Por Toda a Vida e Mais um Pouco
Camila tinha os olhos marejados olhando para Evellyn. Levou as mãos à boca pela surpresa ao ver o anel cintilando na palma da mão da morena. Um sorriso largo tomou conta de seu rosto enquanto ela admirava a jóia delicada e preciosa em sua frente.
Evellyn a encarava apreensiva, aguardando a resposta com a sensação de que já havia se passado uma eternidade e Camila ainda não havia se pronunciado.
- Evellyn... – sua voz saiu embargada, enfim quebrando o silêncio – Você... Meu Deus, você fez tudo isso! Você... Nossa!
- Você não gostou? – a analisava tentando entender o que Camila quis dizer com aquelas palavras – Você não quer ainda, é isso? Eu me apressei, não é? Olha, Camila, me...
- Evellyn. – disse calma chamando a atenção da morena – É lindo! Foi tudo lindo, eu só fiquei surpresa, mas foi uma surpresa boa. Foi uma surpresa linda! Eu não sei nem o que dizer.
- Só diga que sim? – a fitou com expectativa.
- Sim! É claro que sim! – sorriu emocionada – Eu vou ser pré você o que você quiser, Evellyn, desde que eu seja sua.
A morena sentiu seu corpo relaxar e seu sorriso enlarguecer. Seu coração acelerado fazia suas mãos tremerem, mas isso não a intimidou.
- Posso? – disse tomando a mão direita de Camila.
- Claro!
Evellyn colocou o anel no dedo anelar de Camila e sorriu aliviada quando sentiu que se encaixou perfeitamente.
- É lindo. – Camila disse analisando o anel.
- Você gostou mesmo? Se não gostou desse podemos trocar, eu te levo na loja e a gente escolhe outro, a moça me disse...
- Evellyn, é perfeito. – a interrompeu novamente percebendo o nervosismo que a morena ainda demonstrava.
- Confesso que estou um pouco aliviada. – sorriu sem jeito – Eu achei ele lindo e... Bem, eu também vou usar um, então... – disse retirando a caixinha aveludada de sua bolsa ao lado.
- Você também vai usar um? Igual a esse? – Camila perguntou mais surpresa do que antes.
- Sim, por quê? Você acha que vai ficar estranho? É muito brega? Eu pensei que era assim que funcionava, quer dizer, eu nunca namorei ninguém assim tão sério, mas pensei que...
- Você fica linda assim toda nervosa. – disse fazendo com que Evellyn sorrisse mais sem jeito ainda – Me dê aqui. – pegou o outro anel idêntico ao seu das mãos da morena e levou até seu dedo anelar direito – Ficou lindo. Como você conseguiu? Acho que um anel desse tipo não tem cópias, deve ser uma peça única.
- E realmente era. Eu vi esse na loja e me apaixonei no primeiro instante. Deu um pouquinho de trabalho, mas eu consegui convencê-los a mandar fazer outro igual. Eu disse que era para uma ocasião especial e eles aceitaram.
- E você fez tudo isso só para me pedir em namoro... – sorriu.
- Eu queria que fosse especial. Na verdade eu estava com medo de você recusar outra vez.
- Você é perfeita! É perfeita pra mim.
- Eu te amo, Camila.
- Eu também te amo. Te amo muito!
- Vem, vamos ali fora. – Evellyn se levantou e estendeu a mão para Camila – A vista é linda!
Encaminharam-se para a parte externa do restaurante e se acomodaram em uma poltrona larga e acolchoada onde a vista do rio East iluminado pela ponte do Brooklyn e pela ilha de Manhattan eram uma visão admirável. Parecia até que haviam se posicionado ali propositalmente. Evellyn diria que sim.
- Esse lugar é lindo. – Camila disse admirando a linda paisagem.
- Eu também acho lindo aqui.
- Você pensa em tudo, faz tudo ficar perfeito. Como se tivesse ensaiado ou como se já tivesse feito isso várias vezes.
- Ou simplesmente porque eu fiz com amor. – sorriu a fitando e recebeu um sorriso de volta – Eu não sei como você pode pensar que eu já tenha feito isso alguma vez. Não viu como eu estava nervosa? Nunca fiquei tão tensa na vida.
- Você estava fofa. – disse achando graça da morena.
- O importante é que você gostou e aceitou o meu pedido.
- Seria impossível eu recusar esse pedido da mulher mais linda, romântica e adorável do mundo.
Evellyn sorriu com os elogios e selou seus lábios rapidamente.
- Você já recusou uma vez.
- Acho que ainda não era a nossa hora. – suspirou – Mas agora não há mais dúvidas. Eu sou sua e você é minha e eu vou fazer questão de mostrar isso pra quem quiser ver. Inclusive pra todas as suas amiguinhas, principalmente pra elas. Pra todas saberem que a partir de agora Evellyn Campbell tem dona.
- Possessiva? – riu da loira.
- Não. – a encarou – Simplesmente a sua namorada.
- Eu gosto disso.
- Disso o que?
- Minha namorada. Soa bem, Camila da Evellyn, Evellyn da Camila. Eu sou sua e você é minha.
- Sim. – levou as mãos ao rosto da morena e fez um carinho – O meu amor...
Evellyn sorriu com o gesto e a beijou.
Um dos garçons com seu típico smoking branco se aproximou com uma garrafa e duas taças em uma bandeja prateada, fazendo com que as duas se afastassem.
- Com licença, senhoritas. – disse educado e em seguida as serviu com vinho.
- Obrigada. – Evellyn agradeceu ao jovem que deixou a garrafa sobre a mesa em frente e logo saiu dali as deixando a sós novamente – E com esse brinde nós firmamos o nosso compromisso. – levantou a taça em direção a Camila.
- Isso me parece tão formal. Parece que estamos fechando um negócio e não oficializando o nosso relacionamento. – disse rindo da situação.
- É verdade. – a acompanhou aos risos – Me desculpe, é que eu nunca cheguei nessa parte antes.
- Tudo bem, está tudo perfeito. Mas acho que podemos fazer isso do modo tradicional. Casais normais selam o compromisso com beijos.
- Eu disse que não somos um casal comum. Mas gosto dessa idéia.
- Acho que podemos começar a ser a partir de hoje. – pegou a taça de Evellyn depositando junto à sua na mesa e se aproximou da morena – O que acha? Ir ao cinema, passear no parque ou no shopping de mãos dadas, fazer maratona de filmes e comer besteiras em tardes chuvosas, dormir de conchinha...
- Eu acho essa uma ótima idéia.
Camila assentiu e sem mais delongas a beijou calma e intensamente. O compromisso enfim estava firmado.
- Eu estive pensando, – Evellyn disse após o momento de carinhos – o que você acha de fazermos uma viagem?
- Viajar? Pra onde?
- Não sei, pra qualquer lugar. Eu preciso de umas férias, sabe? Descansar a minha mente de tudo isso que aconteceu recentemente. E agora que eu coloquei a Susan na vice-presidência posso ficar mais tranquila para sair e deixar a empresa.
- Eu adoraria, mas agora não posso, Eve.
- Por que não? Só alguns dias fora, vai ser bom pra gente.
- Ao contrário da senhorita eu não tenho quem possa cuidar do meu trabalho por mim.
- Ah...
- Não faz essa carinha. – levou a mão ao rosto iniciando um carinho – Tudo que eu queria era fugir um pouquinho de tudo com você agora, mas apesar de você ser a minha princesa encantada nós não estamos num conto de fadas. – disse fazendo Evellyn rir da comparação.
- Tudo bem então.
- Vamos fazer assim, quando eu tiver uma folga nós combinamos isso, ta bom?
- Certo. Pra onde você gostaria de ir? – se recostou na poltrona puxando Camila para se aconchegar também.
- Eu não sei. Me diz você onde gostaria de me levar.
- São tantos os lugares que teríamos que passar uma vida inteira viajando.
- Vamos fazer isso um dia. Quando estivermos velhinhas aposentadas podemos viver viajando pelo mundo inteiro, sem moradia fixa, curtindo cada semana em um lugar diferente.
Evellyn suspirou e sorriu com a proposta.
- O que foi? Não gosta da idéia? – a loira questionou.
- Não é isso. É que... Você pretende ficar comigo até lá?
Camila levantou a cabeça e se posicionou para encará-la.
- Eu pretendo ficar com você por toda a minha vida. Por toda a vida e mais um pouco!
- Você me deixa tão feliz. – Evellyn sorriu emocionada – Tão feliz que eu nem sei dizer em palavras o quanto.
- Não precisa dizer. Só seja feliz que eu serei também. – finalizou e a beijou com paixão.
***
Após a noite romântica se encaminharam para a casa de Camila. William estacionou em frente, sendo seguido pelo carro do segurança Rogers que parou logo atrás.
- Me dê só um minuto, Srta. – William disse fitando Evellyn pelo retrovisor – Vou falar com o Rogers, não demoro.
- Algum problema, William? – a morena questionou preocupada.
- Não, não se preocupe, Srta. Só precauções rotineiras, fique tranquila.
- Está bem. – ela assentiu para o homem que saiu do carro em seguida.
- Fica aqui em casa hoje? – Camila se aproximou.
- Não posso, tenho que ir pra casa ver a Emma.
- Liga pra babá, pergunta se ta tudo bem e avisa que vai dormir fora hoje.
Evellyn sorriu e a encarou desconfiada.
- Isso tudo é saudade, é?
- É, é sim. – a agarrou pelo pescoço e selou seus lábios nos dela – Eu descobri que se eu ficar muito tempo sem você entro em crise de abstinência.
- Mas nós nos vimos quase todos os dias dessa semana. E nesses últimos dias nos falamos por mensagens, pelo celular... – Evellyn sabia onde Camila queria chegar e se aproveitou disso para provocá-la.
- Mas não é desse tipo de saudade que eu to falando.
- Ah, não? – se fez de desentendida – De qual é então?
- É saudade de você me tocando, me beijando... – dizia enquanto distribuía beijos pelo pescoço da morena – Me fazendo sua, na cama! – sussurrou.
Evellyn a apertou contra si já sentindo eu corpo reagir aos toques da loira.
- Eu gostaria muito, amor. – suspirou – Mas eu fico sem jeito sabendo que a sua mãe está aí no quarto ao lado.
- A minha mãe não está em casa. – a fitou – Ela saiu com o Doutor Bonitão e vai demorar a chegar.
- Doutor Bonitão?
- É, o noivo dela. O Doutor Walker.
- Vocês chamam o Doutor Walker de Doutor Bonitão? – disse segurando o riso.
- Coisa dela e do Denis, você sabe como aqueles dois são. – gargalhou sendo acompanhada pela morena.
- Sei!
- E então? Fica?
- Eu não sei...
- Por favor, vai?
Evellyn a encarou e sorriu já sabendo que seria inútil tentar resistir àquele olhar.
- Não é justo eu ser tão vulnerável à você assim. – disse em desistência.
- Eu tenho ótimas técnicas de convencimento. – sorriu vitoriosa e a beijou.
Após dispensar William e ligar para Jenny se certificando de que estava tudo bem com a Emma, Evellyn conseguiu se sentir mais relaxada e, já em casa, se acomodou no sofá de Camila.
- E então, tudo certo? – Camila voltou da cozinha com um copo d’água em mãos.
- Sim.
- Agora eu posso ter você só pra mim? – deixou o copo sobre a mesinha de centro e sentou-se ao lado da morena.
- Você sempre teve.
- Mas é tanta gente precisando da sua atenção...
- Oh... Carência é? – Evellyn se aproximou e a puxou para si.
- Você me deixa assim. Isso é culpa sua que me acostumou mal.
- O que eu posso fazer para me retratar?
- Você não me perguntaria isso se soubesse o que está se passando na minha mente agora.
- Eu tenho certeza que vou adorar saber. Vai me dizer?
- Eu não sei se posso colocar isso em palavras... – sorriu maliciosa rodeando os braços pelo pescoço de Evellyn e a encarou nos olhos.
- Então me mostra.
Camila não esperou nem mais um segundo para avançar sobre os lábios da morena. Contornava sua boca sem pressa, sentindo os vestígios do gosto do vinho que ainda estavam ali. Camila já sentia seu corpo se acender, se esquentando com a proximidade do corpo de Evellyn. Num movimento rápido a loira se acomodou no colo da outra a beijando com urgência. Seus dedos se enroscavam e puxavam os cabelos na nuca de Evellyn enquanto a morena arrastava suas mãos pelo corpo de Camila.
- Amor... – Evellyn disse em meio aos beijos – Espera. – tentou se desvencilhar, mas sem sucesso – Mila, sua mãe... Ela pode chegar aí.
- Ela não vai chegar não, amor. – Camila disse contra o pescoço da morena enquanto distribuía beijos na região.
- Ta, mas a gente pode pelo menos ir pro quarto?
- Aham... – disse sem quebrar o contato.
- Vamos então. – Evellyn esperou que a loira se levantasse, mas ela continuou ali – Amor...
- Vamos! – Camila se levantou num pulo e puxou a morena pelas mãos.
Entraram no quarto aos beijos enquanto Camila puxava Evellyn apertando-a cada vez mais contra si.
- Quanta pressa! – Evellyn disse aos risos ao pararem em frente à cama.
- Você não tem noção do que causa em mim. – sorriu a mirando com desejo no olhar.
- Eu acho que estou começando a ter. – sorriu de volta.
Camila puxou o zíper lateral de seu vestido e começou a se despir encarando Evellyn como se adorasse ver a morena babando por ela.
Evellyn percorreu com os olhos o corpo em sua frente, analisando cada detalhe, admirando cada curva daquela que ela desejava mais que tudo nessa vida.
Ao ficar somente com sua lingerie, Camila se aproximou calmamente e começou a despir a morena também. Fazia tudo lentamente como se quisesse apreciar cada momento, observando com devoção o corpo da morena e por fim a deixando seminua em sua frente.
- Você me deixa incontrolável. – Camila sussurrou sobre o pescoço da morena – O seu beijo, o seu cheiro... – aspirou o perfume enquanto beijava lentamente a sua pele – Você me enlouquece sem ao menos me tocar.
Camila segurou firme uma das mãos de Evellyn e a guiou pelo seu corpo em direção à sua intimidade, que ainda sobre o tecido da calcinha que ela usava podia fazer a morena sentir sua excitação.
- Sente como você me deixa... – Camila sussurrou em seu ouvido.
Evellyn suspirou e sorriu ao sentir o estado em que a loira se encontrava.
- Você quer me enlouquecer, Camila? – sussurrou enquanto recebia os beijos da loira.
- Quero! – levou suas mãos até a nuca de Evellyn e segurou firme a encarando – Eu quero que você faça comigo como nunca fez com ninguém. Quero sentir tudo o que você pode me dar, desde felicidade ao prazer, porque você já faz tudo isso por mim, mas eu quero mais! Você foi, em todos os sentidos, a melhor pessoa com quem eu já estive na vida e eu quero que continue assim e cada vez melhor. Eu quero tudo de você, Evellyn! E quero ser boa o bastante pra você.
- Você já é!
- Mas como eu disse... Eu quero mais! – sussurrou por fim e avançou sobre os lábios da morena em um beijo urgente.
Camila sugava os lábios de Evellyn como se necessitasse dela para sobreviver. Desceu até o pescoço da morena deixando uma trilha de beijos e logo alcançou o lóbulo da sua orelha.
- Eu quero te sentir. – sussurrou – To com saudade do seu gosto na minha boca.
- Ai meu Deus, Camila... – Evellyn estremeceu – Você vai me fazer chegar lá antes de...
- Não! – a loira interrompeu e a fitou – Na minha boca!
Camila mordeu o lábio de Evellyn e sorriu vaidosa ao perceber que a morena estava zonza de excitação por causa dela. Não esperou mais para começar a descer seus beijos pelo tronco da outra alcançando seus seios e deixando mordidas e ch*pões ali. Estava adorando sentir como o corpo de Evellyn reagia aos seus toques e não demorou para estar diante da intimidade da morena.
Camila sorria sem nenhum pudor ao mirar os olhos de Evellyn enquanto começava a puxar sua calcinha para baixo. Mas nesse instante ouviram o barulho da porta.
- Filha, cheguei! – Daisy entrou pela sala deixando sua bolsa no sofá – Você ta em casa?
Camila sentiu seu coração gelar no mesmo instante e com Evellyn não foi diferente.
- Ah não, mãe! Agora? – sussurrou desolada abaixando a cabeça e se apoiando nas pernas de Evellyn.
- Tudo bem, vamos ficar quietinhas aqui e esperar ela ir dormir.
- Não, eu tenho que ir lá. – a loira se levantou – Se eu não for ela vai entrar aqui pra se certificar.
- Camila, ta aí filha? – a senhora gritou da cozinha – Eu vi o armário do seu segurança lá fora de plantão.
Camila foi até o guarda roupas e procurou seu roupão enquanto Evellyn a observava achando graça de sua correria.
- Camila? – a loira se desesperou quando ouviu a voz da mãe já na porta de seu quarto e correu para abrir.
- Oi! – saiu e fechou a porta atrás de si, terminando de amarrar o roupão rapidamente – Oi, mãe, eu... Eu já cheguei, tava indo dormir agora. – sorriu aflita.
- É, lá de fora eu vi pela sombra da janela a luz do seu abajur acesa. – a encarou desconfiada – Você chegou faz tempo?
- Não, não. Eu cheguei agorinha.
- Humm... E que cara é essa aí?
- Hã?
- Essa cara de quem tava aprontando... – sorriu maliciosa.
- Que cara, mãe? Essa é a minha cara, a única que eu tenho, a que você e o meu pai fizeram!
- É sim, a mesma que eu conheço há 25 anos e sei muito bem quando ta me escondendo alguma coisa.
- Escondendo o que, mãe? Eu... Eu só tava indo dormir. – fingiu calma tentando não gaguejar.
- Escondendo alguém aí dentro! – gargalhou do nervosismo da filha.
- Eu não estou escondendo ninguém!
- Ótimo porque não precisa mesmo. Até parece que não conhece a mãe que tem.
- Ta bom, ta bom, mãe. Agora vai dormir, vai.
- Okay, desculpa atrapalhar o clima. E não se preocupe, eu tenho o sono pesado e estou cansadíssima! – sorriu dando uma piscadela para a loira.
Camila a encarou sentindo suas bochechas queimarem e preferiu não responder.
- Boa noite, filha.
- Boa noite, mãe.
- Boa noite, Evellyn! Fique à vontade, querida. – gritou já saindo em direção ao seu quarto.
Camila retornou ao quarto e encontrou Evellyn tentando abafar as risadas.
- Desculpa, a minha mãe ela... Ela pode ser muito inconveniente às vezes. – sorriu sem graça.
- Tudo bem, não se preocupe. – disse aos risos.
- Ótimo, dona Daisy, estragou tudo! – disse raivosa.
- Ei, não fica assim não. – Evellyn puxou Camila para si – Podemos começar tudo de novo. – começou a distribuir beijos pelo pescoço da loira enquanto desamarrava seu roupão.
- De novo? – disse já sentindo seu corpo reascender com o contato da morena.
- Aham... Eu ainda quero saber onde é que a minha namorada queria chegar.
- Então deita ali na cama que eu te mostro.
- Autoritária assim, é?
Camila empurrou Evellyn na cama, retirou seu roupão e sorriu sem vergonha para a morena que a observava atentamente.
- Você vai ver como...
***
Camila acordou sentindo o aconchego dos braços de Evellyn sobre o seu corpo. Antes de abrir os olhos já tinha um sorriso no rosto por lembrar que ela estava ali. Depois de tanto tempo sonhando com esse momento ela finalmente dormiu nos braços do seu amor outra vez.
Virou-se para o lado com cuidado e admirou a mulher em sua frente. O rosto sereno e os cabelos bagunçados a deixavam ainda mais linda. Levou uma das mãos ao rosto da morena e retirou alguns fios de cabelo que lhe cobriam, gesto que fez com que Evellyn despertasse.
Um longo suspiro e um largo sorriso ao abrir os olhos e notar Camila ali a admirando.
- Bom dia, namorada. – disse sem deixar de acariciar o rosto de Evellyn que sorriu com a nomeação.
- Bom dia, meu amor. – a fitou carinhosa – Faz tempo que está aí me olhando?
- Não, eu acordei agora também. Dormiu bem?
- Melhor impossível! E você?
- O Senhor Fofinho que me desculpe, mas dormir abraçada a você é a melhor coisa que existe.
Evellyn riu da comparação e Camila a acompanhou nas risadas.
- Nem a fofura do Senhor Fofinho é páreo pra mim. – a morena disse em meio aos risos.
- Convencida!
- Apaixonada seria a palavra.
Camila a analisou por alguns segundos e a beijou em seguida, pressionando seus lábios num beijo cheio de carinho.
- Vamos levantar? Estou com fome. – se afastou a fitando.
- Vamos. Mas será que... Não vai ter problema? Sua mãe...
- É claro que não, amor. É só você relevar as gracinhas que ela provavelmente vai falar. E eu peço desculpas desde já.
- Não se preocupe com isso, a sua mãe é ótima! – gargalhou.
- Minha mãe é uma pervertida incorrigível, isso sim! Ainda bem que o Denis não ta aqui se não aí sim você veria o problema.
- Mas o Denis é tão legal e um ótimo amigo, até onde eu sei.
- Sim, ele é. O problema é quando ele se junta com a minha mãe.
- Por quê? – achou graça da preocupação da loira – O que é que os dois aprontam?
Antes que Camila pudesse responder ouviram o barulho da porta lá fora e uma voz conhecida ecoar pela casa.
- Bom dia, família!
- Falei cedo demais. – Camila bufou raivosa.
Após mais alguns minutos no quarto, em que Camila se desculpava antecipadamente pelo que poderia acontecer na mesa do café da manhã, elas finalmente se levantaram e saíram.
Assim que adentraram a cozinha, os dois que tagarelavam sem parar se calaram e um silêncio um tanto quanto constrangedor invadiu o ambiente.
- Bom dia. – Camila disse analisando a feição surpresa do loiro sentado à mesa.
- Bom dia. – Evellyn cumprimentou educada.
- Bom dia! – Daisy respondeu com um sorriso satisfeito no rosto.
- Meu casal! – Denis disse baixinho e bateu palminhas arrancando risadas de todos ali.
- Sentem-se, queridas. – Daisy indicou a mesa – Fiz um café da manhã especial pra vocês.
- Obrigada, mãe. – Camila se sentou e Evellyn a acompanhou se acomodando ao seu lado.
- Fiz bastante coisa, imaginei que acordariam com fome.
- Mãe, não... – Camila suplicou com o olhar para que a senhora não começasse com as gracinhas.
- To vendo que o jantar de ontem foi bem proveitoso. Já evoluíram para a parte em que dormem em casa e tomam café da manhã juntas e em família. – Denis comentou.
- Eu acho que o jantar de ontem foi muito proveitoso sim, Denis. – Evellyn sorriu para o loiro e fez um sinal indicando a mão de Camila.
Denis olhou confuso para a loira que pegava xícaras para servi-las e quando se deu conta da pedra brilhante em seu dedo anelar arregalou os olhos quase surtando.
- Ai, meu Deus! – gritou – O que é isso, Camila Clarke? – puxou a mão da amiga para olhar de perto.
- Ai, que susto, Denis! Ta doido? – levou a mão livre ao coração enquanto encarava o amigo.
- Vocês duas, suas... – disse largando a mão de Camila e se abanando emocionado – Não me diga que vocês...
- Namorando! – Evellyn logo esclareceu antes que pensassem outra coisa – Nós estamos namorando, oficialmente agora. – sorriu para Camila que a olhava com carinho.
- Filha! E você nem me disse nada ontem! – Daisy sorriu largamente tomando a mão da loira para analisar o anel de perto – Que jóia linda!
- Não deu tempo de te dizer ontem, mãe. Eu me esqueci...
- Tudo bem, você tinha coisas mais importantes para fazer naquela hora.
Camila a encarou com olhar de repreensão enquanto Evellyn tentava sem jeito disfarçar uma risada.
- Meu casal! Agora é oficial, que lindo! Já atualizaram o status nas redes sociais? Tem que fazer isso logo pra todo mundo saber que o casal mais lindo de toda a New York está junto.
- Eu não acho que isso seja necessário. Estamos juntas e estamos bem, é isso que importa.
- Eu concordo. – Evellyn assentiu.
- Tem que dar um choque na sociedade logo, amiga! Afastar as vadias... Se bem que com esse anel de brilhantes aí nem precisa de anúncio. – gargalhou.
- Denis... – Camila advertiu.
- Camila, você é uma filha da mãe mesmo! Pegou a mulher mais cobiçada, a última romântica, rica, linda e que te trata feito princesa. Me conta como faz essa magia, amiga. Eu to precisando, viu?!
- Ela puxou o charme da mãe, querido. – Daisy se gabou – Sabe conquistar os corações.
- É, só eu que não dou sorte mesmo.
- E o Jean Pierre, Denis? Eu soube que vocês estavam juntos, o que houve? – Evellyn perguntou enquanto levava uma xícara de café à boca.
- Não me fala desse traste! Terminei.
- Você terminou com ele de novo, Denis?
- Terminei, e dessa vez não tem volta.
- Até quando isso? Porque vocês dois vivem que nem gato e rato, separando e voltando. – Camila questionou.
- Dessa vez acabou mesmo, amiga. – disse entristecido – O Jean não é pra mim não, aquele traste não tem jeito. Não vai assumir nunca que é gay.
- Olha, Denis, eu conheço bem aquele ali e acho difícil mesmo que ele assuma algum dia. Eu não sei nem como ele ficou sério com você. Você conseguiu uma proeza mesmo porque Jean Pierre não é de se ligar emocionalmente a ninguém.
- Deve ser carma mesmo. Não nasci pra dar sorte no amor.
- Ah, não fala assim, Baby. – Camila o consolou – Você só não encontrou a pessoa certa ainda.
- É, meu amor. Não fica assim. – Daisy apertou sua mão contra a dele – Mamãe ta aqui pra te dar um ombro, se precisar...
- Obrigada, mamãe! Mas eu to precisando é de um ombro musculoso de 1.90 de altura e uma boa pegada mesmo. Tipo essas que a Evellyn dá na Camila. – gargalhou.
- Eu sabia que ia sobrar pra mim. Denis nem começa, ta?! – Camila bufou enquanto Evellyn ria disfarçando, fingindo nem ser com ela.
- E não é verdade? Vocês duas na cama deve ser um acontecimento!
- Eu não posso acreditar. – sussurrou levando as mãos ao rosto – Carma é ter que aturar vocês dois, isso sim!
- Não fala assim, amor. Sua família é ótima. – Evellyn se pronunciou – Eu bem queria que meus cafés da manhã fossem sempre animados assim. – sorriu para os dois à frente.
- Ta vendo, Camila! E ainda é um amor de pessoa. Gente, você não tem nenhum irmão gêmeo solteiro perdido por aí não, Evellyn?
A morena gargalhou.
- Olha, eu descobri há pouco que tenho um outro irmão.
- É mesmo? – sorriu largamente – E cadê ele? Me apresenta esse bofe, já quero!
- Eu acho que isso não vai ser possível. Ele só tem seis anos de idade.
- Que? Ah... Me jogou um balde de água fria agora, hein?!
- Mas que boa notícia, querida. – Daisy comentou – Então você tem mais parentes vivos. Isso é ótimo, a Mila disse que você sempre foi tão sozinha, deve ter ficado feliz por saber que tem mais familiares.
- Eu fiquei feliz sim, dona Daisy. Eu acho que de repente ganhei uma grande família, sabe? Agora tenho a Emma, minha sobrinha que eu amo como se fosse uma filha. Tenho esse irmão, filho da Susan, tenho a Camila... – sorriu para a loira.
- Que amor! – Denis bateu palminhas novamente – Agora vocês já podem se casar e formar uma família, terem dez filhos. Eu quero muitos sobrinhos, hein!
- Vamos com calma aí, né?! – Camila repreendeu.
- É, com calma. – Evellyn sorriu concordando.
- Não precisam ter pressa mesmo não. Curtam essa fase um pouco, aproveitem bastante. – Daisy disse – Agora você tem novos familiares, Evellyn. E sinta-se bem vinda à nossa família também.
- Eu fico muito feliz por isso e agradeço muito, dona Daisy.
- Ta, então já pode parar de me chamar de dona porque eu não estou tão velha assim, né?
- Está bem. – sorriu assentindo.
- E já que estamos todos aqui, vamos fazer um almoço de comemoração! – a senhora continuou.
- Eu super apoio! – Denis concordou.
- Ah, eu acho que não poderei. Preciso ir pra casa ver a Emma, não gosto de deixar ela sozinha por muito tempo.
- Traga a Emma também, ora essa! – Daisy sugeriu.
- Isso, amor. – Camila apoiou – Traz a Emma, eu já estou com saudades daquela pequena.
- Eu não sei, não quero incomodar vocês. Não estavam esperando tanta gente para o almoço de hoje, estavam?
- Mas o que é isso, não será problema nenhum. Eu já tinha esses planos para hoje mesmo.
- Então é isso, você busca a Emma e nós almoçamos todos juntos. Dê uma folga para a babá. – a loira acrescentou.
- Está bem, eu vou ligar para o William então.
Após um longo café da manhã regado a conversas animadas e em certos momentos até constrangedoras, todos foram se preparar para o almoço. Enquanto Evellyn foi em casa se arrumar e buscar Emma, Camila se preparava para recebê-las ao mesmo tempo em que Daisy e Denis preparavam a refeição para mais tarde.
- Olha a campainha! – Daisy gritou da cozinha.
- Eu atendo. – Camila respondeu – Deve ser a Evellyn.
Abriu a porta e foi impossível não sorrir com a cena. A morena segurava sua sobrinha no colo enquanto ajeitava a sua roupa como se conferisse se estava tudo certo.
- Ai, ta bom, tia! – a pequena disse ainda a tempo de Camila ouvir – Eu já to arrumada, não precisa.
- Ta bom, tudo bem! – Evellyn disse se conformando.
- Tia Camila! – Emma sorriu e pulou no colo da loira assim que a viu.
- Oi, meu amor. – apertou a criança em seus braços – Que saudade de você! – Problemas com a roupa? – perguntou dando espaço para Evellyn entrar.
- É, mais ou menos. – sorriu sem jeito – É que eu dispensei a Jenny antes dela arrumar a Emma e bem... eu nunca fiz isso antes. Não sei se está tudo okay.
- Ela está linda, não se preocupe. Você está se saindo bem.
- Eu disse pra ela que eu já tava linda, mas a tia Eve é tão teimosa! Ficou me arrumando e me arrumando e me arrumando um tempão. – a pequena ralhou.
- Ah, isso é verdade, Emma. A Eve é muito teimosa mesmo.
- Mas o que é isso? Um complô contra mim, é?
- Mas que criança linda! – Denis apareceu na sala – Oi, princesa. – cumprimentou Emma ainda no colo de Camila.
- Oi. – sorriu para o loiro.
- Eu sou o tio Denis. E você como se chama?
- Emma Charlotte Campbell.
- Nossa, que nome lindo.
- Obrigada.
- Quer ir lá na cozinha ver o que a vovó Daisy ta preparando pra gente? Tem uma sobremesa deliciosa lá.
- Humm... sobremesa? Eu quero.
- Então vamos. – disse pegando a pequena dos braços de Camila e se encaminhando para a cozinha.
- Quem é vovó Daisy? – ouviu-se a voz curiosa da criança antes de saírem da sala.
- Acho que o Denis vai ser um ótimo pai. – Evellyn observou.
- Ele adora crianças, leva jeito com elas.
- Eu queria ter essa facilidade. Eu fico meio insegura às vezes, sabe? Tenho medo de não saber educar, sei lá. Eu amo tanto a Emma, mas...
- Você está se saindo muito bem, Evellyn. – Camila se aproximou e levou as mãos ao rosto da morena – O principal você já tem. Amor. Você ama essa criança e cuida dela com tanto carinho. Não precisa se preocupar, com o tempo você vai aprendendo a lidar. Acho que ela pode aprender com você tanto quanto você pode aprender com ela.
- Eu tenho medo. Não sei como ela vai reagir a tudo isso que está acontecendo. E se no futuro ela se revoltar, sei lá, não me aceitar...
- Evellyn, essa não é uma situação fácil, mas vocês irão buscar uma ajuda profissional para tratar desses assuntos. Um psicólogo vai ajudar nessa fase inicial. E tenho certeza que vocês vão construir uma relação de amor, respeito, afeto. Isso é nítido. Não faz sentido ficar se martirizando desde já.
- É, você tem razão. – sorriu suspirando – O que seria de mim sem você nesses momentos pra me apoiar, hein? – a abraçou pela cintura.
- Eu estou e sempre vou estar aqui pra você, meu amor. Agora você não precisa mais se sentir sozinha.
- Eu te amo tanto! – sussurrou contra a boca de Camila.
- Eu te amo mais. – sorriu convencida e selou seus lábios iniciando um beijo cheio de carinho.
Antes que elas pudessem aprofundar o beijo a campainha foi ouvida novamente fazendo-as pararem.
- Nós não estamos com sorte ultimamente. – Evellyn disse baixinho contra o pescoço da loira.
- Acho que não. – suspirou em uma risada e saiu dos braços da morena para atender – Deixa eu ver quem é dessa vez.
Abriu a porta e logo perdeu o sorriso que tinha no rosto. Sentiu a tensão percorrer seu corpo assim que pôs os olhos na pessoa à porta.
- Camila! – sorriu largamente para a loira que tinha uma expressão surpresa no rosto.
- Oi, Sarah...
Fim do capítulo
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