Capítulo 6 - Alojamentos
Acordamos cedo, ou melhor, ela acordou bem cedo e eu acabei acordando enquanto ela tentava se livrar de meus braços. Pois é acho que essa coisa de síndrome de carência do sono devia ser contagioso, pois quem tava agarrada na menina agora era eu. Imagine a minha cara de super-mega envergonhada com a situação, pedindo mil desculpas.
- Calma doutora! Agora estamos quites. Pode deixar que não conto pra ninguém que senhorita me confundiu com um ursinho de pelúcia.
Isso não foi bem algo que me deixou menos envergonhada, mas o sorriso lindo daquela menina e sua piscadinha de cumplicidade me deixaram mais tranqüila. Só era estranho ver alguém pouco mais jovem que eu me chamando com tanta formalidade.
Logo todos estavam de pé e ajeitando as coisas no carro, depois de um rápido café da manhã. A ansiedade parecia ter reduzido um pouco a nossa fome. Conferimos todo o equipamento, lembrando de colocara até alguns de reserva, pois não queríamos correr o risco de ficar sem equipamentos no meio da mata, não queríamos que nada atrasasse nosso trabalho.
Apesar de ter sido combinado que ao menos uma vez no mês retornaríamos a sede da fazenda para uma melhor triagem do material e para buscar os mantimentos que faltassem no ponto de apoio, era melhor evitar correr riscos desnecessários.
Depois de tudo organizado estávamos mais uma vez no carro, para mais algumas horas de viagem, pelo menos dessa vez seria por pouco tempo. Uma das coisas que observei foi o imenso paredão verde no caminho, o que poderia ser considerada uma bela visão se eu não soubesse que tudo aquilo era só eucalipto e que estava no lugar da mata nativa, que na certa já deveria ter existido no local.
- Iara essa área toda também faz parte da propriedade?
Foi a pergunta de Lucas que também observava o paredão verde.
- Essa parte não pertence a minha família, e o dono acabou arrendando pra uma empresa e como ele tem lucrado com isso se recusa a vender as terras pro meu padrinho, então existe essa descontinuidade entre as terras da fazenda e a mata para onde vamos, mas podemos passar por aqui sem problema.
-Isso quer dizer que se o resto dessas terras não fosse de sua família poderia estar tudo que nem esse paredão aqui. Continuou Lucas
- Prefiro acreditar que não chegaria a tanto. Foi a resposta meio triste de Iara.
A viagem continuou sem mais conversas, apenas algumas poucas palavras trocadas. Estávamos todos meio que imersos em pensamentos, pois aquele era um projeto e tanto e nem sabíamos ao certo o que nos esperava, a ansiedade era algo presente assim como a grande quantidade de expectativas criadas.
Chegamos ao primeiro ponto de apoio e mais uma vez tivemos uma surpresa. Era uma construção simples, mas pra nos que estávamos acostumados com dormir em barracas e comer salgadinhos e beber só água durante as coletas, aquela casinha era um palácio. Sem contar que apesar de não passamos todas as noites por ali era bom demais saber que teríamos um lugar não tão longe onde pudéssemos usar um banheiro de verdade e tomar um banho descente.
Nos quarto dois quartos não havia camas, mas tinha espaço suficiente pra colchonetes e em cada um dos três pontos de apoio que encontraríamos na mata havia um casal de caseiros que ajudariam preparando algo pra comer assim teríamos a sorte de não ficar doentes se alimentando mal durante um ano inteiro.
- Gente esse aqui realmente é um paraíso pra pesquisadores. Você sabia que as coisas estavam tão organizadas assim Iara? Foi a pergunta de Arthur empolgado.
-Na verdade meu padrinho havia me dito que tinha feito umas adequações pra tornar um pouco mais cômodo o trabalho, mas confesso também estar surpresa com o tanto que ele conseguiu fazer em tão pouco tempo. Acho que ele já estava trabalhando nisso a mais tempo do que disse a todos nos.
Como havíamos chegado próximo ao horário do almoço já havia uma refeição a nossa espera, faríamos uma pequena pausa e a partir daquele ponto seguiríamos a pé até o segundo ponto de apoio o que levaria praticamente o resto do dia de caminhada, no qual já daríamos inicio do trabalho fazendo um reconhecimento geral e algumas coletas que fossem possíveis.
Depois do almoço estávamos todos nos preparando para caminhada. Acabei reparando que definitivamente eu não ficava nada atraente indo pra mata. Coturno de cano alto e bico de ferro, perneiras, calça cheia de bolsos e um cinto de guarnição que parecia mais que eu iria pra guerra, pois havia haviam desde canivetes a bússolas penduradas. Ou seja, eu não deveria ficar nada sexy com toda essa parafenalha, mas enfim eram ócios do oficio e eu também não estava atrás de nenhum príncipe encantado no meu trabalho.
Mas ao contrario de mim Iara parecia perfeita, também estava tão equipada quanto eu, mas acho que nada que ela viesse a usar a deixaria menos bela, ela parecia ainda mais linda toda equipada daquela forma, com um ar super profissional.
Era impossível não notar tanta beleza, sua cor era mesmo algo perfeito, mesmo praticamente coberta o que estava a mostra era suficiente para estimular a curiosidade de ver tudo. A forma com que ela andava junto a equipe parando às vezes com um ar super concentrado pra fotografar dava um charme e tanto. Só esperava que todo aquele charme não tirasse a atenção dos rapazes da equipe.
- “PARA TUDO MALU!!’’ A única pessoa na equipe que parecia estar com sérios problemas em manter o foco era eu mesma, que simplesmente ainda não entendia o porquê daquela menina roubar tanto da minha atenção. Era só uma menina, linda, mas tinha que ter em mente que ela estava ali pra trabalhar e pronto fim de papo.
Fim do capítulo
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