Vick



Os dias foram passando rápido, minha vida estava um caos, resolvi aceitar o convite para participar do campeonato de Jiu-jitsu que aconteceria no próximo mês, todos os dias depois do trabalho ou do curso, eu passava horas treinando. Nos dias de folga também treinava, esse campeonato exigia muito preparo físico e fôlego, eu amava ficar horas e horas treinando, era meu esporte favorito, poderia sair esgotada mas não ligava, minha satisfação era maior que o cansaço.



No trabalho não estava sendo nada fácil, depois do episódio no quarto de Camila, ela sempre procurava uma forma de me tirar do sério, mas não conseguia... porque eu era a paciência em pessoa, quem se irritava era ela, suas tentativas frustradas a deixava em fúria total, eu considero as ofensas e os insultos como se fossem uma birra de patricinha mimada.... até que eu gosto, quando ela começa a me ofender, fico imaginando como ela deve ser na cama, falando um monte de obscenidades, xingando, isso me bate um tesão absurdo!!! Não entendia o porquê quando eu a olhava com tanto carinho, ela logo mudava de comportamento e em seguida saía como se estivesse correndo de mim...



Quanto à Brenda nosso encontros estavam sendo mais frequentes durantes esses dias, ela se comportou bem, seus ciúmes haviam diminuído, coisa que me surpreendeu ,estávamos quase engatando para algo mais sério, aí pra piorar Brenda estava decidida a falar sobre nós a Camila, agora sim que as coisas iriam se complicar.

- Mulheres sempre são problemas, porque eu não virei uma monge budista, assim seria mais fácil.

- Quem quer ser um monge Budista? - Adriana pergunta curiosa.

- Ninguém, besteira minha. Então, o que você tá fazendo aqui ainda? Pensei que já estivesse ido embora.

- Já iria embora sim, mas, pensei em te convidar pra sairmos e tomar algo em um barzinho aqui perto, você aceita ? - Pensei em desistir mas, como hoje era sexta feira, não há mal algum em sair para tomar um chop, pra distrair um pouco.

- Sim, vamos...deixa só eu pegar minha mochila - peguei minha mochila e a segui para fora da casa. Hoje eu estava sem transporte, entrei junto no carro de Adriana, que diga-se de passagem é um belo carro!!! Quando íamos sair um táxi para na nossa frente e logo em seguida sai Camila, ela parecia alegre, feliz....quando avistou o carro e me viu suas feições mudaram, de feliz foi para ódio, raiva, ciúmes? Não pode ser!!! Ela mesma disse que me odeia!!! Então, que continue odiando, virei meu rosto pra frente e fingi que ela nem existia, Adriana arrancou deixando para trás uma Camila irritada.

Seguimos em direção à Copacabana, chegamos num barzinho simples, rústico e muito organizado....muito agradável, hoje acontecia um pequeno show ao som de voz e violão, não sou muito chegada em músicas lentas, mas tenho que admitir que ao ouvir as letras comecei a querer escutar, parecia muito com minha vida, o cantor parecia estar adivinhando, puxei a cadeira e esperei ela se sentar e logo em seguida me sentei.

- Nossa como você está cavalheira hoje - Disse Adriana com falsa ironia

- Sempre fui assim, só não tive a oportunidade de mostrar isso a você.

- Mostrar é, além do seu "cavalheirismo " o que mais você tem vontade de me mostrar? - Que safada, não perde tempo.

- No momento estou sem idéias....alguma sugestão? - Falei fingido inocência.

- Tenho sim uma muito boa, mas não irei colocar em prática hoje, eu só quero te conhecer melhor já que no trabalho não temos tempo.

- É uma pena, queria tanto praticar essa idéia hoje, mas fica pra próxima...eu espero. Agora me responde uma coisa, pelo que eu vi, você é muito mais que uma simples cheff de cozinha para estar trabalhando em uma casa de Família.

- Você é muito observadora, você está certa, trabalho por diversão mesmo, surgiu essa vaga e então me interessei, nada demais.

- Você conhece alguém lá da casa, algum funcionário?

- Não conheço ninguém, não gosto de misturar trabalho com amizades.... e nem tenho interesse em fazer amizades com os outros - Muito estranho isso, jurava que ela tinha muita afinidade com o chefe de segurança devo estar ficando louca mesmo – Pensei.

Ficamos por algumas horas conversando amenidades, nos conhecendo um pouco mais, até que ela aparenta ser uma pessoa legal, mas quando o assunto era família, ela sempre se enrolava, as respostas eram sempre contraditórias, comecei a desconfiar a partir do momento que falou que não conhecia ninguém na casa, e por duas vezes a peguei conversando em um lugar afastado com o chefe de segurança, isso está me cheirando a armação. Pior que nem poderia cogitar a idéia de falar com seu Fernando, ele jamais deixaria de acreditar em seu chefe de segurança pra acreditar em uma simples empregada como eu, então não tinha jeito, eu iria ter que investigar por conta própria, isso poderia ser muito perigoso, não sabia o que tinha por trás disso, poderia ser apenas um simples caso amoroso entre os dois, ou algo mais relevante e grave, o que eu não poderia fazer era cruzar os braços - Divagando nos meus pensamentos, nem ouvi Adriana me chamar.



- Vi, você está bem?

- Estou sim, desculpa!!! Deve ser o cansaço, minha semana foi puxada, entre treinos e cursos.

- Entendo, você não quer que eu te deixe em casa?

- Não precisa, vou de táxi mesmo...obrigado.



Sinto no meu bolso o celular vibrar, pego e vejo a foto de Brenda no visor, estava me ligando, peço licença indicando que o barulho do som iria incomodar eu falar no celular, Adriana entendeu e então me afastei da mesa.



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Vick on



- Olá meu anjo, tudo bem? - Pergunta Brenda.

- Tudo sim...e você?

- Estou ótima. Queria te convidar pra sair hoje vai ter reinauguração da boate de um amigo meu, pensei em irmos dá uma passada rápida por lá, te pego em casa o que você acha?

- Ainda não estou em casa, meu horário de trabalho terminou e eu resolvi vir tomar um chope com uma amiga de trabalho, só pra descontrair.

- Amiga de trabalho Victoria? Será que não é uma das vagabundas que você Costuma pegar? - Grita Brenda já revoltada no telefone, estava demorando.

- Fale baixo comigo, não tenho necessidade alguma de mentir pra você, se estou falando que estou com uma colega de trabalho é porque estou, você me conhece - Falei com mesmo tom de voz calmo.

- Me desculpa Vick , não queria ser grossa, é que quando você estar perto de alguma mulher eu tenho medo de que você me deixe, que não queira mais nada comigo – Suspirei fundo, essa situação com Brenda já tinha se tornado cômoda até demais, culpa toda minha que permitiu chegar até aonde chegou, mas também como deixar pra trás um sex* tão louco e gostoso.

- Estou em Copacabana, num barzinho chamado Farme, já estou saindo daqui, vou pra casa e de lá nós vamos.

- Tá bom, vou lá pra sua casa e espero você se arrumar. Eu já estou pronta.

- Perfeito! Até daqui a pouco! - Desliguei o telefone.



Vick off





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Voltei para a mesa, Adriana estava no telefone, me aproximei e ela falou mais algumas coisas e desligou, pagamos a conta e saímos do barzinho, na saída do bar quando eu menos esperava, Brenda já me aguardava na saída.

- Brenda...o que você faz aqui?

- Vim te buscar pra te levar pra casa. Quem é sua amiga...vai me apresentar não?

- Primeiramente boa noite Brenda, nós estamos muito bem, obrigado - Falei séria, pois ela tinha que se tocar do ciúme exagerado.

- Ela se chama Adriana - me virei pra Adriana e falei - Adriana essa aqui é Brenda ela é ....- Brenda interrompe:

- Sou namorada, muito prazer - Olhei feio para Brenda, porque ela tinha que dizer aquilo agora? Minhas chances de ficar com Adriana agora caíram, droga..

- Prazer é todo meu Brenda, e não se preocupe, somos apenas colegas de trabalho, nada mais. Bom... Vi, vou indo...até segunda -Piscou e saiu.

- Porque você falou aquilo? Não somos namoradas.

- É verdade, mas seremos em breve, agora vem e me dar um beijo que tô com muitas saudades - Ela tenta me puxar na tentativa de me beijar...interrompo:

- Você acha que tudo tem que sair do jeito que você quer? Eu sempre deixava você decidir por mim, mas agora tomei minha decisão. Eu não quero mas ficar com você, eu já te disse que não quero namorar e por tanto, é o fim - virei as costas e nem deixei Brenda falar, saí e ela não me seguiu, estranhei, pois, pensava que ela iria inventar mil motivos pra não terminarmos o nosso “quase” namoro.



Foi melhor assim, olhei novamente pra trás e Brenda já não estava mais, foi aí que eu percebi que acabei ficando sem carona – “Mas que idiotice essa sua de querer terminar logo aqui, não podia esperar chegar em casa? Agora você vai ter que pagar um fortuna pra chegar em casa” - Ri de mim mesma...eu sempre tinha essa de querer brigar com a minha própria razão, coisa de louco...
Peguei um táxi com destino a minha casa, comecei a pensar em Brenda, nosso término havia sido muito fácil, no mínimo estranho. Não demorou muito e cheguei ao meu destino. Paguei a corrida e subir para o apartamento, abro e deito no sofá. Virou Lei essa minha rotina de chegar e deitar no sofá.



- Enfim o descanso merecido.

- Quem foi que disse que você vai descansar ursinho, vamos tirar essa bunda daí e se arrumar... hoje temos uma reinauguração de uma boate pra ir.

- Não quero ir, sei que a mulherada vai ficar triste, mas hoje eu tô que nem àquela música do Luan Santana. "Eu, você, dois filhos e um cachorro
Um edredom, um filme bom no frio de agosto", tirando a parte do cachorro e dos pestinhas sou tudo isso aí - Marcos vai e me belisca.

- Aaaaiii seu brutamontes!!! Você não se cansa de me maltratar não? Vou te denunciar pra polícia.

- Você vai dizer o quê? Que eu te dou uns beliscões de vez em quando?

- Não, eu vou dizer que você me sequestrou, me mantém em cárcere privado e manda fazer trabalho escravo, três crimes nas suas costas.

- Quanta minhoca na cabeça, o que tem de linda, você tem de sem noção...me diz, com quem você aprendeu essas coisas? E anda logo.... vai se arrumar que nem que seja te puxando pelos cabelos mas você vai...

- Muito simples, eu aprendi com você, que é especialista nesses assuntos de minhocagem na cabeça - levantei e fui para o quarto correndo, pois eu já esperava um belo tapa.



Me despi e entrei no box, fiquei um tempo e meus pensamentos acusaram, e a imagem de Camila veio como um furacão, depois que ela chegou em minha vida tudo já não estava mais no lugar, minhas noites já não eram mais tranquilas, eram recheadas de sonhos eróticos e nada educativos, já não tinha mais aquele desejo assíduo de sair pra pegar a mulherada. - "Porque sempre gostamos de quem não faz o menor sacrifício de demonstrar um mínimo sequer de sentimento por nós...porque sempre gostamos do mais difícil? Hoje tenho que tentar esquecer essa mulher, não vou ficar remoendo um sentimento o qual só eu tenho coragem de admitir". Saí do Box, preparei a minha melhor roupa... “hoje eu vou pegar a boate inteira”. Peguei uma calça de couro preta, camisa social branca de manga longa, colete, gravata e sapatos Oxford preto e branco, cabelos bagunçados, dando aquele toque de descolada, passei meu melhor perfume, caminhei para sala e Marcos já me esperava, quando me viu se espantou.



- Menina!!! Hoje você caprichou!!! A mulherada daquela boate inteira vai fazer fila pra ficar com você.

- Roupas são apenas detalhes meu caro, eu sou linda até fazendo cara feia – Falei... me sentindo toda poderosa.

- Não Vick, você com cara feia, parece o boneco daquele filme o " Chuck"

- Não enche meu saco, e vamos logo que eu quero aproveitar a night.

- Calma sapinha, as mulheres não irão fugir, tem mulher pra você de todos os tipos - Dei língua pra ele e saímos para o estacionamento do prédio. “A boate hoje à noite promete...”



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Camila





Depois do nosso beijo no quarto, passei a ignorar por completo a presença de Vic aqui em casa, tento me manter o mais distante possível e sempre tentando fazer ela perder a paciência. Mas sempre quem perdia era eu, porque eu sei que se eu chegasse perto acabaria não aguentando e me perderia naquela boca e daqueles braço eu não sairia mais, eu assumo que sou louca por aquela mulher, que não consigo tira-la dos meus pensamentos muito menos do coração, mas ela nunca saberá do meu amor, prefiro morrer a ter que me entregar a esse amor. Tinha que tentar dá um jeito nessa situação, não poderia ficar só pensando nela, então foi aí que tive uma idéia, passei a ter contato com Junior, resolvi dar uma chance a ele, começamos a sair com frequência , praticamente nos víamos todos os dias, ele pediu a meu pai pra namorar comigo, mesmo insatisfeito meu pai aceitou, e então tudo estava saindo bem, mas quem eu queria enganar? Os beijos que Junior me dava já não era o mesmo, a pegada já não me excitava, ele tinha pegada grotesca, meio grosseiro, diferente, daquela pegada da minha Marrenta que era forte, porém firme, que me passava segurança - " Esquece essa mulher Camila, olha o homem que você namora, todas as mulheres daria tudo pra fica e estar no seu lugar...e você fica aí perdendo teu tempo, pensando naquela traficante...Perda de tempo pensar nela" - Levantei, fui para o banheiro fazer minha higiene matinal, desci para tomar café, era uma tortura vê-la logo pela manhã e não poder beijá-la, não poder dizer o quanto eu a amava, o quanto eu queria ficar com ela... era frustrante pra mim, mas não poderia voltar atrás e nem queria...não suportaria ser chamada de “Maria Sapatão”, ser humilhada, sofrer com esses preconceitos, definitivamente não está nos meus planos passar por isso. Sentei e comecei a tomar meu desjejum, não trocamos nenhuma palavra naquela manhã, eu não estava afim de brigar, apenas queria paz, coisa difícil de acontecer. Estava preocupada com meu pai hoje, eu teria uma conversa séria com ele a respeito da minha insatisfação quanto à faculdade que estava cursando, minha mãe havia me convencido a ter uma conversa com ele, então enfim, tomei coragem...mas estava com medo dele ficar magoado comigo, mas tinha que tentar, seria ruim se eu continuasse sem vontade. Passei todo o meu café planejando mil formas de como iniciar àquela conversa com meu Pai, ao terminar levantei e segui para meu quarto sem ao menos olhar pra trás, ainda tinha tempo antes de ir pra faculdade, só falaria com meu Pai após sair, então resolvi ficar deitada mas um pouco, lembrei de Brenda, nunca mas havia tido contato com ela, há alguns dias tinha ido na sua casa, mas ela não estava, ela tinha mudado muito, se afastou de mim, agora está fria, será que é por causa desse namorado que ela conheceu? Preciso descobrir, peguei o telefone disquei seu número, começou a chamar, chamou várias vezes e ela não atendeu... isso era preocupante, decidi ir na sua casa... fui para o box tomei um banho, vestir uma roupa fresca, não pus maquiagem, hoje não estava afim de me arrumar, desci e pedir para o motorista me levar, procurei por Victoria, nem sinal, entrei no carro e segui rumo a casa de Brenda. Demorei cerca de 30 minutos, quando estar perto do horário do almoço o trânsito fica um caos, desci, subi , toquei na campainha, demorei uns 3 minutos e retornei a tocar e nada dela aparecer, isso estava muito estranho. Então voltei para a carro, ainda estava cedo não estava afim de voltar pra casa então decidi ir para o hospital, almoçar com minha mãe, sentia saudades dos nosso momentos juntas, depois da morte do amigo e sócio dela, ela tinha assumido a direção ficando sem tempo pra mim. Não era muito longe o hospital do apartamento de Brenda, em poucos minutos já estava lá... subi e fui em direção a sala. Bati na porta ela me mandou entrar:



- Mãe? - Ela levantou a cabeça surpresa.

- Oi Filha, você por aqui, juro que eu não esperava.

- Eu vim almoçar com você, desde que a senhora assumiu a direção do hospital nem tem tempo pra mim e pro Papai.

- Também não exagera Camila, você sabe muito bem que dou sim atenção a vocês. Você já falou com seu Pai?

- Eu sei mãe, eu estava só brincando, não precisa ficar com raiva...ainda não falei com o papai depois da faculdade vou falar com ele. Mas no momento eu quero mesmo é almoçar com minha mãe, eu estou com saudades das nossas conversas de mãe e filha.

- Então vamos aproveitar que estou sem pacientes. Tem um restaurante muito bom aqui perto, almoçamos e te deixo na faculdade.


Partimos pro restaurante, almoçamos e ficamos por um tempo conversando banalidades, e então acabei lembrando do sócio da minha mãe que há 3 anos havia falecido por conta de um acidente de carro, queria saber um pouco sobre ele, não sabia explicar essa repentina curiosidade.

- Mãe quem era esse seu sócio que faleceu há alguns anos?

- Ele era meu melhor amigo, foi ele que me apresentou ao seu pai. Logo quando começou a estudar começou a fazer administração, esse hospital aqui metade é dele, sou dona de apenas 25% . Construímos juntos, esse Hospital existe a mais de 30 anos, ele era um homem gentil, humilde, sempre ajudava os mais necessitados, apesar de ter errado muito.

- E o que foi que ele errou Mãe?

- Todo ser humano tem suas virtudes, mas também tem seus defeitos, e o único defeito dele era ser mulherengo demais, ele conheceu uma moça muito linda e simples que morava na favela, ele a seduziu passou vários meses vivendo esse romance, quando ele descobriu que a moça estava grávida a abandonou deixando sozinha, logo depois de ter abandonado a moça ele se descobriu apaixonado por ela, arrependido foi atrás mas descobriu que ela não morava mas naquela favela e assim perdendo a pista de reencontrá-la, e muitos antes dele falecer, ele vinha procurando alguma pista da paradeiro dessa moça, então ele se fechou pro mundo... o único interesse dele era achar essa moça que era o grande amor da sua vida, ele deixou a faculdade de Administração e fez medicina só por causa do grande sonho dessa mulher.

-Nossa mãe que história triste, mas e agora depois de sua morte com quem vai ficar a herança?

- Antes dele morrer ele deixou seu pai encarregado de achar essa moça e seu filho.

- E Qual a idade desse filho? E vocês sabem se é menino ou menina ?

- Seu pai me falou que ele deve estar na faixa de uns 20 anos ou mais. Nao sabemos qual o sex* ainda, mas os detetives estão trabalhando duro nisso, agora me explica filha, o porquê desse interesse todo, eu nunca te vi perguntar sobre nada desse tipo.

- Não sei mãe.. sei lá, me deu vontade de saber. Agora vamos que está na minha hora.



Saímos do restaurante e minha mãe me deixou na Universidade, fiquei imaginando quem seria essa pessoa que está sendo procurada, deixei essas questões de lado, então fui para sala para a aula, e mais uma vez Brenda não estava, comecei a me preocupar, ela nunca foi de deixar de estudar. Assim que eu sair daqui irei pra direção atrás de notícias.

A tarde passou rápida que nem percebi, então fui para a direção saber notícias de Brenda, descobri que havia pedido alguns dias de licença para acompanhar o Pai numa cirurgia em outro País. Fiquei mais tranquila, mas também chateada por não ter me contado, mas quando chegasse ela iria me ouvir. Agora minha única preocupação era a conversa com meu Pai, fui para a saída da Universidade e peguei um táxi até o escritório, a cada momento meu coração era puro nervosismo. No escritório ainda tinha alguns clientes, por tanto, tive que esperar um pouco. Após a saída do último cliente meu pai me mandou entrar, nesse momento meu coração já estava com certeza a mil por hora. Entrei e meu pai como sempre carinhoso, me deu um beijo na testa e caminhou para a sua mesa mandando eu me sentar.

- Então filha, o que a senhorita tem pra me dizer de tão importante que não dava pra esperar eu chegar em casa.- "Eu nem sabia por onde começar, é agora ou nunca tomei fôlego" comecei a falar:

- É sobre a faculdade, não sei como te explicar Pai mas não consegui me entusiasmar, não gostei muito.

- Mas você disse que gostava...

- Sim... mas não tenho tanto interesse como antes, eu sei que te decepcionei agora ao dizer isso, mas eu não consegui ficar mais tempo segurando.

- A quanto tempo você percebeu que não era Direito o que você queria Filha?

- Logo na segunda semana.

- Mas filha, porque você não disse antes, esperou passar esse tempo pra me dizer agora.

- Eu sei Pai, mas eu estava com tanto medo de te decepcionar que continuei, só pra saber realmente se era isso que eu queria, mas não dá mais pra continuar. Sinto muito Pai.

- Camila, eu quero que você saiba que não é a mim que você tem que agradar é a você mesma, seu futuro é que está em jogo, eu gostaria sim que você estudasse Direito mas se não é essa a tua vontade, eu te compreendo e jamais vou ficar magoado com suas escolhas.

- Sério que você não está chateado por isso?

- Claro que não filha, não vejo motivos pra ficar com raiva...mas você já sabe qual curso vai fazer a partir de agora ?

- Ainda não sei, mas não vai demorar.

- Tá bom. E como vai seu namoro?

- Muito bem!

- Filha, eu posso te fazer uma perguntar ?

- Claro! - Ele coçou a garganta antes de falar, percebi seu desconforto... o que será que vai perguntar?

-Camila, não te perguntei antes, porque eu queria que você se recuperasse do susto, mas agora percebo que isso já não te afeta tanto, então quero saber quem foi a pessoa que te salvou, no dia do assalto? - "A pergunta veio de surpresa não imaginava que ele se interessaria, ele não vai saber que foi Victoria, não quero que meu pai se sinta no dever de recompensa-la isso não, dever favores isso não!

- Não conheço o moço que me salvou, depois que ele ligou pra polícia, quando o procurei não o achei mais. Não conheço Pai.

- Tem certeza disso Camila?

- Sim.

Ele não se convenceu, mas optou por não ir mais a fundo, alívio total pra mim, ficamos conversando mais um pouco, eu estava feliz, havia tirado um peso das costas. Queria ter voltado com ele, mas ele não voltaria cedo pra casa, ficaria até mais tarde no escritório, peguei o táxi rumo à minha casa, no meio do caminho Junior me ligou e marcamos de sair à noite pra fazer algo. Chegando perto de casa tinha um carro diferente estacionado logo em frente, mandei o motorista estacionar e saí. Paguei a corrida e quando olho pra dentro do carro me surpreendo, era Vick com uma mulherzinha. Fico furiosa!!! Como ela pode ser tão cafajeste, me seduz e ainda trás essa mulher pra frente da minha casa. Ela me viu e ficamos alguns segundos nos olhando, e depois olhou pra frente fingindo que nem tinha me visto, aquilo me afetou muito, quem será àquela mulher com quem ela estava? Seria sua namorada? Será que a ama? Fiquei triste...vê-la com outra não é nada fácil, fui caminhado em direção ao quarto decepcionada, deitei na cama e chorei, não entendia o porquê, não vi nada demais, Victoria estava apenas acompanhada por uma mulher...o medo de saber que ela poderia se apaixonar por outra me fez sentir coisas que não entendia, será que isso que estou sentido seria ciúmes? Não tive ânimo pra malhar, tomei um banho, deitei na cama e acabei adormecendo pensando em Victoria...

Fim do capítulo