurar algo pra beber. Fica de olho! 

 

Carol sumiu no meio do povo e Bia ficou conversando com Elise. 

 

-- Parece que a sua médica está bastante ocupada - comentou Elise. 

 

Bia bufou. 

 

-- Nem me fala... 

 

-- Quem é a moça que está com ela? - perguntou interessada. 

 

-- É a Victoria... São primas. 

 

-- Muito linda... Me apresenta? 

 

-- Não vai dar - Bia falou lembrando de Carol. 

 

-- Ué... Porque não? 

 

-- Porque não... Vou pegar algo pra beber. 

 

Bia se afastou deixando Elise sozinha. A mulher ficou um tempo observando Victoria, até que decidiu se aproximar. Elise conhecia todas as moças que estavam ali, inclusive Érika, logo tratou de se apresentar para Victoria. 

 

Vick achou Elise interessante. As duas engataram uma conversa animada. Érika decidiu se afastar um pouco e foi andar sem rumo. Carol voltou e observou a cena de Victoria e Elise. A baixinha ficou furiosa, ainda deu alguns passos na direção das duas, mas acabou desistindo, suspirou desanimada e sumiu dali. 

 

Bia dançava loucamente na pista de dança. A garota sorria e cantava alegremente. A jovem sentiu quando alguém se aproximou dela. 

 

-- Bia... 

 

Beatriz se virou para encarar a mulher que a chamava. Apertou os olhos e ficou surpresa quando reconheceu a pessoa. 

 

-- Daniela! - disse alto por causa do som. 

 

A morena segurou na cintura da jovem e sorriu. 

 

--  Bia... Você ficou tão gata... 

 

Beatriz percebeu que Daniela estava meio bêbada. 

 

-- Ok né... 

 

-- Nós poderíamos sair qualquer dia... - disse sedutora. 

 

-- Tá doida garota? - Bia falou tentando se afastar, mas Daniela não deixou. 

 

-- Por que eu estaria doida? - disse maliciosa. 

 

-- Deve ser porque você não passa de uma vagabunda! - Érika falou de braços cruzados encarando a morena. 

 

Bia ficou surpresa com a intromissão da loira e Daniela sorriu ironicamente. 

 

-- Olha vejam só... Quem está aqui... Some daqui... A conversa é entre eu e a Bia, não é mesmo querida?

 

Daniela tentou segurar na cintura de Bia novamente, mas antes que fizesse qualquer coisa sentiu seus cabelos sendo puxados fortemente. A morena foi ao chão e Érika subiu por cima dela acertando muitos tapas. 

 

-- Eu tô cansada desse seu jeito escroto! - dizia a loira a enchendo de bofetadas - Você se acha o centro do universo, mas não passa de uma vadia! 

 

Bia estava perplexa com tudo que estava vendo. 

 

Daniela tentava se defender de todas as maneiras, mas Érika era bem mais forte. As duas rolaram pelo chão, uma puxando o cabelo da outra. A loira estava furiosa, ficou novamente por cima da morena. 

 

-- Isso é pela Luiza! - Daniela sentiu o forte tapa e depois o gosto do sangue - Isso é por todas as pessoas que você já fez algum mal! - outro tapa - E isso é por mim! -  Érika acertou muitos tapas na morena. 

 

Carol chegou e observou a cena. 

 

-- Caraca véio! Isso é melhor que 3D! Vai Érika acaba com essa serpente! - disse incentivando a prima - Dá logo um soco que é pra deixar a lambisgoia sem dente! 

 

Depois de alguns minutos os seguranças chegaram para separar a briga. Fizeram algum esforço para conter as duas. 

 

-- Olha o que você fez comigo, sua cachorra! - Daniela falou tocando nos lábios feridos. 

 

-- Isso foi pouco... Eu queria fazer muito mais! - disse com raiva. 

 

As duas foram arrastadas para fora da boate. Bia e Carol seguiram logo atrás. 

 

Daniela limpou o sangue e encarou a loira. 

 

-- Você vai pagar por isso! Escuta muito bem! Vou acabar com você! - ameaçou. 

 

-- Não tenho medo de suas ameaças, sua cretina! - disse debochada. 

 

-- Pois deveria ter! Me soltem! - falou para o segurança que a soltou - Você não sabe com quem se meteu...

 

Daniela se afastou das jovens e seguiu em direção ao seu carro. Érika respirou fundo tentando ficar mais calma. 

 

-- Érika tá tudo bem? - Bia perguntou preocupada. 

 

-- Cala sua boca! Não quero escutar tua voz! - disse grossa. 

 

-- O que eu fiz pra você hein? 

 

-- Já disse pra você ficar calada! - falou tentando se controlar - Vou pra casa. 

 

-- Então eu vou junto - Bia falou solicita.

 

-- Eu não quero olhar na sua cara! Que merd*! 

 

Carol resolveu se meter. 

 

-- Érika você não ficou com medo das ameaças dela? - disse preocupada. 

 

-- A Daniela só late... Mas não faz nada! - falou andando em direção ao carro.

 

Bia entregou a chave de seu carro a baixinha. 

 

-- Eu vou com ela - disse apressada - Leva a Vick com você - sorriu e deixou a baixinha sozinha. 

 

Érika estava tentando dar a partida quando Bia entrou no carro. A médica bufou. 

 

-- Sai daqui Beatriz! - disse revoltada. 

 

-- O que eu fiz? 

 

-- O que eu fiz? - repetiu irônica - Você estava dando mole pra Daniela que eu vi! 

 

-- Eu não estava fazendo nada! 

 

-- Se eu não tivesse chegado antes vocês tinham se beijado! - acusou. 

 

-- Claro que não! Eu sei muito bem o que a Daniela já aprontou.... Tudo que eu quero daquela garota é distância. 

 

Érika suspirou. 

 

-- Ok... - disse dando a partida. 

 

Bia a encarou por um tempo. 

 

-- Que foi? - a loira perguntou irritada. 

 

-- Nada... Vai precisar cuidar desses arranhões aí. 

 

Érika sorriu. 

 

-- Quem vai precisar de muitos cuidados é  a Daniela - disse debochada. 

 

Carol ficou observando o carro da prima se afastar. A baixinha ficou preocupada com as ameaças que a morena fez, sabia que Daniela era uma pessoa ruim o suficiente para fazer alguma coisa contra a prima. As ameaças da morena nunca eram infundadas. 

 

 

 

Fim do capítulo