-- Oi amor! – Cumprimentou Luiza beijando meus lábios com leveza .

-- Oi! – respondi simplesmente. Havia cerca de uma hora que Carol havia saído dali e desde então uma sensação estranha tinha tomado conta de mim e eu não sabia explicar.

-- Amor, nesta semana vai ter aquele recesso a partir de quarta, você acha que consegue folga para irmos para a Serra? – perguntou Lú tocando meu rosto.

-- Acho que sim, amanhã vejo isso e te falo – prometi.

-- Tá bom, então vem aqui dar um beijo nessa namorada que estava morta de saudades de você – Lúiza aproximou os lábios dos meus e instintivamente desviei indo beijar sua face. Ela se afastou confusa.

-- O que você tem? Por que não quis me beijar? – perguntou me encarando.

-- Desculpe amor, não estou muito bem. Eu vou pra casa, mais tarde a gente se fala – levantei e fui embora sem esperar por uma resposta de Luiza.

Depois de um banho quente e demorado, me joguei na cama e fiquei repassando cada detalhe daquela conversa com Carolina.Eu tentava, inutilmente, bloquear cada uma daquelas imagens, daqueles sons, daquelas sensações, mas era impossível.  Ainda passei um bom tempo lendo cada uma das nossas conversas antigas, dos planos que fizemos, das pequenas declarações... perdi a noção do tempo.

Acordei na manhã seguinte ainda remoendo o acontecido da véspera. Me arrumei e saí para o trabalho, passei o dia funcionando no automático. A noite decidi não ir a aula, não queria me encontrar com Luiza com tanta confusão. Mandei uma mensagem dizendo que estava indisposta, mas que nos veríamos no dia seguinte a noite quando iríamos para a Serra. Ela ainda tentou me ligar algumas vezes mas não atendi, deixei tocar até cair. E mais uma vez adormeci pensando em Carol e em o que nossa história havia se tornado.

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Deixei minha mala no carro de Luíza e fui para a aula, eu estava sem ânimo algum para viajar com ela, mas eu tinha a esperança de que um tempo junto dela e afastada de Carol e seu rastro fossem me fazer bem. Quando fui pegar as chaves, Lu tentou de todas as formas arrancar de mim o que estava acontecendo, mas me esquivei alegando problemas no trabalho e cansaço, eu estava determinada a esquecer tudo o que havia acontecido e me acertar com ela.

No final da aula quando nos encontramos no estacionamento, Lu parecia ter acreditado no que falei e estava fazendo de tudo para melhorar as coisas sendo extremamente carinhosa. Por um momento me pareceu tão certo estar com ela, mas no momento seguinte me senti mal por não corresponder ao que ela sentia, era errado. Eu não queria machuca-la. Me forcei a corresponder seus carinhos sorrindo ocasionalmente. Eu estava fazendo de tudo para afastar a imagem de Carolina de minha mente,m as tentativas se tornaram um fracasso quando o som de "Lucy in the sky with diamonds" invadiu o carro. Era a música preferida de Carol e por mais que eu quisesse apenas evitar, minha mente vagou de volta para ela.

Me assustei quando Luiza tocou de leve meu braço indicando que havíamos chegado. Eu novamente havia entrado no modo automático,  não percebi nada que fazia até que deitei na cama e senti o corpo de Lu se colando ao meu. Senti sua mão passeando de leve por minha barriga, erguendo lentamente minha blusa. Seus dedos acariciaram meus seios, porém meu corpo não correspondeu em nenhum momento. Eu me virei para encarar os olhos da minha namorada. Era tão certo, mas ao mesmo tempo tão errado, eu queria fazê-la feliz, queria aprender a amá-la, mas eu não conseguia, simplesmente não conseguia apagar a imagem de Carol.

Naquele momento eu percebi que eu não podia mais adiar, eu jamais conseguiria amar Luiza como ela merecia.

--Lu, precisamos conversar - aquela conversa era inevitável. Em resposta ela apenas me fitou atentamente.

-- A Carolina me procurou novamente na faculdade. - falei por fim.

--  Prossiga - no rosto de Luiza percebi uma expressão de dor.

-- Ela me pediu uma nova chance e eu pedi que ela me deixasse em paz. Ela se foi, definitivamente, mas eu não consigo parar de pensar nela. Não acho justo te manter em uma relação onde você não seja completamente correspondida. Acho que devemos parar por aqui, Luiza. - disse por fim.

-- Diana, nunca pedi que você me correspondesse. Sempre soube onde estava me metendo. Eu sei que posso tirá-la de sua cabeça, me deixa tentar. Me dê espaço para entrar - ela dizia aquilo com os olhos marejados e eu tinha cada vez mais certeza de que eu estava fazendo o melhor.

-- Lu, você é especial demais, merece alguém completo. Não posso te machucar e eu sei que mesmo sem querer tenho feito isso.  

-- Você tem certeza que quer assim? Eu não me importo em não te ter por completo, me sinto satisfeita apenas por te ter - perguntou.

-- Tenho, é o melhor. Você merece ser feliz.

Naquele momento não haviam mais palavras a serem ditas. Nos abraçamos e adormecemos uma nos braços da outra, como uma espécie de despedida. Eu podia ouvir o choro baixinho de Luiza e aquilo me apertava o coração, embora ela estivesse sofrendo naquele momento, eu sabia que era o melhor para ela. Não haviam motivos para mágoas, um dia poderíamos ser amigas, quem sabe.

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Na manhã seguinte, Luiza me levou até a cidade vizinha para que eu pegasse o ônibus e voltasse para casa. Ela havia insistido para que eu ficasse, mas preferi ir embora. Embarquei e fui o caminho todo pensando no que fazer dali para frente.  Meu coração gritava para que eu fosse atrás de Carol, mas minha razão dizia exatamente o contrário. A verdade é que o orgulho me impedia de agir.

Cheguei em casa sem nenhuma decisão, mas ao desbloquear meu celular e abrir a página do Facebook, dei de cara com a conversa que eu estava lendo a dias atrás.  Encarei como uma espécie de sinal.

Sem pensar muito, fui até a lista de contatos bloqueados e cliquei no nome de Carolina, para em seguida lhe deixar uma simples mensagem:

"Precisamos conversar"

Deixei também o número do meu telefone. Eu sabia que as chances de eu me magoar novamente eram enormes, mas eu precisava arriscar e ver onde aquilo chegaria. Eu precisava ao menos tentar.

Deixei o celular na cama e fui tomar um banho, estava ansiosa por uma resposta.

Fim do capítulo