Capítulo 20 - Movimentando as coisas!
Abria os olhos devagar. Ele realmente era um homem bonito, charmoso e bem humorado. Mas, o beijo que desejava sentir não era o dele. Deixou-se levar pelo bate-papo descontraído e sentiu quando ele avançou o sinal para beijá-la. Correspondeu ao beijo. Automaticamente comparou o beijo, o cheiro, a pegada. Estavam no carro, próximo a portaria do prédio onde a médica morava. Ela pousou a mão sobre a dele que ainda estava em seu rosto devido ao beijo recém terminado.
- Você é linda, Natália. Eu desejo muito vê-la novamente.
- André, eu não quero e nem irei me envolver com ninguém. Este beijo nem deveria ter acontecido. Se esta é a sua intenção não me procure mais.
Ele aparentou tristeza. De tudo o que planejava a única coisa que parecia não deslanchar era um possível relacionamento com Natália. Aquela semana seria crucial para os seus negócios e tiraria de vez Reis e Anderson de seu caminho. Reis quase não comparecia na delegacia mais. Sinal de que seu plano estava indo de “vento em popa”.
- Nalália, eu sou um homem sério. Eu quero algo sério com você. Sei que já devem ter passado pela sua vida, moleques que, com certeza, a feriram. Eu quero me casar com você.
- André, você não me conhece e, sinceramente, o que você quer comigo não me interessa. Somente me interessa o que eu quero. E, sendo bem honesta, não quero ninguém em minha vida neste momento. Desculpe-me se em algum momento dei a entender que talvez pudesse estar disponível. Não estou. Obrigada pelo jantar. Boa noite!
Natália não deu tempo para uma reação de André. Desceu do carro e saiu rumo à portaria. Viu o policial dar partida no carro e sair. Subiu para o apartamento, aliviada por ter conseguido deixar claro para o policial que nada queria com ele. Todo o momento em que estivera com Santos sua cabeça estava em Raquel.
Na esquina do prédio da médica, Reis espumava de raiva. Viu a hora em que Santos beijou Natália. Percebeu que eles conversaram e a seguir a médica, para seu alívio, subiu sozinha para o apartamento. Sentiu ciúme, sentiu medo... Com o avanço das investigações percebeu que Santos não tinha nenhum escrúpulo e muitos assassinatos em suas costas. Queria protegê-la.
Desceu do carro e seguiu para o apartamento da médica.
Natália tomava uma ducha quando ouviu batidas na porta. Colocou seu robe de seda, e seguiu até a porta. Deveria ser o porteiro com a correspondência. Esqueceu de checar quando subiu.
Abriu a porta. O coração acelerou. Era ela, parada em sua porta, com aqueles lindos olhos e lhe fitar. Percebeu o momento em que a policial a olhou de cima a baixo. Parando no robe...
- Oi, Raquel. Tudo bem? – Sua voz saiu fraca. Estava emocionada.
- Oi, Natália. Posso entrar? – Tentou demonstrar frieza na voz. Queria que Natália soubesse que aquela visita era estritamente profissional.
Natália deu passagem. Raquel sentiu o cheiro pós-banho que a médica exalava, isso somado ao robe que a relembrava da primeira vez que fizeram amor, atordoou a policial.
O semblante da loira estava longe de transmitir todo o tormento que seu coração sentia.
A médica sentou-se no sofá convidando a policial para fazer a mesma coisa. A loira sentou-se. Tentando não focar nas pernas da médica que ficaram expostas quando ela foi para o sofá.
- O que houve policial?
- Eu vim para te fazer um pedido importante e estritamente profissional. – O tom sério na voz da policial fez com que se concentrasse mais.
- Se eu puder ajudá-la. – Disse com sinceridade.
- Afaste-se de André Santos, por favor. – Disse séria e olhando em seus olhos. Quanto daquilo era somente profissional?
- O que? – Natália ficou perplexa. Levantou-se passando as mãos entres os cabelos e esfregou o rosto. – É sério isso?
- Eu sei que vocês jantaram hoje e – A loira tentava manter a calma. Precisava ser sutil para alertá-la.
- Você está me seguindo? – Estava irritada. Nem ficava com ela e ainda tentava empacar sua vida. Não que quisesse algo com Santos, mas também não queria dever satisfações para ninguém.
- Eu preciso que você se afaste dele. Ele é um homem perigoso e está sendo alvo de uma investigação importante.
- Ah, me poupe, Reis! – Explodiu.
Raquel se pôs de pé. Foi até a médica e lhe segurou pelos ombros aprofundando o contato visual.
- Eu não estou mentindo. Fique longe dele. Isto não é ciúme, é cuidado. – A médica sentia a verdade nos olhos da policial. Mas, tudo a irritava desde aquele maldito término. A falta que sentia daquela mulher era absurda.
- Você nem se importa, Reis. É a pessoa mais fria e indelicada que conheço.
O silêncio as abateu. Natália conseguia vislumbrar lágrimas enchendo os olhos da policial. Sentiu uma dor violenta por vê-la ferida. Não se controlou. Avançou sobre a policial e a beijou. Sentiu-se correspondida no mesmo instante. Raquel a puxou para si com vontade. Renderam-se a um saudoso beijo. A policial parecia querer se fundir a médica e a morena não ficou muito atrás. Aquele sabor, aquele cheiro... Não haveria ninguém mais que despertasse nelas a emoção de estarem juntas.
Encerraram o beijo vagarosamente. Raquel percebeu as lágrimas escorrendo pelo belo rosto da médica. Segurou seu rosto entre as mãos, beijou-lhe a testa e sentiu o perfume de seus cabelos.
- Eu me importo, muito. Fique longe dele, Naty. Por favor! – Raquel fez questão de manter o contato visual com a médica enquanto sussurrava aquelas palavras.
A médica balançou a cabeça positivamente.
- Me explica esse beijo, Reis! – Estava confusa. Enxergava o sentimento da outra então por que a separação? Sentiu o coração da policial disparar juntamente com o seu. Sentiu a paixão dela ao lhe beijar a testa e sentir o seu cheiro. Sabia que era uma coisa que a loira adorava fazer.
- Raquel. Para você, sempre Raquel.
Raquel beijou-lhe a testa mais uma vez e saiu. Deixando uma Natália sem respostas e novamente entregue aos seus sentimentos.
“Essa mulher quer me enlouquecer. Ela vai conseguir.”
***
Estavam disfarçadas. O ambiente era extremamente sofisticado. Era nítido que se tratava de lavagem de dinheiro. Era um dos pontos que ligava José Oliveira, o empreiteiro, também dono da boate.
- Reis, você fica uma delícia morena.
- Não torra, Suzana. – A carranca veio na hora.
- Essa noite vai ser longa e para todos os efeitos somos um lindo casal lésbico então relaxa que vou te dar uns bons “pegas” essa noite. Vai ser bom voltar aos velhos tempos do trabalho de campo.
Reis não conteve o riso. O primeiro daquela noite.
Dançaram, pediram bebidas, o local era bem badalado. Muita gente circulava por ali. Com um relógio Raquel filmava o máximo possível.
- Reis, o Santos entrou. Está com o José Oliveira. Está filmando isso?
Elas estavam dançando. Reis ajustou o relógio. Da posição que estavam, ficou ruim para filmar. Teria que manter o braço levantado e parado.
- Isso será estritamente profissional. Não se esqueça.
Suzana sorriu. Esperou ansiosamente por aquele momento, mesmo estando concentrada na missão.
Raquel puxou a ruiva para um beijo. Posicionou o braço atrás do pescoço de Suzana conseguindo a posição perfeita para a gravação. Sabia que a ruiva iria se aproveitar ao máximo do momento. Sua boca foi invadida com sede. Tinha que admitir que a ruiva tinha pegada e beijava bem. Mas, lembrou-se automaticamente de sua médica.
- Ei, eu disse para não se aproveitar. – Disse de cara fechada.
- Sua boca é irresistível, Reis. Que saudade.
- Foca na missão.
- É sério que você não sentiu nada? Nem saudade?
Raquel bufou e revirou os olhos. Não falaria sobre isso com ela naquele lugar.
Viu quando três mulheres se aproximarem da mesa em que Santos estava. Juntando-se a eles naquele momento, estava o doutor Marcelo que aparentemente trouxe as garotas. A mesa passou a ser ocupada por seis pessoas. Aparentemente eles somente queriam se divertir com as garotas.
- Essa noite só não terá sido perdida porque é mais um registro dos três juntos. – Disse Raquel desanimada.
- Mas, ela não é perdida mesmo. Você sabe há quanto tempo eu espero beijar você?
Raquel a olhou boquiaberta. Aquela mulher precisava ser posta em seu lugar. Detestava flerte fora de hora e muito menos de pessoas indesejadas.
- Suzana, já está na hora de parar com essas brincadeiras.
Raquel sentiu Suzana segurar sua mão. Não poderia puxar como faria num ambiente normal. Ali, fingiam ser um casal apaixonado.
- Não estou brincando, Reis. Sei que fiz muitas escolhas duvidosas para chegar aonde cheguei. Mas, eu nunca esqueci você. – A fala de Suzana parecia nostálgica.
- Suzana, nós tivemos um envolvimento sexual. Nada mais. E, você me pareceu bem tranquila quando decidiu se casar com o alto escalão da polícia.
- Eu me apaixonei por você. Éramos tão parecidas. Tínhamos uma afinidade incrível. Poderíamos ter ficado juntas mesmo depois do casamento.
- Que lindo! Olha a minha cara para continuar saindo com a mulher do sargento? Nossas vidas tomaram outros rumos. – disse simplesmente.
- Temos alguma chance? – A policial desacreditava que estava tendo aquele tipo de diálogo surreal em meio a uma investigação. Cadê a dama de ouro da corregedoria objetiva que sempre foi?
- Suzana. Foram outros tempos, não havia paixão. Eu era subordinada a você e tivemos uma afinidade incrível. Tudo aconteceu num momento complicado de nossas vidas. Você aspirava a Corregedoria e eu tinha acabado de ser informada que teria que brigar pela guarda da minha sobrinha. Mas, nós... Sinceramente, nunca cogitei.
- É possível cogitar agora?
- Eu amo a Natália.
- A médica do ano. – Disse com desdém.
Quando Raquel tomou fôlego para responder uma movimentação estranha chamou atenção das policiais. Um das moças que acompanhavam Santos, Marcelo e Oliveira começou a passar mal na boate. No mesmo momento em que Santos acionou uma equipe médica por telefone, Marcelo se identificou como médico e prestou o atendimento emergencial à garota que convulsionava.
A equipe chegou e colocou a garota na ambulância. Logo após a saída dos três e antes que a garçonete limpasse a mesa Suzana observou os copos.
- Reis dá uma olhada nisso... - Pegou uma pequena sacola de dentro da bolsa onde cuidadosamente e com discrição colocou o copo.
- Tem resíduo. Vamos mandar para análise no laboratório. – A casa noturna continuava agitada, pessoas dançando e curtindo a noite. – Este aqui é um dos pontos de captação. Precisamos de acesso ao hospital.
- Nenhuma médica lá pode te ajudar?
***
- Querida, não irei para casa hoje. Estava indo embora quando recebi uma chamada emergente. Uma jovem teve uma parada cardíaca numa casa noturna.
- Tudo bem, Marcelo. – Disse sem ânimo.
Aquele desânimo que tanto irritava Marcelo naquele momento era providencial. Não haveria indagações e nem especulações. Se não fosse a recente mudança da esposa, poderia dizer que o seu casamento era perfeito para sua dupla atividade remunerativa.
Bruna olhou o celular. Nenhuma mensagem de Paula. Não resistiu e mandou uma mensagem no whatsapp da infectologista.
“Não consigo tirar você da minha cabeça. Estou enlouquecendo com a sua ausência. Eu te amo, minha doce infectologista. Um beijo saudoso. Bruna”
***
A campainha tocou. Já sabia de quem se tratava porque o porteiro havia interfonado. Seis horas da manhã, aquela mulher só podia estar de brincadeira.
- Oi, Paula. Posso entrar?
Paula viu a loira entrar e se acomodar em seu sofá.
- Em que posso lhe ser útil, Reis?
- Preciso da sua ajuda. Estou numa investigação perigosa e que envolve o hospital. É algo perigoso. Por isso, vim lhe pedir ajuda, mas você tem total direito de se recusar.
Paula ficou temerosa. O que poderia ser?
- Se não puser minha vida em risco...
- O doutor Marcelo voltou para o hospital para socorrer uma mulher, nesta madrugada. Por volta da uma da manhã. Necessito saber qual é a situação desta mulher e quem ela é.
- Sem problemas, Reis.
- Ninguém pode saber disso. Ok? É realmente perigoso. Não se arrisque também. Se observar que levantar alguma informação será complicado, se afaste. E deixe quieto. Estamos entendidas?
- Sem problemas.
Paula pegou o número telefônico da policial. Lembrou-se que a mensagem de Bruna chegara por volta da uma da manhã. Ela devia ter passado a noite sozinha. Sabia que os filhos estavam com os pais da médica.
Raquel evitou dar detalhes. Informou a médica somente o essencial para que ela soubesse a seriedade da investigação e que não deveria comentar com ninguém. A médica era esperta associar a investigação com o término do relacionamento da loira com sua amiga não fora nada difícil.
Raquel ficou em pé, demonstrando que o assunto que a levara até ali já estava encerrado. Paula ficou também e disparou.
- Por que você a fez acreditar que não a amava quando seria mais fácil explicar as coisas para ela?
A policial deu um suspiro.
- Ela estaria vulnerável. Um dos investigados já andou perto dela. Jamais me perdoaria se algo lhe acontecesse somente porque estivemos juntas. Isso me apavora.
- Você deveria confiar nela. Mas, entendo a sua preocupação.
Raquel não resistiu.
- Como ela está?
- Sentindo-se traída mais uma vez.
- Eu a amo! – Sussurrou para a médica.
- Mas, você conseguiu fazê-la duvidar disso. – Paula disse para a policial. Embora entendesse seus motivos e, provavelmente em seu lugar, tivesse a mesma postura.
Fim do capítulo
Boa noite, meninas!
As coisas fluirão para o desfecho da estória, agora! Espero que curtam.
Beijos e bons sonhos
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lis
Em: 28/07/2016
Ta certo que a Raquel fez isso para proteger a Natalia, mais coitada né ela está se sentindo traida novamente e acreditando que não nasceu para o amor. ainda bem que logo tudo será resolvido
Resposta do autor:
É, verdade, Lis!
Naty já sofreu. E, está sofrendo muito com a ambiguidade da Reis, já que ela não sabe o real motivo. Vamor torcer para dar tudo certo.
Continue acompanhando.
Beijo, flor!
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patty-321
Em: 28/07/2016
O cerco tá se fechando para os pilantras. Sinto q Reis terá q sofrer um pouco mais e a Nat tb. Bjs
Resposta do autor:
Oi, Patty.
Seu receio tem fundamento. Santos vai dar trabalho. Mas, nossa Mulher Maravilha é a melhor, rsrs. Enquanto isso... Nada de Naty e Reis...
Beijo, querida.
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Silvia Moura
Em: 28/07/2016
OI!! Feliz com esse breve contato, as coisas estão se encaixando, foi um capituolo bem esclarecedor, estou louca para que chegue o capitulo em que elas se amam de vez... apressadinha eu, risos... tem tanta coisa boa ainda para ler... esperando querida... beijos...
Resposta do autor:
Oi, Silvia.
Tb estou louca por este capítulo, rsrs. Confesso que este trechinho delas juntas me fez feliz, rsrs.
Continue acompanhando e me deixando por dentro da sua opinião.
Beijo, querida.
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ReSant
Em: 28/07/2016
dessa vez eu acho que a casa vai cair pra esses vadios tomara que a reis prenda todo mundo..
sua historia esta cada dia melhor, parabens flor
Resposta do autor:
Oi, Re!
Tomara mesmo. Agora é torcer para a casa cair sem causar nenhum efeito colateral...
Obrigada, flor.
Beijo
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Mille
Em: 28/07/2016
Os próximos capítulos estará repleto de ação, espero que nada aconteça com as meninas.
Assim Bruna ficará livre, mais ainda vai enrolar para assumir o relacionamento com a Paulinha.
Bjus e até o próximo
Resposta do autor:
Oi, Mille!
Então, as coisas começaram a esquentar. Bora torcer para todas as nossas meninas (que não são poucas, rsrs) saiam ilesas deste cerco que começou a se fechar...
Beijo
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NayGomez
Em: 28/07/2016
Ain to sofrendo junto com a Raquel e a Naty, preciso dessas mulheres juntas... Paula e Bruna, são outra que precisa ficar juntas.
Resposta do autor:
Oi, Nay. Adorei ler o seu "preciso dessas mulheres juntas". Confesso que essa necessidade também é minha, rsrs.
Bora torcer.
Beijo
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