O trabalho começou.
Capítulo 51. A descoberta.
Na manhã seguinte a coronel após deixar os filhos nas suas respectivas salas de aula, foi falar com o cunhado.
-- Bom dia major Paiva Junior!
-- Bom dia coronel Mantovanni e a minha irmã como está?
-- Ela vai muito bem, mas eu vim saber de você.
O major olhou para a cunhada e perguntou:
-- Como assim Márcia eu não estou entendendo a sua colocação!
-- Quem não está entendendo a sua postura sou eu André. Eu vim saber o que está acontecendo com a aluna Maria Paula Telles que por sinal é coleguinha de sala da sua sobrinha Celina. E o porquê da menina ter que parar os estudos e aonde o pai dela o sargento Telles entra nessa?
-- Márcia minha querida cunhada o que acontece aqui não lhe diz respeito. Esse é o meu território e não o seu.
A coronel já estava ficando irritada com a conversa e tratou logo de colocar o major em seu devido lugar.
-- Major Paiva Junior o que me diz respeito ou não é que isso não lhe interessa. Pelo que eu sei nas regras da polícia militar, eu tenho todo o direito de saber o que acontece com essa menina e com o pai dela. Portanto como presidente da Corte Militar, isso me diz respeito sim! Falou para major. – O que está acontecendo com você André? – Que atitudes são essas? – Eu sempre tive você no mais alto grau de estima, você é padrinho do meu filho que tem o seu nome por homenagem ao homem que você é. Onde está o seu caráter? – Se perdeu no seu soldo de major ou o cargo subiu na sua cabeça? – Ou você vai dar uma de Pires Paiva porque lixo nessa polícia já teve muitos inclusive o seu pai. Você quer ser mais um?
André estranhou o jeito e as palavras que Márcia havia usado e respondeu:
-- Não é isso minha cunhada, você está totalmente enganada ao meu respeito. Nada do que você falou está acontecendo. Mas eu vou te passar o prontuário da menina. E vou pedir para alguém ir ao batalhão que ele trabalha e pedir o prontuário dele também.
-- Isso eu já pedi André. Eu quero o prontuário da menina e o porquê de ela não poder mais estudar aqui. Eu prometi isso para a Celina.
Assim que pegou o prontuário da menina e analisou a coronel perguntou:
-- Desde quando o pai dela está com as mensalidades atrasadas?
-- Isso já tem seis meses e você sabe que temos regras a cumprir e eu não posso mais deixar ela frequentar a escola enquanto ele não pagar. Não fui eu quem fez essas regras esse é o estatuto do colégio e se você quiser pode ler também.
-- E quanto dá todos esses meses em valores corrigidos?
-- Eu vou pedir na tesouraria os valores e já te passo.
Enquanto os dois aguardavam o relatório da tesouraria, outros assuntos eram conversados. Assim que o documento chegou o major entregou para a coronel e ela viu que passava dos três mil reais com os valores já corrigidos. Após analisar os valores e concluir que estavam corretos, a coronel perguntou:
-- Onde eu posso pagar isso aqui?
O cunhado ficou olhando para a coronel e perguntou:
-- Márcia você vai pagar isso tudo, você só pode ter enlouquecido!
-- Não André, eu não enlouqueci. Simplesmente eu não posso admitir que uma criança pague pelos erros dos pais. E eu prometi para a minha filha que eu resolveria essa questão ainda hoje. Sabe André você ver um filho seu chorar é muito difícil e ontem a Celina chegou em casa cabisbaixa e a sua irmã foi conversar com ela para saber o motivo. Doeu-me muito saber o porquê dela estar daquele jeito e então eu fiz a promessa de que essa menina não ficaria sem estudar. E tem mais os seus dois sobrinhos mais velhos estão disputando para ver quem vai namorar com ela.
-- Quem? – O Nicola e o André? – Mas são dois safadinhos. Eu te entendo cunhada, sei que o bem estar e a paz de espirito dos seus filhos é muito importante para você.
-- Mas como você adivinhou que eram os dois?
-- Fácil, porque o Gabriel fica o dia inteiro de chamego com a Fernanda filha da Cláudia e ela também por sua vez não se faz de rogada. E a safadinha é bonita mesmo. Por isso meu sobrinho é caidinho nela.
-- Isso é sinal que eles sabem escolher muito bem seus pares. Você não vê a Lorena que linda ela é? – E a Antônia com o Tales, parece que foram feitos um para o outro.
-- É verdade os meus sobrinhos sabem o que querem!
-- Bom onde posso pagar isso?
-- Vamos lá na tesouraria que eu vou pedir a emissão dos boletos.
-- E aproveite para pedir o restante dos boletos que eu também vou pagar.
-- Está bem o dinheiro é seu mesmo!
-- Por isso mesmo major Paiva Júnior, o dinheiro é meu e eu faço o que quiser!
A coronel pagou todas as mensalidades e guardou os boletos. Quando chegasse em casa, ela iria mostrar para a filha e por enquanto essa parte estava resolvida. Mas agora o sargento Telles era o seu alvo e algo lhe dizia que seria através dele que ela chegaria a um denominador comum.
Assim que chegou ao serviço reservado, o tenente Munhoz veio ao seu encontro.
-- Bom dia coronel.
-- Bom dia tenente o que temos para hoje?
-- Coronel chegaram alguns documentos da 9ºCIA do 3º batalhão e eu coloquei em sua mesa.
-- Ótimo tenente creio que são os papéis que estou esperando. Depois que o senhor terminar as suas atribuições, eu o quero em minha sala sem demora porque aqui acabou a moleza. E agora o senhor de momento está dispensado.
O rapaz bateu continência e falou:
-- Sim coronel, assim que possível virei à sua sala.
A coronel passou o resto da manhã analisando o prontuário do sargento Telles. Na ficha constava todas as informações necessárias para saber quem era o oficial.
NOME: CARLOS TELLES GOMES
FILIAÇÃO: ANTÔNIO VASCONCELLOS GOMES
MARIA DA PURIFICAÇÃO TELLES GOMES
NASCIMENTO: 17 DE AGOSTO DE 1971
NACIONALIDADE: BRASILEIRO
NATURALIDADE: SÃO JOÃO DEL REY ESTADO: MG
ESTADO CIVIL: CASADO NÚMERO DE FILHOS: 03
ADMISSÃO: 06 DE MARÇO DE 1989
GRADUAÇÃO: 3º SARGENTO PM
UNIDADE MILITAR: HOSPITAL MILITAR, 3ºDE CHOQUE “BATALHÃO HUMAITÁ”, BANDA MUSICAL DA POLÍCIA MILITAR, 2ºBATALHÃO DE POLÍCIA RODOVIÁRIA, 3ºCIA DO 9ºBATALHÃO .
CONDECORAÇÕES: MEDALHA DE SANGUE POR BRAVURA, MEDALHA ALBERTO MENDES JUNIOR, MEDALHA DE OURO NO CAMPEONATO DE TIRO AO ALVO EM 2012.
OBS: Essas informações são estritamente de cunho da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sendo que, todas citadas aqui são confidenciais.
ARTÊMIO PACHECO BORGES
CORONEL PM
PRESIDENTE DPM
Depois de analisar a ficha do sargento, a coronel ligou no batalhão em que ele trabalhava e pediu ao capitão Guedes que no dia seguinte ele fosse escoltado até o DPM. O oficial quis saber qual o assunto e a coronel respondeu que isso não era assunto dele e sim do serviço reservado. Logo depois saiu para almoçar e ao retornar viu que o sargento estava aguardando junto a duas sentinelas na antessala do seu gabinete. Quando o sargento viu que estava diante da coronel ficou olhando assustado para ela. Márcia mandou que os sentinelas se retirassem e ficou juntamente com o tenente Munhoz na sala. Pediu que ele preparasse o depoimento do sargento.
-- Boa tarde sargento Telles tudo bem com o senhor?
-- Boa tarde coronel. Respondeu o sargento ao bater continência.
A coronel percebeu que o oficial estava suando frio e logo tratou de acalmar o ambiente. Pediu para que o tenente trouxesse um suco para que Telles se acalmasse e depois falou:
-- Sente-se sargento, fique tranquilo que aqui ninguém vai espinafrar ninguém, afinal somos todos policiais e amigos.
-- Pois não coronel o que a senhora deseja de mim?
-- Bom sargento em primeiro lugar eu quero agradecer por ter atendido ao meu pedido, em segundo eu pedi que viesse escoltado para evitarmos futuros aborrecimentos, terceiro fique tranquilo que a sua filha não irá parar de estudar e em quarto e último lugar, eu quero saber o que andou acontecendo para quererem arrancar o senhor da polícia?
O sargento estava assustado e receoso, pois ele tinha família para cuidar e um dos filhos estava com sérios problemas de saúde. O menino sofrera um acidente e ficara com algumas sequelas e os medicamentos que até então eram doados, passaram a ser de alto custo e o sargento não tinha dinheiro para pagar e passou a aceitar algumas propinas para fechar o bico. E agora ele estava na mão dos maus policiais e também da coronel.
-- Eu não sei sobre o que a senhora está falando coronel!
-- Sargento Telles, por favor, deixe de enrolação e vamos direto ao assunto. Já falei fique tranquilo que nada acontecerá com o senhor.
-- Mas eu não sei do que se trata coronel. Por favor, eu quero ir embora, me deixe sair, eu não sei de nada, de nada, por favor, me deixa sair daqui coronel.
A coronel percebeu que o homem estava entrando em desespero e com muito custo começou a acalmá-lo. Depois de algum tempo a coronel falou:
-- Sargento eu o chamei aqui porque estou com o seu prontuário em minhas mãos. Sei que o senhor sempre foi um bom soldado e cumpridor dos seus deveres, mas eu preciso que confie em mim. Sei que nesse momento eu estou impondo medo na sua pessoa por ser a presidente desse Tribunal Militar, mas eu preciso saber o que está acontecendo e o porquê de providenciarem a sua expulsão. Eu quero entender tudo o que se passa para depois tomar uma atitude. E tudo que o senhor disser aqui ficará. Somente eu e o tenente Munhoz estamos ouvindo e se isso sair daqui eu saberei muito bem de onde partiu não é tenente? Falou olhando seriamente para o rapaz. -- Portanto fique tranquilo e me conte o que houve.
-- Está bem coronel, eu vou contar, mas o meu comandante está nessa também.
-- Qual deles sargento?
-- O capitão Guedes ele me ameaçou e disse para que eu tomasse cuidado com o que falaria aqui para a senhora porque isso prejudicaria muita gente da alta patente, inclusive o major Portela da polícia do Rio de Janeiro que comanda o batalhão da Pavuna.
-- Major Portela coronel? – A senhora já ouviu falar desse sujeito? Perguntou o tenente.
-- Não tenente, mas o capitão Guedes eu conheço muito bem. Pode continuar sargento e diga como isso tudo começou.
-- Bom coronel a senhora leu o meu prontuário e sabe que eu tenho três filhos. A Maria Paula é a mais velha, depois vem o Mateus que é o do meio e o Regis que é o meu caçulinha. Eu nunca fui ladrão e nem corrupto coronel, mas o que aconteceu há um ano atrás deixou minha família numa situação de desespero e como o meu soldo não é muito alto, eu tive que fazer alguns bicos para complementar o salário e foi ai que tudo começou.
A coronel ouvia atentamente o sargento e pediu que ele continuasse contando a sua versão dos fatos.
-- Como eu estava dizendo coronel uns quatro meses depois, o meu pequeno Regis sofreu um acidente que o deixou entre a vida e a morte. Ele fez quatro cirurgias para corrigir a perna esquerda e uma na cabeça porque ele criara um coágulo e os médicos acharam melhor operá-lo ao invés de drenar o sangue e o meu filho entrou em coma e ficou internado no hospital da Cruz Azul por três meses. Eu e minha esposa achamos até que ele fosse morrer. Nesse meio tempo enquanto a minha esposa ficava com ele no hospital, a Maria Paula e o Mateus ficaram na casa dos meus pais e eu continuei trabalhando e fazendo bico.
-- Continue sargento e tenha calma estou aqui para ajudá-lo e não condená-lo.
-- Quando o Regis saiu do hospital eu ainda continuava com os meus bicos, mas o tratamento que ele iria fazer e os remédios ficavam muito caros. Um dia eu encontrei o tenente Marton e ele me disse que o capitão Guedes queria falar comigo. Eu perguntei sobre o que era e ele disse que o assunto me interessaria porque dizia respeito à saúde do meu pequeno e então eu fui no outro dia conversar com ele. Quando eu cheguei na sala ele e o tenente estavam conversando e quando me viu logo me ofereceu um café e pediu que eu sentasse. Perguntei o que ele queria e o tenente me respondeu que eles iriam me ajudar no tratamento do menino, mas tinha uma condição.
-- E qual era essa condição? Perguntou a coronel.
-- Que se eu fizesse o que eles mandassem, eu poderia pagar todo o tratamento e os remédios do meu filho. No começo eu não quis, mas uns quinze dias depois eles estiveram em minha casa com uns caras que eu nem conheço e me fizeram novamente a proposta, eu não quis aceitar e esse major Portela estava junto com eles. Como eu me recusei a colaborar eles ameaçaram a minha família e ameaçaram coloca-los no porta malas do meu carro, colocar fogo e que eu iria assisti-los queimando vivos. Eu fiquei desesperado e no dia seguinte, fui até a sala do capitão e acabei aceitando a propina. Comecei a fazer vista grossa e quando resolvi sair e me tornar honesto novamente, ele e o major alteraram todas as provas e nessa sobrou para mim. Coronel eu não sou mau caráter, não sou bandido e nunca fui. Sei que serei expulso, mas será com orgulho, pelo menos eu sei que terei cumprido o meu último dever como soldado para que ninguém nunca mais venha ser presa fácil para esses ratos. Assim como eu fui.
A coronel ficou olhando para aquele homem e ficou pensando que pais de verdade e que amam seus filhos são assim. Ela mesma havia feito coisa pior quando a família dela fora ameaçada e por um momento sentiu pena do sargento e como era justa e coerente, ela não sossegaria enquanto não prendesse esses ratos de farda como costumava chama-los. No fundo ela sabia que ele era um homem bom e honesto, mas as circunstancias da situação fizeram com que esse mesmo homem denegrisse o seu próprio caráter. Levantou-se de sua cadeira e dirigindo-se ao sargento respondeu:
-- Sargento, de momento eu vou acatar o seu depoimento e analisá-lo antes de tomar uma decisão. Mas aviso que o senhor ficará afastado de suas funções por tempo indeterminado até que todo o inquérito e a investigação estejam terminados.
-- Obrigada coronel bem dizem que a senhora é benevolente e justa em suas decisões. Como disse, serei expulso, mas jamais deixarei meus filhos passarem necessidade. Eles não merecem pagar pela burrada que fiz, a culpa é toda minha nem o meu pequeno merecia o que aconteceu com ele.
A coronel ficou balançada com as palavras do oficial, mas não quis demonstrar e falou:
-- Faça o seguinte sargento, amanhã o senhor irá até o regimento de cavalaria e vai procurar a tenente coronel Pires Paiva e conversar com ela. Mas quando senhor chegar pergunte ao sentinela aonde pode encontrar o capitão Prado ele já estará sabendo do que se trata.
-- Mas porque a cavalaria coronel?
-- Porque a partir de segunda-feira o senhor passará a integrar o quadro de suboficiais do Regimento de Cavalaria Nove De Julho. Vou mandar um comunicado para a tenente informando o porquê da minha decisão. Ficou claro para o senhor?
-- Sim coronel muito obrigada. Disse ajoelhando aos pés da coronel.
-- Sargento o senhor não precisa fazer isso se levante e vá para a sua casa ficar com a sua família e deixe que do resto eu me encarrego de resolver.
Depois que o sargento Telles ou quem sabe, o futuro sogro de Nicola saiu da sala o tenente Munhoz comentou:
-- Coronel a senhora vai deixar esse sujeito sair assim? – Ele é um corrupto!
A coronel que estava de costas se virou e respondeu ao tenente:
-- Tenente eu vou dizer uma única vez e espero que o senhor não esqueça. O que eu faço ou deixo de fazer nas minhas funções como comandante é um problema exclusivo meu. O senhor é somente o meu secretário e nada mais. Portanto só se meta numa conversa quando for chamado e tem mais, eu quero uma investigação total desse caso, um pente-fino completo aqui nessa sala porque eu acho que temos alguma escuta por aqui e três homens para dar proteção à família do sargento e dois para acompanha-lo. Tudo sobre sigilo e nem ele poderá desconfiar de nada, fui clara?
-- Sim coronel me desculpe. Mas a senhora acha verídico isso tudo o que ele contou?
-- É por isso que existe uma palavra chamada investigação. E agora saia daqui porque eu não quero mais ver a sua cara de bolacha por aqui!
Logo que ficou sozinha a coronel começou a analisar o depoimento do sargento. Lembrou-se de quando matou Barbatana e o coronel Gutierrez, tudo por causa da família e se fosse preciso, ela faria tudo novamente para preservar a segurança da esposa e dos filhos. Com esse pensamento passou no trabalho da esposa e seguiram para casa.
Fim do capítulo
A coronel já teve amanheceu com a macaca. Pegou o cunhado de jeito, mandou o capitão Guedes e o tenente Munhoz não ficarem enchendo o saco e já escutou o sargento.
Ela ficou mexida com o depoimento e sobre a situação da família do sargento. e agora ela vai pressionar e chegar a um denominador comum. Agora é só aguardar.
Boa noite meninas. Mais um capítulo e esse pegou um pouquinho de fogo, mas logo vai esquentar. Espero que gostem.
Desejo um excelente final de semana a todas e agradeçoàs leitoras e os comentários.
Bjs.
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patty-321
Em: 23/10/2016
Nossa! Q situação. Se td q o sargento contou for verdade, ele foi vítima das circunstâncias. A coronel vai investigar e não deixará pedra sobre pedra. Se segurem seus ratos. E a peituda ainda pagou todas as mensalidades. E o André ficou pianinho depois da bronca. Ansiosa p próximo meu amor. Bjs
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