Paloma

 

- Arrasou no dedilhado, Paloma... – minha irmã dizia toda babona, no colo da oficialmente namorada. – Já podemos formar uma dupla e sair botando fogo nas calcinhas das fãs... AU... – ela levou um beliscão da loira. – Estou brincando, amor... – deu um selinho na namorada.

 

- Acho bom mesmo...

 

- Estou contigo nessa, Amanda... – Cássia me olhou emburrada.

 

- Não foi fácil, mas aprendi muito com você, mana... – ela abriu um sorrisão. – Por que não canta uma? – Flávia se animou.

 

- Isso... Sua voz é linda, branquela... – Isa incentivou.

 

Estávamos acomodados no gramado depois da surpresa que fizemos para a minha irmã, foi muito melhor do que eu imaginei. Todos ficaram muito emocionados e aquelas lanterninhas em formato de coração deixaram tudo ainda mais lindo.

 

- Vou lá... – ela levantou. – Passa o violão... – dei o instrumento.

 

- Arrasa meu amor! – Amanda gritou.

 

Ela virou e sorriu, sentou no banquinho que há poucos momentos atrás eu estava, ajeitou o microfone. Já tinha a atenção de todos, ela fez uma leve caricia em seu violão e sorriu, eu sorri junto. Por um instante passou por minha mente que se tudo tivesse dado errado há uma semana atrás, jamais veria aquele sorriso outra vez. Balancei a cabeça para dissolver todo e qualquer sentimento ruim.

 

- Eu não estou cem por cento, então, se estiver muito ruim... É só mandar que eu paro... – rimos. – Vamos lá... Amor, pra você... – deu aquela famosa piscadela.

 

- Gostosa! – Emi gritou, arrancou uma gargalhada minha irmã.

 

 

 

De chapinha na chuva ou de pijama feio amarelo
Toda descabelada
Mesmo assim eu te quero
Com a velha calça jeans
Na TPM, unha por fazer
Mesmo de mal de mim
Eu vou estar com você

 

Ooh, ooh quanta coisa passou
Você sabe não foi fácil, né?
Mas quando Deus quer
Ooh, e quando o povo falou
Eles não dão certo, né?
Mas quando Deus quer
Sabe como é que é

 

Sem maquiagem, de manhãzinha quero amor, ooh, ooh, ooh
Mesmo gordinha, depois dos filhos quero amor, ooh, ooh, oh
Eu te quero, amor
Como Deus fez e desenhou
Eu te quero, amor
Como tinha que ser, te quero amor
Como eu te quero

 

Ooh, ooh, ooh
Aah, aah, ooh, ooh

 

Ooh, ooh, quanta coisa passou
Você sabe não foi fácil, né?
Mas quando Deus quer
Ooooh, e quando o povo falou
Eles não dão certo, né?
Mas quando Deus quer
Sabe como é que é!

 

Sem maquiagem, de manhãzinha quero amor, ooh, ooh, ooh
Mesmo gordinha, depois dos filhos quero amor, ooh, ooh, oh
Eu te quero, amor

 

Como Deus fez e desenhou
Como eu te quero, amor
Como tinha que ser, eu te quero amor
Como eu te quero
Ooh, ooh, ooh, ooh, ooh, ooh

 

 

 

- Vocês são uma plateia maravilhosa. – ela brincou no fim, mas eu sabia que estava envergonhada.

 

- Vai mesmo me querer de tpm? – Amanda brincou com ela assim que Flávia voltou a sentar entre as pernas da loira.

 

- Te vi com ciúmes... – beijou a loira. – Nada mais me assusta... – rimos.

 

- Cadê a tia Juliane? – Sam perguntou. Minha tia havia sumido depois da surpresa da minha mana.

 

- Não vão acreditar... – Cami se jogou ao lado da Emi.

 

- O que foi garota? – perguntei.

 

- A tia Juliane... – ela estava com cara de doida. – Tá no maior amasso atrás daquele tronco em forma de banco com aquelas doidas da piscina... – Emi, Flávia, Cássia e eu levantamos.

 

- Vamos ver... – saímos sob os protestos das meninas.

 

- Não tem jeito mesmo... – ouvi Becca dizer.

 

Nos aproximamos devagar, alguns gemidos, risadinhas e algumas palavras de baixo calão, nos olhamos com os olhos brilhando, sim, amávamos momentos constrangedores.

 

- Ai, Juliane... – ouvi a voz da Brenda.

 

- Abre mais, gata...

 

- Que cachorrada... – Flávia sussurrou.

 

- Não olha, Cássia... – avisei.

 

- Mas, eu vou... – Emi se agachou e permanecemos paradas à poucos metros de onde a suruba estava ocorrendo.

 

 

 

Nicole

 

 

 

- Eu vou lá... – Becca não se aguentava.

 

- Vou com você! – minhas cunhadas foram atrás das namoradas.

 

O restante de nós permanecemos sentados no gramado, Isabela estava sentada ao meu lado, enquanto o Rafael falava sobre a sua viagem. Ele ás vezes olhava para a Isa, que o repreendia com os olhos.

 

- Então, vocês duas... – Eliza deu uma cutucada no moreno. – Que foi? Tô curioso para saber o que aconteceu...

 

- A Nicole se encantou pelos olhos verdes e boca carnuda da Isabela... – Cami falou e eu quis joga-la dentro da piscina. – Precisa ver, Rafael... A gringa aqui, a minha tia, a Jaque... – Jaqueline ficou muito envergonhada. - Pelo que fiquei sabendo quase a Flávia, mas quem esmagou mesmo a concorrência foi a Nick... – Isa escondeu o rosto em meu pescoço, me fazendo ficar toda arrepiada.

 

- Camila, se você não calar essa boca eu te arremesso dentro da piscina...  – eles começaram a rir.

 

- Nossa... Tá bem, hein?! – ele zombou. Isabela continuava do mesmo jeito.

 

- Vou beber suco... – Jaque levantou toda sem jeito. Marcela a seguiu com os olhos.

 

- Parabéns, Cami... – Sam falou. – Deixou a menina sem jeito.

 

- Só disse a verdade... – ela deu de ombros.

 

- Que fique registrado... – olhei para ela. – Você está oficialmente na lista de pessoas que vai ter uma agradável conversa comigo.

 

- Tem mais gente nessa lista? – ela franziu o cenho. Isabela ergueu a cabeça para me olhar.

 

- Cássia... – sorri.

 

- Mãe... – o Nandinho estava com um monte de lanterninhas nas mãos.

 

- Oi, meu lindo... – ela o colocou nas coxas.

 

- Olha só... – ele mostrava encantado. – Brilham tanto... Parece vagalume... – ele sorria e a loira se derretia, na verdade, todos nós.

 

- Queria fotografar esse sorriso... – desviei a minha atenção dos loirinhos e olhei para os belos olhos.

 

- E eu esses lindos olhos... – um sorriso de lábios, suspirei com tanta delicadeza.

 

- Mas, amor... – Flávia chegou com as outras meninas.

 

- Flávia, deixe ela... – as meninas sentaram. – Antes elas do que você...

 

- Acabou? – Sam perguntou.

 

- Infelizmente... Ai... – Emi levou beliscão da Becca.

 

- Deveriam se envergonhar, meninas... – Camila falou, recebendo um olhar assassino de Paloma, Flávia, Cássia e Emi. – Vish...

 

- Quer beber água da piscina, Camila? – Emi perguntou.

 

- Vou ver se a Jaque, precisa de ajuda... – ela se mandou.

 

- Bate... – falei para Emily que fez o que pedi.

 

- Animada para voltar pra faculdade, Flávia? – Rafa perguntou.

 

- Para as aulas sim... Mas, pra encarar a nova professora... – ela fingia que estava vomitando, nos fazendo rir.

 

- O que tem a nova professora, branquela? – Isa perguntou.

 

- Ela é... – revirou os olhos. – Ex da Amanda...

 

- Ooh... – fizemos o som em uníssono.

 

- Vamos acabar com ela... – Cássia ergueu a mão e Flávia a bateu.

 

- Deixem de ser crianças... – falei.

 

- Só está dizendo isso porque não é com a olhos bonitos... – ergui a sobrancelha. – Se fosse, estaria com toda certeza muito puta... Pois, maninha do meu coração, por mais madura que a senhorita seja, tem um bichinho dentro de você que todos os Freires tem... Ciúmes.

 

Depois dessa eu me calei, afinal, ela tinha toda razão, esse é um mal de família, meu pai não, mas a dona Carolina.

 

- Sabe do que lembrei? – Paloma perguntou sorrindo. Balançamos a cabeça em negativo. – Do dia que a mamãe achou aquela carta de amor da Nick... – revirei os olhos.

 

- Como era o nome dele... – Flávia estalava os dedos. – Romeuzinho... – ela e Paloma começaram a rir.

 

- Que história é essa? – Isa me olhou sorrindo.

 

- Foi assim... – e lá vem.

 

10 anos atrás

 

- Nicole, quem é Romeuzinho?

 

Estava na cozinha, quando a minha mãe entrou e balançava freneticamente o papel em sua mão, meu sangue sumiu, as palavras morreram.

 

- O gato comeu a tua língua, Nicole... – minha mãe me olhava impaciente.

 

- Ele... Ah... – me enrolei toda.

 

- Foi eu quem escreveu isso ai, mãe... – Flávia entrou na cozinha. – Estava zuando com a Nick...

 

Minha mãe suavizou a expressão, soltei o ar e sorri discretamente para a minha irmã, minha mãe beijou o meu rosto e saiu.

 

- Essa foi por pouco... – Paloma saiu debaixo da mesa. Me perguntei em que momento a pirralha se enfiou ali.

 

Começamos a rir, dona Carolina há um tempo atrás era extremamente ciumenta quando se tratava de ‘namoradinhos’. Continuamos a conversar sobre o assunto, relembrando alguns ataques da minha mãe. Isa se divertia a cada história contada e eu inevitavelmente não conseguia desviar os meus olhos dela.

 

 

 

Jaqueline

 

 

 

- Tudo bem? – Camila sentou ao meu lado na cozinha.

 

- Sim... – sorri para ela.

 

- Desculpe pelo que falei... – ela sorriu.

 

- Tudo bem, Camila... – sorri. – Só não queria ficar de vela... – ela riu.

 

- Não tem nem uma garota atrás de você? – ela quis saber, suspirei e ri.

 

- Nem uma que queira algo de verdade... – ela ergueu a sobrancelha.

 

- Então a senhorita gosta de coisa séria? – ela bateu palmas.

 

- Digamos que sim... – sorri. – E você?

 

- Eu o que? – ergueu as duas sobrancelhas.

 

- Cadê o seu namorado? – ela pareceu ficar triste e eu imediatamente me arrependi de ter perguntado – Desculpe... Eu não...

 

- Calma... – ela ajeitou alguns fios de cabelo. – Eu estou apaixonada por um cara da faculdade... – ela respirou fundo. – Ele namora uma amiga...

 

- Oh... – ela mordeu a ponta da unha.

 

- Ele disse que gosta de mim... Mas, ela está gravida e ele disse que não faria isso com ela e menos ainda comigo... – sorriu sem vontade.

 

- Cami...

 

- Ei... Escondidas... – Juliane e Marcela entraram na cozinha. – O que fazem aqui?

 

- Estávamos nos conhecendo um pouco, não é? – Cami sorriu e eu confirmei. As duas também sentaram, Marcela me lançou um sorriso de lábios e eu senti um leve choque em meu corpo.

 

- Se divertiu? – perguntei para a Juliane, tentando bloquear as sensações estranhas.

 

- Muito... – o sorriso safado estampava o rosto da louca.

 

- Tia... A Flávia tá uma fera por você ter usado a cama dela... – Cami falou e Juliane deu de ombros.

 

- Marcela, você não quer conhecer o quarto da Flávinha? – ela piscou para ela e depois me olhou. – A Jaque pode te mostrar... – comecei a suar frio. “Eu mato essa mulher”.

 

- Você não tem jeito, Juliane... – ela riu.

 

- Vem Cami... – ela levantou e puxou a menina pelo braço. – Vamos zuar as bobalhonas apaixonadas...

 

E simplesmente foram embora, me deixando com a Marcela, que sorriu para mim, retribui o gesto e não soube o que dizer.

 

- Não gosta muito de mim, não é? – meus olhos quase saltam para fora.

 

- Da onde tirou isso? – ela não desviava os olhos.

 

- Você foi a única que não falou mais que três palavras comigo, não me olha... – ela franziu o cenho. – Parece que que não foi com a minha cara...

 

- Não, não... – atropelei tudo, ela sorriu. – Eu... Posso começar de novo? – ela riu.

 

- Pode...

 

- Oi, Marcela... – peguei em sua mão. – Me chamo Jaqueline Viana, tenho dezoito anos, estou em meu primeiro ano na faculdade de medicina... – ela riu.

 

- Prazer, Jaqueline... – ela repetiu o ato das mãos. – Me chamo Marcela Azevedo, tenho dezenove anos, não faço faculdade e tenho um garotão de quatro anos...

 

- Mesmo... – fingi estar surpresa. – Me fale desse garotão...

 

- Ele é a razão do meu viver, a pessoa que mais amo nessa vida... – ela sorriu.

 

- Oi, meninas... – quebramos o contato entre nossas mãos. Olhamos para a porta e aquelas que foram lançadas dentro da piscina, estavam paradas na porta. A morena, se pudesse, tiraria as minhas roupas com os olhos. A outra mordia o lábio, enquanto encarava a Marcela, que estava visivelmente sem jeito.

 

- Me chamo Nataly... – ela sentou ao lado da loirinha.

 

- Oi, me chamo Brenda... – a morena sentou, tinha um sorriso safado no rosto. Sorri muito sem graça.

 

- O que fazem aqui, poderiam estar fazendo coisas mais... Divertidas... – a que estava comendo a Marcela com os olhos, passou o dedo indicador no rosto dela.

 

- Seus olhos são incríveis... – a morena falou, não deixando eu responder absolutamente nada. – Que cor são?

 

- Às vezes... Às vezes verdes, castanhos... – respondi e ela se aproximou.

 

- Esses teus olhos azuis estão me chamando, loira... – a outra também não deixava a Marcela falar.

 

- Marcela? – era Paloma.

 

- Jaque? – Emi. Respirei, e agradeci por alguém aparecer.

 

“Graças à Deus!”

 

- Sai daí sua oferecida... – Paloma pegou a tal Nataly pelo braço.

 

- Ai, garota... – ela reclamou.

 

- Sai fora, Brenda... – Emi fez um gesto para que eu levantasse e foi o que fiz.

 

- Não tem as suas namoradas para se preocupar, meninas... – Brenda falou muito contrariada.

 

- Se eu ver vocês perto de alguma delas, não será na piscina que serão jogadas. – Paloma falou debochada.

 

- Então foi... – Nataly trincou os dentes. Paloma sorriu vitoriosa.

 

- Vamos, meninas... – Marcela e eu, saímos ao lado de Emi e Paloma.

 

- Obrigada, meninas... – Marcela agradeceu.

 

- Relaxem... – Emi piscou.

 

- Andem mais rápido, a tia Juliane vai fazer um discurso...

 

Marcela e eu riamos da empolgação das meninas, nos olhamos por alguns segundos, os azuis estavam brilhantes, fazendo um negócio estranho mexer em meu estômago.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fim do capítulo