Conjuração por Angribbons
Volteeei, espero que gostem do capítulo
Capítulo 11
Estávamos todos na sala quando o resto dos convidados chegaram. Família de Beatrize, eles não deixariam já que para fazer o gosto de minha amiga, que nutria uma paixão por Henrique, tentariam firmar o casamento dos dois.
Ficamos na sala, tive que fazer a sala e ouvir os suspiros de Beatrize para Henrique. A noite estava insuportável, o clima que só eu parecia perceber era insuportável
— Ai Mabel — suspiro — amanhã mesmo papai irá falar com seu tio para propor o casamento com Henrique
— Beatrize, há tantos homens no mundo e você suspirando por esse ai
— Mabel! Não estou lhe reconhecendo. Ele é seu primo e meu futuro noivo, deveria ter mais respeito. Está ocorrendo algo?
— Me desculpe Beatrize, apenas estou cansada.
Mamãe me fez ficar fazendo sala para as companhias enquanto os homens iam para o seu divertimento. Tive que ler, falar de meus sonhos e planos com Afonso e falar da minha falsa ansiedade para a vida de casada; tive que ouvir mais suspiros de minha amiga e sobre a vida daquelas outras mulheres que, apesar de serem diferentes, agiam igual e viviam igual. Começava a me questionar se queria essa vida. Ora, sempre quisera, e agora começava a me questionar sobre os motivos pelos quais eu comecei a fazer tantos questionamentos.
Senti algo estranho quando um tempo depois Shiara não apareceu mais para nos servir.
— Mamãe, eu gostaria de me retirar — falei baixo para que só ela ouvisse
— Aconteceu algo?
— Não, não, apenas um súbito mal estar — fingi uma tosse, aquela noite já estava se estendendo demais
— Bom, você ainda aparenta estar bem, irá aguentar mais um pouco — Só tinha uma escolha, ficar ali. Fiquei.
— Onde está a negra para servir mais chá? — perguntou Dona Marta, mãe de Beatrize.
— Não se preocupe, eu busco mais — me prontifiquei
— Mabel, isso não é coisa sua, temos essas pessoas para estarem atentas e prontas a nos servir sem que precisamos pedir.
— Não sabem como Augusto a criou?! — falou mamãe, reprovando a minha atitude.
— Não se preocupem senhoras, apenas buscarei para que nosso momento não seja interrompido por algo pequeno. Com licença — elas tentariam me fazer ficar e entender que não preciso me levantar quando tenho escravos, eu entendia isso, mas precisava ir até a cozinha.
— Zenir, onde ela está?
— Ela? — pronto, começaremos a joguinho de “ vou descobrir “ de Zenir. Comecei a bater os dedos no balcão, estava apreensiva — Henrique a levou
— O QUÊ? — sim, gritei, e percebendo isso baixei a voz, ficando mais apreensiva, falando em sussurros — Como assim a levou? Eu não disse que não queria ela lá?
— E seu primo tem jeito, menina? Ele lá se importa com alguma coisa que é dita aqui — Eu não conseguia pensar direito, o que Henrique faria? O que Henrique não faria? Lhe faltava a oportunidade apenas, e agora ele a tinha.
Voltei pra sala, tinha de voltar, sentei e continuei a fazer companhia, tinha de fazer.
— Mabel, querida, você está bem?
— Desculpa Sra Marta, apenas um pequeno mal súbito — Apesar de já viver no sol do Brasil há anos, a pele portuguesa ainda fazia isso comigo. Raiva, emoção e qualquer outro sentimento faziam com que minhas bochechas ficassem vermelhas e nítidas
— Está vendo Elizabeth?! Mabel, você não deve ficar tendo esses contatos com essas pessoas! — falou tia Carmen, mais uma vez, culpando os negros
— Ela encontrará o seu lugar — Falou mamãe que falava de mim como se eu não estivesse ali
— Acalmem-se, deve ser apenas o calor deste país. — permaneci mais um pouco com algumas tosses forçadas, até mamãe sussurrar
— Retire-se Mabel — em outros tempos em insistiria para ficar, continuar com a conversa de senhora, mas também, em outros tempos, eu não estaria pensando no que poderá ocorrer a uma negra, escrava, criada... minha criada
Já em meu quarto, com trajes do dormir em vão, pois certamente não conseguirei fechar os olhos.
Quando pequena, em uma das temporadas de Henrique em minha casa, tiveram que me tirar de cima dele, pois eu o ameaça com um garfo gritando que o enfiaria em seu olho. Isso porque ele queria o meu cavalo, haviam vários, mas ele queria o meu. A minha vontade agora era de concretizar a ameaça. Haviam várias outras negras para o divertimento dele, deles, mas Henrique queria a minha criada e suspeito que esse ânsia toda por Shiara tem a ver com a parte dela ser minha.
Já era dia, hora do café, todos rodeando a mesa aguardando o desjejum. Já era visto os tímidos raios de sol quando ouvi barulhos pela casa e pude respirar um pouco aliviada, pois sabia que havia acabado a comemoração de Henrique. Pouco aliviada porque sabia que haviam de fazer seja lá o que for com Shiara. Pouco aliviada por não saber o que fizeram.
— Céus, Mabel, você está péssima!
— Que culpa tenho de não ter conseguido dormir, mamãe? — Ela conversava aos sussurros comigo
— Sorte sua Afonso não está aqui — Sim, toda a minha vida girava em torno do que poderia Afonso gostar ou não.
“ — Aqui menina, ponha aqui “ — Ouvi Zenir falar e antes que pudesse vê-la, senti sua presença em minhas costas servindo-me. Só pude ver seu rosto quando ela começou a servir Beatrize, que estava a minha frente. Seu rosto estava machucado, o lábio cortado no canto, e era notário o quão machucada estava seus braços. Mas nada disse se comparava ao que vi nossos olhos dela... Eu vi dor. E me doeu por não poder fazer nada pra remediar, por não ter enfiado o maldito garfo no olho de Henrique há anos, por não ter feito o bastante, me doeu ter que olha-la e não poder dizer nem uma palavra de conforto.
II
Eu era o escândalo do Império Mali, era a rebelde, renegava o atual trono e lutava para derruba-lo e assim ascender com as minhas regras. Diziam até que eu era endemôniada, já me bateram, me prenderam, mas todos sabiam o peso do meu nome e, apesar de odiar meu pai, era o peso de ser sua filha que me salvava.
Henrique não me deixou escolha, apertando meu braço me levou pra fora da casa, mas não me juntou de imediato com o resto daquelas pessoas
— Venha Henrique, está quase tudo pronto — gritou uma voz masculina ainda desconhecida por mim. Apressando o passo, me jogou no fundo do galpão. Eu queria fazer algo, mas o quê? Como? Me agarrei as esperanças de que a palavra de Mabel tivesse algum valor ali.
— essa não é a criada de Mabel? — vendo o silêncio por parte de Henrique, seu Augusto continuou — ela sabe que sua negra está aqui?
— Não se preocupe tio, ela apenas irá servir, Mabel não deverá ficar chateada com isso, não é? Considerarei até como um presente. — a princípio, realmente só servi. Mas Henrique não perdia a oportunidade de passar seu corpo no meu, encostando, me causando repulsa. Eu aguentaria calada, com essa gente aprendi que ainda calado você pode ser culpado. Aguentaria, até ver abusando de Marieta e da outra negra, eram cinco. Cinco homens que não deixavam nem que houvesse um tempo pra recuperação, antes de iniciar outra tortura. Henrique fazia tudo aquilo olhando pra mim, enquanto os outros quatro continuavam a brincar com as outras duas, ele se afastou do bando e sentou-se próximo de mim
— venha cá, encha meu copo. — em um movimento rápido fez com que eu caísse sentada em seu colo
— largue-me! — tentei em vão sair, e quanto mais me movimentava sentia seu membro duro. Aquilo estava dando-o tesão. Que tipo de ser fica excitado com o desespero?
— Você não é ninguém. É só uma que vai me servir como eu quiser. — Henrique levantou e me jogou na parede com força, o rosto machucou, pressionou meu corpo com o seu levantando meu vestido, apalpando tudo que estava sendo despido. Eu queria chorar, mas não daria esse gosto a ele. O empurrei com força fazendo cair sentado de volta na cadeira, e eu não sabia se aquilo lhe dava raiva ou tesão. Vendo que viria ao meu encontro tentei correr, tentar chamar atenção de alguém, mas ele foi mais rápido, puxou meu braço e me encurralou de volta na parede, dessa vez de frente, deixou meus seios exposto e, com um sorriso demoníaco nos lábios, os mordeu forte e eu não sabia o que mais doía em mim.
— venha cá Henrique, vamos brindar — gritou seu pai e passando a mão no meu rosto, tocando meus lábios, ele disse
— eu volto — alívio por ele ter ido, desespero por saber da sua volta. Eu sabia que se tentasse mata-lo, ali, eu não seria só abusada, mas também morta. E eu não queria morrer, não podia. Com desespero buscando uma saída, meus olhos passam pelas outras duas, jogadas no chão de qualquer jeito e não dava pra saber quem estava pior; Marieta sangrava, mas conformada com aquilo. Corri até seu alcance, tentei senta-la de forma que se apoiasse melhor
— Marieta, você está sangrando. Diga-me o que fazer, como saímos daqui?
— você é burra. Que princesa burra — falava com um sorriso de lado, sofrido — não tem como fugir, a gente não chegaria nem até a porta sem morrer. A gente que aguentar a noite e só.
Já sentia as grossas lágrimas em meu rosto, naquele momento ser chamada de burra era o menor dos meus problemas, a outra negra estava quase desacordada, eu não sabia, o seu olhar era sem foco e ela parecia ter se entregado aquilo. Com um pedaço do meu vestido já rasgado, eu tentei limpar o seu nariz que escorria um filete de sangue. Estava agachada, quando senti seus braços ao redor da minha cintura
— eu disse que voltava — e enquanto eu me debatia para sair de seus braços, mais ele ria. Vendo que não cederia facilmente e a minha preocupação com as outras, ele pegou a negra que já nem estava mais ali na sua consciência, puxou-a pelo braço, apoiando o tronco dela sobre uma mesa e já havia levantado o resto do vestido rasgado, facilitando sua exploração
— não, não, a deixe, ela não consegue, ela não aguenta mais —comecei a empurra-lo, e ele ria, ele ria…
— Já sei, vamos brincar um pouco. Sou tão bonzinho que deixarei você escolher, eu irei te pegar de todo jeito, nós sabemos, mas se prometer ser boazinha como eu, não faço nada com ela. Está nas suas mãos… — ele já havia desabotoado sua calça deixando o seu membro fora, o alisava enquanto dizia e ria, me obrigando a escolher
— ela não aguenta mais, não aguenta — ele tentava aumentar meu desespero forçando contra a boca dela, eu não sabia o que fazer, desesperada, aquela mulher morreria. Estava sem ação e só tinha uma saída. Consenti com a cabeça
— viu, você é boazinha também. — se afastou dela e levou minha mão até seu membro, me fazendo fazer movimentos de vai e vem, seu corpo já junto do meu, ele mordia forte o meu pescoço, babando e falava coisas em meio aos gemidos que eu nem conseguia entender. Pôs a mão em meus ombros e forçou para baixo, eu sabia o que aconteceria. De joelhos, sentindo suas mãos em meus cabelos, eu não queria, não queria e ele percebendo isso puxou meus cabelos com força e forçou a entrada em mim boca, socava rápido, engasgando-me.
— Henrique! — aquela voz deixou ele desfocado e no ato de desespero, sem pensar, mordi com toda a força que havia no meu corpo até sentir o gosto de sangue em minha boca
— aaaah, sua puta desgraçada! — três tapas no rosto e chutes na barriga até que o dono da voz o empurrou
— Lhe foi dito que essa não, Henrique! Você me desrespeitou! — era seu Augusto — erga-se e retorne para a casa! — falou seu Augusto para mim
— Só irei quando elas também forem
— Não estou negociando! Estou mandando, vá, vá — me puxou pelos braços e me jogou para fora do galpão.
Com o resto de força que tinha, fui em direção a casa, tentava correr impulsionada pelo medo de Henrique me alcançar. Já na porta da cozinha da casa, Zenir parecia adivinhar como eu voltaria
— Venha aqui menina, venha aqui — me abraçou fraternalmente, e aquilo me fez soluçar em choro. Eu chorei por tudo, por toda uma vida no colo daquela mulher. Ela me guiou pros fundos, esquentou um pouco de água e me ajudou no banho e com os machucados, não me perguntou o que tinha acontecido, eu sentia nojo de mim e nojo dele. Parecia que todos ali sabiam o que acontecia, mas fingiam não ver.
— Eu o matarei, Zenir — já estávamos na mesa da cozinha, aguardando o dia amanhecer, ela me serviu comida, eu estava faminta, mas não conseguia comer
— Você gosta de viver? — continue calada — gosta?
— Isso não é vida!
— Não é, mas é o que temos hoje e você irá agradecer por ter pelo menos isso! Não vai fazer nada, porque o que fizeram essa noite será pouco pro que farão se você tentar alguma coisa. Não seja burra, menina, não seja. — seus olhos lacrimejaram e eu chorei mais, por tudo e por sentir que ela sabia do que falava.
Já era dia e agir como se nada tivesse ocorrido era o normal daquela casa, daquelas pessoas. Seu Augusto e Henrique já se tratavam como antes, dona Elizabeth, dona Carmen e as outras duas senhoras presentes agiam normalmente, como se seus maridos não tivessem estuprado escravas durante a noite. E ela, olhar apreensivo, e eu me perguntava se aquilo também era normal pra ela.
Fim do capítulo
Amorinhos, noite tensa pra nossa princesa, não é?!
Digam-me, o que acharam? O que acham que poderá acontecer?
Não deixem de comentar, é muito bom ter todas vocês aqui <3
Comentar este capítulo:
rhina
Em: 23/09/2016
Olá.
Boa tarde.
De alguma maneira o pai da Mabel serviu pars alguma coisa necessária que foi interromper o Henrique.
Uma época em que so o homem manda...decidi...
As mulheres so servem para servir e procriar. ..
De que maneira Mabel e Shiara vão conseguir se livrar deste domínio. ...covardia. ...dor....humilhação. ...imposta pelos senhores de engenho e pelos machos alfas....
Uma heroína misteriosa. ...
Uma batalha pela liberdade. ...
Uma fuga em massa...
Beijos.
Rhina.
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