Capítulo 1 - Helena
--Vou pedir dez sessões de fisioterapia. Você precisa começar o quanto antes.
Helena fez menção de se opor, mas o médico continuou:
-- É a única forma de melhorar essa dor. Não existe cura para lesões causadas por esforço repetitivo.
Pegou a folha que ele estendia sentindo-se vencida.
Quando foi ao médico por causa das dores no antebraço, nem cogitou a possibilidade de fazer fisioterapia. Achou que fosse apenas uma distensão muscular.
Ao conferir o celular viu que sua mãe havia ligado três vezes. Decidiu ligar na agência primeiro.
-- Casa Criativa.
Podia perceber a voz cansada de Fernanda.
-- Oi Fer, como estão as coisas aí?
-- Oi amiga, como foi lá na consulta?
-- Ah, tudo certo. Mas vou precisar de fisioterapia.
-- Sério? Então é algo grave?
-- Não, não... Não vou morrer e te deixar com o trabalho difícil, fica tranquila.
-- Bom mesmo! A tarde aqui foi até calma, mas eu tive que correr para finalizar tudo para a reunião de amanhã.
-- Estou até com dor de barriga por causa dessa reunião Fer. Precisamos dessa conta.
-- Vai dar tudo certo, aproveita seu fim de tarde para descansar e se preparar.
-- Tá bom, beijo.
-- Beijo.
Ela desligou e se dirigiu ao carro no estacionamento da clinica.
Helena trabalhava como diretora de criação em uma agencia publicitária. Desde o primeiro ano da faculdade se apaixonou pela área de criação. Após concluir o curso, conseguiu abrir uma agencia em sociedade com uma amiga que se formou com ela. Apesar de ser pequena, a agencia possuía um bom número de clientes, mas apenas um deles era uma grande conta.
A reunião do dia seguinte seria com uma importante rede deFast Food. Se conseguisse essa conta, a agencia poderia respirar aliviada por algum tempo.
Chegou em casa e jogou a chave do carro em cima da mesa de centro.
-- Pode pegar essa chave e guardar no lugar.
-- Boa tarde para você também mãe.
-- Te liguei a tarde toda. Por que não retornou?
-- Ah eu vi. Acabei me esquecendo de ligar, desculpa.
-- Foi na consulta?
-- Fui. Tenho LER e preciso de fisioterapia.
-- Viu? Eu falo pra você não abusar de computador, mas você não me ouve né mocinha?
-- Eu trabalho com ele mãe, não tem o que fazer.
-- Vou tomar banho, pode marcar pra mim? Disse, já saindo e entregando o encaminhamento do médico.
-- Veja se tem antes das nove da manhã - gritou já dentro do quarto.
******
Após o jantar Helena resolveu dar mais uma olhada na apresentação do dia seguinte. Queria ter certeza de que estava tudo correto.
O telefone tocou a tirando de sua concentração. Olhou a tela e viu que não poderia ignorar.
-- Oi Guilherme.
-- Oi meu amor, tudo bem?
-- Tudo sim, estou trabalhando agora. Podemos falar mais tarde?
-- Claro, sem problemas. Helena percebeu que ele havia ficado chateado e se sentiu culpada. Tentou ser mais doce:
-- Eu te ligo daqui uma hora pra você me amar.
-- Amanhã conversamos. Começo o plantão em 30 minutos.
Guilherme era jornalista. Começaram a namorar no último ano de faculdade. Helena gostava do jeito sonhador dele, mas não conseguia sentir tudo o que suas amigas diziam sentir quando estavam amando. Talvez por conta do trabalho. O casal pouco se via por causa da rotina desgastante dos dois.
Tentou tirar esses pensamentos da cabeça e focar em sua apresentação. Depois de duas horas e algumas broncas da mãe, resolveu ir finalmente dormir.
Fim do capítulo
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