A equipe era composta por três botânicos, três zoólogos, dois ecólogos e um geólogo, sem esquecer é claro uma fotógrafa, que seria a única mulher no grupo além de Malu. Ela ainda não estava com a equipe, pois o combinado seria que a buscariam em casa que seria no caminho, assim que o motorista os pegasse na empresa.

Era quatro horas da manhã e as duas únicas pessoas que pareciam acordadas e alertas naquele momento eram Malu e o motorista. O carro parou em frente a casa e o Senhor Otavio os esperava pra desejar boa viagem.

- Iara já esta pronta, esta só se despedido da minha esposa. Espero que de tudo certo na viagem, tenho certeza que Iara será muito útil a vocês.

Malu não pode deixar de sorrir do comentário, afinal o que uma nerd mimada poderei fazer pra ajudar sua equipe. Estava pensando assim quando a viu aparecer.

Como assim? Por que o idiota do seu irmão não tinha falado nada sobre aquilo. Mesmo que não pudesse dizer que a menina era de uma linhagem pura estava bem claro pelos traços que ela era no mínimo descendente de índios. A pele morena de um tom claro levemente avermelhada, e o cabelo tão negro preso em um coque eram traços bem marcantes, com exceção daquele par de olhos verdes e meio puxados não podiam ser considerados como algo que destoasse já que contribuíam para torná-la mais bela ainda.

Seu irmão devia mesmo estar se divertindo a suas custas, aquele não era apenas um detalhe, na certa a menina conhecia a região, que era muito próxima a uma reserva indígena, da qual provavelmente ela descendia.

- Bom dia! Eu sou Iara. Espero que meu tio não a esteja enchendo de mais recomendações.

- Que isso Iara a moça vai pensar que sou um velho falador.

- E isso seria alguma mentira? Não se preocupe padrinho, ficará tudo bem, logo voltaremos.

Eu estava simplesmente boquiaberta com o que via, ela era linda e seu carinho com o padrinho era uma graça eu até o momento nem sabia o que dizer a ela. Fui acordada da minha observação por sua voz.

- Vamos Dra. Maria Luísa, não vamos deixar que toda a super proteção de meu tio nos atrase.

- Tudo bem!

Foi tudo que consegui dizer. Enquanto me despedia do senhor Otávio com um aceno e ela com um beijo carinhoso na bochecha.

Pois é por um momento achei que tivesse queimado a língua ao falar da menina, mas as aparências enganam, afinal ela poderia ter sangue de índios, mas era uma menina da cidade.

Sentamos as duas no banco da frente, já que os homens haviam se espalhado nos bancos de trás. Não sei se queria tanta proximidade, mas depois nos revezaríamos, pois os rapazes não iriam dormir a viagem toda.

Ficamos ali sentadas meio que em silencio, respondendo apenas algumas perguntas feitas pelo motorista. Até que ela me perguntou.

-Esta com sono? Se estiver durma um pouco pode deixar que eu faço companhia ao senhor Nelson um pouco.

Nossa ela já tinha até feito amizade com o motorista, mas também com aquela cara de menina, não tinha como não se render.

-Não obrigada eu ainda não estou com sono, mas se quiser você pode dormir.

- Tudo bem!

Ficamos ali mais um tempo as duas acordadas, mas não demorou muito pra que uma de nós cedesse ao sono provocado pelo balanço do carro. Tomei um susto quando senti sua cabeça no meu ombro. Se fosse em outras circunstâncias na certa eu fingiria uma cotovelada acidental e a acordaria, mas ela parecia tão calma dormindo que acabei só mesmo me ajeitando pra que ela ficasse mais confortável.

Fiquei um bom tempo assim com ela aconchegada a mim, enquanto em minha mente eu pensava que estava mesmo certa, era só uma menina achando que estava de férias. Aff era só o que faltava eu ter que tomar conta dessa menina, que era linda por sinal, na certa teria problemas com os rapazes que ficariam cheios de dedos pra cima dela.

Espero que ela não esteja babando no meu colete, foi o que pensei a vendo dormir. De repente senti Iara se aconchegar ainda mais e seu braço enlaçou minha cintura. Torci pro motorista não notar o quanto eu estava envergonha com a situação.

- A menina parece que gostou do colo né doutora?

Dei um sorrinho sem graça, queria era mesmo abrir um buraco e ficar escondida, se meu irmão acordasse e visse aquilo eu seria zuada pelo ano inteiro de pesquisa. O balanço do carro acabou me vencendo também.

Acordei já completamente abraçada a ela, que acordou quando me movimentei sem querer de forma mais brusca.

- Desculpe não quis acorda-la.

- O que é isso doutora, eu que devo me desculpar tava toda folgada aqui no banco, nossa espero não ter babado em você.

Ela disse rindo em tom de brincadeira. Sorri de volta e olhei as horas.

- Nossa já são mais de sete horas! Acho melhor fazermos uma pausa, pro “seu Nelson” descansar.

Paramos no posto seguinte acordamos os rapazes, aproveitaríamos pra um bom café da manhã e apresentaria Iara ao resto da equipe, já que todos estavam dormindo quando ela entrou no carro.

Fim do capítulo