Entre Lambidas e Mordidas -- Capítulo 24

 

-- Essa casa é linda, Dani -- da mesma forma que Daniela havia ficado encantada, Yasmin também ficou. A ruiva olhava cada detalhe da decoração. Pegava os objetos na mão e sorria feliz a cada cômodo que visitava -- Durante o dia a paisagem deve ser de encher os olhos.

-- A janela da sala parece uma grande pintura emoldurando as montanhas -- Daniela beijou-lhe a face -- Está tudo bem com você princesa?

-- Agora estou -- ergueu o rosto e a beijou suavemente -- Precisamos conversar Dani. Eu preciso abrir o meu coração. Contar toda a verdade. Explicar o motivo de eu ter mentido para você -- Yasmin falava rápido, sua ansiedade era revelada pela voz -- Eu fui...

Daniela a interrompeu colocando o dedo indicador sobre os lábios dela.

-- Não precisa falar agora. A gente tem muito tempo para isso -- ela disse em seu tom calmo e tranquilo -- Acho que seria melhor se tomasse um banho bem gostoso e relaxante. Enquanto você toma o banho, eu preparo um lanche pra nós. O que você acha?

Yasmin suspirou fundo. A ideia parecia perfeita.

-- Acho que será maravilhoso -- deu um sorriso cansado -- Não aguentava mais! Aquela comida do hospital é uma droga.

-- Espero que depois de provar a minha comida você não queira voltar correndo para o hospital -- brincou.

-- Impossível, mas se for, o que importa é o carinho -- deu um sorriso terno, acariciando o rosto da loira -- Onde fica o banheiro?

Daniela caminhou na frente fazendo um gesto para que Yasmin a seguisse. Parou diante de uma grande porta de mogno e a abriu.

-- Aqui estão a toalha e o que mais precisar. A dona Brenda não se esqueceu de nada.

Yasmin caminhou com alguma dificuldade e abriu a porta larga que dava para o chuveiro.

-- Se eu demorar não se preocupe, esse banheiro é um convite ao exagero. Vou sair daqui toda murchinha -- Yasmin assoprou um beijo antes de fechar a porta. Segundos depois, Daniela escutou o barulho da água correndo.

 

 

Pedro deu um chute no chão com raiva.

-- Tem dedo seu nisso Matias, confessa -- esbravejou empurrando Matias.

-- Não fui eu. Não tenho nada haver com isso -- Matias se defendeu.

-- O que você está fazendo aqui? -- perguntou.

-- Assim que fiquei sabendo corri para vê-la -- Matias fungou, respirou fundo, criou coragem e falou: -- Mas quer saber de uma coisa... Pena, mas pena mesmo que não cheguei antes que essa sequestradora -- começou a gesticular. Seus gestos, seu rosto eram de raiva -- Porque era pra ser eu quem deveria arranca-la de perto de você, seu monstro.

-- Você é só um idiota que não sabe o que diz -- o calor da discussão crescia. Pedro partiu para cima do irmão. Curiosos se aproximavam.

Quando Pedro agarrou Matias pelo pescoço, ele gritou:

-- Me larga... Eu te odeio! Me larga, socorro! -- Matias tentava se libertar. Gritava, esperneava.

De repente, uma voz soou pela recepção do hospital:

-- Solta ele -- quando se deu conta, Roberta já estava envolvida na confusão.

Pedro ouviu, mas ignorou.

-- Falei pra soltar ele -- Roberta esbravejou, empurrando Pedro, que finalmente soltou o irmão.

A reação de Pedro foi a pior possível. Ele foi em direção de Roberta e a empurrou.

E, exatamente por isso, Lavínia pulou na frente.

-- Experimenta encostar a mão nela -- houve uma longa pausa.

-- Até você Lavínia? -- Pedro parecia surpreso -- Nem preciso falar que está demitida.

Lavínia não demonstrou, mas ficou sem chão.

-- Pois eu digo que não! Você não está demitida -- Matias falou para Lavínia.

Pedro jamais poderia imaginar que a florzinha do seu irmão pudesse reagir desta maneira.

-- Seu... Seu... -- Pedro avançou com os punhos fechados e desferiu um soco no irmão.

O soco atingiu o rosto de Matias em cheio.

-- Fique longe dele, seu maluco -- Roberta como louca avançou para cima de Pedro agredindo-o. Lavínia e Vinicius também avançaram.

A recepção do hospital virou um campo de guerra. Eram socos e tapas para todos os lados.

 

 

Yasmin saiu do banheiro com uma toalha enrolada em torno de si. Daniela a esperava na porta do banheiro com algumas peças de roupas nos braços. Percebeu que ela possuía alguns hematomas e escoriações pelo corpo.

-- Ele te machucou bastante, né Yasmin? -- Daniela estava tensa e preocupada com ela. Sentia vontade de matar aquele maldito.

-- A violência psicológica e moral doem mais que a agressão física -- falou triste.

-- Agora vamos esquecer isso -- pegou na mão dela e a levou até o quarto -- Coloca essas roupas. Não são os seus vestidos elegantes, mas é o que tenho.

Daniela não pôde evitar a timidez quando a viu se livrar da toalha e colocar a roupa diante dela.

-- Vou terminar de arrumar a mesa -- falou e saiu apressada.

Yasmin deu um sorriso radiante. Aquele jeitinho fofo de Daniela a encantava. Aquela linda e meiga timidez era tudo que precisava naquele momento.

 

 

-- Senhor Pedro Vargas, vai querer fazer o Boletim de Ocorrência? Ou não? -- o policial perguntou com um bloquinho de papel e uma caneta na mão.

-- Ei seu policial. Quem foi agredido fui eu e não ele -- falou Matias segurando uma compressa gelada sobre o olho -- Eu quem deveria fazer o BO.

-- Cala a boca Matias antes que eu meta a mão na sua cara novamente -- Pedro levantou a mão para bater nele.

-- Não faz isso... -- Luiz Carlos berrou da porta -- O que é isso Pedro?

-- O que é isso? Você não faz ideia o que esse anormal fez -- Pedro afastou-se, foi até um canto da recepção onde havia um bebedouro. Luiz foi atrás dele.

-- O que ele fez Pedro? -- Luiz perguntou.

-- Ele e esse bando que está junto com ele, invadiram o hospital e resgataram a Yasmin.

-- A polícia está procurando por ela?

-- Claro que não! Raciocina Luiz, vou dizer o que pra polícia? A minha mulher estava no hospital porque eu dei uma surra nela.

-- Você tem razão -- Luiz esfregou a nuca -- Quanto menos envolvermos a polícia melhor.

-- E como se não bastasse, essa Daniela ressurge das cinzas. Droga! Que inferno!

 

 

Daniela ficou olhando para ela com uma cara de adolescente apaixonada.

-- O que foi Dani? -- Yasmin sorriu sem graça com o olhar da garota sobre ela.

-- Você está diferente.

-- Só porque estou usando jeans e camiseta?

-- Acho que sim.

-- Não gostou?

-- Gostei -- falou dando um sorriso de lado -- Você é linda de qualquer jeito.

Yasmin abriu um sorriso absurdamente lindo e encantador.

-- Vem comigo. Olha só o lanchinho que preparei pra minha princesa. Não sou a melhor cozinheira do mundo, mas queria fazer uma surpresa.

Daniela preparou um lanche leve para elas. Yasmin olhou para a mesa romântica repleta de docinhos, biscoitos, pãezinhos, suco, café. Um pequeno vaso colorido estava no centro da mesa e uma luz fraca mal iluminava o ambiente.

-- Você está com fome? -- Daniela perguntou, após um beijo. Ela colocou uma mecha de cabelo dela atrás da orelha, enquanto a olhava nos olhos.

-- Só de você -- respondeu com malicia.

-- Poxa! -- Daniela resmungou vermelha, mordeu o lábio inferior detestando perceber que havia corado. Com uma expressão engraçada no rosto, beijou Yasmin na boca -- Vamos comer -- Pegou na mão dela e a levou até a mesa.

-- Obrigada -- Yasmin murmurou quando Daniela puxou a cadeira para ela sentar.

-- Não precisa se preocupar com nada. Eu vou cuidar de você e dessa criança. Ninguém vai perturbar vocês dois, o mundo pode acabar lá fora que você não vai nem perceber. Seres alienígenas podem invadir o planeta e abduzirem todo mundo que você não vai nem desconfiar -- falou, em tom de brincadeira -- O Pedro pode vir com a guarda nacional, que você não vai nem ficar sabendo -- ela disse com um tom carinhoso ao sentar na cadeira ao lado de Yasmin -- Você ficará bem -- disse com aquela voz profunda que a ruiva tão bem conhecia nela.

-- Me perdoa Dani! Por trazer comigo um filho de Pedro. Você não tem obrigação nenhuma em cuidar de nós dois. Você está livre para seguir o seu caminho e ser feliz longe de toda essa confusão -- disse ela e uma lágrima escorreu por seu rosto.

-- O que é isso princesa? -- ela beijou sua testa, e a abraçou fortemente - Não fala essas coisas nem de brincadeira. Quando eu digo que te amo, eu amo. Não digo da boca pra fora. Eu falo isso para te lembrar de que você é a melhor coisa que aconteceu em minha vida. Essa criança só vem para completar a nossa felicidade. Ela não tem culpa de ser filha daquele traste.

Yasmin concordou com um movimento de cabeça e se agarrou mais ainda ao corpo de Daniela. Curtia de olhos fechados a sensação de aconchego e calma que ela lhe proporcionava.

-- Agora tente comer um pouco se não vou achar que a comida do hospital é melhor que a minha.

Assim, com um suspiro profundo e um pouco chorosa, ela esticou o braço e se serviu da comida disposta ali na pequena mesa.

 

-- Para onde você vai Roberta?

-- Vou para um hotel Lavínia. Acho melhor assim -- Roberta pegou o celular da bolsa e se afastou um pouco -- Vou chamar um taxi.

-- Você pode ficar aqui ao menos até a Dani voltar -- Lavínia falou chateada.

-- Te ligo para combinarmos algo para mais tarde. Me avisa caso a Dani apareça.

Com um longo e sentido abraço, as duas se despediram.

-- O que faremos agora? -- indagou Lavínia assim que Roberta saiu -- Não podemos ficar aqui de braços cruzados.

-- Então dá uma ideia porque eu não sei o que fazer.

-- Vamos começar montando o quebra cabeça Matito. Temos as primeiras peças, uma loira magra, cabelos pelos ombros, olhos verdes, maluca e só falava besteira, acompanhada de uma moça sardenta, cabelo espigado e pintado de...

Bianca entrou no apartamento abraçada à Marjorie e à Paula.

-- AZUL! -- Lavínia e Matias falaram juntos.

-- Essa minha namorada é uma heroína -- Marjorie falou toda orgulhosa - Recuperou o carro da Paula e ainda restaurou a parte elétrica que os ladrões haviam danificado.

-- Sou ou não sou um espécime raro? -- perguntou cheia de vaidade -- Podem falar.

-- Você é demais Bianca. Por isso como sinal de gratidão, estou lhe presenteando com três fardos de cerveja. Está bom? -- Paula abraçou a amiga e lhe beijou o rosto.

-- É... Estava pensando também em um mês sem lavar a louça e o banheiro, uns tira gosto pra acompanhar a cerveja...

-- Bianca onde está a Dani? -- Lavínia perguntou e Bianca arregalou os olhos.

 

 

-- Venha se deitar - Daniela foi até o armário e pegou algumas roupas -- A única coisa limpa para dormir que tenho no meu guarda-roupa é uma calça comprida e uma camiseta folgada.

-- Não será necessário -- Yasmin começou a despir-se -- Me ajuda?

-- Claro! -- Daniela estava hipnotizada, vendo peça a peça as roupas de Yasmin caírem no chão.

E calmamente Yasmin permitiu que Daniela a livrasse da última peça em seu corpo.

Yasmin deitou e Daniela ajoelhou-se no colchão ao lado dela.

-- Deita aqui comigo -- a ruiva pediu.

Ainda presa ao magnetismo daquele maravilhoso corpo nu, Daniela retrocedeu.

-- Não quero machucá-la.

Yasmin pegou a mão dela e a puxou para a cama.

-- Você não vai me machucar -- com uma das mãos ela tirou a camiseta de Daniela despindo-a da mesma forma que ela fizera minutos atrás.

-- Vamos fazer amor, Dani.

O coração de Daniela falhou uma batida. O ar chegou a faltar.

Yasmin sentiu uma leve dor nas costelas quando uniram os corpos pela primeira vez. Daniela se afastou preocupada, mas Yasmin protestou sussurrando no pescoço dela.

-- Nem pense nisso -- E gem*u quando o corpo dela voltou a cobrir o seu.

Daniela a beijou com urgência. Enquanto a beijava, Yasmin explorava com as mãos cada parte do corpo dela. As mãos macias acariciando lhe o corpo gerava ondas de prazer e ela vibrava em cada toque.

Daniela, da boca deslizou para o queixo, pescoço e seios.

Excitada, Yasmin fechou os olhos e deixou sua cabeça cair para trás. Ela abriu os lábios num gemido de prazer. Daniela passava a língua em círculos lentos em torno de um mamilo e depois do outro. Sentia a respiração dela quente em seu seus seios.

-- Ahhh! -- Yasmin suspirou -- Não pare Dani -- Ela empurrou a cabeça dela mais para baixo e sentiu-se molhada. A hesitação dela denunciava sua inexperiência. Yasmin amaria ser a professora, ensinar-lhe os doces segredos do próprio corpo. Era experiente. Mas nada, nunca, fora tão parecido com o prazer de fazer amor com Daniela. Olhava para ela com aqueles lindos olhos verdes como se estivessem em brasas -- Quero seus dedos em mim. Quero sentir o que só você é capaz de me fazer sentir Dani.

Daniela escorregou uma das mãos e tocou com a ponta dos dedos pela primeira vez o sex* sensível e úmido, penetrando-a com movimentos calmos, e lentos com medo de machucá-la.

-- Mais rápido! -- Yasmin se curvava para trás e se balançava de encontro à mão dela -- Vai Dani -- ela fazia movimentos, implorava.

Yasmin entregava-se, úmida, quente e faminta. Ela gemia alto e Daniela correspondia, acariciando-a, movendo-se com ela.

Naquele momento, com suas mãos e pernas entrelaçadas, Yasmin e Daniela viviam a felicidade plena que só o amor podia proporcionar.

Yasmin entregou a Daniela muito mais que o seu corpo, tinha entregado seu coração e alma.

-- Deixe-me tocá-la Daniela. Deixe-me aprender os segredos do seu corpo. Deixe-me senti-la e conhecê-la.

Atingiram juntas o clímax, numa explosão de desejo e prazer.

E com um sorriso no rosto e acreditando no forte poder do amor, Daniela teve a sua primeira noite de amor.

Uma noite doce e louca cheia de beijos, carícias... Sua primeira noite de amor!

 

 

-- Fala a verdade Bianca -- Lavínia colocou as mãos na cintura e olhou de cara feia para ela -- Você não acha muita coincidência?

-- Quantas garotas sardentas com o cabelo azul e espigado existem no mundo? Com certeza milhares e milhares. Sabia que azul é a cor mais quente? -- Bianca fugiu do interrogatório indo até a cozinha buscar uma cerveja -- Agora me diz: Quem é essa Yasmin? Fala sério Lavínia. Você acha que eu iria entrar em um hospital para resgatar uma mulher que eu nem sei quem é? -- falou cheia de razão.

Lavínia olhou para os amigos.

-- O que vocês acham? -- perguntou abrindo os braços.

-- Acho que você viajou legal -- Matias se levantou e foi até ela -- Não tem lógica a Dani querer ajudar a mulher de um Vargas, mesmo que seja nessa circunstância.

-- Também acho -- Vinícius falou fazendo um carinho no Pedra.

-- Só dei a minha opinião -- Lavínia falou desanimada.

-- Opinião é igual cu, tem gente que dá demais.

-- Cala a boca Bianca. Não pense que eu acreditei nessa história que você contou para a Paula. Só ela mesma pra acreditar em uma coisa tão boba.

-- Pra quem está morrendo afogado, jacaré é tronco, Lavínia. Pra ela o mais importante foi recuperar o carro.

-- Que feio! Não tem vergonha de mentir para ela?

-- Não! -- falou jogando-se no sofá com uma cerveja na mão -- Eu já fiz de tudo na vida, mas invadir hospital é inédito.

Matias fez uma careta e se levantou.

-- Tem um banheiro que eu possa usar?

-- Claro Matias. Entra na cozinha, primeira porta a esquerda.

Bianca balançou a cabeça de um lado para o outro.

-- Eu odeio quando as pessoas estão em nosso apartamento e perguntam: "Ei, você tem um banheiro?" Não, não, nós cagamos na sacada.

 

 

Daniela esfregou as mãos no rosto.

-- Deus, eu preciso de um chocolate -- correu até a cozinha abriu o armário, pegou uma barra e voltou para o quarto -- Quer um pedaço?

-- Quero! -- Yasmin respondeu se espreguiçando -- Você é um amor.

-- Pareço legal, mas quando divido alguma coisa em dois, sempre fico com a parte maior -- falou sorrindo -- Mas como você tem um bebezinho aí, eu vou dar um quadradinho a mais.

Yasmin a puxou até ficarem bem próximas.

-- Não que eu não ame ficar aqui, passaria toda a minha vida com você nessa cama, mas quero conhecer a propriedade. Você pode me levar pra passear?

-- Depende -- passou a mão no queixo como se estivesse pensando.

-- Depende de que?

-- Da sua saúde -- sussurrou segurando o rosto dela com delicadeza -- Não quero que exceda.

-- Caminhar faz bem para o bebê, meu amor -- disse ela acariciando a barriga.

-- Então levanta essa bunda gostosa daí, veste um jeans e coloca o tênis que eu vou te levar até o estábulo -- disse ela alisando seu rosto com as costas das mãos -- Farei o possível e o impossível, farei tudo que estiver ao meu alcance pra te fazer a mulher mais feliz do mundo. Você me faz um bem danado, sabia? Talvez seja cedo demais, mas eu digo sem medo que eu preciso de você pra viver feliz.

 

 

No hotel.

-- O ser humano é maluco. Depende do amor, sofre por amor, morre de amor -- Roberta falou, pegando da mão de Lara a xícara fumegante de café fresco -- A Daniela não deveria ter se envolvido com a esposa de Pedro...

 

 

 

"O que mais me atrai nos animais é que eles não usam palavras... Eles usam os sentimentos!"

Chico Xavier

 

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A capa será atualizada após uma semana.

Fim do capítulo