Capítulo 22 - Lua de Sangue
Eles riam numa mesa de bar. Gargalhavam.
- Então, não só aquela mulher arrogante está fora do nosso caminho, como um dos nossos é o mandachuva? – Oliveira disse orgulhoso. Desde que a parceria havia se firmado aumentara seu patrimônio em alguns bilhões.
Mais uma vez brindavam. Oliveira e Santos estavam satisfeitos com o andar das coisas. Marcelo chegou com o semblante sério. Sentou-se aparentando estar exausto.
- E aí, meu querido? Está tudo fluindo maravilhosamente bem e você com esta cara.
- Meu casamento está desmoronando. Já olhei o celular dela, o computador lá de casa, o da sala dela e nada...
- Que amador. Deixe a investigação como presente meu. Se houver um cara no seu caminho iremos descobrir e daremos fim nesse idiota destruidor de lares.
- Eu não consigo acreditar que minha mulher tenha outra pessoa. Ela aposta tanto em nosso casamento. Eu dei tudo por ela. E nossos filhos?
- Relaxa. Deve ser um desses aproveitadores de mulheres carentes. Se houver outro homem traremos para você. Deixe a investigação com quem entende do assunto.
***
- Uau! Você está linda, Helena. – Paula observou a amiga naquela bata indiana. Estava irresistível.
- Hum! Muito obrigada. Um elogio vindo de você é sempre bem recebido.
Se abraçaram. Estiveram muito próximas nos últimos tempos. Encontraram-se com Raul e João, Ilha Bela ficava a 3 horas de São Paulo. A viagem foi animada. Raul com suas palhaçadas divertia o grupo.
Depois de tanto trabalho intenso todos ali precisavam de um momento de aconchego e bate-papo. Era noite de lua cheia, a previsão era de Lua de Sangue. Já haviam deixado suas coisas nos respectivos quartos e se encaminharam para a praia. Tochas demarcavam o caminho. O clima era realmente delicioso.
Natália já estava lá e conversava animadamente com Cristina que interrompeu a conversa ficando de boca aberta com a aproximação do grupo de Raul.
- Quanta mulher bonita. – Soltou sua pérola Raul – Se eu gostasse da fruta ficaria indeciso entre vocês, meninas. Cris você está uma arraso neste vestido. Naty, essa saia longa está maravilhosa. Helena e Paula, pegaria as duas.
Todos riram.
Cristina se aproximou beijando Paula e parou em Helena.
- Paulinha, você é linda e com certeza marcante. Mas, Helena eu estou encantada com você.
Helena ruborizou e Paula se sentiu desconfortável. Raul e Natália, amigos de longa data perceberam o desconforto da mulata e imaginaram o casal perfeito.
O grupo se divertia. Natália tentava superar Raquel. Embora, achasse impossível esquecer a policial, sentia saudade dos breves momentos que compartilharam. Acreditava que a policial sentisse algo por si, isto ficara claro da última vez que estiveram juntas, mas assim como também era nítido que independente do que sentia a médica não tinha espaço na vida da policial.
- Ei, você foi para o mundo da lua e nem nos levou. – Paula tocou o ombro da amiga.
- Já voltei. Vamos dançar.
Paula percebia com estranhamento Cristina paquerando Helena e ficou perplexa num dado momento da noite quando percebeu que a ruiva estava aberta para a aproximação da ginecologista.
- Hum! Designer de interiores? Acho vou precisar de sua consultoria.
- Opa! Isso seria ótimo. Residência ou consultório? – Helena havia se simpatizado muito com a ginecologista. Seu jeito leve a contagiava.
- Residência. Em breve, meu consultório.
- Podemos marcar uma conversa e um café onde você me conta seus gostos, conheço o seu espaço e faço um projeto para você avaliar.
- Eu vou adorar. Vem dançar comigo?
Helena segurou na mão de Cristina e foram dançar.
- É impressão minha ou está rolando um estresse? – Raul provocou a amiga que olhava para as duas lindas mulheres que dançavam na areia. Paula o olhou sem saber a princípio do que se tratava. E, ele continuou. – Ainda bem que você não solta laser pelos olhos... Cristina já teria fritado.
- Eu adoro a Cris... – Ela disse tentando demonstrar naturalidade.
- Mas? – Ele sabia que ela não tinha dito tudo o que havia pensado.
- Mas ela não é mulher para a Helena. É muito mulherenga. Sexualmente incrível... Quer saber? Não consigo enxergá-las como um casal.
- Você está com ciúme ou é só cuidado? – Raul queria saber. Já havia notado o interesse de Helena por sua amiga, mas sabia que Paula não tinha percebido os sentimentos da ruiva.
- Ciúme, Raul? Tenha dó.
Paula ainda não enxergava sua linda amiga ruiva como mulher. Tentava formular uma frase quando em seu campo de visão apareceu aquela que era a dona de seus pensamentos acompanhada de três adolescentes. A menina era uma versão juvenil do pai e o menino tinha os traços da mãe. A terceira, parecia mais velha e não tinha os traços do casal. Até onde sabia Bruna e Marcelo só tinham dois filhos. Possivelmente, uma amiga da família.
Percebeu que Bruna fora na direção de seu grupo. Aguardava com ansiedade a aproximação da médica. Ela era linda e neste momento esquecera-se de tudo que a incomodava.
- Boa noite! – Ela disse a todos, mas seu olhar era de Paula, desde o momento em que a enxergara na praia.
Todos responderam a saudação da médica! Ela apresentou os filhos e a jovem que os acompanhava. Paula ficou encantada com a educação e inteligência dos filhos de Bruna e percebeu que a médica tinha pretensão de ficar ali com seu grupo. Contudo, o desejo da mulher mais velha não seria tão fácil de se realizar, afinal, era o tempo todo requisitada para circular entre um grupo e outro.
- Me acompanha, Paula? – Pediu docemente que a infectologia a acompanhasse enquanto transitava entre os grupos espalhados no lual.
- Eu não sei. – Disse incerta.
- Me deixa matar um pouquinho da saudade que tanto me corrói. Só quero sentir a sua presença. – Disse somente para ela ouvir.
Venceu. A infectologista entendia daquela saudade que corroia a mulher mais velha porque era assolada pelo mesmo mal. Sorriu e a acompanhou. A noite começara a fazer sentido para ambas.
Natália tomava seu vinho quando a garota que chegara juntamente com Bruna se aproximou e comentou.
- Caramba. Só tem gente velha aqui. – Estava entediada.
Natália sorriu.
- Poxa, assim você ofende. – A garota lhe era familiar. Mas, não se lembrava de tê-la visto.
- Ai, me desculpe. Não se ofenda. Mas, minha mãe quase não me deixa sair. Se não fosse pela mãe da Renata nem estaria aqui, ficaria mais um final de semana socada em meu quarto. Mas, isso aqui. – Olhou para todos os lados enfatizando seu tédio. - Um bando de gente velha enchendo a cara e dançando desta forma estranha.
Natália riu mais uma vez.
- Só vou considerar porque para qualquer adolescente todo mundo acima de 20 anos já é velha. – A garota também sorriu. Ela entendia a garota, mas por outros motivos. O lual estava lindo, bem decorado, cheio de pessoas, mas sentia-se sozinha.
- Você curte jogos online?
- Sim. Por que?
- Vamos jogar e animar as coisas. Eu sou a Natália.
- Eu sou a Yasmin.
Pegaram o tablet e Iphone de Raul, mesmo sob os protestos dele e foram jogar. Acabaram agregando algumas pessoas, inclusive os filhos de Bruna, que se empolgaram enquanto outras continuavam dançando e curtindo.
- É sério que você manda bem assim em Criminal Case?! – Yasmin estava abismada.
- Você também manda bem.
- Eu adoro. Será minha profissão. Minha tia é investigadora e é a melhor. Serei como ela daqui a uns anos.
De repente os traços da jovem começaram fazer sentido. Mas, seria surreal...
- Então você quer ser policial? A policial mais durona que conheço é a Raquel Reis. – Testou. Não queria passar vergonha ao perguntar diretamente e ser apenas coincidência.
- É a minha tia. Você conhece a minha tia? – A garota ficou entusiasmada.
Natália ficou atônita. Sem sequer imaginar estava conhecendo a sobrinha de Raquel e a via falar da tia com todo entusiasmo e afeto. Querendo seguir seus passos. Ficou encantada.
- Sim. Eu a conheço.
- Espera um pouco. Você é a doutora Natália do Hospital?
- Sim. – Sorriu.
- Então é você a médica que a deixou parecendo barata tonta.
Natália ficou abismada. Raquel chegou a falar de si para a sobrinha.
- Você é muito novinha...
- Ei, relaxa. Minha tia sempre jogou aberto comigo. – Sorriu – Você é linda, minha tia tem muito bom gosto.
Natália aproveitou a oportunidade de conhecer Yasmin para saber um pouco mais sobre Raquel e sua noite ganhara outro significado.
***
Ele estava sentado há horas naquela sala. Ela fazia jogo duro. Andava de um lado para o outro. Pressionava-o.
- Então, Joaquim, você sabe que a corda arrebenta sempre do lado mais fraco. Quando a casa cair para o Santos e pro Oliveira em quem você acha que eles porão a culpa? - Mostrou a ele fotos da investigação. O viu engolir seco. – Você acha que esse teatro vai durar quanto tempo? O que vocês foram fazer no hospital naquele dia? Aproveita enquanto ainda tenho a boa vontade de fazer acordo e posso dizer que nos auxiliou no caso.
- Transportamos para o José uma grande carga de drogas desviadas da apreensão policial no Pinheirinho, na Z.L. Mas, um dos nossos havia sofrido um acidente numa perseguição policial. Enquanto acertávamos com o Maroca... – Reis o interrompeu.
- Maroca é o Doutor Marcelo? – Ela perguntou seca
- Isso. Recebemos a notícia que a polícia havia sido acionada. Porque um dos meus homens foi visitar o Guimo.
- Quem é o Guimo?
- O Guilherme que sofreu acidente. Acho que alguma enfermeira percebeu e achou que estivéssemos indo buscá-lo. O Simão ligou e disse que deveríamos pegar reféns para sairmos do hospital. Deixaríamos os reféns na Castelo e de lá daríamos um tempo no interior. Só que o Simão não contava contigo.
- Simão é o Santos?
- Sim.
- A finalidade da droga é...
- O Oliveira é o maior traficante de São Paulo. O cara é empresário, passa batido. Vai à missa, dá dinheiro para a caridade, e abastece a nossa elite com a melhor droga. Sabe o que é mais interessante, ninguém põe a mão nele. O esquema é forte, investigadora.
- Ele está caindo. – Ela disse com segurança.
- Na boa? Esse cara só cai morto. Você manda prender e antes mesmo que ele pise aqui... Algum juiz manda soltar. O esquema envolve muita gente graúda... Neste caso a casa nunca cai.
Suzana estava do lado de fora observando o interrogatório. Sabia que Joaquim tinha razão. Mesmo armando o flagrante. Quando se tem tanta gente endinheirada envolvida as coisas nunca fluem como manda a lei.
***
- Eu sinto tanto a sua falta, menina.
Estavam numa parte mais isolada do ambiente. Bruna segurava sua mão como se a vida dependesse disso. Olhavam a Lua de Sangue que pairava linda no céu.
- Eu também, Bruna. Vai ser difícil superar tudo o que vivemos até aqui.
- Ei, eu não quero superar. Eu quero viver.
Paula sorriu.
- Eu estarei te esperando se quiser viver isso. Mas, não demore.
Se abraçaram. Um abraço apertado, demorado e saudoso.
***
- Você precisa manter a calma. O que vou te falar não é algo fácil de lidar.
Marcelo estranhava a fala de Santos.
- Você conseguiu descobrir algo sobre a minha mulher?
- Sua mulher está apaixonada por outra pessoa.
Marcelo ficou transtornado. Esmurrou a mesa. Quebraria a cara do cretino que havia ousado seduzir sua mulher. Assim, como daria uma lição em Bruna.
- O pior vem agora. Sua mulher está tendo um caso com a doutora Paula, infectologista do hospital que você trabalha.
Ele o olhou incrédulo.
- Vadia. – Cuspiu a palavra.
- Eu sinto muito, meu amigo. Perder a mulher para uma mulher é humilhante. Não vamos deixar barato. Teremos um novo carregamento nesta semana. É arriscado, mas podemos usá-la como mula.
- Fechado. Essa vadia vai pagar caro por mexer com a minha família.
Fim do capítulo
Obrigada pelos comentários!!!
Beijo
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Anny Grazielly
Em: 26/12/2020
Aiaiaiaiaia... nao quero Paula com outra pessoa que nao Brunaa
lis
Em: 07/08/2016
Eita espero que eles não consigam fazer nada contra a Paula, que lindo a aproximação da Nat com a Yasmim
Resposta do autor:
Oi, Lis!
Torça pela Paula porque agora as coisas ficarão tensas. Naty e Yasmin, de fato, foi uma gostosa aproximação, né?!
Beijo, querida.
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rhina
Em: 07/08/2016
Olá.
Confusa... confusa.
Paula... Helena
Helena .. Cristina
E agora a Paula correndo perigo. .
Estes canalhas são capazes de fazer qualquer coisa.
Ai.. Ai..
Adorei o capítulo.
Beijos.
Rhina.
Resposta do autor:
Oi, Rhina!
Acima de tudo que prevaleça o amor... Em qualquer lugar que se manifestar. No final das contas é só isso que importa... Não é mesmo?!
Bora torcer por nossa Paulina agora porque ela está correndo perigo...
Beijo
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Mille
Em: 07/08/2016
Paloma poxa a Paulinha na mira dos bandidos e do corno manso, gostei não, mais torcendo que seja assim um passo falso deles e todos caiam por causa do orgulho ferido.
Essa quadrilha pode até cair, mais o chefe só a morte.
Yasmin e Nat muito lindo a aproximação, e fez até os filhos da Bruna se entreter, enquanto a mãe e Paula conversam.
Bjus e até o próximo
Resposta do autor:
Oi, Mille!
Gostei muito de escrever este capítulo. Tomara que a vaidade deste bando ponha tudo a perder... rsrs
Beijos.
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patty-321
Em: 07/08/2016
Naooooo. A Paula não, por favor. Q fofo a Nat conhecendo a yasmin. Ansiosa aqui. Bom domingo olímpico. Bjs
Resposta do autor:
Oi, Patty! Tô meio atrasada nas respostas. Vc percebeu, ne?! rsrs
A Paula tá enrolada... A coisa vai complicar...
Beijo, querida.
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