Conjuração por Angribbons
Alguns fatos são históricos e outros misturados dessa minha cabecinha.
Capítulo 1
Século XIX - 1808
A Europa estava um caos. Portugal sendo ameaçado pelo exército de Napoleão e com a ajuda da Inglaterra, Dom João VI muda a corte para o Brasil. Foi uma loucura, lembro-me dos vários navios desembarcando no porto de Salvador com a Família Real e com mais de 15mil portugueses acovardados pelo medo da morte que o “La Grande Armée”* certamente deixaria. Essa deveria ser uma das poucas, se não única, ocasiões onde os títulos eram esquecidos e todos tornavam-se apenas humanos; Nobreza, Clero e Plebe em um único patamar. Ironicamente, a guerra nos trazia um pouco de humanidade.
A minha família veio para esse país há alguns anos, a corte portuguesa havia concedido uma capitania hereditária aos meus bisavós e que hoje encontrava-se aos cuidados de meu pai, Conde José Augusto de Castilhos. Trouxemos conosco nossas riquezas e alguns escravos, papai dizia que logo teríamos mais por conta do engenho, e assim foi feito. Aos 20 anos eu já estava pronta e prometida para casar, sabia o principal: ser boa filha, boa esposa, boa mãe e ser submissa. Era bem verdade que o único homem a quem eu baixaria a cabeça seria meu pai e isso nos traria problemas ao meu casamento que havia sido negociado há 7 anos com o Burguês Afonso Boa Ventura do Reino Espanhol e que se encontrava lá. Como de costume, nos conheceríamos em nosso casamento que seria no meu vigésimo primeiro aniversário, porém havia boatos de que meu futuro marido era tão bonito quanto os príncipes dos livros e que assim teríamos ótimos herdeiros.
Era nítido o amor que papai sentia por mim, porém era claro como água que ele preferia que José Augusto II, filho primogênito, estivesse vivo para herdar o engenho. Não é fácil entregar seus bens nas mãos de alguém que não carrega seu sangue e sobrenome, e eu como mulher, não poderia tomar a frente dos negócios da família se essa não fosse a vontade de meu esposo e por conta disso fui criada numa dualidade: mamãe, Condessa Elizabeth Alvarenga Manhães, ensinava-me a ser uma boa dona de casa e papai a ser uma boa senhora de engenho, que ficaria aos meus cuidados caso houvesse alguma eventualidade até Pedro Henrique, meu irmão caçula tivesse idade suficiente.
*La Grande Armée – apelido que exército napoleônico recebeu.
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O engenho exigia muito trabalho e, por conta disso, muitos escravos. Tínhamos alguns, porém a colheita estava próxima e precisaríamos de mais. Papai sempre me levava consigo, mostrando-me como escolher os melhores e com preço aceitável. Na feira de escravos o porto sempre ficava uma confusão de homens brigando, pechinchando e os gritos chorosos e raivosos de escravos, por conta disso não era um local comum para mulheres.
O navio que desembarcar vinha com um grande acervo percebia-se pela variedade.
- Papai, vamos naquele barco
Conversávamos enquanto íamos ate lá. Papai certificava-se dos preços enquanto eu olhava e percebia que a grande maioria eram mulheres e uma me chamou atenção. Era um pouco mais alta que eu, as roupas folgadas não me deixava ter noção de como era seu corpo, mas seu rosto abatido deixava a certeza de sua magreza, entretanto não escondia sua beleza.
- me mostre os dentes desta
Eram bem cuidados para uma escrava
- consegue me compreender? – recebo um aceno de cabeça em resposta
- Qual o seu nome? – ela virou o rosto me ignorando, visto a afronta Zulu, nosso capataz, tenta avançar. Fiz um gesto impedindo-o.
- qual o seu nome, negra? – repeti
- é Shiara – a voz era suave, porém apresentava cansaço
- você sabe com quem está falando, negra? Mais respeito com a sinhá! É senhora! – Zulu avançou, apertando-lhe as bochechas
- é Shiara..senhora – respondeu me olhando nos olhos, com uma voz que agora mesclava entre cansaço e raiva
Me pergunto o motivo da raiva, seria pelos modos de Zulu ou pela condição de escrava? Ora, deveria acostuma-se, pois essa era a sina das pessoas com aquele tom de pele
- Papai, levaremos esta.
Fim do capítulo
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TessaReis
Em: 30/08/2016
Passando para dizer que acabei de separar sua história para leitura depois que terminar Delirium. Adorei o primeiro capitulo! Eu tenho uma queda particular por histórias de época haha
Beijos!
Resposta do autor:
Olha só a moral que eu tou tendo aqui! hahaha Bem vinda viu?! Espero muito que consiga te prender até o fim da hístoria
Resposta do autor:
Olha só a moral que eu tou tendo aqui! hahaha Bem vinda viu?! Espero muito que consiga te prender até o fim da hístoria
rhina
Em: 09/08/2016
Olá.
Tempo cruel.
Tratar um ser humano como nada.
Tudo em prol da cor.
E isso nos acarreta consequência até os dias atuais.
Até.
Rhina.
Resposta do autor:
Olá Rhina! Fico feliz em ter sua presença aqui!
a visão eurocentrica nos afeta até hoje! Até hoje, o negro ainda é marginalizado pela sombra da escravidão, infelizmente.
beijos
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Rita
Em: 05/08/2016
Tadinhos :/ seres humanos serem escravos de outros seres humanos é muito triste. Como tem coragem de fazer isto?
Gostei muito deste início tá interessante :)
Resposta do autor:
E o pior é saber que foi uma realidade da nossa história né?! Muito triste!
Fico muito feliz que tenha gostado!
Beijos
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Tammy Rocha
Em: 05/08/2016
Olá autora, como você se chama?? Passei aqui pra dizer que li a sinopse da sua história e achei interessante. Por isso, eu vou acompanhar até o final. Bjs e se possível não demore muito pra atualizar. Ps: Se não vou acabar com as minhas unhas!!! Kkk tchau.
Resposta do autor:
Hahaha Oi Tammy! Me chamo Ângela, eu fico bastante feliz que esteja interessada em ler e torço pra que seu interesse fique firme. Proooometo deixar suas unhas intactas hahaha
Beeeijos minha flor.
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