Capítulo 6
O almoço foi tranquilo e cheio de risadas. Depois daquele clima na estufa as coisas poderiam ficar meio estranhas porém foi totalmente ao contrario, optamos pelo Mc Donald’s já que a Subway estava muita lotada, não dava pra imaginar que ela ia pedir um Mc lanche feliz para colocar os brinquedos em sua coleção, sem falar que ela me contou o quanto adorava danoninho, juro que não imaginava isso. Quando você a vê tem certeza de ser uma pessoa elegante que tem uma presença de imposição e toda uma educação refinada; não que não seja verdade mas não imagina esse lado tão infantil. Mas agora aqui olhando pra ela me mostrando o Scrat acender sua roupa com aquele brilho infantil refletido em seus olhos me sinto fazendo parte de poucas pessoas que veriam como ela é de verdade.
Então pouco tempo você é capaz de saber como as pessoas realmente são? Uma coisa eu não podia negar perto dela eu me sentia a vontade para falar de tudo, ir pra qualquer lugar e mais importante é que ser eu mesmo a fazia sorrir de uma forma tão contagiante. Não posso esquecer de como ela faz ter sorrisos bobos também.
- Viu a roupa acende, isso é muito legal - ela falou mostrando as luzes na roupa do brinquedo.
- Sim, mas o meu Manny esguicha água - Admito não resisti e comprei um brinquedo também - Ele é mais fofo.
- O seu não tem luzes - ela falou fazendo um bico - Acho que vou comprar o Sid, ele dança.
- O Sid forminha de sorvete vai ser mais útil - a encarei falando com um ar convicto.
- Só se você me ajudar a fazer o soverte - Ela levantou a sobrancelha direita me desafiando.
- Se você dividir o sorvete comigo depois - Acabei entrando no desafio dela.
- Feito.
Imediatamente ela levantou da mesa e foi até o balcão e pediu os dois brinquedos de forminha que era um do Sid e outro do Manny, voltando ela colocou em cima da mesa dizendo:
- Pronto o sorvete do Manny é seu e o do Sid é meu - Sorri para ela, e concordei com a cabeça.
A volta para a faculdade foi tranquila, descobri a paixão dela pelas musicas da Florence + The Machine entre outras bandas Indie e Folk. O resto da visita foi bem divertido com Sandra me auxiliando nas áreas que menos conhecia da universidade e dos alojamentos.
***
Por todo o resto da visita Victoria me avisou que contaria com a ajuda de Sandra a assistente do reitor, para me explicar sobre algumas outras coisas da universidade que ela admitiu não ter muito conhecimento. Tive receio de algo ficar muito estranho depois daquela minha perca de controle na estufa, mas tudo correu tão naturalmente que nem teve clima estranho.
Antes da visita termina Sandra teve que volta para o gabinete do reitor, e novamente ficamos sozinhas, isso me deixou meio apreciava, mas a ultima coisa que eu queria ver era a sala de musica.
Nós entramos e havia um piano de cauda negro próximo a lousa, uma pequena arquibancada com cadeiras azuis, apoios para partituras, e muitos instrumentos musicais espalhando, instrumentos de cordas, sopro e percussão. A sala era relativamente grande com grande janelas com vista para a reserva florestal, a sala era em cores pastel dando baste luminosidade ao local.
Meu primeiro impeto foi em me aproximar do piano. Eu tinha uma paixão muito grande por instrumentos de cordas mas o piano era o maior sem a menor sombra de duvidas, dizem que o saquesofone é o instrumento mais solitário, eu discordo totalmente, o piano pra mim era mais solitário.
Repousei minha mão sobre a madeira do piano lembrando da minha infância, até minha atenção ser chamada por Victoria que sentou no banco e me fitou perguntando:
- Sabe tocar?
- Não - ela olhou para as teclas e as dedilhou.
- Tem certeza? - novamente ela olhou pra mim.
- Comece você - sentei-me a lado dela no banco.
Ainda havia muita luz do dia embora as cores laranjas do pôr-do-sol já anunciassem o crepúsculo, eu havia passado o dia todo na universidade com ela e agora aqui vendo ela tocar piano, aquele som me era familiar a musica era: Inception - Michael Ortega então eu também comecei a tocar com ela. A música e aquelas cores começaram a ficar mais intensa, até que nas últimas notas um raio laranja do sol ficou parado no rosto dela. Meu coração disparou quando a musica acabou ela fechou os olhos e fico ali aparentemente sentindo o calor daquele pequeno raio de sol.
Sentir o sangue correr velozmente pelas minhas veias, era tão inexplicável todas essas reações o calor dentro da alma, uma paz, definitivamente eu não sabia o que realmente sentia naquele momento. Tudo o que eu conseguia pensar era em como ela era linda, o quanto eu queria toca-la. Tentei juntar todas as minhas forças para me afastar dela, mas o cada átomo do meu corpo se recusava a me distanciar, aqueles poucos segundos e tão eternos ao mesmo tempo. Quando ela abriu os olhos e me fitou intensamente, eu não resisti ao impeto de levar minha mão até seu rosto, mas antes de toca-la eu parei insegura, quase desviei o olhar se não fosse ela pousar a mão sobre a minha e aproximar aqueles centímetros restantes de seu rosto.
Eu a vi fechar os olhos novamente enquanto carinhosamente deslisei meus dedos em seu rosto como um desenho, e pude notar o quanto a respiração dela pareceu pesar e aos poucos a minha também foi pesando, meu coração parecia uma orquestra inteira de instrumentos de percussão de tão agitado dentro do peito. Meus dedos deslizaram indo em direção a sua nuca, eu ia acabar com aquele espaço e beija-la.
Me aproximei delicadamente e depositei meus lábios em seu pescoço, senti seu cheiro que me lembrava a rosas, senti sua pele se arrepiar com aquele toque, podia jurar ouvir seu coração bater tão mais rápido que o meu; por poucos segundos senti um sincronia em nossos batimento. Quando me afastei apenas para encarei-la, talvez esperando algo que me fizesse desistir daquela insanidade, ela me fitando e pela primeira vez tão de perto seu olhos pareciam violeta de tão escuro que o imenso mar azul seu olho era normalmente.
E antes que eu pudesse me aproximar mais o olhar desvio para a porta atras de mim e pude ouvir a porta se abrir, ela logo se afastou levantando, enquanto quem entrava se anunciar:
-Senhorita Lamartine o Reitor está aqui e deseja vê-la quando terminar - Abaixei a cabeça, suspirando frustrada por dessa vez alguma coisa atrapalhar novamente - Tudo bem?
Me levantei indo para o mais longe de Victoria, que estava em um canto parecendo envergonhada enquanto estava com os braços cruzados segurando junto ao corpo com um certa confuso, senti uma leve pontada de arrependimento, afinal o que eu estava fazendo ? Olhei Sandra confusa a o ver Victoria daquele jeito e entendi que o tudo bem era direcionado a ela.
- Por favor me chame de Claire - agora ela voltou sua atenção para mim - Acho que já vi tudo, então vamos até ele.
Caminhei em direção a porta, Sandra saiu primeiro e antes de fechar a porta eu a olhei uma vez mais, talvez esperando que ela fosse vir também mais ela não se moveu, parecia nem estar ali naquele momento, seu olhar era confuso e perdido. A porta fechou e segui Sandra pelos corredores.
***
Quando vi sua mão vindo na direção do meu rosto tão insegura, até parar a alguns centímetros do meu rosto, tudo o que eu mais queria era que ela me tocasse e não desistisse disso, peguei sua mão e terminei aquele caminho, tive que fechar meus olhos para sentir toda a delicadeza daquele toque, era macio, suave como uma brisa no fim de uma tarde. Quando eu senti sua mão segurar de forma possessiva minha nuca senti aproximação de seu rosto, o perfume embragante, aquele toque suave meu corpo pedir mais.
Ela se afastou e fitei seu olhos e posso ter certeza todo o meu corpo gritava por ela. Mas eu ouvi saltos pelo piso do corredor e desviei o olhar para a pequena janela da porta atras dela, vi uma cabeça e maçaneta girou, o susto me fez levantar e sair dali o mais rápido possível.
Eu não ouvi o que Sandra disse, estava assustada com a onde aquilo poderia acabar se Sandra não tivesse surgido. Tive medo do quanto eu queria saber a onde aquilo ia dar, por que ela conseguia fazer aquilo comigo. Confesso que na faculdade em algumas festas das raras que eu ia uma ou duas vezes já tinha ficado com outras garotas aleatoriamente, mas nenhuma delas conseguiu desperta tamanho interesse em mim. Nem meu noivo conseguiu ter uma intregra tão grande em apenas um toque.
Definitivamente eu não sabia o que estava acontecendo e não podia me dar ao luxo de tentar descobrir, eu iria me casar em um mês; seja la o que fosse não poderia se repetir.
Ouvi a porta fechar, enquanto pensava nessa montanha de coisas nem dei atenção ao que aconteceu. Olhei para o piano e imediatamente lembrei do leve toque de seus lábios em meu pescoço, instintivamente levei a mão ao local, logo tirei balancei a cabeça e sai da sala a passos largos indo em direção a algum lugar mais calmo possível, precisava esfiar a cabeça coloca os pesamentos em ordem ou ia enlouquecer pensando nas possibilidades.
***
Quando entrei na sala do Senhor Ângelo Martins reitor da universidade, ainda sentia as pontadas no meu coração por deixa-la ali sozinha fugindo: "Covarde"; era tudo que eu podia dizer a mim mesmo enquanto sentava olhando para aquele senhor sentado em sua mesa sorrindo para mim.
- Então, gostou da visita? - Ele parecia cansado mais não tirava aquele sorriso do rosto.
- Sim, gostei muito de tudo - Tentei parecer atenta ao assunto mas estava difícil não pensar nela.
- Então? - Como meu pai dizia o senhor Martins não era de rodeio - pretende nos dar o apoio?
- Com toda certeza - Eu já tinha me decidido disso quando li sobre as pesquisas, e também meu pai disse que ajudaria minha empresa com os impostos.
- Ótimo - ele deu uma palma, levantou-se da cadeira e pegou duas taças na parte de baixo da estante de livros atras de uma porta de vidro escuro e trouxe uma garrafa aparentemente de vinho do Porto - Podemos comemorar.
Ele colocou uma taça na minha frente e abriu, o liquido escorreu devagar para dentro da minha taça levantei a mão para indicar que não queria muito ele encheu a dele enquanto falava.
- O melhor vinho que já tomei... foi presente de seu pai alias - Aquilo de "puxar o saco" estava começando a me irritar, ele ergue a taça e brindamos - A uma nossa parceria.
Matei o liquido tão rápido e senti uma leve tontura, mas logo depositei a taça sobre a mesa novamente. Me levantei e tudo que eu queria era procurar por ela e me desculpar pela minha ousadia, falta de controle, respeito na verdade por tudo.
- Eu já vou indo.
- Mas já? nem me contou os detalhes da sua visita, como foi, Victoria tirou todas as suas duvidas- A menção do nome dela me fez ter uma leve angustia ao lembrar de seu olhar perdido causado por mim.
- O senhor tem ótimos funcionários, sua assistente até esteve conosco uma parte, pergunte a ela - Abri a porta com presa de sair daquele lugar - Acho que já fiquei por muito tempo aqui hoje, mandarei meu advogado resolver o resto com o senhor - O fitei meio surpreso talvez com minha falta de educação - Agradeço pelo vinho, estava ótimo e desculpe meus maus modos... há algumas coisas que requerem minha atenção imediata ... Até mais.
Sai da sala, dei um sorriso leve para Sandra e passei andando calmamente até chegar a escada e apressa-los.
Fui até sua sala mas não havia ninguém lá, talvez já tivesse ido para casa. Peguei um papel em sua mesa e uma caneta e deixei um bilhete sobre ela. Sai em direção a estacionamento atenta para ver se a via em algum lugar e nada dela, talvez tivesse ido mesmo embora.
Em casa olhando a cidade pela sacada do meu apartamento, olheimais uma vez no celular e nada. ingeri todo liquido do meu copo e liguei para Samuel, precisava falar com alguém ou ia morrer angustiada.
***
Quando voltei para minha sala, sentei-me e recostei minha cabeça na cadeira e olhei para mesa e vi um papel diferente. Peguei aquele papel e li:
" Victoria peço desculpas pela forma que agi com você hoje, quero que saiba que apesar desses fatos desconfortantes eu gostei muito da visita, espero que possa sinceramente me desculpar e esquecer isso. Se caso isso ocorrer me ligue e prometo recompensa-la fazendo nosso sorvete
Claire."
Abaixo havia um numero de telefone, aquilo fez minha cabeça girar, ela devia ter me procurado antes de ir embora, aquelas lembranças tudo voltava com uma força, o fato do sorvete me fez sorrir ao lembrar do almoço divertido, e aquela escrita me fez pensar o quanto ela era educada. Salvei o numero no meu celular e o encarei por um certo tempo, tinha duvidas, uma parte de minha queria ligar para ela mas outra queria fugir para o mais longe possível, guardei o celular arrumei minhas coisas e fui pra casa.
Fim do capítulo
Mais uma capitulo
para quem tiver curiosidade saber como a música é :https://www.youtube.com/watch?v=3dM2qCCg6GE
bjs amanhã tem mais.
Comentar este capítulo:
Suzi
Em: 01/05/2017
Interessante a escolha dá música, mesmo compositor dá trilha? do filme Interestelar. Adorei
Não fuja ok?!? Quero muito saber como se desenrolara a estória delas.
Suzi
Resposta do autor:
Não fugi
Eu gosto muito de musicas classicas e principalmente de piano e acho ele um ótimo compositor.
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